segunda-feira, 26 de março de 2018

O Corpo




            A relação que muitas pessoas desenvolvem com seu próprio corpo é bastante cruel. O corpo virou um espetáculo, um objeto para exposição. Isso é tão intenso que as vezes parece como se os corpos fossem desabitados e se tornassem peças de exibição. Não é à toa que a cirurgia plástica encontrou uma vasta oportunidade hoje em dia. Não há problema nenhum em intervenções cirúrgicas e a ciência deve mesmo estar a nosso serviço, mas quando o corpo se desumaniza isso passa a ser um problema.
            Dietas malucas, exercícios exagerados, exposições de corpos na mídia trazem a idéia de que quem não tem um corpo espetaculoso é uma pessoa descuidada e relaxada, alguém que é um fracassado. Como se sucesso fosse ter um corpo esculpido. Pouca atenção se dá aos atributos da pessoa que vive dentro do corpo. Aquilo que é interno está oculto e portanto não pode ser visto e nem exibido. Mas não custa lembrar de que somos mais do que apenas corpos.
            Claro que devemos cuidar do corpo e aliás devemos cuidar muito bem, afinal o nosso corpo é também uma realidade de nossa identidade. A questão preocupa quando o corpo passa a ser a única marca. Nesses casos o corpo deixa de ser um corpo e passa a ser uma vitrine. Tratar o corpo dessa maneira acarreta em vários problemas. Um deles muito grave é o esvaziamento da sexualidade. Com “corpos objetos” o ato sexual não é mais um encontro, uma descoberta e uma união, mas passa a ser algo vazio onde o que importa apenas é a procura por outros corpos perfeitos. A sexualidade deixa de ser algo emocional para se tornar apenas mecânico. Esse tipo de relação sexual até oferece um certo prazer momentâneo, porém percebe-se vazio e sem significado. O corpo se torna fonte de excitação, mas não de encantamento.
            O ideal de um corpo perfeito é um grande malefício, pois coloca as pessoas numa posição de insatisfação consigo próprias. Anorexia, bulimia, compulsões e uso de substâncias prejudiciais à saúde são coisas cada vez mais encontradas nos consultórios psicanalíticos e médicos. Reverter essa situação significa humanizar o corpo em vez de esvaziá-lo, ter para com o corpo uma relação saudável onde o que deve ser valorizado é a saúde e o bem estar e não uma imagem idealizada. O nosso bem estar deve ser sempre nossa prioridade.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Pergunta de Leitora - Aprovação e Rótulo




Sou mulher e sou homossexual, mas não sou tão feminina, não uso roupas femininas e sim dadas como 'masculinas'' pela sociedade. Eu gosto do meu estilo, mas parece incomodar muitas pessoas, e não sei explicar, só digo que me visto como gosto e para mim a roupa não tem gênero. Queria saber se é obrigatório eu tentar me adequar ao padrão heteronormativo? Ser mais feminina, sendo que não me sinto bem usando certas roupas ou o corte de cabelo da moda. Isso seria androginia? Tem nome para minha forma de me vestir? Conheço apenas como uma expressão de gênero, um estilo. As vezes eu não sei o que vestir numa entrevista de emprego, mesmo sendo para uma loja descolada. E a dúvida de tantas e tantas vezes explicar para as pessoas que são apenas roupas. Até mesmo no meio LGBT ouvem-se ofensas tipo 'se veste assim porque quer ser homem' fora outras coisas piores. Algumas de nós são confundidas com homens. Já aconteceu comigo, mas quando eu soltei a voz e perceberam que eu era mulher a pessoa ficou sem ação, sem graça.


            Você é mulher e é também homossexual. Fala que a sociedade não te aceita e nem aceita a sua forma de se vestir e pergunta se deveria mudar seu estilo mesmo que não se sentisse bem de outra forma. A verdade é que não existe a mulher padrão, não há um jeito único de ser mulher, o que existe são as mulheres e cada uma com seu jeito e suas peculiaridades. Mesmo assim você insiste no rótulo porque pergunta que nome dou ao seu estilo. Sem perceber você procura se enquadrar em algo.
            Não tenho nome para a forma como você se veste. O estilo é seu e você faz aquilo que você quer e pode. A procura por um nome tem a ver com o fato de que nos sentimos inseguros quando não pertencemos a um grupo. Dentro de um grupo nos sentimos protegidos pelo “rebanho”. Até mesmo dentro do LGBT pode haver pressão para se ser de um jeito ou outro, também lá pode haver preconceito. Quem disse que homossexuais também não podem ser preconceituosos até mesmo uns com os outros?
            Por ter estilo próprio diferente da maioria, com certeza, chama atenção. Haverá olhares, viradas de cara e condenações. Se for realmente seu estilo, se for algo que te expressa de fato você poderá aprender a abrir mão da aprovação. Ninguém pode ser o que não é. Terá problemas ao longo do caminho da vida, é claro, assim como todos, cada um com sua natureza, mas os suportará e lidará com eles porque entenderá que é como você tem que ser. Se obtém aprovação ou não será de pouca importância.
            No entanto, se não for o seu estilo de fato precisa buscar se conhecer para não se forçar a ser o que não é. Só procura rótulos e aprovação quem não se permite ser quem é livremente ou não sabe de si. Vale a pena refletir sobre o que se passa consigo para saber lidar com suas angústias. A aprovação que você necessita não é encontrada fora, mas dentro de você mesma. A sociedade não pode dar aquilo que cabe a cada um construir internamente. Olhe para dentro e veja quem você quer e pode ser. A verdade é que você é livre.

segunda-feira, 19 de março de 2018

Ofensa Fácil




            Todos conhecem alguém que se ofende fácil e rapidamente, mesmo quando não há razão para tanto. E essa pretensa ofensa é sentida por essas pessoas como algo extremamente intenso e poderoso e como algo muito difícil de tolerar. O resultado nunca é positivo e quem vive assim está sempre tenso e defendido em todos os momentos, transformando a própria vida em algo muito pesado.
            De onde vem tanta ofensa fácil assim? Por que há pessoas que levam alguns comentários alheios na brincadeira ou de maneira proveitosa até, enquanto outras ficam iradas com algumas palavras que escutam aqui e ali? A resposta se encontra na forma como cada um se vê e se trata, na maneira como se organiza o ego de cada um. Podemos entender o ego como uma instância psíquica que nos permite nos ligar ao mundo, aos nossos mecanismos de defesas e até à forma que vamos nos relacionar conosco. Não existe alguém sem ego, porém dependendo de como o ego se estruturou a vida pode ser vivida de uma maneira ou outra.
            Há pessoas que não tiveram a chance de desenvolver um ego sadio e por isso mesmo possuem sobre si uma visão de “eu” deturpada. O que existe é então um ego idealizado, que nega a realidade e se arma com mecanismos de defesa psíquicos muito intensos e primitivos. A pessoa lida, portanto, não com a realidade, mas com a ideia que faz de si própria e do mundo. Dá tanta importância para si mesma e para o que crê que representa que qualquer coisa que a contraria é sentido como um ataque pessoal. Pessoas assim estão sempre se sentindo atacadas e não admitem contrariedade alguma. Seu sentimento de “eu” fica tão deturpado por megalomania e ilusões que passam a ser violentas quando há algo na vida que as frustram ou alguém que as contradiga.
            Quando alguém é violento seja por qual razão for: religião, ciência, esporte, política, etc., é devido a esse ego idealizado e deturpado. Acreditam que são muito mais importantes do que de fato são e se zangam facilmente, moldando tudo o que lhe são dito e feito como ofensa. Quem se ofende fácil é porque tem um ego muito megalômano e dificulta se relacionar consigo mesmo e com os outros de forma mais prazerosa e tranquila. Fica muito mais próximo da violência e reduzem muito a chance de viver com eficiência.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Pergunta de Leitor - Pimenta que Arde




Meu caso é uma profunda "montanha russa" de emoções. Me relacionei 11 anos com um rapaz há 7 anos e confesso que foi o único relacionamento satisfatório. Nos amávamos mas ele sempre me amou mais. Imaturidade, falta de comprometimento, descoberta do próprio corpo me fizeram sempre procurar "casos" extraconjugais. Ele aguentou até onde pôde e acabamos separando. Ele tem a vida dele e eu sigo a minha. Somos amigos e guardamos um profundo carinho e admiração um pelo outro. O que me preocupa é não ter conseguido estabelecer mais uma conexão tão prazerosa e satisfatória com mais ninguém. Minhas relações duram, no máximo, 5 meses. Sempre estou com pessoas imaturas, desregradas financeiramente e emocionalmente. Não sinto que ainda esteja ligado no meu primeiro amor mas também não me livrei das culpas por ter cometido tantos erros com ele. Atualmente, estou tentando retomar contato com o cara que mais chegou próximo do "ideal" de namorado. Sempre fica uma vontade de tentar fazer dar certo, mas sempre acabamos nos desentendendo, nos afastando e nos envolvendo em outros relacionamentos destrutivos. Há 15 dias, quando ele me contou que estava infeliz com o atual namorado, tomei uma decisão: Queria esse homem e desde então estou tentando estar cada dia mais presente e dar um suporte que ele sempre buscou em mim. Ele não confia em mim e em deixar o atual namorado. Ele confessa que adoraria provar da minha "pimenta" (Ele diz que enquanto o outro é um prato de chuchu, sem gosto nem nada, eu sou um de pimenta malagueta extra forte, que sempre o faz queimar a boca). Existe uma maneira certa de conseguir demostrar a uma pessoa que estamos dispostos a mover "céus e terras" pra fazer uma relação dar certo? Como posso mostrar que posso me tornar uma pimenta menos picante e que, juntos, podemos cozinhar um prato palatável para ambos? Depois de todos esses anos, sinto no fundo do coração que estou pronto pra ele e que é ele quem eu quero.



            Você diz que quer um relacionamento, mas parece que há intensas contradições em você sobre isso. Quando viveu com seu companheiro por 11 anos você estava em um relacionamento, mas nunca assumiu de fato o relacionamento. Como você mesmo disse pode ter sido devido à imaturidade e muitos outros fatores, mas depois de separado nunca mais teve um relacionamento verdadeiro e só ficava entre pessoas que nada queriam em relação a isso. Agora quer alguém que talvez não queira ficar com você ou não tenha condições de ficar com você. O que será que tudo isso diz sobre você?
            Os homens com quem saía e que nada queriam sério não foi à toa. Você procurou só esse tipo de homens e deve ter alguma razão para isso. Nossas escolhas, mesmos inconscientes, têm suas razões para existir. Com encontros “destrutivos” você também se destruía e não se levava a sério. Em outras palavras, minava sua chance de viver um relacionamento. A questão que se faz pertinente é entender porque tinha que ser assim e o que o fazia evitar viver diferente e mais prazerosamente. Vai encontrar essas respostas ao analisar sua história de vida para compreender o que você repete quando não se permite relacionar bem e de forma satisfatória.
            Agora, você diz que encontrou alguém por quem se interessou, mas há tantos empecilhos que dá para duvidar se quer mesmo um relacionamento. Não só os obstáculos que vem do outro como também, e mais importante, os seus que você reconhece quando diz que acabam se desentendendo, se afastando e procurando outros relacionamentos destrutivos. Se já está assim agora no começo, que geralmente é sempre uma fase de flores e romance, imagina daqui para frente quando as ansiedades e angústias um do outro emergirem no relacionamento. Será que você se engana quando se vê com ele?
            A gente não move céus e terras pelo outro, mas por nós mesmos. O relacionamento que precisa dar certo em primeiro lugar é você consigo próprio. Precisa se conhecer e compreender sobre o que realmente deseja e porque se repete na insatisfação caindo nos mesmos buracos. Enquanto não entender você e suas razões inconscientes que te guiam sempre cairá nos mesmos erros e sofrimentos bem como vai continuar numa montanha russa sem fim. Faz-se necessário compreender essa “pimenta” que você trouxe à sua vida e parece que está te queimando. Que tal uma análise para aprender sobre si e encontrar caminhos reais para a satisfação?

segunda-feira, 12 de março de 2018

Função Paterna




            Todos sabem da importância materna para o desenvolvimento da criança, porém são poucos que dão o devido valor para a função paterna e o que ela representa para o psiquismo. Os pais foram, por muito tempo, deixados em segundo plano e muito disso é devido aos próprios pais que consideravam que se ocupar dos filhos era coisa de mulher e não de homens. O mundo já não é mais o mesmo (ainda bem) e muitos paradigmas mudaram e entre eles a imagem paterna.
            Os pais têm a função de ajudar os filhos a internalizar a ordem, organizando a mente e estabelecendo limites. Com os pais as crianças devem aprender que nem tudo se pode e que um mundo sem lei seria muito desumano. O pai aparece como um corte e uma quebra no narcisismo da criança que, inicialmente, acha que todas as suas exigências e necessidades devem ser atendidas sem demora e sem restrições. A lei do nosso mundo interno, que certamente terá manifestações e consequências no mundo externo, só se dá à medida que a função paterna seja internalizada.
            Porém, ao mesmo tempo que o pai desempenha esse corte e frustra o narcisismo abre novas portas, ou seja, abre novas possibilidades da criança vir a se construir. Com a figura do pai a criança pode vislumbrar a existência de um mundo de oportunidades. O pai apresenta o mundo aos filhos e representando bem sua função vai estimulá-los a querer conhecê-lo e conquistá-lo. Por isso que a função paterna é importante, já que tem a ver muito como o filho vai enxergar o mundo e se relacionar com ele.
            Pais que temem ser pais prejudicam seus filhos. Ao não assumirem sua função de estabelecer ordem faz com que os filhos fiquem confusos e temerosos em enfrentar o mundo. Acabam se tornando adolescentes e adultos que não reconhecem limites, desrespeitam qualquer organização e diferença e por isso mesmo terão um péssimo relacionamento consigo e com o mundo. Neles a ordem não foi bem internalizada e vista como algo necessário à vida. A boa identificação com o pai é importante para o desenvolvimento psicológico e um pai que não fornece isso aos seus filhos está abandonando-os para se virarem sozinhos com seus impulsos. É importante também dizer que a função paterna não precisa ser necessariamente realizada por um homem e nem pelo próprio pai em si. O gênero e a pessoa que a exerce independem para um bom estabelecimento da função paterna. O que importa é que ela seja exercida com amor e respeito.

sexta-feira, 9 de março de 2018

Pergunta de Leitora - Verdade versus Mentira




Tenho um filho adotivo. Peguei-o ainda bebê com apenas 5 meses. Sou legalmente mãe dele, ou seja, passei por todos os trâmites legais para ser mãe oficial. Hoje ele já tem 7 anos e nunca soube de sua história. Minha dúvida tem a ver se conto para ele a sua história ou não. Meus parentes e os do meu marido acham que nada deve ser dito, que ele deve sempre pensar e acreditar que é nosso filho biológico. Mas fico com medo de esconder parte da história dele e que isso venha a ser descoberto em circunstâncias nada agradáveis. O que faço? Como devo proceder?

            A história bíblica de Moisés conta de um menino judeu adotado pela irmã do faraó e criado como pertencente a nobreza egípcia. Já mais velho Moisés descobre que na verdade a sua origem é outra e o faz se rebelar contra os egípcios e acolher a dor de seu povo. Será que a mãe adotiva de Moisés se sentiu traída? Será que se ele nada soubesse isso teria influenciado em quem ele era? Enfim, nunca vamos saber, afinal só podemos saber do que aconteceu e não do que poderia ser.
            O mesmo acontece com você. Não há como saber o que você deve fazer, mas me parece que você tem algumas ideias que te levam a crer que esconder a história de vida dele pode não funcionar. A mentira, como já diz um ditado antigo, tem pernas curtas e pode ser em qualquer momento revelada. Como ele se sentiria não temos como saber, mas só podemos especular que seria, no mínimo, conflituoso.
            Agora, a pergunta que me surge é se o que te faz desejar ocultar essa história de seu filho tem a ver com o fato de pensar que se ele souber da sua origem vai faze-lo te amar menos? Não temos também como saber, já que pode ser justamente o contrário que ocorra: ele te amar mais. Enfim, há tantas variáveis que não há como prever nada. 
            Pode até ocorrer que você acredite que esconder a verdade seja uma maneira de resguardá-lo, mas resguardá-lo do que? Será que ele não seria capaz de enfrentar a sua própria história e fazer dela o melhor proveito? Por que devemos pensar no pior quando há na verdade uma bela história envolvida? Não há respostas fáceis para o que você vive, mas só sei que a verdade, quando dosada com amor e respeito, é sempre mais simples e eu acredito mais nas coisas simples do que nas muito rebuscadas. Mentir é sempre rebuscar aquilo que pode ser encarado com mais naturalidade.

segunda-feira, 5 de março de 2018

Saúde Imaginária




            A doença imaginária é extremamente nociva. Aquelas pessoas que imaginam as piores doenças para si limitam muito a própria vida e vivem sempre numa ansiedade extrema. Todos sabem disso e a hipocondria é bem estudada nas literaturas médicas e psicanalíticas há anos. Porém, o que ninguém presta muita atenção é que a saúde também pode ser imaginária e ela, também, pode ser nociva à vida.
            A saúde imaginária é quando a pessoa nega seus males, sejam eles orgânicos ou psicológicos, e prefere “desconhecer” o que se passa consigo para assim não ter que se cuidar ou se responsabilizar pelas ações a tomar frente à sua condição. A ignorância é comumente mais cômoda, mas é infinitamente mais prejudicial. Lidar com a doença ou saúde imaginárias implica em se responsabilizar pela própria vida interna mental, o que sempre dá trabalho.
            Ninguém nasceu sabendo cuidar de si, porém é algo que se aprende se for aberta essa possibilidade. Ficar apenas naquilo que é imaginado é uma maneira de evitar as aprendizagens da vida e de permitir que a vida e os outros decidam o desenvolvimento dos acontecimentos. Uma pessoa constantemente levada de cá para lá como um barquinho numa onda insana não tem como ser feliz.
            Imaginar saúde quando ela não existe impede lidar com as realidades, muitas vezes duras, e de aprender sobre a condição humana que sempre requer cuidado e atenção. Quem imagina saúde assim se engana e se sente onipotente. Inúmeras pessoas através de suas defesas onipotentes negam os cuidados necessários que precisariam buscar para dar uma qualidade e dignidade melhor à vida. Quantas pessoas não negam a vacina ou tratamentos essenciais porque “acreditam” que têm tudo sob controle? Quantos se esquivam de procurar psicoterapia porque têm como certo que o que vivem não é nada demais e que é só questão de tempo para passar ou de que não precisam se conscientizar do que fazem consigo mesmo? O resultado é sempre cair do pedestal e pagar um preço mais amargo.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Pergunta de Leitora - Loucura Pura





Sou casada e faz 5 anos que traio meu marido com meu sogro. O pai do meu marido tem 50 anos e é um homem muito fascinante e ele gosta de ficar comigo. Só de pensar que está transando com a esposa do filho deixa ele muito excitado. Tenho uma filha de 2 anos e meu marido não sabe que a menina é na verdade sua irmã pequena porque fiquei grávida do meu sogro. Minha sogra suspeita do marido e me conta em segredo sem saber que é comigo que ele trai ela. É complicada a história. Tenho uma amiga que sabe de tudo e ameaçou contar tudo ao meu marido se eu não der dinheiro. Não sei o que fazer. Por que isso foi acontecer comigo? Como saio dessa? 


            O perverso só quer saber de seu próprio prazer e nega todos os limites e fronteiras. Nem mesmo reconhece o outro como pessoa, mas o vê como objeto a ser usado para lhe proporcionar o que deseja. Por isso para o perverso é fácil mentir, trair, manipular e tudo isso sem peso na consciência. O que lhe pesa é a “punição” por ser descoberta, mas não há nenhum sentimento de culpa ou então de confusão sobre o que você está fazendo.
            Tanto você como seu sogro são perversos. O que lhes importa é o prazer e excitação que sentem em fazer algo que os deixam se sentir poderosos. Adultério e sair com outra pessoa até pode ocorrer num relacionamento. Nenhum casamento está imune a isso, mas para tudo há limites e vocês ultrapassaram todos. Não se trata de julgar e definir moralmente o que é certo e errado. Há muitos casamentos em que a traição acontece, mas há traições e traições e nem todas podem ser igualadas e colocadas no mesmo balaio. 
            Por que isso foi acontecer comigo? Você pergunta. Ora, isso não aconteceu simplesmente com você. Você é que se enfiou nessa, pois ninguém te obrigou a ficar com o sogro, a manter um relacionamento com ele e a engravidar dele, bem como ninguém te forçou a mentir. Isso tudo é da (ir)responsabilidade sua.
            Agora tem uma “amiga” também perversa que quer tirar vantagem dessa história. Quem brinca com barril de pólvora precisa se preparar para a explosão. Vocês brincaram demais e está na hora de pagar o preço. Se, talvez, você for um pouquinho inteligente poderá aprender com essa história. Se não, continuará culpando tudo e todos pelas suas escolhas .