segunda-feira, 30 de julho de 2018

Relacionamentos Humanos




            Uma matéria no programa da Ana Maria Braga foi ao ar recentemente e causou toda uma série de diferentes opiniões da audiência. O assunto era sobre como se comportar na praça de alimentação dos shoppings e o profissional encarregado de apresentar a matéria passou dicas para uma melhor convivência nesse espaço. O que mais me chamou atenção é que muitas pessoas se sentiram ofendidas e reagiram com comentários bastante arrogantes sobre alguns pontos levantados porque acreditam que tudo podem fazer, o que mostra a dificuldade geral de se pensar no outro.
            A praça de alimentação de um shopping é um espaço onde se convive várias pessoas. Não há garçons para atender as mesas, só há faxineiros para manter a limpeza do local, mas em teoria todos são responsáveis pelo bom uso do local bem como de sua organização. No entanto não é isso o que vemos. Há pessoas que se portam como se tivessem o direito de fazer o que bem quisessem e que o próximo que se vire. Desde deixar mesas emporcalhadas e bandejas nas mesas o que encontramos é que o espaço alheio e público não é respeitado. Em certa medida isso nos mostra o quanto o outro não é considerado e isso é um assunto sério.
            Não estou falando aqui, como foi o objetivo do programa, sobre etiqueta no shopping, mas me refiro a um exercício de observação de como nos tratamos, como nos relacionamos. Não existe apenas eu no mundo, existem também muitas outras pessoas. Respeitar o outro leva a respeitar o espaço alheio seja no shopping ou em qualquer outro lugar. Nossas ruas estão cada vez mais hostis cheias de violência e de perigos. Não respeitamos leis e nem o espaço que compartilhamos. O outro e seus direitos passam a ser negados. A pobreza nos nossos relacionamentos está nítida.
            Relacionamentos pobres demonstram mentes pouco desenvolvidas. O desenvolvimento que falo aqui não é o da racionalidade ou intelectual, mas o sentimental. Não sentimos ou não nos permitimos sentir o outro e negamos a sua existência. Sentir o outro implica uma mente que se coloque no lugar do outro e que entenda que não deve fazer com o outro aquilo que não gostaria que fosse feito consigo próprio. Em outras palavras isso é compaixão e é esta que torna o mundo suportável e encantador. Não nascemos humanos, mas nos tornamos humanos através dos relacionamentos. Quanto menor é o número de relacionamentos bons que vivemos, menor é o desenvolvimento da mente e consequentemente menos humanos somos.

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Pergunta de Leitora - Namoro não se trata de Ter mas de Viver




Meu maior medo é perder o meu namorado. Que ele não mais se interesse por mim ou que se interesse mais por outra pessoa. Acho que não dá para suportar. Mas tenho medo de com isso ficar muito controladora e ficar enchendo o saco e isso fazer ele desistir de mim. É difícil tudo isso. Quero namorar, mas tenho tanto medo de perder e preciso ter ele sempre. O que posso fazer?

            A gente nunca tem uma pessoa de fato. Quando dizemos “tenho um namorado” é modo de falar, mas não é um fato em si. Entender isso é importante para se viver um relacionamento possível e não ficar perdendo tempo e energia desejando o impossível. Para namorar precisará entender que jamais vai tê-lo.
            E mais, a perda faz parte da vida e saber aceita-la é fundamental para se viver bem. Quem não aceita a perda é porque não aceita a vida, já que esta, queiramos ou não, engloba inúmeras perdas. Estamos sempre perdendo algo, mas também ganhando. Tudo depende da perspectiva que adotamos para ver os acontecimentos.
            Olhar a vida por perspectiva favorável a torna suportável e rica. A perspectiva com que você olha seu relacionamento com seu namorado hoje é ameaçadora. Está sempre vivenciando a perda mesmo quando esta não aconteceu. Você está vivendo a fantasia e não a realidade. Isso não é um bom negócio.
            Quem não aceita como a vida é, ou seja, feita de perdas, se impede de viver. Portanto, precisamos aprender a conviver com as perdas para poder melhor usufruir da vida. Nosso bem estar deve depender, acima de tudo, de nós mesmos e não de algo ou alguém que achamos que possuímos. A verdade é que nada possuímos na vida, mas podemos viver e aprender muito com ela. Melhor do que segurar o seu relacionamento é você vive-lo e aprender com o que ele tem a te ensinar. Será que assim não fica mais fácil?

segunda-feira, 23 de julho de 2018

As Várias Formas da Violência




            Esses dias recebi uma ligação de telemarketing insistindo para que eu adquirisse determinado cartão de crédito. Respondi educadamente, diga-se de passagem, que não tinha interesse. A moça então começou a falar sobre as vantagens do tal cartão como se eu não tivesse já declinado da oferta. Mais uma vez eu afirmei que não queria. Então ela perguntou se eu já tinha cartão e quando lhe disse que já tinha ela queria saber quanto de taxa eu pagava e quais benefícios eu tinha do meu cartão. Disse-lhe que nem precisávamos estender a conversa que eu não tinha interesse em outro cartão e agradeci a oferta. Ela então iniciou perguntas como Você gosta de viajar? Você vai ao cinema? Você quer receber prêmios?  E eu mais uma vez a lembrei que não tinha interesse em adquirir o seu produto. Ela não me ouvia ou fazia que não me ouvia e continuou o questionário Você trabalha com o que? Tem seguro de vida? Já que ela estava me fazendo perguntas até pessoais resolvi perguntar quantos anos ela tinha. Ela estranhou, ficou sem graça, mas respondeu que tinha 18. Perguntei-lhe então se ela fazia faculdade ou pretendia fazer vestibular e do quê? Ela ficou sensivelmente irritada e disse que eu estava sendo desagradável. Eu a lembrei que ela estava também me fazendo perguntas pessoais. Ela rebateu que era o trabalho dela, ficou muito brava e desligou na minha cara. Isso me fez pensar nas mais variadas formas de violência que existem por aí.
            Nem sempre a violência é um embate físico ou de xingamentos, mas pode assumir várias formas. Sei que operadores de telemarketing são pagos para nos ligar e fazer de tudo para que compremos determinados produtos ou serviços, mas chega uma hora que isso se torna invasivo, inconveniente e violento. Invasivo porque nos invade em nossos momentos de trabalho, de lazer e de vida. Inconveniente porque incomoda na insistência do que não pedimos ou não queremos. E, por fim, violento porque ataca nossa liberdade de ser ouvido e respeitado. Não podemos fechar os olhos que essas ligações são, na verdade, uma forma de violência.
            Outra forma de violência a que diariamente somos submetidos é quando estacionamos o carro na rua e somos “obrigados” a pagar para que alguém fique cuidando do veículo. Tudo bem que são apenas moedas que muitas vezes damos e não farão tanta falta, mas isso é violento. A rua é pública e todos temos o direito de usá-la e não podemos tirar dela lucro sem a devida permissão legal. Se, em algumas vezes nos negamos a pagar para que o carro seja “olhado”, podemos correr o risco dele ser riscado. É ou não violência? Na verdade é um roubo, estamos sendo assaltados.
            Sei que muitas pessoas que olham os carros na rua são carentes e necessitadas, não desconheço esse fato tão triste, mas estamos todos desamparados: tanto essas pessoas necessitadas quanto essas pessoas que são obrigados a ser roubadas. O assalto, no caso, não foi uma arma ou ameaça direta, mas foi uma violência de qualquer forma.
            Somos constantemente submetidos às mais variadas formas de violência e muitas vezes não percebemos. É uma situação que exige que prestemos mais atenção até porque nós também vamos exercer violência em muitos momentos sem ser originalmente nossa intenção. Isso tudo empobrece a qualidade dos relacionamentos que vemos dentro das famílias, do trabalho e da sociedade. Perdemos muito ao não reconhecer quando a violência, disfarçadamente, se faz presente. Desenvolver uma consciência sobre como nos relacionamos é fundamental e um trabalho para todos.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Pergunta de Leitora - Paz interna




Não gosto nada de minha sogra. Ela é muito enxerida e se mete em tudo na minha vida. É sempre a história de que ela sabe fazer melhor do que eu e sempre ela sabe o que é melhor para o meu marido, filho dela. Sei que ela é mãe dele, mas toda vez, não tem nenhuma vez que não, ela implica comigo. Não sei cozinhar direito, não sei cuidar da casa do jeito que ela quer e meu marido nunca me defende. Minha sogra não perde um minuto sem me criticar e me desvalorizar. Eu a odeio e ela me faz sentir muita raiva. Já cheguei a pensar em me separar para não ter mais que conviver com ela. O que posso fazer?

            Existem pessoas que são abusivas e intrometidas. Pessoas assim não conhecem limites e ultrapassam todas as fronteiras das boas maneiras e educação. Pelo o que você me conta parece que sua sogra é uma dessas pessoas.
            Pessoas intrusivas são sempre primitivas, vivem de atacar e de causar tensões no ambiente. Elas projetam para fora de si o que se passa no seu interior causando toda uma sorte de desagrados ao redor. É que quem não tem uma mente desenvolvida não consegue tolerar e nem conter o que sente e derrama todas as emoções e sentimentos sem nenhum filtro. Por isso a pessoa se torna inconveniente e intrusiva.
            Agora, a questão está em você aprender a se preservar de pessoas assim. Aprender isso é importante não só por causa do que você vive com sua sogra, mas porque sempre se encontra pessoas que funcionam desta maneira. No trabalho, com colegas, familiares, sempre haverá pessoas que nunca desenvolveram filtros para conter seus conteúdos mais primitivos e agressivos e precisamos saber como nos preservar, para que não nos contaminemos com estes mesmos conteúdos.
            Provavelmente o que acontece é que sua sogra desperta em você essas emoções que você citou como raiva e ódio e você ainda não aprendeu a lidar com o que sente de maneira mais eficiente e que não fique tão envolvida. Em outras palavras sua sogra te vende essas emoções e você as compra. No final é você quem fica com o produto dela. Quando aprender a não mais comprar aquilo que não te pertence a sua sogra não terá mais nenhum poder sobre você. Apenas quando puder compreender que o que você sente não depende de sua sogra poderá de fato se preservar dela. Ninguém pode definir como vamos nos sentir. Isso só depende de nós mesmos.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Mudanças e Transformações




            A vida está em constante mudanças e transformações. Nada permanece fixo eternamente. Nosso corpo envelhece e traz inúmeras limitações. Os filhos crescem e deixam de ser crianças. Nossas emoções mudam e o que fazia tanto sentido no passado pode mudar completamente em outro tempo. Na verdade sabemos disso tudo e chega até ser clichê dizer que tudo muda, todavia as pessoas até sabem disso, mas não aceitam que isso realmente acontecem. Elas sofrem quando as coisas mudam e não encaram bem as transformações e vivenciam muitos sofrimentos desnecessários.
            Mesmo tendo em mente que as coisas nunca são fixas as pessoas ainda criam expectativas de que nada mude. Isso mostra o quanto as mudanças geram tamanha ansiedade que fazem com que pessoas racionais fiquem apegadas irracionalmente a tudo o que eventualmente mudará. Há pessoas, por exemplo, que não aceitam o envelhecimento e se ressentem quando percebem que vem envelhecendo e que não controlam isso. Ficam ressentidos e amargurados com um processo natural e tornam a própria vida muito pior.
            Em casais há quem não aceite que seus cônjuges mudem com o tempo e criam situações de grande sofrimento quando exigem que o casamento seja sempre o mesmo que um dia foi. Há pais que não aceitam que seus filhos cresçam e se tornem independentes. Em resumo, mesmo sabendo que tudo muda ninguém quer mudar.
            Quanto mais negamos a transitoriedade das coisas mais criamos sofrimentos porque as coisas mudam independentes de nós. Ninguém controla a natureza da vida. Desapegar, que muitas religiões exaltam, é justamente não se fixar em algo como se fosse para sempre, mas se permitir transformar e com isso amenizar sofrimentos desnecessários. Façam a experiência de em um único dia perceber quantas emoções surgem e desparecem em suas mentes. Ficamos bravos, encantados, excitados e de uma hora para outra tudo passa. Assim é a vida, até mesmo ela passa e entender isso nos ajuda a sofrer menos.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Pergunta de Leitor - Azar ou Más Escolhas?




Me sinto o homem mais azarado do mundo. Estava numa grande empresa e prestes a ser promovido para um cargo melhor e mais bem remunerado quando por acaso me envolvi sexualmente com a mulher do meu chefe e ele descobriu e é claro que fui demitido. Outra vez estava indo bem numa outra empresa quando tive a chance de ser chefe de um projeto que sempre foi meu sonho, mas devido a uma briga feia que tive com um colega de trabalho por causa de divergências no esporte meu projeto foi reconsiderado e não obtive essa chance. Fico sempre no mesmo lugar profissionalmente, sem crescer. Não sei o que me acontece e o que faz outros terem sucesso onde eu só fracasso. Deve ser muito azar mesmo. O que faço para mudar tanto azar?

         Você explica o que te acontece concluindo que se trata de azar, ou seja, algo independente de você mesmo. Talvez acreditar no destino azarado seja mesmo mais cômodo e te traga alívio. Afinal, pensar em outra coisa que não seja o azar pode ser muito desconfortável.
         O azar é uma bela desculpa que você arranja para evitar refletir sobre a sua responsabilidade em sua vida. Você fala como se todos esses eventos lhe tivessem acontecido de forma gratuita, como se você nada tivesse a ver com eles. Entretanto, se olharmos mais atentamente podemos enxergar que você os escolheu e os criou.
         Freud, criador da psicanálise, percebeu em muitas pessoas algo como medo do próprio sucesso. Parece estranho isso, mas a mente funciona de formas muito diferentes do mundo lógico e possui sua própria lógica e regras. Na consciência uma dada pessoa pode almejar o sucesso e conquistas trabalhando duro para chegar a tudo o que deseja, mas inconscientemente essa pessoa pode estar trabalhando para evitar o sucesso. Nos dois casos você mesmo puxou o próprio tapete e não foi apenas coincidência. Quando coisas assim se repetem não se trata de mera coincidência, porém de algo inconsciente.
         No primeiro exemplo você, entre todas as mulheres disponíveis no mundo, se envolveu com a que não podia. Por que será que fez isso? Parece-me muito autodestrutivo. No segundo caso será que a briga não poderia ter sido evitada? Principalmente quando havia tanta coisa em jogo? A pergunta é: qual foi a sua responsabilidade em tudo o que te aconteceu?
         Hoje você cria o caminho para o sucesso, mas o joga fora quando está para ser concretizado. O medo é de ter sucesso e vai precisar descobrir porque faz isso consigo para poder ser diferente e mais favorável a si próprio. Precisa do saber que a análise pode te proporcionar, o saber de entender a própria mente e abrir mão da destrutividade. Que tal agora empreender sua análise e não sabotá-la?

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Amar requer Coragem




            O tema amor é uma das maiores constantes em nossas vidas. Falamos sobre a necessidade de se viver o amor, de se entregar a ele e tal, mas como quase tudo que é exaustivamente falado pouco se compreende o que ele seja de fato. Até porque o amor não é aprendido através de teorias e ensinamentos, mas apenas ao longo de experiências de vida. Um ponto, entretanto, que muitos não se dão conta é que são poucas as pessoas que tem coragem para amar de verdade. Até pensam que amam, mas o amor passa longe.
            Quando num relacionamento amoroso há a frequente presença do controle o amor não tem como acontecer. É muito comum ver casais que iniciam suas vidas amorosas de forma muito doce e livre. Um encanta o outro e isso vai cada vez mais unindo e formando uma história conjunta. Porém, conforme muito desses casais permanecem juntos aquilo tudo que era amor se transforma em controle e sufoca tanto o relacionamento que muitos acabam sendo desfeitos. O que será que ocorreu?
            O ato de amar requer coragem porque implica se entregar a outro sem jamais possuir o outro. O amor não dá nunca garantias. A gente ama alguém, mas jamais teremos o outro que permanece sendo uma pessoa livre. É perceber isso que faz com que muitos passem do amor para o controle e matam o amor. No começo a gente até se entrega, mas depois de um tempo ficamos com tanto medo de perder o que sentimos ou a companhia da outra pessoa que ficamos covardes e adotamos a falsa ideia de que podemos controlar o outro e nos assegurar.
            Quando isso acontece o amor morre porque amar demanda viver a incerteza do amanhã e se desapegar da certeza do ontem, mas viver apenas o hoje. Só os corajosos se permitem amar verdadeiramente e aceitar que no fundo ninguém é de ninguém. No amor ninguém toma posse do outro, mas apenas vive-se aquilo que o outro se disponibilizar a dar. Haja coragem para isso!

sexta-feira, 6 de julho de 2018

Pergunta de Leitora - Viver Livre




Sou nova, tenho 28 anos e estou casada há dez anos. Casei porque queria fugir de casa, meus pais são pessoas que não amo e não confio. Minha mãe é uma típica Amelia, cheia de princípios morais. Meu pai é um homem arcaico, cheio de regras e proibições. Achei que poderia ser feliz com meu marido, mas ele não é o homem que amo. Estudei, me formei, sou inteligente, mas não tenho meu ganha pão, de modo que sou dependente dele financeiramente. Quando falei em me separar para os meus pais eles disseram que posso esquecer deles, pois eles não me ajudarão em nada e que nem posso voltar para a casa deles. Meu marido sabe que eu não o amo, e sabe que dependo dele. Não sei qual pode ser a saída para mim. Já até pensei em mata-lo, cometer um crime para me ver livre dele. Assim eu me sentiria livre para fazer o que quisesse. Vivo enterrada na tristeza e decepção.

         Será que você se leva a sério? Provavelmente não. Porque se levasse não falaria tantas besteiras. Você se coloca num cenário teatral e como uma atriz crê que precisa desempenhar um papel, mesmo que seja o de vítima que é levada ao crime por circunstâncias difíceis. Enquanto não sair do palco que encena viver será impossível.
         Seus pais não são as pessoas que você esperava e nunca demonstraram, ao que parece, amor e cuidado. Tanto que você sente que precisou fugir e esta fuga foi o casamento. Inicialmente acreditou que o casamento seria a solução e o passaporte para a liberdade. Assim não ficaria presa aos preceitos rígidos paterno e a submissão da mãe-Amélia. Mas o plano mostrou-se uma furada e o passaporte não teve validade.
         Interessante falar da passividade da sua mãe quando você mesma, sem perceber, vive assim. Estudou, se formou e é inteligente, mas faz o que com tudo isso? Alguém te proibiu de trabalhar e ganhar o seu sustento? Ou isso foi você mesma que decretou, sem nem mesmo se dar conta? Quer se separar do marido que não ama, mas não almeja a independência, pois quer a volta para a casa dos pais, que já foi negada. Parece-me que você acredita que alguém tem que cuidar de você.
         Quem quer ser livre deve trilhar esse caminho e pagar o preço por ele. A liberdade não é dada, mas fruto de uma conquista. Matar seu marido não é se libertar, mas amarrar-se por toda a vida a ele mesmo que seu corpo não mais exista. O crime e ele sempre existirão tal qual fantasmas e viver assombrada não é ter uma vida livre. Está precisando aprender a viver de fato.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

A Verdadeira Riqueza




            Uma antiga parábola oriental conta sobre um grande mestre que vivia bem modestamente numa casa afastada. Uma bela noite um ladrão resolveu verificar se haveria algo de valor a ser roubado. Chegando lá, depois de toda uma grande e difícil caminhada viu que não havia nada de valor, mas o mestre se apiedou dele e tirou a própria roupa que vestia e disse: “Você se empenhou tanto em vir aqui que não vou permitir que vá embora de mãos abanando. Tome minhas roupas e as leve com você.” O ladrão assustado saiu correndo para longe desse mestre enquanto este se deitava nu no campo aberto admirando a lua enquanto pensava Pobre sujeito! Queria tanto dar a ele essa lua!
            Obviamente não precisamos entender a história acima como um convite ou leniência com ladrões e roubos, mas como há coisas no nosso mundo interno que não são possíveis de ser roubadas ou perdidas. Nossa paz de espírito, tranquilidade e bem estar são objetos imateriais e que possuem outra natureza que os impedem serem tratados da mesma maneira que objetos concretos.
            O mestre querer dar a lua nada mais é do que dar um estado de mente que permite viver de forma mais eficiente e prazerosa. No entanto isso não é um objeto físico que pode ser dado, porém pode ser apenas conquistado através do desenvolvimento da mente. O mestre, materialmente, era até mais pobre que o ladrão, mas sua subjetividade experimentava uma riqueza e fortuna totalmente desconhecida pelo ladrão que era de fato aquele que era pobre. Quando não conseguimos aproveitar a vida somos pobres.
            A maior riqueza que existe é a da mente. Não serei hipócrita e dizer que dinheiro não é importante. Claro que é. O dinheiro é uma realidade da vida que precisamos lidar. Ele nos dá conforto, segurança, educação acadêmica e uma série de outros fatores que tornam viver melhor. Sem dinheiro nem comeríamos. No entanto, há muitos tipos de fortunas que precisamos conhecer e conquistar. E o melhor de tudo é que esse tipo de riqueza não tem como nos ser tirada e nem é corroída pela inflação. É incorruptível!