segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Ouvidos Moucos


            O psicanalista francês Lacan dizia com muita freqüência sobre a importância de se saber fazer ouvidos moucos. Mouco é outro sinônimo para surdo. De fato é uma sábia frase essa de Lacan e que muito pode nos ajudar em várias ocasiões. Se saber fazer de surdo, certas vezes, pode ser altamente benéfico.
            É porque quem não sabe fazer ouvidos moucos em determinados momentos corre o risco de ouvir besteiras, se envolver com o que ouve e de se aborrecer com isso. Nem tudo o que ouvimos é bom. Ás vezes, muito do que nos é dito está mais a serviço da destruição do que em ser algo que seja produtivo. Se levarmos em consideração todas as críticas, sem jamais avaliar do que elas realmente se tratam, podemos ficar imóveis e nunca mais sair do lugar ou tomar qualquer posição. Se ensurdecer pode, nos momentos certos, ser a melhor coisa a fazer.
            Isso não quer dizer que os ouvidos devam se encontrar sempre fechados. Atitude essa que seria arrogância. Fazer ouvidos moucos seria, então, desenvolver a capacidade de saber avaliar bem o que se ouve. Quando é algo que pode ser levado em consideração vale a pena ouvir, já que podemos crescer muito com isso. Mas quando o que se ouve estiver a mando da crítica pura e simplesmente negativa deve ser rapidamente descartado.
            Circula na internet uma estória bobinha, mas bem ilustrativa da sabedoria de se fazer ouvidos moucos. Nessa estória um grupo de sapinhos resolveu apostar uma corrida. Todos começaram correndo bem, mas a platéia, formada por outros sapinhos, começou a gritar que era difícil demais, que os corredores não iam conseguir superar os obstáculos no meio do caminho e os sapinhos corredores foram se desanimando. Assim, frente aos novos obstáculos que se apresentavam mais e mais sapinhos foram desistindo de continuar em frente. Apenas um resistiu e persistiu e por fim ganhou a corrida. Quando perguntado como fez para combater as palavras de desânimo jogadas pela platéia foi descoberto que esse sapinho era surdo e que portanto jamais tinha sequer ouvido o que havia sido gritado. A surdez é o que o permitiu seguir em frente. Fazer ouvidos moucos é uma arte que se faz necessária.

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