sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pergunta de Leitora - Riqueza Pobre


Sou relativamente bem de vida. Quero dizer que conto com bons recursos financeiros e de que não preciso me preocupar com o amanhã mas percebo em mim um medo de que me tirem o dinheiro. Quando vou a um profissional sempre reclamo do preço sem precisar. Quando vou comprar algo sempre acho que estou sendo explorada. Até mesmo quando criava meus filhos só dava a eles o que fosse o mais barato possível. Sinto que posso ser roubada. Mas tb sei que perdi muitas coisas na vida e meus filhos não são ligados em mim até hoje. Viver assim me incomoda e não quero mais. Como mudar?

            Hetty Green (1835-1916) foi uma milionária nova iorquina e uma mulher extremamente odiada por sua avareza. Apesar de ser uma das mulheres mais ricas do mundo naquela época ela só comia comidas baratas e se vestia como mendiga. Fez um escândalo e chorou quando perdeu um selo de carta que custava dois centavos. Porém, o pior de tudo foi quando seu filho Ned quebrou a perna e ela se recusou a pagar por tratamento médico por achar caro demais. Resultado: Ned teve sua perna amputada por falta de cuidados adequados. Milionária, mas pobre.
            A pobreza de Hetty Green não era de dinheiro mas de recursos internos. Mesmo dona de uma fortuna ela se sentia pobre e qualquer coisa exigida dela ela reagia como se estivesse sendo roubada. Mas o que ela não podia dar era da ordem dos sentimentos e afetos e não o dinheiro em si. Ela apenas deslocou para a questão financeira o seu medo de ser roubada em afetos.
            O seu medo é de dar afeto e estabelecer ligações verdadeiras. O ato de dar para você passa a ser assustador provavelmente porque você se sente empobrecida de afetos. Por isso tem tanto medo de perder o pouco que sente possuir. Ninguém se sente capaz de dar aquilo que não tem. No entanto, esse seu funcionamento é enganoso e só te faz mais pobre.
          Quanto mais usamos nossa capacidade de se ligar afetivamente mais ricos ficamos. Afetos não somem com o uso, porém tendem a crescer. Está na hora de você aprender a valorizar a verdadeira riqueza e a usar mais sabiamente os seus recursos internos. O que você teme é amar e acha que amar vai te deixar sem amor. Cabe a você mudar essa história investindo na sua mente. Para isso vai ser necessário pagar um preço, mas lembre-se que de qualquer forma um preço sempre é pago. Resta você decidir qual preço prefere pagar.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Dois Lobos


            Há uma lenda entre os índios norte-americanos que diz que no coração de cada pessoa há dois lobos morando. Um deles é o lobo do amor que é sempre cuidadoso e leal. Está sempre atento a ajudar e a bem defender o que é seu. Porém, há também o lobo do ódio. Este representa um perigo grande já que é traiçoeiro e está sempre procurando trazer destruição. Segundo a lenda esses lobos vivem juntos no ser humano e cabe a cada um saber o que e o quanto vai dar de alimento a cada lobo.
            Uma lenda tão simples como essa contém uma verdade esclarecedora da maneira como podemos estar vivendo. Todo mundo carrega dentro de si emoções primitivas. Voracidade, inveja, rapidez para o sentimento de ódio são coisas fáceis e que vêm sem nenhum esforço da nossa parte. Já sentimentos mais generosos como amor, empatia e temperança são bem mais difíceis de conseguir pois exigem mais esforço e persistência.
            Em nossas vidas devemos sempre estar atentos a qual lobo mais damos atenção. A qual lobo mais estamos ligados. Caso estejamos nos entregando com muita freqüência a sentimentos que nos causam mal, estamos permitindo que o lobo do ódio fique mais forte. Ele passa a dominar a mente, submetendo-a a seus caprichos que só trazem dor e adoecimento. Agora, se a gente começar a dar limites a esse lobo e não se entregar tão docilmente a ele, abre-se uma oportunidade para o lobo do amor se desenvolver e com o lobo do amor mais fortalecido nos enriquecemos com coisa boas.
            Há sempre uma luta entre esses dois lobos dentro de cada um de nós. É uma luta que exige tempo e paciência para aprendermos como lidar com cada um desses lobos. Não é uma luta que se resolve do dia para a noite. Ás vezes leva uma vida inteira, mas é uma luta necessária. E nessa luta não se trata de matar o lobo do ódio, porém de deixá-lo controlado. Matar o lobo do ódio dentro de nós é impossível, pois é uma parte nossa e não podemos jamais destruir partes nossas, no entanto podemos e devemos, para o nosso próprio bem estar e desenvolvimento, controlar aquilo que nos causa sofrimento. Ao não ser constantemente alimentado o lobo do ódio se enfraquece e não pode mais nos dominar. O lobo do amor pode então se fortalecer e passar a ser nosso companheiro. E quanto mais alimentado for o lobo do amor, mais distantes ficamos da fúria do lobo do ódio, mais ficamos preservados e protegidos. As vezes sozinhos não conseguimos diferenciar cada um desses lobos dentro de nós. Os índios contavam com os xamãs que ajudavam os outros a entenderem isso dentro de si. Já nós podemos contar com a nossa análise. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Pergunta de Leitora - Ligação Tóxica


Minha pergunta é: Qual a melhor forma de se afastar de um mitomaníaco, devo mostrar-lhe que conheço toda a verdade ou apenas me afastar? Tenho um amigo que cria um mundo imaginário e só hj me dei conta que eu o ajudo nesta mentira fantasiosa pq alimento suas mentiras ao simplesmente aceitá-las. Como pode alguém mentir a ponto de deixar as pessoas reféns de sua vida? É o que acontece comigo... sempre que percebe que está me perdendo cria uma doença, uma morte na família...se faz de coitadinho. E eu por um tempo até achei ser amor...mas a última me tirou do sério. Criou que estava com leucemia...me fez acreditar pq descrevia o tratamento, os sintomas, as sensações, desligava o telefone por dias a fio para que eu tivesse a certeza de sua internação. Meu DEUS ele precisa de ajuda...mas eu tb pq estou tão triste, tão desapontada!....


            A mitomania é um estado que faz com quem a sofra tenha compulsão por mentiras, ou seja, não consegue se controlar e acaba por contar e tentar viver falsas histórias. O mitomaníaco fica preso num mundo longe dos acontecimentos reais e fica assim por motivos psicológicos e não porque queira tirar vantagem de nada ou chamar a atenção. A mentira para se obter algo ou controlar alguém tem mais a ver com a perversão e não com a mitomania.
            O perverso faz uso das falsidades para ganhar algo ou se sentir mais poderoso. O que o perverso mais almeja é o controle e a negação de suas limitações. Para conseguir isso ele se vale das pessoas mais generosas ao seu redor, tentando enredá-las em suas tramas. Ele usa e abusa do fato de que alguém generoso poderá dar para ele algo que ele sente não conseguir por si só. Pela descrição do que você escreve parece que é justamente assim que você se vê: que é usada.
            Para o jogo perverso se realizar é preciso que aquele que é usado permita tal coisa acontecer. O que você precisa se perguntar é o porquê cai nas artimanhas dele. Por que aceita, sem questionar, participar de enredos falsos? Por que você se sente responsável por ele a ponto do desespero? As respostas para essas perguntas se fazem necessárias para que você mude a sua atitude e pare de entrar numa situação que em nada te acrescenta.
            Você sentiu, inicialmente, que era amor as mentiras dele. Mas o amor não mente e nem prende. É preciso você parar de negar a realidade e enxergar as coisas como elas são. A sua angústia está em se separar dele, mesmo sabendo que ele só te faz mal. Nem todos os relacionamentos são saudáveis e precisamos avaliar bem quais devemos alimentar e investir e quais devemos evitar. O outro a gente não muda, porém a nós mesmos sim. É chegada a hora, e você sabe disso, mas ainda não se autorizou, de se desligar de relacionamentos destrutivos e empobrecedores.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Poder Vazio


            O poder sempre esteve na moda. Quase todo mundo o deseja e valoriza as pessoas que o tem. Quem não tem o poder da influência e de ditar regras não se sente alguém e se encontra despido de qualquer valor. Talvez esteja na hora de reavaliar o que seja realmente o poder.
            Na grande maior parte das vezes o poder que é valorizado é o poder do controle sobre os outros e sobre as instituições. Na verdade, isso em psicanálise tem outro nome: perversão. Políticos corruptos, celebridades que quebram qualquer regra e lei são exemplos que a perversão é, sim, valorizada e não o verdadeiro poder. Perversão não deve ser confundida com poder. O sujeito perverso tem prazer em romper com qualquer norma estabelecida e que serve para manter a vida em sociedade aceitável. Ele se sente melhor do que os outros e com mais razão e por isso mesmo consegue fazer coisas que em outras pessoas causaria vergonha e culpa. Nem todo sentimento de culpa precisa ser necessariamente negativo, depende do contexto em que se encontra. A perversão está imune a culpa e permite que qualquer ato possa ser praticado. Infelizmente muita gente considera que perversão é o mesmo que poder.
            O poder verdadeiro implica em reconhecer limites e em saber que nem tudo se pode. Poder exige respeito e a capacidade de fazer escolhas que promovam a vida e o desenvolvimento desta. Pessoas que vivem em prol da construção da dignidade são as que realmente são poderosas, mas são menos valorizadas porque não tiram proveito próprio e nem saem nas colunas sociais. A perversão tomou um lugar importante que deveria pertencer ao verdadeiro poder. Quantos professores, enfermeiros e muitos outros profissionais idôneos são valorizados e reconhecidos? Entretanto, quantos políticos de má cepa e sub-celebridades são alçados a postos importantes? Alguma coisa deve estar muito errada nos nossos valores.
           Enquanto direcionarmos nossos valores às coisas sem real importância contribuímos para que o verdadeiro poder se encontre ausente e que o poder vazio da perversão seja personagem central da vida. Enquanto os perversos forem investidos de admiração e os que realmente trabalham forem desmerecidos vai ser impossível viver dignamente. Resta agora refletirmos sobre isso e fazermos nossas escolhas.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Pergunta de Leitor - Descobrir-se


Sou gay e tenho 22 anos. Quando percebi que eu era diferente (que eu gostava de homens e não de mulheres) eu fiz de tudo para mudar isso. Não queria ser gay, não gosto disso, mas na sexualidade só consigo pensar e imaginar homens e não mulheres. Não sei porque sou gay. Minha família é normal e nunca sofri nenhuma tragédia ou abuso. Minha vida seria bem melhor e mais fácil se eu fosse hetero. Tenho muito medo de não poder ser um homem de verdade. É ruim ser veado e quero ser um homem. Será que se eu fizer algo como terapia intensiva eu posso mudar minha opção sexual? Existe isso e onde faço?

            Ser homossexual não se trata de opção. Por isso que se diz orientação sexual e não opção sexual. No entanto, quando você fala da sua homossexualidade você fala com culpa, como se você tivesse feito uma má escolha e que é inferior por isso.
           O que mais te prejudica é o seu próprio preconceito. Preconceitos só servem para trazer posição de inferioridade e traz cegueira para as diferenças da vida. O seu olhar para consigo é o olhar de um preconceituoso e enquanto persistir nisso não vai sobrar nenhum espaço para a compreensão e aceitação. Hoje você prioriza o ódio e não o amor.
            O ódio não te permite ver as coisas de uma outra perspectiva mais realista. Você diz que sendo homossexual não poderá ser homem. Deve ter tirado essa idéia absurda dos valores morais e não da realidade. Ser homem não significa heterossexualidade, mas significa qual o caráter que você vai dar para você mesmo, o que você vai construir para a sua vida. É plenamente possível ser homossexual e ser homem, um não exclui o outro. A homossexualidade é apenas mais uma das maneiras de amar e ser amado e nada tem a ver com a dignidade da pessoa.
           Concordo que, talvez, e insisto no talvez, sua vida seria mais “fácil” se você fosse heterossexual. É uma pena que o mundo ainda não aceite completamente os homossexuais com coração aberto e torne a vida deles, em muitos momentos, um inferno. Só que agora é você mesmo que torna a sua vida infernal. Ao negar a sua homossexualidade você tenta negar você e fica preso ao ódio. Por que não mudar isso? Por que não procurar ajuda para aprender a se ver com olhos mais generosos e sair da condição em que se encontra? Muito da sua felicidade está nas suas mãos e agora é o momento certo de mudar, não a sua orientação sexual, mas a visão que tem de si próprio.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Arqueologia da Mente


            Freud, criador da psicanálise, possuía uma vasta coleção de artefatos arqueológicos em seu consultório e o seu amor pelos estudos da arqueologia era tão intenso que chegou até afirmar que havia lido mais sobre arqueologia do que sobre psicologia. Seu hobby de colecionar objetos antigos fez até com que um paciente confundisse seu consultório de psicanalista com o escritório de um curador de museu. Arqueologia e psicanálise têm muito em comum.
            A arqueologia é a ciência que estuda civilizações extintas através dos vestígios que restaram delas. É quase sempre preciso uma escavação, camada por camada, para que objetos antigos sejam recuperados e com esses mesmos objetos em mãos pode-se inferir como era o modo de vida, o estilo, as crenças e as sociedades antigas. É um trabalho complexo e que demanda paciência e extremo cuidado ao lidar com artefatos tão frágeis e que correm o risco de virarem pó se forem manejados inadequadamente. E o que é a psicanálise senão uma arqueologia da mente?
            Numa análise muito do que no passado havia sido reprimido (soterrado) e dado por perdido pode ser recuperado e com isso se entender muito dos sintomas do presente. Ao se analisar o passado podemos ter mais entendimento do que nos acontece no agora e assim há a possibilidade de nos libertarmos de muitos sintomas que nos prendiam e tornava a vida dura. Nosso inconsciente é tal qual essa civilização extinta, mas que se for “escavada”, ou seja, investigada pode revelar muito sobre nós. É também um trabalho complexo e que exige muito cuidado.
          Nas palavras do próprio Freud “o psicanalista, como o arqueólogo, deve descobrir uma camada após a outra da mente do paciente, antes de alcançar os tesouros mais profundos e valiosos.” Temos um tesouro em nossas mentes e descobri-los nos permite viver com mais qualidade e sabor. Quando ignoramos nosso tesouro interno deixamos de nos conhecer mais intimamente e por isso mesmo nos enganamos mais, adoecemos mais e vivemos menos. Podemos todos ser arqueólogos de nós mesmos para desvendarmos e aprender com o passado e daí criar um futuro bem mais favorável ao crescimento de nossas vidas.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Pergunta de Leitor - Herói


Quando eu era criança as coisas pareciam ser bem mais fáceis. Tudo tinha uma proporção diferente. Eu acreditava, quando menino, em super heróis e queria ser um. hoje já não acredito em mais nada e em mais ninguém. Me sinto desprovido de modelos, não que eu queira voltar a acreditar em heróis igual quando eu era criança, mas o mundo se encontra sem valores. Me sinto desprovido de qualquer modelo e de qualquer ponto de referência. Como construir pontos de referência nesse mundo atual?

            Todos nós temos nossos heróis fictícios ou reais. A figura do herói é necessária ao nosso desenvolvimento e nos permite a identificação com determinados modelos. Quando crianças nossos primeiros heróis são os pais, que são figuras poderosas. Com o tempo incluímos nesse rol outras pessoas como professores, tios, figuras históricas bem como personagens ficcionais. A gente sempre tem modelo de identificação.
            É importante avaliar quem são nossos heróis, pois isto permite compreender quais qualidades apreciamos e valorizamos, ou seja, quais valores queremos desenvolver em nós mesmos. Quando fazemos de determinada figura herói é porque queremos ser daquele jeito, desejamos possuir aquelas características. Com o decorrer do tempo percebemos que nossos antigos heróis são humanos falíveis ou então pura ficção e nos entristecemos.
            Porém, uma reflexão mais apurada nos faz entender que a lista das características que mais apreciamos nos heróis nós possuímos. Elas estão dentro de nós, em estado latente. Por essa razão compreender quem são ou foram nossos heróis nos ajuda a desenvolver nossa própria potencialidade. Podemos e devemos nos tornar nossos próprios heróis, não de forma arrogante e pretenciosa, mas dentro das possibilidades reais e humanas. Chega um momento que precisamos todos nos tornar heróis.
            Dentro da realidade podemos aos poucos construir o herói que queremos ser. A figura do herói deixa assim de ser produto de um devaneio lúdico para se tornar uma possibilidade real. Com esforço e dedicação aperfeiçoamos nossas vidas e a maneira que lidamos com os problemas. Já pensou em se tornar seu próprio herói? Afinal, o que poderia ser mais heroico do que viver bem consigo e se tornar verdadeiramente humano?

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pesadelos Diurnos


            Há um grande número de pessoas que ficam presas a fantasias de teor negativo. Imaginam as piores tragédias acontecendo e caindo sobre si. Algumas pessoas até se sentem “aliviadas” quando ficam aprisionadas por tais fantasias pois acreditam que só de imaginar tais situações é uma maneira de se precaver delas. Isso nada mais é do que mera superstição e nada corresponde com a realidade dos fatos e da vida.
            Esses pesadelos diurnos ao contrário dos pesadelos que ocorrem quando estamos dormindo podem ser controlados e até mesmo transformados. Temos a possibilidade de sempre interferir nos nossos produtos mentais e as fantasias trágicas são justamente produtos que nossa mente cria. As vezes uma experiência negativa do passado que tememos que se repita ou mesmo nosso lado destrutivo, que é inegável que todos têm, são responsáveis por criar e recriar inúmeras expectativas negativas do que podemos encontrar à nossa frente na vida. Ficamos acorrentados àquilo que mais tememos.
            Acreditamos também que se a gente focar nas tragédias que possam por ventura nos acontecer estaremos de alguma forma nos protegendo delas. Como se acreditássemos que ao prevermos uma possível tragédia estaríamos impedindo ela de se concretizar. Assim nascem as superstições que nada tem a ver com a realidade, mas está mais relacionado ao pensamento mágico. Essa ideia de que algo ruim e nefasto está para nos dominar acaba virando verdadeiros pesadelos diurnos que atormentam muita gente e deixa a vida, em alguns casos, impossível.
            Mas então o que fazer quando nos encontramos presos a tais pesadelos? Nossa mente criou esses pesadelos e nos colocou nessa péssima situação, por isso mesmo devemos cobrar da mente uma solução. Podemos mudar o fluxo dos nossos pensamentos e ideias. Ao entendermos que se focar nos pensamentos trágicos de nada adiantará, que é pura perda de tempo, estaremos livres para desenvolver outro pensamento e este sim mais útil e produtivo. Mudar a natureza dos pensamentos é trabalho árduo e que demanda muita persistência e tolerância aos escorregões no meio do caminho, mas que é possível e até salutar. Como tudo na vida aquilo que é melhor exige muita paciência e dedicação. Custosa essa mudança, mas necessária. Transformar os pesadelos em sonhos é uma das melhores coisas que podemos fazer com nossas mentes.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Pergunta de Leitor - A Arte do Diálogo


Tenho 36 anos e sou casado há 5 anos. Meu primeiro filho nasceu recentemente, tem apenas 8 meses e estou muito feliz em ser pai. É um filho desejado e que foi planejado. Minha questão tem relação com o fato de que depois que minha mulher teve nosso filho ela não me dá mais bola. Sei que precisa de um tempo para ela se recuperar e estar disposta por isso mesmo ainda não falei nada e nem insisti, mas já faz muito tempo e estou incomodado com essa situação. Não quero parecer carente, com fome de afeto e atenção mas minha mulher evita estar comigo e não digo só no sentido sexual, mas ela só tem olhos para o nosso filho. Varias vezes já pensei em traí-la ultimamente mas não sou esse tipo de pessoa. Como devo proceder?

            A chegada de um filho causa uma grande mudança na vida do casal. Antes a dinâmica do relacionamento funcionava de uma determinada maneira, mas tudo é desorganizado com o nascimento do filho e exige, então, uma nova reorganização. Nem sempre essa fase se dá facilmente e com bastante freqüência traz muitos desentendimentos.
           Toda reorganização é dolorosa pois tira os personagens envolvidos da antiga situação, jogando-os numa nova situação totalmente desconhecida. Muitos casamentos até terminam quando o filho nasce porque o casal não consegue encontrar um espaço e tempo só para eles. Para isso não acontecer se faz necessário que o casal encontre uma maneira de manter a vida a dois, de casal.
            Seu caso demanda que você encontre palavras que toquem sua esposa para essa necessidade da vida de casal de vocês dois. Já experimentou se abrir com ela sobre isso em vez de atuar e vir a se arrepender? Dialogar parece uma atitude simples, mas que é na verdade uma arte. Se a arte do diálogo fosse praticada com mais atenção e persistência muitos aborrecimentos poderiam ser evitados. É uma arte porque dialogar não se trata apenas de despejar palavras a torto e a direito, mas de encontrar as palavras certas. Conversar verdadeiramente pode transformar. Que tal tentar?