segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O Poder Vazio


            O poder sempre esteve na moda. Quase todo mundo o deseja e valoriza as pessoas que o tem. Quem não tem o poder da influência e de ditar regras não se sente alguém e se encontra despido de qualquer valor. Talvez esteja na hora de reavaliar o que seja realmente o poder.
            Na grande maior parte das vezes o poder que é valorizado é o poder do controle sobre os outros e sobre as instituições. Na verdade, isso em psicanálise tem outro nome: perversão. Políticos corruptos, celebridades que quebram qualquer regra e lei são exemplos que a perversão é, sim, valorizada e não o verdadeiro poder. Perversão não deve ser confundida com poder. O sujeito perverso tem prazer em romper com qualquer norma estabelecida e que serve para manter a vida em sociedade aceitável. Ele se sente melhor do que os outros e com mais razão e por isso mesmo consegue fazer coisas que em outras pessoas causaria vergonha e culpa. Nem todo sentimento de culpa precisa ser necessariamente negativo, depende do contexto em que se encontra. A perversão está imune a culpa e permite que qualquer ato possa ser praticado. Infelizmente muita gente considera que perversão é o mesmo que poder.
            O poder verdadeiro implica em reconhecer limites e em saber que nem tudo se pode. Poder exige respeito e a capacidade de fazer escolhas que promovam a vida e o desenvolvimento desta. Pessoas que vivem em prol da construção da dignidade são as que realmente são poderosas, mas são menos valorizadas porque não tiram proveito próprio e nem saem nas colunas sociais. A perversão tomou um lugar importante que deveria pertencer ao verdadeiro poder. Quantos professores, enfermeiros e muitos outros profissionais idôneos são valorizados e reconhecidos? Entretanto, quantos políticos de má cepa e sub-celebridades são alçados a postos importantes? Alguma coisa deve estar muito errada nos nossos valores.
           Enquanto direcionarmos nossos valores às coisas sem real importância contribuímos para que o verdadeiro poder se encontre ausente e que o poder vazio da perversão seja personagem central da vida. Enquanto os perversos forem investidos de admiração e os que realmente trabalham forem desmerecidos vai ser impossível viver dignamente. Resta agora refletirmos sobre isso e fazermos nossas escolhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário