sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pergunta de Leitora - Dividida


Estou num dilema. Tenho 28 anos e me considero uma mulher atraente. Quando ando na rua os homens costumam olhar para mim sempre. Nunca tive dificuldade nenhuma para arrumar paqueras. Agora estou dividida em dois. Há um homem que está sempre atrás de mim. Ele me quer e já deixou claro que quer um relacionamento sério. Ele é daqueles que pedem em namoro e tal. Insiste muito que eu fique com ele. Tem um problema: ele é feio. Nada, nada bonito.
No entanto tem outro homem que me quer. Mas com ele é coisa só de curtição. Só que ele é lindo. De encher os olhos. Só que ele sai com tudo que é mulher e não se entrega pra ninguém. Não sei o que fazer. O que valorizar?

            No seu email você disse estar dividida em dois e não entre dois. Não sei se isso foi intencional ou não, mas de qualquer forma revela a posição em que você se encontra. Você pode perceber que há dois lados seus. Um deles quer só curtir e se apegar ao que é belo. O outro parece se preocupar em construir um relacionamento.
            Quem não gosta do que é belo? Uma pessoa que é bonita atrai mesmo, só que com esse que é bonito você já sabe que não passará de um momento. Depois acaba. Com o outro você sabe que há a possibilidade de ter algo a mais.
            O que posso lhe dizer é que a beleza física tem uma data de validade, ou seja, uma hora termina. Inclusive a sua. Ela não vai se sustentar para sempre. Basear-se na beleza apenas é entrar numa barca furada. O outro não é bonito, você diz, mas será que há a chance de ver além da aparência e gostar?
            Não há uma resposta para o dilema que você se encontra. A resposta está naquele lado que você decidir valorizar mais em você. Depende da estrada que você decidir pegar. O que lhe é mais importante: apostar num relacionamento que pode se desenvolver ou se entregar apenas ao prazer e se divertir? 

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Pensamento



Conta-se que no passado, um viajante foi à cidade do Cairo, no Egito, com o objetivo de visitar um famoso sábio. O viajante ficou surpreso e decepcionado ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples e cheio de livros. As únicas peças de mobília eram uma cama, uma mesa e um banco.
- Onde estão seus móveis? Perguntou o viajante.  
- E o sábio, bem depressa olhou ao seu redor e perguntou também: - E onde estão os seus...?
- Os meus?! - Surpreendeu-se o viajante  - Mas estou aqui só de passagem! 
- Eu também... - concluiu o sábio.
            É necessário que saibamos ao que nos apegar. Isso não quer dizer que não possamos ter bens e até gostar deles, mas é preciso dar os valores certos para as coisas certas. A aprendizagem e o modo que vivemos devem ter um valor considerável em nossas mentes. Afinal somos muito mais o que aprendemos e usamos em nossas vidas do que o que temos ao redor.
            Tal como diz aquele ditado “O hábito não faz o monge” precisamos ser aquilo que realmente importa e não despender tanta energia em ter aquilo que achamos que nos tornará melhor. A busca está sempre no ser.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Pergunta de Leitora - Estraga-prazer


As pessoas não gostam da minha companhia. Acho até que me evitam a todo custo. Não sei porque. Até mesmo quem trabalha comigo não gosta de mim. Sei que fazem festas para as quais não sou convidada. Minha família também não me aprecia. Sou boa, nunca faço mal a ninguém. As pessoas tem prazer em me desafiar. Estou sempre sendo desafiada. Tudo o que eu falo me contradizem. Acham que eu sou muito crítica, mas na verdade sou realista. Será que eu tenho que ser falsa para ser querida? Não acredito num mundo onde eu tenha que ser falsa. Prefiro a solidão do que ter que ser falsa. O senhor não acha que estou certa?

            Sinhozinho Malta, personagem do ator Lima Duarte na novela Roque Santeiro (Globo, 1985), costumava terminar suas afirmações girando o pulso fazendo com que o relógio fizesse o barulho do chocalho de uma cascavel e com o bordão To certo ou to errado? Ele desafiava qualquer um que ousasse contradizê-lo e o tornava uma figura que não era querida pelos outros personagens. Será que os outros lhe desafiam ou você que os desafia?
           Você olha muito para as atitudes dos outros e parece não perder muito tempo em avaliar como suas ações podem ser responsáveis pelo o que está lhe acontecendo. Parece que você está muito mais interessada em confirmar suas opiniões do que realmente conversar com os outros. Tanto que você termina seu email para mim esperando minha concordância com sua opinião.
            Agindo desta maneira você se torna o que popularmente se chama de estraga-prazer. E quem vai querer convidar e se aproximar de alguém que é estraga-prazer e para quem o tempo está sempre fechado e nebuloso? Certamente ninguém.
          Não duvido de que você seja uma boa pessoa, mas precisa saber aprender a se relacionar. Para isso vai precisar largar mão do desejo que tem de desafiar os outros e de que os outros sempre concordem com o que você pensa. Enfim, vai ter que aprender a abrir o céu interno para ser mais convidativa para com os outros. Criticar pode ser sadio, mas é preciso saber a forma e a hora em que se faz a crítica. Criticar a torto e a direito lhe torna uma pessoa indesejável e não uma pessoa realista como você pensa. 

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Pensamento


A felicidade é um problema individual. Aqui, nenhum conselho é válido. Cada um deve procurar, por si, tornar-se feliz.

Sigmund Freud

            A felicidade não vem de fora, mas de dentro. Por isso mesmo que é um problema individual. Cabe a todo mundo descobrir seu caminho para estar bem. Não existem caminhos prontos para estar feliz, só há a possibilidade de cada um desbravar sua trilha.
            Muitos procuram por uma receita que leve à felicidade. Tanto que fez muito sucesso o marketing de algumas empresas farmacêuticas que alegaram terem criado pílulas da felicidade. No entanto, a felicidade permanece como um estado de espírito e não como um bem a ser adquirido.
          Em todas as épocas da historia os humanos estiveram intrigados sobre o que é felicidade e como consegui-la, mas são poucos os que realmente valorizaram o ato de se percorrer o caminho. Caminhar é a receita, porém como o caminho será feito depende de cada um.  

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Pergunta de Leitora - Partidas


Tenho 24 anos, há 6 anos estou com um rapaz de mesma idade que eu, nosso namoro teve alguns altos e baixos, e, por umas 3 vezes chegamos a terminar, e, ficamos com outras pessoas quando separados. Tinhamos muitos problemas por pensarmos diferente e também porque a família dele não gostava de mim, eu não tinha muita paciência com essa situação e acabava terminando. Há dois anos e meio estamos juntos, pois tive uma filha dele e decidimos que íamos tentar constituir nossa família, foi aí que surgiram mais problemas.
Eu já sou formada, tenho cursos de pós-graduação e não tenho muitas dificuldades em encarar as situações de minha vida, pois desde cedo tive que me virar, ele, ao contrário, foi criado e superprotegido pelos avós, ainda não terminou a faculdade e não sabe o que quer da vida.
Pensando no bem da nossa filha aceitei morar com ele na casa dos avós dele, pensando que com o tempo ele ia tentar arrumar um emprego melhor para conseguirmos ir para uma casa, mesmo que alugada, pois foi aí que me enganei, ele se sabota por dizer que se sairmos da casa dos avós dele passaremos necessidades, e fala que tem medo de deixar algo acontecer, etc e tal.
Bem Silvio, a questão é: há um bom tempo venho pensado em me separar dele, pois não só quero como necessito de um lugar para morar que seja "meu", mesmo que alugado, pois sempre gostei de fazer muitas coisas que na casa dos avós dele não dá.
A questão é, eu gosto dele, mas já não tenho certeza se o amo como antes, hoje penso em seguir minha vida e deixá-lo, já que ele não se decide. Mas penso e pondero muito por causa de minha filha, o que você me diria?

          Lendo seu email veio uma imagem à minha mente: você e seu companheiro em barcos diferentes, partindo para destinos diferentes. Vocês viveram um romance, tiveram uma filha e compartilharam uma história, mas agora você sente que está terminado e chegou o momento de partir. Qual é o seu medo de partir de fato para o seu destino?
            Fins de relacionamentos são sempre dolorosos e a dúvida do que fazer nessas horas sempre se fazem presentes. Ainda mais levando em conta a existência de uma filha. Mas se apegar àquilo que já não mais funciona é perder. Um relacionamento dura enquanto tem sentido. Quando o sentido acaba é necessário terminar uma etapa e começar outra.
            Você é estudada, corajosa e está com vontade de experimentar a vida. Quer alguém que compartilhe essas suas características para caminharem juntos. Isso é algo que você sabe que não encontrará com ele. Hoje você não sente mais admiração por ele. Está cansada da falta de atitude dele tanto que só voltou a ficar e a morar com ele por causa da sua filha e não porque você acreditava neste relacionamento e agora percebe que ele não pode te dar o que você quer.
            Na vida há sempre movimentos de perder e ganhar. Você o deixando vai perder algumas coisas, mas poderá ganhar outras. Sempre há um preço a pagar. Agora cabe a você colocar na balança o que vale mais a pena e seguir adiante. No seu email você se mostrou articulada e clara no que pensa. Não tenho dúvidas de que você encontrará o caminho para o seu destino.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Carência Afetiva


          Uma hora ou outra todos nos deparamos carentes afetivamente. No entanto, há alguns tipos de pessoas que vivem carentes por todo tempo. Elas não conseguem suportar a falta e sentem uma “fome” muito intensa em terem suas necessidades atendidas o mais rápido possível. Esse tipo de atitude faz com que exijam demais das outras pessoas e acaba por prejudicar seus relacionamentos sociais, amorosos ou até profissionais. Por mais atenciosos ou amorosos que sejam as pessoas com quem o carente se relaciona ele sempre quer mais e nunca se dá por satisfeito. Como diz o ditado popular é um saco sem fundo.
            Há muitas formas da carência afetiva se manifestar. Podem ser aquelas pessoas que sempre pensam que não são amadas o suficiente, pensam não ter o suficiente, ou pensam não receber nunca o bastante. Estando insatisfeitas essas pessoas buscam então uma compensação. Aliás, muitos problemas de obesidade são uma forma de carência. É quando a pessoa compensa colocando mais comida para dentro tentando preencher uma falta que certamente não será mitigada com o excesso de comida. Até mesmo quem abusa das drogas ou álcool está tentando suprir suas faltas. Outras pessoas têm uma atitude de sempre exigir que outros lhe resolvam suas carências, o que termina por tornar sua companhia indesejável.
            Só que o problema de se tentar resolver a carência se excedendo com alguma substância ou tentando forçar alguém a lhe dar aquilo que sente que necessita é que elas ficam presas a um ciclo vicioso. Nunca ficam satisfeitas e sempre querem mais e repetem esse modo de viver sem jamais perceberem que assim não encontrarão pelo que realmente anseiam.
            Essa carência que sentem provavelmente se originou na infância e marcou toda a experiência de vida dessas pessoas. Elas nunca puderam desde o inicio internalizar uma boa auto-imagem, uma imagem que pudesse trazer autoconfiança em enfrentar as faltas da vida e ir à luta para superar algumas delas. Sempre ficaram com uma auto-imagem de pessoas fracas e incapazes que dependem totalmente de algo ou de alguém que venha a lhe suprir, deixando-as mais parecidas com crianças do que com adultos verdadeiramente maduros.           
           É muito importante quem se encontra nesse estado de carência se voltar para aquilo que realmente pode ajudá-los a crescerem e construírem uma melhor auto-confiança para fortalecer os próprios talentos e se sentirem capazes de cuidar de si mesmos e satisfeitos com as conquistas alcançadas. Assim a busca por compensações pode ser abandonada e adotado no lugar modos de viver bem mais condizentes com a vida de um adulto. Alguém só larga as compulsões quando se tem algo melhor para colocar no lugar. Nesses momentos uma boa psicoterapia é de excelente ajuda.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Pergunta de Leitora - Suicídio


Não consigo entender até hoje porque meu filho se suicidou. Isto aconteceu há mais de 4 anos. Ele era jovem, tinha a vida pela frente e nada lhe faltava. Parecia feliz. Nunca percebi nada de errado. Depois de sua morte minha vida desmoronou. Meu marido me abandonou e me acusou de nunca ter prestado atenção no que acontecia. Comecei a beber e vejo que estou cada vez pior. Por que alguém aparentemente feliz se suicida? Não consigo esquecer.

            Estar aparentemente feliz não significa estar de todo bem. Obviamente algo não estava bem e fez com que seu filho não pudesse mais acreditar em apostar na vida e preferir a morte. O suicídio é um ato de extrema violência que uma pessoa comete contra si e deixa as pessoas ao seu redor completamente desnorteadas.
            O que o levou a se matar não sei. Só ele poderia nos dar essa resposta. Agora entendo que sua vida tenha desmoronado. A morte de um filho por si só já é trágica, imagina a morte devido a um ato tão brutal como esse.
         Com esse infeliz acontecimento tudo parece se desfazer. Seu marido reage de uma forma a lhe culpar e lhe abandona. Você começa a beber e se destruir tentando procurar uma explicação que talvez nunca tenha. Nem sempre podemos ter todas as explicações.                  
           Seria tolice da minha parte dizer que um dia tudo isso vai ser esquecido. Não vai, mas o que eu posso lhe dizer é que você tem todo o direito de se refazer. Você se destruir não vai trazer seu filho de volta e nem vai dar as respostas que você tanto quer. O caminho agora é procurar se reestruturar da forma possível. Se você ainda não procurou, procure ajuda o quanto antes para aprender a suportar esta dor sem se destruir.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Pensamento


Se você quer transformar o mundo, mexa primeiro em seu interior.

Dalai Lama


É fácil falar em mudanças, principalmente quando nos referimos sobre mudanças dos outros ou no mundo. Esperamos muitos que os outros mudem, que a sociedade mude, que as coisas mudem, mas ficamos passivos quando a mudança precisa ser nossa.
            Mudar-se implica em se reconstruir. Abandonar as maneiras que usávamos para viver, que não mais funcionam e criar novas. Mas muito frequentemente tememos o que é novo e preferimos nos apegar àquilo que já é conhecido. Isto nos torna passivos e impotentes em criar mudanças em nós mesmos, o que leva então a ficar esperando que as mudanças venham dos outros e assim ficamos todos inertes.
            Para mudar é preciso coragem e certa dose de ousadia em experimentar. O processo da mudança é uma grande aprendizagem onde acertamos aqui e erramos ali, mas que sempre leva a uma transformação. Estamos vivos e tudo o que está vivo está em constante transformação. Negar isso é negar a vida.