segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Análise de Filme - O Regresso




            No filme O Regresso o tempo demora a passar, não só por causa de ser comprido, mas porque nos coloca dentro de um outro tempo que não é cronológico. Baseado na história real de Hugh Glass que em 1823 foi brutalmente atacado por um urso durante uma expedição e dado como morto, para que os companheiros pudessem seguir caminho, o enredo é sobre a vingança e/ou justiça. O personagem, destruído pelo ataque, precisa de algum tempo para ir se refazendo fisicamente, mas a sua mente está completamente destruída e o tempo não parece ajuda-lo.
            A vingança é natural no ser humano, fruto do ódio e do desejo de que o outro sinta o que sentimos. É uma maneira de jogarmos no outro o inferno que está dentro de nós mesmos. E em muitos casos vingança e justiça então tão entrelaçadas que não sabemos onde uma termina e outra começa, como é o caso desta história. Glass esteve em busca de vingança ou de justiça? Talvez nunca vamos saber de fato.
          Para sabermos verdadeiramente precisaríamos do próprio personagem em carne e osso para que pudéssemos entrever a sua mente e compreender a sua motivação. Não é tão simples e qualquer conclusão precipitada é uma forma de julgar e não de pensar. Será que aguentamos duas horas e meia de filme sem julgar?
              Confúcio, mestre chinês da antiguidade, disse que quem busca vingança deve cavar duas covas: uma para seu inimigo e outra para si mesmo. Ele entendia, sabiamente, o quanto a vingança era autodestrutiva. Afinal, mesmo que ela traga certa dose de prazer, traz também o saber de que o que aconteceu não tem como ser desfeito e compensado. Fica-se violência pura, sem possibilidades de ser elaborado e nessa selvageria muitos outros podem encontrar destinos funestos apenas porque estavam no lugar errado e na hora errada, no meio do caminho de quem busca a vingança. Já com a justiça há paz de espírito. Algo nela pôde ser feito e reparado. A justiça não busca o prazer, mas impor limites de que nem tudo se pode e de que há consequências. Posso estar enganado, mas ao fim do filme fico com a impressão de que se tratava mais de vingança do que justiça.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Pergunta de Leitora - A Eleita



Vivo uma situação complicada. Sou a mais velha de três irmãs e tenho 27 anos. Meus pais sempre me favorecem em tudo. Para mim só tem elogios e se gabam das minhas conquistas como se fosse deles. Das minhas irmãs eles nada falam ou quando falam é para fazer alguma crítica. Me sinto mal em relação a isso tudo pois amo minhas irmãs e percebo que elas estão com ódio de mim. Nunca pedi e nem fico satisfeita quando meus pais preferem a mim do que minhas irmãs e não sei o que fazer. Não quero ser motivo de discórdia para ninguém na minha família. O que faço?

            Quando crianças queremos a atenção dos nossos pais 24 horas por dia sem interrupções. Não gostamos e não toleramos bem a presença de rivais como são, inicialmente, sentidos os irmãos. Queremos nossos pais e ponto. À medida que crescemos a atenção exclusiva dos pais por um único filho em detrimento de outro ou outros pode ser mais um peso do que vantagem.
            Isso ocorre porque quando um filho é eleito o favorito pode haver dois caminhos. Um é esse filho não crescer emocionalmente e ficar sempre na dependência das afirmações dos seus pais e com isso se faz arrogante e se sente, falsamente, melhor que os outros sejam eles irmãos ou estranhos. Este caminho é um convite para a imaturidade e pouca tolerância a frustrações. Fica-se uma eterna criança em termos emocionais.      
            O segundo caminho é este filho eleito com preferências se sentir sobrecarregado. Um peso enorme é posto em suas costas e ele deve sempre satisfazer as exigências que dele se espera. Um erro ou fracasso em alguma área da vida é sentido como se fosse uma verdadeira tragédia. Vive-se no limite de jamais deixar de ser o que dele se deseja. Como pode se ver nenhum desses dois caminhos é favorável a construção de uma identidade que busque a si mesmo.
            Ser eleita filha predileta lhe é uma prisão além de promover o desentendimento com suas irmãs. No entanto não precisa ser assim. Depende agora de você não mais ocupar essa posição. Se seus pais te colocam nessa posição é uma coisa, mas o que importa mesmo é a posição que você se põe. Se te cansa carregar esse peso é porque está na hora de deixa-lo de lado e ser você mesma. Quem sabe assim, ao escolher ser o que você é e não para o que foi eleita, a discórdia tenha um fim? 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A morte da Humanidade



            Numa praia argentina uma cena triste ocorreu, mostrando o quanto o ser humano tem muito que aprender em lidar com seus impulsos destrutivos. Um filhote de golfinho foi tirado do mar por banhistas e acabou passando de mão em mão para que todos tirassem selfies com o animal. O resultado é que o filhote morreu para que fotos pudessem circular pelas redes sociais. Todavia, não foi apenas o filhote que morreu, mas a humanidade.
            O impulso destrutivo aqui foi o da vaidade, que está ligado a agressividade e a superficialidade. Estou escrevendo sobre um filhote de golfinho, vítima da paixão pela ignorância do homem, mas poderia estar escrevendo também sobre as vítimas das guerras, da violência, das crianças submetidas aos piores tormentos e de qualquer outra injustiça que está nesse mesmo minuto acontecendo em algum lugar ou até mesmo do seu lado. Entra também aqui a corrupção, a falta de descaso com o bem público e muitos outros tipos de maus tratos que assassinam o humano que poderia existir.
Um mundo utópico, sem violência, é matéria para a ficção. A agressividade faz parte do humano. Freud, em Mal estar na civilização, discorre sobre nossa natureza agressiva e que é justamente esse impulso que periga com toda a civilização. A humanidade para viver, e não apenas sobreviver capengamente, necessita criar mecanismos mais eficientes para lidar com seus impulsos destrutivos. Caso contrário o prognóstico é desanimador.
            O mecanismo que dispomos para lidar com nossos impulsos é a mente, esta instância tão relegada a segundo plano. Se não há mente desenvolvida os impulsos não podem ser acolhidos e digeridos, ou seja, transformados em algo menos brutal e cru. Sem transformação os impulsos são atuados, isto é, vividos sem filtro nenhum e isso nos leva a cometer atos de selvageria assustadores. Essa selvageria nos torna menos humanos. Mas desenvolver a própria mente não rende selfies, pois é um trabalho discreto e individual. Tornar-se humano está fora de moda, porém nunca foi tão essencial.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Pergunta de Leitor - À Procura de um Divã



Não sei o que me acontece. Estou casado, mas não me sinto feliz. No entanto não sei se quero a separação. Já procurei prostitutas e apesar de ficar satisfeito por um tempo também não me senti realizado. Tenho um bom emprego, mas não sei se gosto dele. Me dá dinheiro e segurança mas as vezes penso que poderia fazer outra coisa, mas não sei o que. Consigo faze boas viagens, mas mesmo assim parece-me que sempre quero ir para um lugar que não sei onde é. Enfim, minha vida está repleta de não saber e não sei o que fazer com todas as minha dúvidas. O que será que me acontece?
           
            Você está casado, mas não se sente satisfeito, mas ao mesmo tempo não sabe se essa insatisfação é devido ao casamento ou a qualquer outra razão. O mesmo ocorre com seu trabalho e de forma geral com sua vida. Não consegue encontrar o que te falta e fica perdido nas dúvidas.
            Agora, por que será que me escreveu? Provavelmente porque acredita que eu tenha a resposta. O lugar que você me coloca é o daquele que possui o saber. É muito provável que esse lugar já tenha sido ocupado por alguma outra pessoa no seu passado. Uma pessoa que você sentia que tinha as respostas e que se você perguntasse elas lhe seriam dadas.
            Inconscientemente você está à procura de um analista. Não que um analista tenha respostas para tudo. Claro que isso não existe. Mas através da experiência da análise você poderá alcançar as respostas que você tanto precisa. Respostas essas que nada têm a ver com o seu casamento, emprego, viagens, mas que têm a ver com o que realmente se passa na sua mente. Poderá descobrir sobre você mesmo.
            Sendo assim que tal não perder mais tempo e ir atrás de sua análise. Os problemas pontuais que você colocou: casamento, trabalho e insatisfações podem e devem esperar até que você possa responder perguntas mais importantes sobre o que você deseja e o que pode ter e ser. A única possibilidade no momento é você ir em direção a você mesmo e caso fuja disso continuará preso a um estado de irrealização. Na sua análise você também encontrará perguntas novas que te ajudarão a pensar melhor sobre o que de fato te acontece.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Abrir Caminho para a Felicidade



            Para ser feliz, ou seja, estar bem psiquicamente, é muito trabalhoso. O problema são os obstáculos no meio do caminho. Quando esses obstáculos não são superados e vencidos ficamos empacados e sem nenhuma condição para seguir nosso caminho em direção à felicidade. E o que seriam esses obstáculos? De forma geral são nossos erros de avaliação sobre o que realmente é importante, são nossas vaidades.
            Quando não calculamos bem o que de fato é valioso e importante na vida, tendemos a procurar e a valorizar as coisas que não precisamos, mas achamos que precisamos. Não saber o que valorizar nos impede de ter uma visão com maior reflexão sobre a vida, ficamos com a visão limitada e míope e terminamos por enxergar apenas aquilo que está no nosso nariz. Essas coisas são, geralmente, sem importância verdadeira e têm a ver com nossas vaidades. Estas e mais os medos e muitos desejos são puras ilusões que nada nos acrescentam. Servem apenas para nos desviar do que realmente importa.
            Nosso período de vida sobre este mundo é curto e quando entendemos que não há tempo a perder com qualquer coisa passamos a refletir sobre as coisas que realmente importam. Egoísmo e ganância são pequenas vaidades que vão perdendo o sentido a medida que nos focamos em sentimentos mais proveitosos como generosidade e solidariedade. Ao realmente pensar sobre a vida vemos que os valores internos quando desenvolvidos têm uma preciosidade ímpar e nesse momento a pequenez das armadilhas que colocamos como prioridades se tornam opacas.
            Como diz um ditado português Essa vida é dois pulos e para a morte nos encaminhamos podemos compreender que a felicidade é necessária, senão corremos o risco de a adiarmos até um momento em que ela não poderá mais ser alcançada. Tudo depende de como andamos na vida e dos valores que damos a que coisas. Em suma, tudo depende se vamos abrir caminho para a felicidade.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Pergunta de Leitor - A Canção do Trovador




Tenho 18 anos e me apaixonei perdidamente por uma mulher de 38 anos. Vinte anos de diferença e eu consegui o email dela e já me declarei. Mas vivo um amor platônico que nunca se realizou. Ela conversa pela internet comigo e se mostra muito interessada em tudo o que eu tenho a falar, mas nunca nos encontramos pessoalmente. Até já fizemos sexo virtual, mas nunca trocamos um beijo e um carinho que é o que agora eu mais quero. Ela diz que eu sou muito jovem mas também diz que eu digo coisas que nenhum homem mais velho diz a ela. Será que me iludo com essa paixão? Acho que ela nunca ficará comigo mas saber disso me deixa para baixo porque acho que ela é a mulher da minha vida, mas também sei que algo está mudando em mim mas não sei o que é.

            Você vive o amor romântico cortês, o amor cantado nas canções dos trovadores da idade antiga. Esse tipo de amor não pode ser consumado, pois perderia suas características que o mantem vivo: a imaginação. No amor cortês a fantasia vale mais do que a realização.
            Essa mulher está encantada com sua admiração e com suas palavras e você encantado com a imaginação que faz dela e com o encanto dela por você. Quando ela te escuta você se sente um herói, só que as coisas param por aí. Não sei dizer, mas talvez esse amor não sobrevivesse a um encontro real onde a fantasia teria menos peso.
            O amor cortês que você vive talvez seja para evitar um encontro real e carnal. A realidade parece que te assusta e te leva a viver um amor onde o sexo é virtual, sem possibilidade de ser real. A recusa do amor carnal é compensada com a experiência do amor romântico cortês. Você é jovem e tem direito a viver a fantasia, porém sabe que algo está mudando em você e talvez no fim o amor cortês, tão somente, já não mais baste e nem seja tão atraente como já foi.
            A mudança que você sente, mas que não sabe o que é deve ter relação com a forma que vê o sexo. Antes este parecia impedido e até mesmo rejeitado. É que muitas vezes associamos o sexo, que tem elementos agressivos, como algo que vai sujar e manchar algo belo como o amor.  O amor platônico existe para proteger o sentimento de amor da experiência do sexo que pode ser sentida como algo muito forte para dar conta. Em outras palavras o amor platônico mantém a distância física, mas quando esta já não mais é temida o amor platônico transforma-se e outros desejos emergem. 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Novas Idades, Novos Mares



É muito comum acreditar que psicoterapia seja coisa apenas para gente jovem. Aqueles de mais idade, muitas vezes, ficam meio excluídos e de que nada adianta procurar significados novos pois têm a crença de que já viveram tudo e já resolveram tudo o que havia para ser resolvido. Grande engano, já que a vida sempre tem novos desafios a serem enfrentados.
Quem já conta com mais idade enfrenta desafios interessantes e que pedem por atenção. O corpo físico já não é mais o mesmo, muitos sonhos já foram realizados, outros esquecidos e outros abandonados. Parece que a vida se encaminha para um lugar sem graça e sem muitas expectativas. Não muitos anos atrás quem tinha certa idade se recolhia numa certa imobilidade. Hoje, graças aos muitos avanços tecnológicos, a vida se torna cada vez mais prolongada biologicamente e pede por uma renovação em como ela poder ser (bem) vivida.
Pessoas de mais idade poderiam, sim, se beneficiar e muito com uma boa psicoterapia. Ter mais idade pode proporcionar uma maior interiorização e uma capacidade de observação bem mais refinada. Fatores estes que são muito úteis numa psicoterapia. É frequente, aliás, perceber que pessoas mais maduras buscam a religião nessa idade e ao contrário de muitos que acham que isso seja só porque têm medo da morte, creio que é muito mais por serem capaz de olhar a vida com mais serenidade. Conseguem ter uma visão de mundo, que se bem aproveitada, os tornam muito mais experientes.
Mudar a própria vida para melhor é sempre um imperativo. A vida é preciosa demais para ser desperdiçada seja em qual idade for. E a evolução está sempre disponível para aqueles que se aventuram nesse caminho. Cada idade, é claro, pede por determinados tipos de crescimento e saber navegar nesses mares é altamente favorável. Cada idade pode ser vista como um mar diferente, com ondas e características distintas e se preparar para enfrentar e usufruir desse mar é sempre um bom negócio. Não importa se temos um ano ou 100, aprender a viver sempre será uma necessidade.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Pergunta de Leitora - O Peso do Engano



Fui diagnosticada com síndrome do pânico e venho sofrendo desse mal há alguns anos. Em alguns momentos tenho medo de sair de casa. Acho que uma tragédia vai me acontecer e que não sobreviverei a ela. Ou o carro vai bater ou vou passar mal na rua e desmaiar, sempre acho que vou morrer ou ficar abandonada. Meu marido tem sido paciente comigo mas não sei até quando. Meus filhos já estão crescidos, ainda bem, mas perdi muito do desenvolvimento deles. Da minha filha não consegui nem ir na formatura. Perdi e estou perdendo muito da vida e não sei o que fazer. Já tomei tantos remédios mas nenhum me curou. A vida me é um peso de toneladas.

            Quando a vida se torna “um peso de toneladas” ela também perde o sentido, pois quem iria querer viver carregando um fardo sem a menor possiblidade de encontrar algo prazeroso e estimulante? O pânico que te domina tira todo o sabor e encanto que você poderia ter ao viver suas experiências e até agora tudo o que você fez para combater esse mal de nada adiantou. Está na hora de mudar, mas mudar de verdade.
            Você sente que uma tragédia está prestes a se abater sobre você e que irá lhe tirar a vida. Mas isso já aconteceu, só que não da forma que você esperava! Todos esses seus medos já tiraram pedaços da sua vida ao impedi-la de viver o momento e fazê-la desperdiçar coisas importantes. Mesmo assim você continua viva. Ao temer tanto pela sua integridade física acabou se descuidando da sua vida interna perdendo preciosos momentos.
            Ao sentir medo de ser aniquilada por algo externo fez com que você se retirasse da vida. Entretanto, você se engana com o que sente, acreditando que é real, que o perigo está lá fora. Nem sempre o que sentimos é verdadeiro e pede por uma avaliação para entender o que de fato sentimos. Sócrates, sábio filósofo grego, afirmou que o pior engano era o auto-engano e você parece ficar presa justamente a esse tipo de engano com sua síndrome de pânico.
            No seu caso não basta remédios, eles são apenas paliativos. Para você é necessário o saber do autoconhecimento que pode vir caso você se coloque em análise. A cura psicanalítica implica um cuidado consigo mesma e que você venha a significar as suas experiências de vida. Freud foi um gênio quando inventou a psicanálise que permitiu que as pessoas que sofressem de um mal sem nenhuma explicação orgânica encontrassem a cura através do autoconhecimento. Está na hora de se desapegar das toneladas e criar outras condições para sua vida.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Valores e Liberdade


            Que o dinheiro é algo importante nessa vida não resta a menor dúvida. Com dinheiro podemos ter mais conforto, mais acesso a saúde e educação e ele pode nos fornecer uma boa dose de segurança. Uma pessoa sem dinheiro, que não possa ter suas necessidades básicas atendidas, certamente não tem como ser feliz, mas colocar toda a possibilidade de felicidade em cima do dinheiro não é algo realista. Devemos aprender a ver o dinheiro de acordo com o que ele realmente é.
            Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos teve um resultado sobre como as pessoas se relacionam com o dinheiro bastante curioso. Uma família que ganhava 80 mil dólares anuais, que morava num bairro cuja média salarial das famílias era de 50 mil dólares, se sentia muito feliz. Uma outra família que tinha renda de 100 mil dólares mas que morava num bairro no qual os vizinhos ganhavam em torno de 120 mil não se considerava feliz. Ou seja, não é a quantidade de dinheiro que traz felicidade. Dinheiro pode até criar condições de vida melhor, mas não é ele quem define a felicidade das pessoas.
            Até certo ponto, para atender as nossas urgências, o dinheiro pode trazer felicidade, porém após esse certo ponto mais dinheiro não significa mais felicidade. No entanto, o que mais se vê são pessoas que hipervalorizam determinados bens materiais em detrimento de outros valores que são, sim, bem mais importantes para tornar alguém feliz. Valores como generosidade, afetos, respeito e autoconhecimento não são cotados nas bolsas de valores, mas fazem uma falta danada na vida das pessoas. Sem eles a pobreza impera e não há dinheiro que compense.
            Enquanto não mudarmos o que valorizamos ficaremos presos e acharemos que precisamos de determinadas coisas que nos impomos para ser felizes. O bem material além da medida traz apenas uma alegria passageira e não uma verdadeira felicidade. Essa só pode acontecer quando mudamos a forma como nos relacionamos. A felicidade é sempre uma possibilidade, mas depende dos caminhos que vamos tomar. Nossa sociedade é esquizofrênica, ou seja, é dividida. Ela até prega valores subjetivos de real importância, mas na teoria, pois na prática corre atrás de valores falsos. A esquizofrenia jamais foi causa de felicidade, muito pelo contrário. A sociedade muda conforme nós mudamos. Quais são os nossos valores?