tag:blogger.com,1999:blog-62600037962305245452024-03-13T03:05:17.489-07:00Mundo VivoUm espaço para se conversar sobre a vida.Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.comBlogger971125tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-2713582602376575872023-08-06T20:18:00.004-07:002023-08-06T20:20:50.937-07:00O vampiro que existe <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizb_Q4BJPBHL90_zw6PBztg_w4RuKJRGAbSoAFrL3qJaPgf8lJokovmM0U76daupN2nbigcnREnqrxkHBeeRSxe2z5VxTrzopxGbAWbt92wXSCQHGkJMmJaKeWVGwnl32kEO8_3kAvPSgJ3iwMG_1xprT3LF8vIY2r4spYkzHNcsqeE5EUx4_pd5wUbw6M/s366/a%20vampira.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="300" data-original-width="366" height="262" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizb_Q4BJPBHL90_zw6PBztg_w4RuKJRGAbSoAFrL3qJaPgf8lJokovmM0U76daupN2nbigcnREnqrxkHBeeRSxe2z5VxTrzopxGbAWbt92wXSCQHGkJMmJaKeWVGwnl32kEO8_3kAvPSgJ3iwMG_1xprT3LF8vIY2r4spYkzHNcsqeE5EUx4_pd5wUbw6M/s320/a%20vampira.jpg" width="320" /></a></div> Amor e Dor, de <span face="arial, sans-serif" style="background-color: white; color: #70757a; font-size: 14px;">Edvard Munch</span><p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="white-space-collapse: preserve;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="white-space-collapse: preserve;">Li um relato de uma jovem de Goiás que contou sobre uma experiência desagradável quando começava seu trabalho de fazer bolos para festas. Ela criou páginas nas redes sociais para anunciar os seus serviços e foi procurada por uma mulher que se mostrou interessada em um bolo de 3 quilos para o dia seguinte. Era algo em cima da hora, mas como ela estava iniciando e dispunha de tempo aceitou e perguntou como a cliente queria o bolo, se havia um tema, recheio ou alguma requisição especial. A cliente especificou tudo com detalhes e quando a boleira calculou e disse o valor aí a coisa desandou. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="white-space-collapse: preserve;">A cliente começou a expressar que ela, a boleira, ainda estava iniciando seu trabalho, que não tinha muita experiência e que deveria fazer o bolo de graça. Afirmou que assim que tivesse o bolo em mãos tiraria fotos e as colocaria em suas redes sociais que continham muito seguidores e que isso seria o pagamento. Aludiu até que a boleira deveria se sentir grata por ter sido procurada por ela. A boleira se sentiu explorada e segundo o seu relato não aceitou tal condição respondendo que não podia fazer desse jeito e achou que a história acabaria aí, mas ledo engano. A cliente, que não era cliente, mas apenas uma aproveitadora, começou a xingar a boleira com palavras de baixo calão e ameaças de que iria difamá-la. Enfim, uma situação lamentável, ainda assim que ocorre com muitas pessoas e mostra um lado perverso que muita gente pode ter.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="white-space-collapse: preserve;">Há pessoas que tentam tirar vantagem de tudo e de todos sem ligar para consequência alguma. Para pessoas assim quanto mais elas conseguem obter vantagem, quanto mais elas recebem, sem ter que pagar por isso, melhor. É um cenário que não ocorre apenas nos negócios envolvendo dinheiro, mas nos relacionamentos interpessoais também. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="white-space-collapse: preserve;">É que há gente que só funciona se for explorando os demais, que não reconhece quando extrapola, nunca se responsabiliza por nada e ainda fica se sentindo vítima quando alguém não se submete aos seus desejos e comandos. Pessoas assim têm sempre que se sentir por cima de todos os outros, acham que estão sempre certas e acreditam que tudo na vida tenha que lhe ser dado de mão beijada. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="white-space-collapse: preserve;">Os antigos mitos de vampiros, aqueles seres que sugam o sangue de suas vítimas até leva-las à morte numa tortura infindável deve ter nascido ao se observar essas pessoas aproveitadoras. As lendas antigas são verdadeiras, carregam algo real de fato, mas não literalmente. Elas são metáforas, simbolizam uma história que vai passando entre as gerações para se falar de algo de nossa experiência humana. Todo vampiro precisa de uma vítima para tirar o sangue que ele mesmo não consegue produzir. O aproveitador, por sua vez, precisa de sua vítima para tirar dela o que ele não consegue criar em sua vida.</span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.3800000000000001; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="white-space-collapse: preserve;">Mas tal como na lenda dos vampiros para este entrar na vida de alguém precisa ser convidado. Vampiros não entram sem convites. A boleira percebeu que não era uma cliente, mas uma vampira e tratou de não permitir que ela entrasse em sua vida e negócio. O que precisamos sempre nos perguntar é se não estamos convidando vampiros a entrar em nossas vidas.</span></span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-18389490534157737232023-08-01T19:31:00.002-07:002023-08-01T19:31:39.379-07:00Por que a psicanálise é tão odiada?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR0DT0gy2EudG0waTsZWywysUYj6-Zm6L8mwYpgMgTKRJ2HvfuNkmZHpkbjgEKzzHyhClrxEUmlXDMZFgf1MFrji8lIOD6QF6CKHjygMWmPt6C-bOhYtERGIW8bbdUr6RsuobKoaZ5iW1ODKs54LHjoj7D9XS6Axh0s8sR-jejIEGbXYqJ-NuvCdP1OoQV/s1920/woman-freud.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1231" data-original-width="1920" height="291" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR0DT0gy2EudG0waTsZWywysUYj6-Zm6L8mwYpgMgTKRJ2HvfuNkmZHpkbjgEKzzHyhClrxEUmlXDMZFgf1MFrji8lIOD6QF6CKHjygMWmPt6C-bOhYtERGIW8bbdUr6RsuobKoaZ5iW1ODKs54LHjoj7D9XS6Axh0s8sR-jejIEGbXYqJ-NuvCdP1OoQV/w454-h291/woman-freud.jpg" width="454" /></a></div><br /><p><br /></p><p><br /></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.4px; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;">De tempos em tempos sempre aparece na mídia alguém decretando o fim da psicanálise ou afirmando que esta não se trata de uma prática séria. Algumas décadas atrás uma importante revista do país estampou na capa uma fotografia de Freud, criador da psicanálise, meio rasgada com os dizeres de que a psicanálise já era. A verdade é que desde que foi criada a psicanálise sempre esteve sob os mais severos ataques dos mais variados tipos e origens, mas mesmo assim ela sempre encontrou lugar no mundo ajudando muitos a lidarem com seus sofrimentos que muito arrasam a qualidade de vida. No entanto, fica-se a questão do por que tanto ataques à psicanálise.</span></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.4px; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;"> Saiu recentemente um livro de uma microbiologista brasileira com presença nos Estados Unidos difamando a psicanálise e técnicas milenares tais como a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) que cria base para práticas como a acupuntura, por exemplo. Infelizmente, há muitas pessoas que se dizem psicanalistas e acupunturistas por aí que não tiveram uma formação séria e que por isso mesmo, realmente, causam prejuízos nas vidas de inúmeras pessoas. Contudo, caluniar esses saberes sem discriminação alguma, como se tudo se tratasse de besteira, é algo imprudente e inconsequente.</span></p><p style="background-color: white; color: #222222; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; font-size: 16px; line-height: 18.4px; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;"> A psicanálise foi criada entre o fim do século XIX e início do século XX por Freud para tratar justamente aqueles casos em que a medicina não conseguia nenhum sucesso e nenhuma compreensão. É que eram pessoas que sofriam de algo que não podia ser quantificado e identificado organicamente, mas a fonte de seu sofrimento se encontrava em sua subjetividade, ou seja, na mente. Porém, a mente não está num lugar especifico do corpo, ela não pode ser localizada fisicamente, não podemos tirar uma tomografia dela e apontar onde está o problema. Não há máquina que encontre a mente de uma pessoa, mas para isso necessita-se de outra mente. Só outra mente consegue captar, entender e se solidarizar com outra mente. O fator humano é fundamental.</span></p><h2 style="background: white; color: #222222; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; line-height: 27.6px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;">Como já escreveu no belíssimo texto</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 18.4px;"> “</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;">A função da psicanálise; a psicanálise e a ciência – a incontornável presença da subjetividade” </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;">o psicanalista Claudio Castelo Filho diz: “<span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">É possível cheirar, ver, medir, pesar, ouvir a ansiedade? Dá para fotografar a inveja? Radiografar o amor, o ciúme, a inveja, o ódio, a rivalidade? Na prática o que podemos observar são condutas, atitudes, falas, reações químicas e fisiológicas das quais um bom observador pode </span><em style="font-stretch: inherit; line-height: inherit;"><span style="border: 1pt none windowtext; padding: 0cm;">inferir</span></em> esses sentimentos, essas emoções. Eles, propriamente, não estão no campo observável sensorialmente”.</span></h2><div><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;"><br /></span></div><h2 style="background: white; color: #222222; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; line-height: 27.6px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt; vertical-align: baseline;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;">Portanto, apesar de nossas emoções e sentimentos não serem mensurados são elementos que afetam nossas vidas, nossos relacionamentos e podem nos fazer adoecer seriamente a ponto da vida ficar insuportável ou nos permitir viver com alegria e expansão.</span></h2><div><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;"><br /></span></div><h2 style="background: white; color: #222222; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; line-height: 27.6px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;"> Desde Freud houve e há um grande desenvolvimento dentro da psicanálise com contribuições de excelentes psicanalistas que expandiram esse saber que tanto faz falta hoje em dia. Faz falta porque se não há saúde mental isso vai se refletir em toda a sociedade e acredito que não há ninguém que discorde o quanto nossa sociedade é enferma mentalmente.</span></h2><div><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;"><br /></span></div><h2 style="background: white; color: #222222; font-family: verdana, helvetica, sans-serif; line-height: 27.6px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;"> Agora, numa tentativa de responder a razão pela qual a psicanálise é tão atacada é que ela coloca o ser humano como responsável pela própria vida e não como vítima. Convida a pessoa que sofre a (re)pensar como se coloca no mundo e que se ela quiser outro tipo de vida não basta reclamar, mas precisará empreender mudanças. Compreender que muito dos nossos sofrimentos são causados por nós mesmos, mesmo que inconscientemente, dói demais e nos põe a se responsabilizar pela própria vida. Pelo fato da psicanálise nos colocar diante da nossa responsabilidade ou irresponsabilidade sobre o que fazemos conosco e com os outros, muitos a atacam como crianças mimadas e birrentas que não toleram se responsabilizar pelas próprias atitudes e dissabores que encontram e criam pela vida afora.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;"></span></h2><div><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; font-weight: normal; line-height: 18.4px;"><br /></span></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-29507447185154175622023-07-16T17:35:00.007-07:002023-07-16T17:36:22.470-07:00 Esquizofrenia no lar: uma vida digna para todos<p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDCBqpFSgAk2LZT9btYEL4C2iiKQttVXHLbhFWOHePMtRRCZXBNXzh45symarGK2Q-K5d8JiZgAQK5wdExbxSkcRHvxXu9VuedHGEXa_uWyEMofZkMLUR7sqlrOZ8QsGiNWGR0EuLHUEnZpimdbW1UgMTMknwrTmYOG6FYI9RZ7A84RyjV9TGLxmkxa2Kq/s940/esquizofrenia.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="560" data-original-width="940" height="276" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDCBqpFSgAk2LZT9btYEL4C2iiKQttVXHLbhFWOHePMtRRCZXBNXzh45symarGK2Q-K5d8JiZgAQK5wdExbxSkcRHvxXu9VuedHGEXa_uWyEMofZkMLUR7sqlrOZ8QsGiNWGR0EuLHUEnZpimdbW1UgMTMknwrTmYOG6FYI9RZ7A84RyjV9TGLxmkxa2Kq/w463-h276/esquizofrenia.JPG" width="463" /></a></div> Reprodução Instagram @<a class="x1i10hfl xjbqb8w x6umtig x1b1mbwd xaqea5y xav7gou x9f619 x1ypdohk xt0psk2 xe8uvvx xdj266r x11i5rnm xat24cr x1mh8g0r xexx8yu x4uap5 x18d9i69 xkhd6sd x16tdsg8 x1hl2dhg xggy1nq x1a2a7pz x6s0dn4 x78zum5 x1q0g3np xs83m0k xeuugli x1n2onr6 _a6hd" href="https://www.instagram.com/awkwardapostrophe/#" role="link" style="-webkit-tap-highlight-color: transparent; align-items: center; background-color: white; border-color: initial; border-style: initial; border-width: 0px; box-sizing: border-box; cursor: pointer; display: inline; flex-direction: row; flex-shrink: 1; font-family: -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; list-style: none; margin: 0px; min-width: 0px; outline: none; padding: 0px; position: relative; text-decoration-line: none; touch-action: manipulation;" tabindex="0"><h2 class="x1lliihq x1plvlek xryxfnj x1n2onr6 x193iq5w xeuugli x1fj9vlw x13faqbe x1vvkbs x1s928wv xhkezso x1gmr53x x1cpjm7i x1fgarty x1943h6x x1i0vuye x1ms8i2q xo1l8bm x5n08af x10wh9bi x1wdrske x8viiok x18hxmgj" dir="auto" style="--base-line-clamp-line-height: 25px; color: rgb(var(--ig-primary-text)); display: inline; font-family: var(--font-family-system); font-size: var(--system-20-font-size); font-weight: 400; line-height: var(--base-line-clamp-line-height); margin: 0px; max-width: 100%; min-width: 0px; overflow-wrap: break-word; overflow: visible; padding: 0px; position: relative; white-space-collapse: preserve-breaks; word-break: break-word;" tabindex="-1">awkwardapostrophe</h2></a><p><b style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify; white-space-collapse: preserve;">Pergunta do leitor: Tenho uma parente esquizofrênica e parece que ela "suga" todos os familiares que moram com ela. Todos estão com a saúde mental abalada como a própria doente. O que fazer nesses casos?</b></p><span id="docs-internal-guid-82f2d406-7fff-f319-ea3b-2da29d7d6db9"><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">A esquizofrenia é um distúrbio que faz com que pensamentos e comportamentos da pessoa não tenham contato com a realidade. Ela fica desorganizada, limitando muito a sua vida e trazendo imensa dor e confusão tanto para ela quanto para quem está em volta. É como se fosse uma ‘fratura’ mental, ou seja, a pessoa se sente ‘quebrada’ na maneira que sente e percebe o mundo interno e externo. Geralmente, necessita de uma combinação de remédios apropriados, psicoterapia e cuidados especializados para toda a vida.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Tendemos a pensar sempre, e é natural que assim seja, na qualidade de vida do paciente, em como ajudá-lo a ter melhores condições que permitam a viver com dignidade e com o menor sofrimento possível. O paciente acaba sendo sempre o centro da atenção do todos os profissionais quando se veem envolvidos nos cuidados de alguém esquizofrênico. No entanto, os parentes próximos ou as pessoas em torno do paciente muitas vezes são desconsiderados e não recebem a atenção que se faria necessária.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Quando temos em nossa família ou dentro do nosso círculo social alguém padecendo de algo grave e que não tem alívio fácil o sofrimento se expande alcançando muitas pessoas. É porque não é só o doente que sofre, mas todos aqueles inseridos no contexto da doença. Como se diz popularmente o buraco é sempre mais embaixo, às vezes onde nem mesmo conseguimos ver.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">O filme “Meu Pai” (2020) com a brilhante atuação de Anthony Hopkins mostra um caso em que o pai já com idade avançada sofre de demência. Não pode ficar mais sozinho e precisa de cuidados especiais. Sua filha cuida dele, mas ela também tem uma vida própria a viver e não pode ficar todo o tempo disponível para o pai. Ela também tem o direito a buscar seus desejos e realizações na vida. É uma daquelas situações em que a filha precisa ver como ajudar o pai, proporcionar a ele uma vida digna sem precisar com isso abdicar da sua.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Não há respostas fáceis e prontas nesses casos. Não sei qual o grau da esquizofrenia da parente em questão nem quantas pessoas estão envolvidas na situação e nem se há recursos materiais o suficiente para lidar com esse evento tais como medicação, terapias, internações e cuidados paliativos. Entretanto, só podemos trabalhar com o que temos e não com a situação que gostaríamos que fosse.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Ao contrário da esquizofrenia que rompe com a realidade é necessário aqui que aqueles que estão envolvidos tenham os pés bem plantados na realidade para se pensar em como conduzir a situação com a parente de forma mais justa para todos e menos custosa possível. Não é mesmo fácil, mas quando podemos pensar realisticamente alguma alternativa poderá surgir no horizonte. Não só a parente precisa de cuidados, mas todos os demais também.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">Quer mandar sua pergunta? Ficarei feliz em respondê-la. Envie no </span><a href="mailto:blogmundovivo@gmail.com" style="text-decoration-line: none;"><span face="Calibri, sans-serif" style="color: #0563c1; font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; text-decoration-line: underline; text-decoration-skip-ink: none; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">blogmundovivo@gmail.com</span></a><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;">. </span></p><div><span face="Calibri, sans-serif" style="font-size: 12pt; font-variant-alternates: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; vertical-align: baseline; white-space-collapse: preserve;"><br /></span></div></span>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-5553212725953919962023-06-04T19:56:00.004-07:002023-06-04T19:58:32.663-07:00Legião dos esgotados rumo ao caixão<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKaJmFsaUyHN1nEFsw8l8-yW10QXzfR8wYgXrQnJmKTu0Qsg8ByGQnyDsLao4hhWH_-Bo8L-gp6oH1x02kWYmXgv-pkEPoAFbfdnk9RfMoV_KsUsbdlsaCLilEpWPh8sEbsqb7DyFtzS_7H1zQMtbO1Mi7tIMN4XCzsGtjTunZZzsVWKfrkaZDaq3cWw/s434/cart%C3%A3o.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="163" data-original-width="434" height="137" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKaJmFsaUyHN1nEFsw8l8-yW10QXzfR8wYgXrQnJmKTu0Qsg8ByGQnyDsLao4hhWH_-Bo8L-gp6oH1x02kWYmXgv-pkEPoAFbfdnk9RfMoV_KsUsbdlsaCLilEpWPh8sEbsqb7DyFtzS_7H1zQMtbO1Mi7tIMN4XCzsGtjTunZZzsVWKfrkaZDaq3cWw/w365-h137/cart%C3%A3o.JPG" width="365" /></a></div><p><br /></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">Uma das coisas que mais ouço das pessoas e também percebo é o excesso de esgotamento que estamos vivendo. Está todo o mundo cansado, esgotado, exaurido, correndo que nem loucos para dar conta de tantas obrigações e deveres. É isso e aquilo e parece que o tempo voa sem nem nos darmos conta. Queremos tantas coisas, precisamos trabalhar tanto, precisamos bater metas não só no ambiente de trabalho como também as que impomos a nós mesmos que fica a sensação de não sobrar tempo para desfrutarmos verdadeiramente a vida.</p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Talvez, não seja apenas uma sensação, mas um fato que um imenso número de pessoas não aproveitam a vida. Entram numa corrida louca cujo destino é simplesmente o caixão, a cova. Buscamos muito e degustamos pouco, despendendo tanto tempo em conseguir conquistar a vida que não sobra mais tempo para apreciá-la. O que está acontecendo é que muita gente está numa corrida para chegar ao caixão. Um dia vamos chegar lá de qualquer maneira, porém não precisamos passar pela vida sem aproveitar umas coisas ou outra.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>A consequência nefasta dessa corrida toda acaba não sendo o sucesso como muitos imaginam, mas o esgotamento cruel. E acrescento também o embotamento da vida. Ela perde a graça, o sabor e a cor. Ao invés de vida ganhamos uma não-vida. Seres zumbis só são interessantes na TV, já na vida real é triste e preocupante. Alguém constantemente esgotado e embotado entra na cova mais cedo, antes mesmo de morrer. Morre-se ainda vivo.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Obviamente, para conquistarmos nossos desejos e satisfazermos algumas necessidades na vida é necessário empenho e dedicação, nada vem de graça. Nessa vida é necessário trabalharmos muito em todos os sentidos. Sim, precisamos pagar contas, precisamos cumprir com toda uma série de tarefas e muitas delas difíceis e desagradáveis. Não são tudo flores. Há muito esterco, adubo e lama para darmos conta até chegarmos às flores ou aos frutos. Pena que muitos se esquecem de aproveitar quando chega o momento de curtir.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Está na declaração universal dos direitos humanos a necessidade do descanso e do lazer. Sabiam disso? Sustentado na lei, mas não compreendido e respeitado de fato. Apesar de haver todo um sistema financeiro-político que impõe regras desumanas, ocorre que as próprias pessoas não percebem e não sabem como tirar o melhor da vida.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Quem não consegue alcançar como desfrutar a vida com dignidade adoece mais e vive uma vida mais pesada do que é necessário. Não é à toa que hoje em dia há uma enxurrada de medicação psiquiátrica. Não que elas não sejam necessárias, elas são sim, e como!, mas vem mostrando também que não estamos sabendo como viver com qualidade. Escancara o quanto estamos esgotados até mesmo da própria vida! Quando exaustos procuramos prazeres muito passageiros e enganadores: excesso de bebidas, drogas, sexo desenfrado, consumismo, etc. o que termina por levar a um esvaziamento da alma e a muitos outros problemas. Gente esgotada não tem como cuidar da alma. Precisamos urgentemente prestar atenção nisso e isso começa conosco mesmo, cada um olhando para dentro de si mesmo. Concordam?</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><br /></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><br /></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><br /></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-54135315976639828972023-05-14T21:17:00.007-07:002023-05-14T21:20:56.923-07:00Quem decide como você vai se sentir?<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWT1mRGPh32_tu4HQ_h4GqhCUcN7sP0hgEYf7CeOKLdIR4q-8d_8q-0WQ8u_u3nDLAGBpR1LM2XvTaTtESyYddqlrrYBX5-bomd1m4Okw54c-SadDGD58OWW1cH2Plwq5N-zYKIj06TUVw6y7GPy2PhCls32AFhF3UkskEz9QqU5PdxNKGaOEvBrzMTQ/s822/Goethe.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="494" data-original-width="822" height="232" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWT1mRGPh32_tu4HQ_h4GqhCUcN7sP0hgEYf7CeOKLdIR4q-8d_8q-0WQ8u_u3nDLAGBpR1LM2XvTaTtESyYddqlrrYBX5-bomd1m4Okw54c-SadDGD58OWW1cH2Plwq5N-zYKIj06TUVw6y7GPy2PhCls32AFhF3UkskEz9QqU5PdxNKGaOEvBrzMTQ/w386-h232/Goethe.JPG" width="386" /></a></div><p><span face="freight-sans-pro, sans-serif" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1b3b4b; text-align: center;"> <b>O escritor, filósofo e cientista </b></span><span face="freight-sans-pro, sans-serif" style="background-color: white; color: #1b3b4b;"><b>Johann Wolfgang von Goethe </b></span></p> Há uma frase muito interessante do escritor alemão Goethe que diz “A alegria não está nas coisas, está em nós”. Erroneamente acreditamos que precisamos disso e daquilo para sermos felizes. Nem precisa, necessariamente, ser coisas materiais, mas colocamos nossa felicidade nas coisas externas: casamento, filhos, ter esse ou aquele corpo, etc. Há também, claro, a promessa de felicidade que vem das coisas materiais que preconiza que será feliz quando você tiver aquela casa ou aquele carro, quando conseguir aquela roupa ou joia. Enfim, todas essas “coisas” estão pautadas em algo fora de quem sente e não dentro. No entanto, a alegria só pode existir realmente se estiver dentro.<div><br /><div><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>É bom ter em mente que determinada condições de miséria ou falta de algo podem, sim, nos deixar infelizes e quando determinadas coisas são alcançadas contribuem para o nosso bem estar. Por exemplo, falta de comida ou de condições minimamente dignas para vivermos geram infelicidade. Obviamente, ninguém em sã consciência, diria que para essas pessoas determinadas coisas que estão em falta não vão trazer felicidade.</span></div><div><br /></div><div><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Me refiro, entretanto, às pessoas que têm sua sobrevivência mais ou menos já garantidas e estáveis. Se elas colocarem seu bem estar em tudo aquilo que for um ‘coisa’ externa estão fadadas à infelicidade. Quem é sábio não coloca fora de si o que necessita para estar bem, porém mantem consigo mesmo todos os instrumentos para estar de bem com a vida.</span></div><div><span style="white-space: normal;"><br /></span></div><div><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>É que quando alguém tem um instrumento valioso carrega este sempre consigo e não o deixa por aí inadvertidamente nem espera que outras pessoas forneçam o que lhe falta. É muito aconselhável manter justamente tudo aquilo que for inestimável bem próximo e protegido e assim, quando se precisar eles estarão à mão. </span></div><div><span style="white-space: normal;"><br /></span></div><div><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Pensando nisso, por que deixaríamos que coisas externas, as quais vem e vão ao sabor do vento, é que decidam nosso estado de espírito? Não seria nada prudente. Me lembro que agora pouco, antes de me sentar para escrever esse texto, aconteceu de eu estar na rua e ver um motorista buzinando loucamente para o automóvel da frente que demorou uns 3 segundos para sair quando o semáforo ficou verde. Assim que o carro saiu o motorista que buzinava e fazia gestos obscenos e dava para ver que até falava alguns xingamentos saiu a toda quase atropelando uma pessoa de idade que estava na calçada perto da rua. O motorista saiu xingando o idoso também e acelerou com tudo. Não sei, é claro, o motivo de sua imensa pressa, mas me parece que na verdade ela estava de tão mal com a vida que qualquer coisa iria lhe irritar e o tirar do sério. Se o trânsito estivesse favorável alguma outra coisa certamente iria surgir e ser fonte de aborrecimento. A alegria não estava dentro do sujeito em questão, então nada de bom que lhe ocorresse iria servir de fato. Ele estava ruim por dentro, podemos até ousar dizer que naquele momento ele estava tão estragado internamente que não haveria possibilidade alguma de alegria.</span></div><div><span style="white-space: normal;"><br /></span></div><div><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Uma pessoa que está bem consigo mesma, por sua vez, consegue ‘tolerar’ quaisquer contratempos da vida com mais leveza e não se tira do sério tão facilmente assim. Ela não dará ao outro ou a alguma coisa externa o poder de decisão de como vai se sentir. Vale a pena prestarmos atenção nisso. </span></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div><br /></div></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-25302935460424121882023-05-07T20:20:00.009-07:002023-05-07T20:21:05.876-07:00Me engana que eu gosto<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7KWFP9LGOq7JURzors6z7zuk8G9Yaqr242kJfNFN9XVfJdudPXB3Etu6wSq2OnxPNOdTyt8HckyjyCzfTHUN0SsQFPu3kRFC4Mdeb_CoLvGY3aVtno99i6DM4O2dNghYXi5E3KqIVQGGCVDbkrQD8xnWmF7VeDXaTjINIhoirAf_TuYOFDo8U-NviTA/s1030/800px-Jacques-Louis_David_-_Marat_assassinated_-_Google_Art_Project_2FXD.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1030" data-original-width="800" height="289" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj7KWFP9LGOq7JURzors6z7zuk8G9Yaqr242kJfNFN9XVfJdudPXB3Etu6wSq2OnxPNOdTyt8HckyjyCzfTHUN0SsQFPu3kRFC4Mdeb_CoLvGY3aVtno99i6DM4O2dNghYXi5E3KqIVQGGCVDbkrQD8xnWmF7VeDXaTjINIhoirAf_TuYOFDo8U-NviTA/w225-h289/800px-Jacques-Louis_David_-_Marat_assassinated_-_Google_Art_Project_2FXD.jpg" width="225" /></a></div><p> <i style="background-color: white; color: #202122; font-family: sans-serif; font-size: 14px;"><b>A morte de Marat</b></i><span face="sans-serif" style="background-color: white; color: #202122; font-size: 14px;"> (</span><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques-Louis_David" style="background: none rgb(255, 255, 255); color: #3366cc; font-family: sans-serif; font-size: 14px; overflow-wrap: break-word; text-decoration-line: none;" title="Jacques-Louis David">Jacques-Louis David</a>)</p><p>Já ouvi relatos sobre a existência de cursos preparatórios para a morte. Nesses cursos ou ‘terapias’ se aprende a morrer em paz ou a não temer a morte como muita gente por aí teme. Não há mesmo limite para a imaginação humana quando se trata de explorar e tirar dinheiro dos outros. E também não há limites quando se trata do ser humano criar as mais mirabolantes ilusões para achar que consegue driblar a natureza da vida.</p><p><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Lembro-me de uma frase espirituosa do físico Albert Einstein; “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”. Porém, não sejamos tão duros com o bicho homem que cai na estupidez porque nunca aprendeu a lidar com a própria natureza, a natureza humana, de maneira mais inteligente. Entendo mesmo que não é fácil.</span></p><p><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Somos seres dotados de alguma razão e criamos, através da ciência e do pensamento, muitas tecnologias que são eficientes e pródigas em lidar com muitos desafios que o mundo e a realidade nos oferecem. Em alguns momentos nos sentimos muito poderosos, arrogantes até, todavia quando olhamos mais atentamente nossa condição vemos o quão impotente somos de fato. Toda nossa tecnologia que nos auxilia e facilita a vida não nos isenta de ter que lidar com nossa condição humana, com nossas angústias, sentimentos e emoções. Sofremos e temos que tolerar o quanto somos criação e não criadores do mundo.</span></p><p><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Para muitas situações ao longo da vida não temos respostas e tudo aquilo que está na dimensão mental sempre apresenta paradoxos dolorosos que é difícil de aceitar. Uma delas é a nossa finitude. Sabemos que vamos todos, um dia, morrer e isso nos assusta imensamente. Nos sentimos vulneráveis e desamparados frente à muitos eventos da vida e procuramos meios desesperados de tentar escaparmos, mesmo que sejam ilusórios. O famoso “me engana que eu gosto” é algo bem comum aos humanos. Daí existir esses tais cursos que prometem aplacar nossas ansiedades.</span></p><p><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Não há como morrer bem, isso aliás nem deveria ser pensado ou almejado. Por que raios alguém iria querer morrer bem ou em paz? Todo um trabalho e esforços apenas para morrer bem? Que desperdício! Deveríamos gastar nossas energias em viver bem, pois na verdade morre-se como se vive. Não dá para aprendermos a morrer, coisa que nem entendemos direito, mas podemos aprender a viver melhor, com mais alegria e prazer. Nem aprendemos a viver e queremos aprender a morrer. Não faz sentido.</span></p><p><span style="white-space: normal;"><span style="white-space: pre;"> </span>Viver bem, viver o melhor possível com nossos familiares, amigos, colegas, com nossas comunidades e atividades é o que realmente importa. Só mesmo uma pessoa que vive tem condições de morrer em paz. Viver bem, entretanto, não é apenas uma questão de lidar com os aspectos concretos da vida, mas de se relacionar bem com ela. É necessária uma boa educação sentimental, coisa que falta muito, para podermos viver bem. Quem cuida de seu mundo mental com zelo tem muito mais chances de viver com qualidade e, portanto, até de morrer bem. Antes de pensarmos na morte temos que dar conta da vida. Infelizmente, deixamos isso de lado e nos enganamos.</span></p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-80985312825962404052023-04-23T17:12:00.005-07:002023-04-23T17:12:32.221-07:00Como começam muitos vícios<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSCC2ykqBf4gyuFzKIGbp9gfe6tfquXd3rbFrtwLUNepINKMua86H0avLw6W5DiTkWktzSKHkP46NNq7g9zm1HxJhew2Lj29nLt4TNwTxt6-Qms0yOGGBPaMYx_rmomaJB740QKJJcWXFBPusGQn45MWcLgWicTACvTcoNJykNSOfXnLbtYbRqurQbEw/s1024/DALL%C2%B7E%202023-04-23%2021.05.38%20-%20person%20addicted%20gambling%20on%20internet,%20surrealistic%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="282" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSCC2ykqBf4gyuFzKIGbp9gfe6tfquXd3rbFrtwLUNepINKMua86H0avLw6W5DiTkWktzSKHkP46NNq7g9zm1HxJhew2Lj29nLt4TNwTxt6-Qms0yOGGBPaMYx_rmomaJB740QKJJcWXFBPusGQn45MWcLgWicTACvTcoNJykNSOfXnLbtYbRqurQbEw/w282-h282/DALL%C2%B7E%202023-04-23%2021.05.38%20-%20person%20addicted%20gambling%20on%20internet,%20surrealistic%20painting.png" width="282" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre-wrap;">Uma matéria do site UOL mostra os perigos das apostas esportivas virtuais que se alastram cada vez mais pelo país. Através de sites e aplicativos as pessoas apostam dinheiro para tentar ‘prever’ os resultados de determinados jogos ou embates das mais variadas modalidades esportivas. Se acertam ganham dinheiro, caso contrário perdem. É muito tentador para muitas pessoas acreditarem que poderão ganhar dinheiro fácil, porém as consequências dessas apostas são bem desalentadoras. No fim das contas quem ganha dinheiro mesmo com essas apostas são esses sites e aplicativos enquanto exploram a compulsão das pessoas viciadas em jogos.</span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>No artigo mencionado acima há relatos de pessoas que sofreram as mais diversas complicações por entrarem nesse mundo de apostas. Dívidas com bancos, com agiotas e até mesmo roubo de dinheiro de familiares e de objetos dentro de casa acabaram destruindo muitas famílias. O esporte, que poderia ser algo a ser vivido com alegria e prazer, passou a ser ameaçador e fonte de grandes sofrimentos. E para piorar muitos desses sites de apostas usam como garotos propaganda atletas esportivos que sempre foram ídolos de muitas pessoas. É realmente um sistema perverso e uma pessoa compulsiva ou que pode entrar numa compulsão fica mesmo aprisionada podendo colocar muitas coisas de sua vida em risco. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>A compulsão pode ter múltiplas formas. Pode ser por álcool, por drogas, por comida, por compras, por sexo e por jogos. Há muitas maneiras, mas todas são, inicialmente, algo que parece começar com buscar o prazer e acaba virando um pesadelo porque aprisiona e vira angústia. Em algum momento da vida a pessoa sente emoções e sentimentos muito difíceis de tolerar e realizam determinadas ações como forma de evitar sentir a ansiedade: bebem, se drogam, comem, compram, transam ou apostam e se sentem bem como se houvessem vencido a ansiedade. O problema é que precisam cada vez mais de quantidade de estímulos maiores para se sentir aliviados e não se dão contam de que estão presas num ciclo repetitivo do qual não conseguem mais sair. Afundam-se cada vez mais e alimentam a ilusão de que na próxima vez que buscarem se aliviar vai ser definitivo. Se enganam com ilusões que jamais acontecerão e vão naufragando numa situação de extremo sofrimento.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Apesar de buscar o prazer e tentar se evadir de suas emoções aflitivas o mais rápido possível, bem como fugir da realidade, a pessoa compulsiva nunca consegue de fato uma satisfação verdadeira. Estará sempre acorrentada em seus vícios e não consegue vislumbrar dentro de si mesma outras formas de viver. Há prazeres e prazeres nessa vida, todavia como vivemos e nos relacionamos com o prazer pode ser algo que nos deixe adoecidos e sem perspectivas. Há inúmeros sites, empresas e gente sem escrúpulos que buscam lucrar com o adoecimento alheio. Ninguém é obrigado de fato a se viciar, é uma responsabilidade de cada um poder se cuidar de forma apropriada, mas é importante perceber também que há muitos anzóis por aí procurando ‘prender’ clientes. Para não ser fisgado só mesmo desenvolvendo uma mente que seja capaz de pensar e escolher com sabedoria onde vai se meter. Realmente, é muito perigoso viver a vida sem desenvolver uma mente.</span></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-84971873912658245742023-04-18T10:38:00.003-07:002023-04-18T10:39:23.611-07:00Somos todos (ir)responsáveis <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4QJmwi5_ChrnMR_J5RsjTMmWlfudtWmzufXROj9W9F86dDkkzmYScT3nDYPzZiFYSd-GDWvM9MF8mJ9LvgdOmnE8L76FDV0Kv60x-ZUaDRgRuRH4vkbeMjrUoV-nbbbKKj6lnJ2mH5qwJqEk-1YQXyfKPM-xBQ4kgjIzdskB3YKNuDKTwgdbT9WhxiA/s1024/DALL%C2%B7E%202023-04-18%2014.32.49%20-%20school%20horror,%20oil%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4QJmwi5_ChrnMR_J5RsjTMmWlfudtWmzufXROj9W9F86dDkkzmYScT3nDYPzZiFYSd-GDWvM9MF8mJ9LvgdOmnE8L76FDV0Kv60x-ZUaDRgRuRH4vkbeMjrUoV-nbbbKKj6lnJ2mH5qwJqEk-1YQXyfKPM-xBQ4kgjIzdskB3YKNuDKTwgdbT9WhxiA/s320/DALL%C2%B7E%202023-04-18%2014.32.49%20-%20school%20horror,%20oil%20painting.png" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p>Não há jeito de não olhar tristemente para os acontecimentos recentes de ataques nas escolas aqui no Brasil. Aquilo que achávamos que acontecia apenas lá fora, num lugar distante, está presente em nosso país, estados e cidades. Compromete a vida de todos, tanto das crianças que sofreram o ataque, de suas famílias, funcionários e educadores como também afeta gerando medo e insegurança nas crianças, jovens, familiares, funcionários e educadores de todas as escolas por aí. Ninguém sabe se e onde ocorrerá o próximo massacre. É mesmo algo de tirar o sono.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Diante de tais atos de violência ficamos perplexos e impotentes. Já há violência demais com roubos, furtos, agressões, etc, mas agora adiciona-se mais esse que são os ataques nas escolas. Há várias explicações e razões, mas nenhuma é definitiva, ou seja, não sabemos por onde começar a evitar todo esse problema de maneira eficaz. Quando sabemos que algo ocorre por causa disso ou daquilo podemos tentar tomar algumas providencias que sejam certeiras, mas quando é tudo muito vago, sem nitidez do que está realmente ocorrendo fica-se muito mais difícil e nos sentimos vulneráveis e atordoados.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Há desde explicações sociais, econômicas e culturais que são, certamente, fatos reais e que devem ser levados em consideração, mas também há algo muito mais sutil que muitas vezes relutamos em ver que é a própria condição humana. Freud, criador da psicanálise, em 1930 escreveu o brilhante texto “O mal estar na civilização’ onde discorreu sobre a agressividade que existe dentro de cada um de nós. Ninguém de nós está isento dessa agressividade que pode irromper a qualquer momento nos transformando em verdadeiras bestas. Não somos seres angelicais, mas também não somos seres demoníacos. Somos humanos e precisamos aprender a lidar com a humanidade em nós.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Freud afirma nesse texto que só é possível haver uma civilização se houver uma contenção dos impulsos agressivos que existem dentro de nós. Dentro de cada pessoa, falando a grosso modo, há um conflito se expressando entre a pulsão de vida e a pulsão de morte e esse mesmo conflito se expressa na sociedade. A pulsão de vida se manifesta por tudo aquilo que pode ser construído, reunido e integrado enquanto a pulsão de morte é tudo aquilo que desintegra, aniquila e busca um estado de não-estímulo, de não vida. A violência é resíduo da pulsão de morte.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Quando ataques como ocorreram nas escolas são cometidos e muitas outras situações aterrorizantes que presenciamos no dia a dia são corriqueiras fica-se a impressão que estamos todos falhando na organização das sociedades como também na organização da nossa própria vida mental. Não sei se para esses ataques há uma explicação apontando para isso ou aquilo que precisaria ser melhorado ou se podemos ver isso como algo que precisamos (re)pensar como vivemos dentro de nossas famílias, nas escolas e nos lugares que frequentamos. Como estamos desenvolvendo nossos laços afetivos, como tratamos os outros e a nós mesmos? Como lidamos com nossa vida mental que embasa todos os nossos relacionamentos? Há muitas coisas a serem analisadas e avaliadas. Estamos falhando nitidamente em lidarmos de maneira eficiente com nossa humanidade. Somos todos responsáveis.</p><p><br /></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-10039810243263458962023-04-09T17:33:00.000-07:002023-04-09T17:33:10.839-07:00Como você lida com sua dor?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI7XFaA6mirEUFXGgN2hwOfFSWn_FTtEnQwk_mWMvM5GTKnjAZJ3BFs3Ke2g98KJ4XxysbyBSczldTqteXuJIIcBiq0w1YYsv-XSdr34kOTniwVch1DVk2f_hQI1R-h5vyidQimF2j8ACyV7wepBX_khdqcu5HQ12xU0cR4S2X-e9TXLW2yWYiIdXiew/s1024/DALL%C2%B7E%202023-04-09%2021.26.22%20-%20woman%20in%20mental%20pain,%20realistic%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjI7XFaA6mirEUFXGgN2hwOfFSWn_FTtEnQwk_mWMvM5GTKnjAZJ3BFs3Ke2g98KJ4XxysbyBSczldTqteXuJIIcBiq0w1YYsv-XSdr34kOTniwVch1DVk2f_hQI1R-h5vyidQimF2j8ACyV7wepBX_khdqcu5HQ12xU0cR4S2X-e9TXLW2yWYiIdXiew/w240-h240/DALL%C2%B7E%202023-04-09%2021.26.22%20-%20woman%20in%20mental%20pain,%20realistic%20painting.png" width="240" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p>Dá para se notar que é alto o número de pessoas que fazem uso de remédios psiquiátricos. Praticamente dentro de toda família tem alguém ou até mesmo mais de um que toma remédios psiquiátricos controlados. Antidepressivos, ansiolíticos, estabilizadores e mais isso e aquilo. Nunca essa classe de medicamentos foi tão usada e abusada quanto agora e isso merece uma boa reflexão. Vejo que há dois motivos para esse excesso.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>O primeiro deles é que hoje em dia há toda uma evolução nesses remédios que antes não existia. Há remédios muito mais eficientes e que quando bem usados podem fazer um divisor de água nas vidas de muitas pessoas que sofrem com diversos tipos de distúrbios. Temos que ser honestos e justos: os remédios psiquiátricos também são aliados importantíssimos para muitos casos e sem eles muitas pessoas não teriam o mínimo de qualidade de vida. Ninguém precisa sofrer desnecessariamente se há recursos válidos para ajudar alguém a ficar bem ou pelo menos melhor em seu sofrimento. Então, vamos deixar claro que para muitas situações esses remédios são instrumentos que viabilizam uma qualidade de vida imprescindível. E por isso mesmo, por haver vários tipos de remédios eficientes, eles acabam sendo mais utilizados do que jamais foram</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>No entanto, quero chamar atenção para outro lado bem obscuro e preocupante. Quando esses mesmo remédios não são usados simplesmente, mas são abusados. Viram a panaceia para todos os males. O que temos aqui é algo de outra natureza. Não tem mais a ver com tratamento sério e eficaz, mas com escapismo simples e puro. O ruim é que vivemos atualmente uma epidemia de abusos desses medicamentos e isso é muito prejudicial.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Para muitas dores há remédios eficientes e recomendáveis, para outras dores não há química possível, mas necessita-se de outra abordagem para tratar delas. Muitos dos nossos sofrimentos psíquicos não podem ser “varridos” e “eliminados” das nossas vidas com ajuda farmacêutica, porém podem ser elaborados e transformados através da mente para que fiquemos mais fortes e capazes nessa vida para lidar com tantas adversidades. Sem desenvolver uma mente por mínima que seja ficamos incapacitados para lidar com a vida, com o que sentimos, com nossos desejos e angústias. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Tornar-se humano tem a ver com desenvolver uma mente que dê conta de pensar as experiências de vida, de digeri-las. Quando digo mente não me refiro à mente lógica, intelectual, mas a mente que nos possibilita pensar de fato a vida. Há muita gente bem inteligente que não tem mente desenvolvida e sofrem muitos sofrimentos intensos e que minam suas vidas. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>O grande problema é que entrar em contato com a dor da vida é algo que dá medo e assusta. Não é à toa então que os remédios psiquiátricos são utilizados indiscriminadamente para entorpecer e assim não nos deparamos com aquilo que é nosso e precisa ser enfrentado, com tudo aquilo que é humano e que se pensado nos enriqueceria muito. Todos querem evitar as dores, mas não compreendem que nem toda dor é uma inimiga em si. Ela pode ser algo que nos leve a mudar, a transformar muitas coisas em nossas vidas. Mas se alguém está ‘anestesiado’ não vai poder pensar a própria vida e ficará sempre refém da medicação. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Precisamos reavaliar como lidamos com nossas dores. </p><div><br /></div><p><br /></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-73441697831683930862023-04-02T18:12:00.005-07:002023-04-02T18:26:06.055-07:00Etarismo, quando a juventude é hiper valorizada<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaruonGxl9tjXPT0cyt1GtqKbEnr7IssZSPFAOUGXg105WGz6ci_goTgUDOvZyTT0fif5mS06QRH8XZXX1-viDNPF0JY-x2WAy7xDTvoJtLBhatoy2XZNfqbWnLNmLSHmtocX9KHcZGZ8EnHVFbz53De7ykGDtMq2TE7nwsjNB5kBXkvL-vK9_RAwcyw/s1343/etarismo.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="312" data-original-width="1343" height="100" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaruonGxl9tjXPT0cyt1GtqKbEnr7IssZSPFAOUGXg105WGz6ci_goTgUDOvZyTT0fif5mS06QRH8XZXX1-viDNPF0JY-x2WAy7xDTvoJtLBhatoy2XZNfqbWnLNmLSHmtocX9KHcZGZ8EnHVFbz53De7ykGDtMq2TE7nwsjNB5kBXkvL-vK9_RAwcyw/w432-h100/etarismo.JPG" width="432" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both;">A situação de preconceito para com a idade de uma universitária em Bauru deu o que falar pelo país afora. Ainda bem. Algumas situações devem mesmo ganhar relevância para que possamos pensar sobre elas. É pensando e refletindo que as coisas podem mudar. O etarismo, preconceito com idades mais avançadas, já não pode ter mais lugar.</div><div class="separator" style="clear: both;"><br /></div></div><div><span style="font-family: Arial; text-align: justify;">Esse preconceito ocorre porque a juventude é hiper-valorizada. Os jovens estão repletos de energia, naturalmente, e cheios de ousadia e novidades. É muito bom quando os jovens têm participação ativa na sociedade e questionam coisas que antes eram inquestionáveis. O novo pode ser bem-vindo e transformador. Os jovens, com seus sonhos e inspirações, são fundamentais para soprar uma brisa fresca e contemporânea para como funcionamos na sociedade. </span></div><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>O mundo não pode ser apenas uma coleção de velharias e ficarmos fixados apenas no que já existe e já é conhecido. Há inúmeras necessidades de progressos e avanços. A juventude tem muito a contribuir. Porém, ela também tem muito a aprender. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Não bastam apenas inspirações e arrojos. Caso contrário vira-se petulância, arrogância e até mesmo desaforo. Em outras palavras, vira mera má educação. Com educação não me refiro aos conhecimentos intelectuais, mas a maneira que nos relacionamos com o mundo e os outros. Uma pessoa má educada é na verdade uma pessoa sem educação emocional alguma. Não sabe como lidar com o que sente e pensa e geralmente acaba caindo na insolência pura e simples.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Os jovens têm muito o que aprender, como já dito acima e uma das coisas mais importantes a aprender é como lidar com a realidade. Se existir apenas idealizações a realidade pode não ser levada em consideração e isso é sempre um mau negócio. Se as ideias não darem a mão para se juntar com a realidade não haverá transformações de fato, contudo apenas ilusões, lindas na teoria, mas ineficazes na prática. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Uma ilusão que muitos jovens têm é a de que a juventude é a coisa mais importante do mundo. Ser jovem tornou-se status quo e quem vai ganhando idade vai sendo considerado que passou do ponto, que já não tem mais nada a oferecer e contribuir. A juventude super valorizada é nefasta e cria preconceitos desnecessários e crueis. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Corpos jovens são desejados e buscados, em alguns casos, com desespero. Há toda uma ‘indústria’ que prega que devemos parecer jovens o maior tempo possível. Isso acaba se tornando uma tortura. Alguém mais velho parece que se torna um estranho. Todavia, envelhecer é inevitável, mas o que importa é como vamos envelhecer. Podemos envelhecer tentando ridiculamente parecermos jovens ou podemos envelhecer amadurecendo.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>A universitária que sofreu preconceito em Bauru não era velha e mesmo se fosse e daí? Ela não poderia iniciar uma fase nova? Interesses novos? Hoje a idade está bem mais elástica e não é impeditiva para uma pessoa mais madura descobrir e desenvolver novas forma de vir a ser. A atriz Michele Yeoh, ganhadora do Oscar agora em 2023, disse em seu discurso de vitória para que não se permita que ninguém diga que a sua melhor fase já passou. Isso foi dito a ela quando ela tinha 50 anos e agora aos 60 anos ela ganhou o oscar. Imagine se ela tivesse acreditado nesses preconceitos tolos? Juventude, é acima de tudo, um estado de espírito que se permite ir adiante e não uma questão cronológica. </span></p><div style="text-align: justify;"><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-38439833040035301712023-03-19T18:02:00.000-07:002023-03-19T18:02:09.230-07:00Análise do filme - A Baleia (2022)<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbtHufNhxCPI5cuARhY3eoEt-oMQkqZ209DH66HaWJVqdcLfyjjT8iXeW9x0_VXAt-4rwf6lxETzzTVnF5rSWwLi0z6NbEGgm2iDlOJGWoIPmqTvkJCP2Kd0oc9jR9gXmO_7tPrWzQPaAyLmOnL5Pcm_AdgGMSyqM7CqsqrSN0CEl4kFSBLkA_e4fLMg/s868/the%20whale.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="868" data-original-width="584" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbtHufNhxCPI5cuARhY3eoEt-oMQkqZ209DH66HaWJVqdcLfyjjT8iXeW9x0_VXAt-4rwf6lxETzzTVnF5rSWwLi0z6NbEGgm2iDlOJGWoIPmqTvkJCP2Kd0oc9jR9gXmO_7tPrWzQPaAyLmOnL5Pcm_AdgGMSyqM7CqsqrSN0CEl4kFSBLkA_e4fLMg/s320/the%20whale.JPG" width="215" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre-wrap;">O filme ‘A Baleia” (2022) mostra a vida de um professor com obesidade mórbida que tenta, desesperadamente, se reconectar com sua filha com quem não fala há anos. Além de uma insatisfação por estar distante da filha ele precisa enfrentar consequências severas de saúde causadas por sua obesidade. Viver está cada vez mais difícil e cada dia parece aumentar o nível do seu sofrimento tornando sua vida extremamente angustiante. </span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;">Seu peso é tão grande que ele não consegue mais se levantar adequadamente para ir ao banheiro, mas o peso maior que enfrenta não está no seu corpo, porém na sua mente. Para dar aulas ele recorre à educação à distância que permite aulas na modalidade on-line e quando ele está com seus alunos não liga a sua câmera para que ninguém o veja. Ele tem vergonha do estado em que se encontra, mas não uma vergonha por questões estéticas, porém envergonha-se por entender que seu estado é fruto de uma autodestruição. Ele vem nos últimos anos empenhado em se autodestruir.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;">A perda de alguém muito próximo o abalou de maneira extrema. Culpa-se por não ter podido salvar a pessoa em questão e culpa-se também por ele mesmo ser de uma maneira que não condiz com quem ele achava que deveria ser. Há aqui um auto preconceito. Sua identidade se descobriu de uma forma que não estava em seus planos e não podendo aceitar isso plenamente, até se permitiu viver por um tempo ser quem realmente era, mas após acontecimentos trágicos sua auto violência veio com tudo exterminando qualquer possibilidade de continuar seguindo com a vida.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;">Baldes de frango frito, caixas de pizza em grande número, doces industrializados aos montes e sanduiches em fartura faziam parte de sua dieta no dia a dia. O que ele não podia sentir em sua mente virava comida. O calor que lhe faltava em emoções e sentimentos era compensado pelas altas calorias. A própria palavra caloria quer dizer calor e energia. O que ele não podia viver simbolicamente como calor e energia virava algo concreto através da comida que o matava aos poucos.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;">Quando não temos condições internas para pensar sobre o que sentimos vamos atuar no mundo externo, ou seja, o que não podemos assimilar internamente, de maneira afetiva, vai virar uma ação lá fora. Tanto que no filme nos momentos de mais angústia ele desatava a comer desesperadamente, mas o que precisava mesmo ‘digerir’ não era a comida em si, mas o que estava em sua mente.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;">Apesar de tanto sofrimento e falta de condições internas para pensar sobre o que sentia o personagem era de extrema sensibilidade e delicadeza. Seus olhos eram ternos e demonstravam alguém perspicaz e atento ao outro. Tinha sempre um olhar positivo até mesmo para situações que muita gente já teria desistido e transmitia isso com muita leveza aos demais. Era amado por muita gente, exceto por ele mesmo. Era capaz de formar conexões emocionais com os outros, mas se impossibilitava de formar conexões mais saudáveis consigo mesmo. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.295; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;">Quanta gente não vem vivendo assim, ou melhor, não se permitindo viver por não conseguir estabelecer um olhar mais saudável e humano sobre si mesmo? É um filme delicado e potente que nos mostra a importância de fazermos as pazes não só com os outros, mas consigo próprio também.</span></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-50485434557443683822023-03-19T17:55:00.003-07:002023-03-19T17:55:57.575-07:00Sentando com as próprias emoções<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG4Dhogi1YXowdd9Wc7RAnkdk6LKxD4yOaU9upi8WH3HjZlZZe1IsLQmvDNZZdntT-u_8ematibIGZgLYmVeHP5ALWZWjMz2IiGwO3uNSw1hTLsp0dvI-3pxb-6bakVPFzvKlbX_PTqORoOW8IB7PzwWlA0VgJAVaIsT49eXGjEd-k1YRYP_2udTONsg/s1000/silence.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1000" data-original-width="901" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG4Dhogi1YXowdd9Wc7RAnkdk6LKxD4yOaU9upi8WH3HjZlZZe1IsLQmvDNZZdntT-u_8ematibIGZgLYmVeHP5ALWZWjMz2IiGwO3uNSw1hTLsp0dvI-3pxb-6bakVPFzvKlbX_PTqORoOW8IB7PzwWlA0VgJAVaIsT49eXGjEd-k1YRYP_2udTONsg/s320/silence.jpg" width="288" /></a></div> Silêncio - Henry Fuselli (1799)<br /><p></p><p>Como conhecemos uma pessoa de fato? Estando com ela o maior tempo possível. Assim, podemos observar quem de fato a outra pessoa é. Saberemos como reage, como lida com as situações, como se relaciona e etc. Não conhecemos alguém baseado apenas em fugazes observações ou no que falam sobre ela nem no que ela posta nas redes sociais. É preciso mais, uma experiência própria e direta para sabermos sobre o outro. Com nossas emoções não é diferente e para sabermos sobre elas é preciso que entremos e permaneçamos em contato com elas. </p><p>Numa sessão de análise, por exemplo, é comum haver em algum momento períodos de silêncio. Muitos pacientes sentem isso como algo incômodo e constrangedor e querem preencher esse silêncio com qualquer coisa. Por não suportarem esse silêncio falam as mais variadas banalidades com o intuito de preencher o silêncio. Isso ocorre porque nesse silêncio o paciente pode começar a se dar conta de suas próprias emoções e sentimentos, bem como de suas fantasias, desejos, medos e angústias. A maioria das pessoas procura evitar o contato com o que vem de dentro delas mesmas. </p><p>Fugimos ou arremessamos nossos conteúdos mentais o mais longe possível e perdemos uma chance importante de nos conhecermos mais. Estar presente ou se ‘sentar’ com algo nosso que é desconhecido pode fazer com que fiquemos incomodados, mas é a melhor maneira de estabelecermos contato com partes nossas. Afinal, um dos objetivos da análise é conhecer aquilo que desconhecemos em nós mesmos e na maior parte das vezes desconhecemos nossas emoções, apesar de que achamos que as conhecemos. Falar teoricamente sobre emoções é fácil, mas vivenciá-las e lidar com elas é bem diferente.</p><p>O psicanalista nesses momentos tem um papel muito importante e ativo. Ele ‘apresenta’ o que vai surgindo do mundo mental do paciente para o próprio paciente. Em outras palavras, o psicanalista faz as devidas apresentações entre quem o paciente é de fato para quem ele pensa que é. Essas apresentações podem gerar muitas angústias e geralmente são momentos fundamentais numa análise e carregado de emoções e afetos. Para vivenciar isso tudo, contudo, é necessário suportar esse contato com o desconhecido e não simplesmente jogar longe o que sentimos. </p><p>Não conseguimos jogar partes nossas fora, mas podemos travar contato íntimo com elas e nos beneficiar imensamente disso. Quem nunca teve uma experiência onde encontrou-se com alguém e não foi, inicialmente, com a cara da pessoa? Achou que a outra pessoa era muito estranha ou alguém sem atrativos algum, mas após algum tempo convivendo com a pessoa em questão acabou por ver que a outra pessoa era bem interessante e por fim tornaram-se grandes companheiros e em alguns casos até mesmo grandes amigos? O mesmo pode ocorrer com os conteúdos de nossa mente que sentimos.</p><p>É uma escolha o que fazemos com o que sentimos. Podemos nos afastar rapidamente sem nenhuma consideração e perdemos uma oportunidade ou podemos aprender a tolerar e conhecer o que não era conhecido e ampliarmos nossos horizontes. </p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-89979167897231292142023-03-05T14:32:00.003-08:002023-03-05T14:35:05.989-08:00De dentro para fora <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5nF_AA9bgbEEVRxpWIebNZsmTV5OTzFq83Ist8fcA0y91D1-9b0V6clhHLBwGr7AADOXJsaNcd5oixcA7oMPSeK_5URGO2v-wxxX6rGn_kfKRX03irdhQ_LagV79GnfEsaZyCZeZC-EqZ6vvkznSz7thEv7QW-Y8TORyFx1T5qI86P0Sp9MDFqNWOtA/s1024/DALL%C2%B7E%202023-03-05%2019.14.26%20-%20pain%20inside%20my%20soul,%20surrealistic%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg5nF_AA9bgbEEVRxpWIebNZsmTV5OTzFq83Ist8fcA0y91D1-9b0V6clhHLBwGr7AADOXJsaNcd5oixcA7oMPSeK_5URGO2v-wxxX6rGn_kfKRX03irdhQ_LagV79GnfEsaZyCZeZC-EqZ6vvkznSz7thEv7QW-Y8TORyFx1T5qI86P0Sp9MDFqNWOtA/s320/DALL%C2%B7E%202023-03-05%2019.14.26%20-%20pain%20inside%20my%20soul,%20surrealistic%20painting.png" width="320" /></a></div><p><br /></p><p>Há uma piada que conta sobre uma pessoa que vai ao médico com certo desespero porque está com dores terríveis pelo corpo e quer que o profissional faça alguma coisa. A pessoa toca com seus dedos o peito e diz que este está doendo, toca a perna e diz que está doendo, toca o joelho e diz que está doendo, toca o pé e diz que está doendo, onde quer que ela tocasse a dor estava presente e ela exigia que o médico curasse todas as dores espalhadas pelo seu corpo. O médico vendo tudo isso entendeu rapidamente o que se passava e informou a pessoa que o dedo dela, que tocava todas as partes de seu corpo, é que estava quebrado e que precisava ser cuidado. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Mesmo sendo uma piada velha e já conhecida por muitos ela é bem válida para mostrar como muitas pessoas vivem. Há muitos dedos quebrados por aí apontando para tudo o que seja direção exigindo que tudo seja consertado. Querem consertar o mundo inteiro, mas não conseguem perceber a própria dor e o que precisam consertar em si mesmos. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Temos uma tendência de querer arrumar tudo o que vemos de errado, porém não conseguimos ter uma autoimagem mais nítida e deixamos de ver coisas que precisamos cuidar primeiro em nós mesmos. Ver lá fora é até fácil porque demanda apenas dos nossos olhos físicos, dos nossos sentidos básicos, mas ver dentro de si demanda muito mais, requer ‘olhos’ internos que vejam aquilo tudo que possui uma natureza bem mais sutil. Perceber-se implica trazer o olhar para dentro de si próprio e se permitir enxergar coisas que muitas vezes preferimos não notar.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>É incrível o número de pessoas querendo arrumar o mundo. Apontam para todos os males existentes e têm a receita para tudo o que precisa ser feito, contudo deixam de lado o que precisariam avaliar e examinar nas suas condutas e relações para com os outros e para com a vida. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Imagine a situação de uma pessoa cheia de feridas e machucados e que estando na frente do espelho coloque os curativos não sobre si mesma, mas sobre a imagem dela refletida no espelho. Será algo inútil e que não trará nenhum resultado real. A pessoa tenta consertar lá fora enquanto ela mesma está toda machucada.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Com certeza precisamos ter uma visão crítica sobre o nosso redor e buscar arrumar o que estiver ao nosso alcance, só que isso só se dá se tivermos criado condições internas. Caso contrário vira algo ineficaz. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>É grande o número de pessoas que clamam desejar trazer paz ao mundo, fazer com que este fique menos violento, mas enquanto a paz não for obtida internamente nada acontecerá. Se alguém não consegue deixar a própria mente em paz, trazer paz ao mundo está totalmente fora de questão. Se alguém não consegue ser justo consigo mesmo e com os seus próximos, trazer justiça ao mundo está fora de possibilidade. Precisamos, sim, de mais justiça, paz e muitas outras coisas que faltam, mas precisamos construir tudo isso dentro de nós para podermos oferecer lá fora. Só podemos dar o que temos e quanto mais tivermos dentro de nós mais poderemos oferecer.</p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-38991433695683554872023-02-26T16:49:00.003-08:002023-02-26T16:52:25.088-08:00O que você faz com sua dor?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRa_bcJghZFxzVcSEdxS40TlUcF9CE2kN78rr5V4FwsteIZNuXtVC2GbQ6WDSKgKYqW_GtM8Is-krwuX4cXgXQGjFhCT9iNYlf1v4ZS2AVdK3nThg3fkEDMqh0lr23qJFsYO-AncI0_jJ1yM0Fub6zL4X2Z0Y9BxrJBjiQqqD9B5EhmlBGZTJvb7ULWg/s786/frida.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="631" data-original-width="786" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRa_bcJghZFxzVcSEdxS40TlUcF9CE2kN78rr5V4FwsteIZNuXtVC2GbQ6WDSKgKYqW_GtM8Is-krwuX4cXgXQGjFhCT9iNYlf1v4ZS2AVdK3nThg3fkEDMqh0lr23qJFsYO-AncI0_jJ1yM0Fub6zL4X2Z0Y9BxrJBjiQqqD9B5EhmlBGZTJvb7ULWg/s320/frida.JPG" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">Quando procuramos uma análise, psicoterapia ou um psiquiatra o que mais buscamos, desesperadamente, é acabar com a dor que sentimos. Essa dor não se trata de uma dor que é encontrada num exame laboratorial ou raio x, mas trata-se de um sofrimento diferente. Muitos até chamam essa dor de dor da alma porque ela não fica localizada propriamente no corpo orgânico, mas em todo o ser da pessoa. Podemos chamá-la também de dor mental, transtornos psíquicos e etc. Enfim, quem sofre com isso quer se ver livre desse sofrimento o mais rápido possível.</p><div style="text-align: justify;"><br /></div><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Essa dor se for bem ‘tratada’, ou seja, compreendida e examinada pode nos favorecer mudanças importantes na maneira que estamos levando a vida. A maioria dos nossos sofrimentos vêm de como nos conduzimos na vida, geralmente de uma forma que não nos é favorável e saudável. Nós mesmos criamos esses sofrimentos mesmo sem querer e sem perceber. Quando a dor surge queremos nos livrar dela, mas isso não acontece magicamente, porém vem como resultado de todo um processo que consiste num entendimento mais apurado do que criamos para nós mesmos e do quanto precisamos mudar.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>A cura entendida pela psicanálise não é algo como uma pílula milagrosa que tomamos ou uma técnica que empregamos que faz o trabalho por nós e nos tira a dor e sofrimento, contudo algo bem mais complexo e que demanda do próprio analisando uma participação ativa. O paciente ou analisando nunca é passivo, mas participativo em seu processo de cura.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>O significado da palavra cura, que vem do latim, é cuidar. Quando alguém é curado podemos dizer que esse alguém é cuidado. Um curador, por exemplo, é um cuidador. Numa análise o analisando tem a chance importantíssima de aprender a se cuidar devidamente. Quando entramos em enrascadas, quando continuamos a tropeçar nos mesmos erros ao longo da vida, quando sofremos além da conta é que não estamos nos cuidando bem. Daí que adoecemos. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>O psicanalista cuida de seu analisando, só que não passando a mão na cabeça ou incentivando isso ou aquilo ou até mesmo consolando. Uma sessão de análise não é lugar para consolo, mas lugar de trabalho duro. Não que não haja empatia ou acolhimento do sofrimento, porém é lugar de aprender a se cuidar, talvez, como nunca foi cuidado na vida. É uma oportunidade de ouro para aprendermos a nos tratar mais humanamente.</span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Por isso mesmo é imprudente querer se livrar da dor que se sente de maneira rápida e urgente. Quando, no desespero, procuramos jogar fora a angústia que sentimos perdemos uma chance extraordinária de aprender a nos cuidar de uma maneira mais eficiente. Lembro-me do título do livro de Rubem Alves ‘Ostra feliz não faz pérolas’. Neste livro, de uma forma cativante, vemos o quanto aquela dor da ostra quando cuidada e não jogada simplesmente fora torna-se algo muito precioso virando uma pérola. </span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"><br /></span></span></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial;"><span style="white-space: pre;"> </span>Cabe a cada um de nós decidir que direção dar para os nossos sofrimentos. Podemos nos afundar neles, ficar tão envolvido com eles que até nos tornamos nossas dores ou podemos aprender a cuidar deles, transformando-os em algo que nos enriqueça.</span></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-5631940599637859772023-02-07T16:49:00.003-08:002023-02-07T16:49:40.706-08:00Uma observação e uma reflexão para 2023<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJRx9IG393I_p7nwTDC3Z3S4mEb7g39Y4syXkp8oig9nj0RC4dClCjHH7fzjY0bj4SoV3mzZ148MtazEWlpwv_Gv6Svq_7uLvaEV7bXGBp3fPPn82_xfcfQrD5_BYjKM0wK59Zf9Cnp6A3jerh3NpAIBKDE9cgqFapvtObam9kPuknBs27GvF_D7s7hg/s1024/DALL%C2%B7E%202023-02-07%2021.44.14%20-%20people%20cheering%20in%20a%20party,%20salvador%20daly%20style.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgJRx9IG393I_p7nwTDC3Z3S4mEb7g39Y4syXkp8oig9nj0RC4dClCjHH7fzjY0bj4SoV3mzZ148MtazEWlpwv_Gv6Svq_7uLvaEV7bXGBp3fPPn82_xfcfQrD5_BYjKM0wK59Zf9Cnp6A3jerh3NpAIBKDE9cgqFapvtObam9kPuknBs27GvF_D7s7hg/w278-h278/DALL%C2%B7E%202023-02-07%2021.44.14%20-%20people%20cheering%20in%20a%20party,%20salvador%20daly%20style.png" width="278" /></a></div><p></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">O
ano de 2023 está ainda em seu começo e vale uma importante observação e
reflexão. A observação se refere ao fato de que somos bombardeados
cotidianamente com notícias as mais aterrorizadoras e desanimadoras possíveis.
Nos noticiários não há trégua, é notícia ruim atrás de notícia ruim e se
fossemos nos fiar apenas por isso o mundo estaria cheio somente dos piores
tipos de pessoas, más e inescrupulosas. Aliás, há muitas pessoas que vivem
baseando-se unicamente nos noticiários e desenvolvem uma perspectiva sombria da
vida, desalentadora e deprimente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com certeza o mundo está repleto de
pessoas ruins e má intencionadas. Isso não deixa de ser verdade, infelizmente.
Porém, não é toda a verdade, apenas uma parte dela. A verdade mesmo é que a
maioria das pessoas são boas ou tentam, dentro do possível para elas, ser boas.
Caso contrário o mundo já teria se destruído. Sim, a destruição do mundo pelas
nossas mãos não é algo da ficção cientifica. Isso pode vir acontecer, mas ainda
não aconteceu, é preciso perceber isso.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Não desejo aqui dourar a pílula e
mostrar um mundo cor de rosa. Até porque isso não seria verdade e o mundo está
lotado de pessoas ruins, corruptas, querendo tirar vantagem de tudo e de todos,
criando injustiças e prejuízos. Há misérias de todos os tipos pelo mundo,
violências, guerras as mais bestas, atos os mais estúpidos, mas também no meio
e junto a tudo isso há pessoas buscando o bem, fazendo das tripas o coração,
como diz o ditado popular e isso tudo é importante observarmos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span lang="PT-BR" style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">É imprescindível notarmos que há mais
pessoas em busca de fazer o bem do que o mal, que ajudam o outro, que vão atrás
de justiça e que buscam criar ao seu redor um ambiente mais agradável. São atos
de generosidade que ocorrem todos os dias, pequenos, mas extremamente poderosos
e necessários. Isso torna o mundo mais tolerável e causa um impacto positivo indispensável.
Infelizmente nos noticiários os maus atos ganham mais notoriedade, as pessoas
desonestas ficam mais evidentes e recebem até mais “audiência”. Algumas dessas
pessoas acabam até sendo admiradas e copiadas mundo afora e num olhar mais
desatento parece que só existe esse tipo de gente. Contudo, ali, entre seus
vizinhos pode muita coisa boa estar acontecendo só que não é notado, não é
noticiado.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt;">A reflexão que também convido sobre
isso é compreender que somos nós que criamos o mundo e a pergunta que se faz
necessária é que mundo você quer criar? Que tipo de ambiente a sua volta você
quer construir? Que tipo de relações interpessoais você quer desenvolver? Todas
essas coisas não são coisas que simplesmente acontecem, mas que são diariamente
confeccionadas pelas nossas atitudes. Não precisamos fazer nada grandioso, não
necessitamos realizar grandes obras para contribuir no mundo, apenas precisamos
seguir o básico de respeitar o próximo, tratá-lo com dignidade e quando isso
for muito difícil ao menos não atrapalha-lo nem prejudica-lo. Simplesmente
fazer a nossa parte para que o mundo fique com mais pessoas boas que ruins.
Será que vale essa reflexão?</span></p><br /><p></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-28608916582831408432023-01-29T15:48:00.006-08:002023-01-29T15:48:56.268-08:00Onde encontramos abrigo nesta vida dura?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji4Tj1kNW_-bCP_SCcb68UFR2fK5ZYjElirwRT6712DWZbeGj51rPFUcjU2bYdIJ2P2kvOEYJo_380y4knYgwyyt3hb71CRoEjvyPMmOB_U_Bbf859GtBby1_wJjFFKTf6SeWbUe04fuF6MK_H5A7-PYsiVOXhPtpr2EvxIXUTubqfk1HA2SBBMbqHYQ/s1024/DALL%C2%B7E%202023-01-29%2020.43.41%20-%20man%20inside%20a%20shelter%20during%20a%20storm,%20cyberpunk%20style.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEji4Tj1kNW_-bCP_SCcb68UFR2fK5ZYjElirwRT6712DWZbeGj51rPFUcjU2bYdIJ2P2kvOEYJo_380y4knYgwyyt3hb71CRoEjvyPMmOB_U_Bbf859GtBby1_wJjFFKTf6SeWbUe04fuF6MK_H5A7-PYsiVOXhPtpr2EvxIXUTubqfk1HA2SBBMbqHYQ/s320/DALL%C2%B7E%202023-01-29%2020.43.41%20-%20man%20inside%20a%20shelter%20during%20a%20storm,%20cyberpunk%20style.png" width="320" /></a></div><br /><p>Há uma história antiga que conta sobre um jovem discípulo que acompanhando o seu velho e sábio mestre em alguma atividade pergunta a ele qual o melhor lugar para ir no verão para não sentir calor em demasia, qual seria o melhor lugar para estar no inverno para não passar frio e qual o melhor lugar para ficar durante a época das monções e protegido das chuvas torrenciais. O mestre olha bem para o discípulo e responde que o melhor lugar para ele encontrar sossego, tranquilidade e para se preservar de qualquer intempérie que fosse era dentro dele mesmo e não um lugar geográfico.</p><p>Essa resposta do mestre mostra bem que quando olhamos para a vida de uma maneira muito concreta perdemos o sentido de muitas coisas. Se entendemos tudo numa dimensão apenas concreta sem se dar conta de outros espaços que também existem como o espaço mental ficamos nos enganando. Esse espaço, entretanto, é subjetivo, e requer um ‘olhar’ mais apurado para ser visto. </p><p>Quando não nos damos conta de nossa mente olhamos somente o que é concreto e procuramos as coisas concretamente. Há inúmeras pessoas que estão procurando o melhor lugar lá fora para isso ou aquilo acreditando que lá fora vai dar a elas a paz que gostariam de sentir.</p><p>Há gente que acha que precisa disso ou aquilo para ser feliz, que precisa estar de um jeito ou outro, mas esquecem de examinar o próprio mundo mental. Já vi muitas pessoas mudando de cidades e países achando que então seriam felizes verdadeiramente, mas mesmo após a mudança nada aconteceu com elas. O ambiente externo mudou, mas dentro delas continuou da mesma maneira. De nada adianta mudar a localização geográfica se a posição que a pessoa se encontra internamente não muda nada. </p><p>As intempéries que o mestre se referia não eram as climáticas como o calor, o frio ou as chuvas, mas as adversidades que ocorrem na vida de qualquer um. Sempre vão nos acontecer as mais variadas coisas e pode ter certeza que muitas delas serão difíceis e desagradáveis. Faz parte do mundo os infortúnios a que, sem querer, somos submetidos, mas como vamos lidar com essas tormentas é o que importa. É também internamente que enfrentamos as dificuldades.</p><p>Tal como nos deparamos com as condições climáticas externas e criamos recursos para lidar com o mau tempo: construindo abrigos, ar-condicionado, teto, etc., temos que aprender a desenvolver recursos internos (mentais) para lidar com o mau tempo que se dá internamente. A verdade é que se não criamos esses recursos psíquicos ficamos vulneráveis às maiores tempestades que podem despertar dentro de nós.</p><p>Os ditos distúrbios psíquicos que vêm cada vez mais fazendo parte de nossas conversas e realidade cotidiana têm origem quando estamos tão desamparados internamente, sem nenhuma assistência em nós mesmos, que adoecemos severamente. E na maioria das vezes não é mudando o ambiente externo que traz alívio para esses males, mas apenas quando aprendemos a desenvolver um espaço interno mais preservado e aprazível para que possamos encontrar abrigo verdadeiro. Uma pessoa sem mente desenvolvida é uma pessoa desabrigada.</p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p><p><br /></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-82281694530353001442023-01-23T19:35:00.000-08:002023-01-23T19:35:04.517-08:00Sonhar, não sonhar pesadelos<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivGxcdAoQqIlI2GDDyKm5Rlw0-mA5oKQjiLan-qIa9NVYC93gfqU-4TOy0eH9M2z84e4EH40U9BVLC6TFyzjmdIKTuePSFxDnldrgqaTn0RcadC6-rPq8esBEPi_g6_qTOegjzxfBOc0LIhoGMoEwuPU_Z2bPOEPSWtYMif7RTQ2lwKDHm0mIB3YgJUw/s1024/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.30.49%20-%20nightmares,%20oil%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivGxcdAoQqIlI2GDDyKm5Rlw0-mA5oKQjiLan-qIa9NVYC93gfqU-4TOy0eH9M2z84e4EH40U9BVLC6TFyzjmdIKTuePSFxDnldrgqaTn0RcadC6-rPq8esBEPi_g6_qTOegjzxfBOc0LIhoGMoEwuPU_Z2bPOEPSWtYMif7RTQ2lwKDHm0mIB3YgJUw/w290-h290/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.30.49%20-%20nightmares,%20oil%20painting.png" width="290" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p>Sem a capacidade de sonhar não somos humanos. A humanidade depende do quanto podemos sonhar e também em como sonhamos. Se olharmos para qualquer coisa construída pelo ser humano: tecnologias, artes, ciência, todas foram antes sonhadas. O avião, por exemplo, que teve seu voo de estreia com Santos Dumont foi “sonhado” muito tempo antes dele. O próprio Leonardo da Vinci já havia feito alguns rascunhos de um aparelho que voasse, mas naquela época faltava ainda muita tecnologia e entendimentos para que pudesse se realizar de fato. No entanto, provavelmente vendo os pássaros o homem sonhou em voar. Nossa natureza e fisiologia não permite que façamos como as aves, mas isso não impediu que voássemos. Apenas exigiu desenvolvermos os meios que possibilitassem tal proeza. E tudo começou com um sonho, uma imaginação.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Hoje em dia não só há várias naves aéreas como também já se saiu até do planeta. Isso também foi sonhado primeiramente. Em qualquer direção que voltamos os olhos para a atividade humana teve sempre um sonho por detrás. Sonhar então é o que nos torna verdadeiramente humanos. Uma obra de arte, seja da literatura, das pinturas e desenho, do cinema, etc precisou primeiro ser imaginada na mente de alguém e ir ganhando corpo para poder se realizar. As ideias podem encontrar em nossas mentes um terreno fértil e acolhedor que permitam que elas ganhem cada vez mais possibilidades de se efetivar. Um filme nasce da cabeça dos roteiristas, do diretor, dos atores, da equipe toda necessária para fazer o filme sair da imaginação e acontecer. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Os sonhos são vários e há muitos jeitos de sonhar. Há os sonhos que fazem construções serem levantadas, alta tecnologia ser criada, mas também há os sonhos pessoais, que desenvolvemos para as nossas vidas. Eles são sobre o que queremos, sobre os caminhos que sentimos que precisamos tomar para podermos encontrar realizações e sermos a nós mesmos. Esses sonhos pessoais de cada um é de vital importância. Por isso uma pessoa que não sonha está adoecida, não está podendo alcançar a sua humanidade.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Os distúrbios psíquicos que tanto falamos como pânico, depressão, crises disso e daquilo impedem de sonhar a própria vida. A pessoa que sofre desses males fica acuada sem conseguir sonhar e por conseguinte sem aquilo que impulsiona para seguir em frente. Quem não sonha não sabe o que quer, nem imagina quais trilhas ao longo da vida sente que precisa pegar. Fica-se esvaziado e isso é muito limitador.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Sem sonhos e sem imaginação a própria vida fica enfadonha e sentida como se não tivesse valor algum. Isso é algo perigoso ou no mínimo empobrecedor demais. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Contudo, há também a necessidade de como vamos sonhar. Podemos sonhar bons sonhos, mas podemos também transforma-los em pesadelos. Os piores horrores que vivemos também foram sonhados inicialmente, mas se tratavam de pesadelos. Guerras, violências extremas, torturas, são todos frutos de um sonho que foi virando pesadelo. Um sonho que não foi bem sonhado. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Sonhar e criar pesadelos são frutos da habilidade humana. Temos uma responsabilidade muito grande com tudo isso. Temos que nos responsabilizar se sonhamos, não sonhamos ou criamos pesadelos. Vale a pena refletir.</p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-37262195443892870472023-01-23T19:30:00.002-08:002023-01-23T19:30:43.377-08:00Sem mente ficamos desamparados<p> </p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgStdsnHblKStDMBBArTAQ6itCUDKA2KOw4lP0Ee4-ynUoReuBxL9ZhoQR74qxxpqTRbhGd9XwTZ_7WX9IvnwrTPpPDF37ZWhA4eC890bVBCCrut54VeDUWb60rA4ZIqOR7vcbeudvAvL8Z0K4jIjGAZepN4GJC-tUWfjSfGwLcareL8TsYfJekNCy20w/s1024/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.26.23%20-%20mind%20,%20oil%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgStdsnHblKStDMBBArTAQ6itCUDKA2KOw4lP0Ee4-ynUoReuBxL9ZhoQR74qxxpqTRbhGd9XwTZ_7WX9IvnwrTPpPDF37ZWhA4eC890bVBCCrut54VeDUWb60rA4ZIqOR7vcbeudvAvL8Z0K4jIjGAZepN4GJC-tUWfjSfGwLcareL8TsYfJekNCy20w/s320/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.26.23%20-%20mind%20,%20oil%20painting.png" width="320" /></a></div><br /><p>Acho interessante notar algumas coisas do dia a dia. Em janeiro agora estava na estrada e um pedaço dela estava bastante malconservada, cheia de buracos, sem radares, sem vigilância e sem nenhum tipo de cuidado. Nesses momentos que as pessoas deveriam ser mais cautelosas nesse trecho foi justamente o instante que a loucura parece ter dominado a maior parte de quem lá estava e faziam o que queriam, colocando a si próprios e outros em perigo. Reclamamos dos radares, ao longo das estradas, mas sem eles as estradas ofereceriam muito mais riscos. Sem um certo tipo de “vigilância” ficaríamos todos desamparados.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>As leis que existem na sociedade têm por objetivo trazer organização e funcionamento. Caso contrário prevaleceria a lei do mais forte onde manda quem pode mais. De certa forma ainda, mesmo dentro da lei, há inúmeras injustiças que faz com quem for mais poderoso acabe tendo mais regalias, porém de forma geral as leis impõem ordem para que todos possam encontrar espaço. Para isso é necessário certos mecanismos de controle. Os radares nas estradas, ruas e avenidas estão nesse sentido. Sem eles as pessoas abusariam da velocidade em trechos indevidos criando riscos desnecessários. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Reclamamos desses tipos de controles com muita intensidade e frequência. Quem não xinga os radares, as blitz da lei seca e muitos outras formas de patrulhamento? Quem não se enraivece quando é pego fazendo algo indevido? No entanto, por mais que reclamemos se não houvesse esses meios de monitoramento e cobrança a vida em sociedade se tornaria impossível. Cada um faria apenas o que quisesse sem a menor consideração pelo outro. Nenhum coletivo, nenhuma forma de sociedade organizada e minimamente justa conseguiria sobreviver entregue à lei do mais forte. Seria o pandemônio. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>A grande verdade é que sem leis nos tornaríamos monstruosos. Sem um aparato legal não nos conteríamos e estaríamos disponíveis para realizar as maiores atrocidades. Todos, sem exceção, guardam dentro de si lados bestiais que podem irromper se não houver nenhum tipo de “controle”. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>As leis jurídicas existem e são necessárias porque as nossas leis internas muitas vezes não são suficientes para dar conta dos nossos lados mais primitivos. Quanto mais mente desenvolvemos mais podemos contar com nossa capacidade de pensar sobre o que fazemos e não ficamos desamparados frente aos nossos instintos mais selvagens. Quando temos mente nos preservamos e preservamos quem está ao lado. Quanto mais mente menos dependemos das leis externas e legais para nos conter, mas podemos encontrar em nós mesmo essa contenção.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Sem contenção, sem que possamos contar com nossa capacidade de pensar podemos facilmente embarcar num estado de selvageria. Agora, precisamos lembrar e compreender que contenção não significa tirania onde o controle torna-se cruel e impeditivo de vida. A tirania que alguém pode se impor a si próprio é também falta de mente. Tanto o excesso de leis proibitivas quanto a falta de leis internas são estados que indicam o quanto falta uma mente verdadeira. Temos muito o que desenvolver em nós mesmos!</p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-81278699677165412172023-01-23T19:25:00.004-08:002023-01-23T19:25:55.598-08:00O que é fanatismo?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv9qfvR6R7cO4YxtbPlOzdIWNfYAkgnxZ9anrzck7qSYFdgmj2Z5axdTyBQkyHnwhlVYCK7S_o4MBBuQwUedOoQVj7raXeGDbUxaEU8EA2kPFTUCp8GJfxv9NH65CLJWi5ZAMGsZZJ5YqbuejTQSY0FgjF_npTxHEhsWkmWRgsY34iHkezXpF8hPw-vg/s1024/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.21.46%20-%20hundreds%20of%20people%20angry%20in%20the%20streets,%20cyberpunk%20style.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="257" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv9qfvR6R7cO4YxtbPlOzdIWNfYAkgnxZ9anrzck7qSYFdgmj2Z5axdTyBQkyHnwhlVYCK7S_o4MBBuQwUedOoQVj7raXeGDbUxaEU8EA2kPFTUCp8GJfxv9NH65CLJWi5ZAMGsZZJ5YqbuejTQSY0FgjF_npTxHEhsWkmWRgsY34iHkezXpF8hPw-vg/w257-h257/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.21.46%20-%20hundreds%20of%20people%20angry%20in%20the%20streets,%20cyberpunk%20style.png" width="257" /></a></div><p><br /></p><p>A palavra fanático vem do latim “fanus” que significa templo ou santuário. Na antiguidade o fanático era o porteiro e vigilante de um dado templo e cuidava com toda a dedicação possível de sua segurança e por isso mesmo da crença que aquele templo guardava. Na antiga Roma as pessoas cultuavam vários deuses, prestando-lhes homenagens e reverências, mas o fanático se apegava apenas a um e para ele a sua crença era a única que existia. Os outros deuses e templos não eram aceitos ou então eram considerados inferiores. O fanático é aquele que defende a sua crença com extremo fervor ficando surdo a tudo aquilo que o contradiga e ameace.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Podemos entender o fanatismo como um estado psíquico que promove uma adoração deslumbrada e irrestrita a uma determinada figura, causa ou movimento. O fanático está certo de sua ‘verdade’, ele não mente quanto a isso, mas acredita em qualquer mentira que venha a reforçar aquilo que crê ser a verdade. Exatamente devido a isso que o fanático é o maior alvo das fakenews e também o maior propagador delas.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Para o fanático as suas ideias estão corretas, mais até do que corretas, elas são a verdade e o ideal da pessoa fanática é mostrar essa dita verdade a todos os demais que ainda não a ‘viram’. Em outras palavras, ele quer ‘salvar’ todo aquele que não teve a revelação da verdade. E quem não quiser ser salvo representa um perigo e uma distorção tão grandes que precisaria ser eliminado. O inimigo passa a ser todo aquele que não comunga da mesma crença.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Vivemos atualmente o tempo do “nós contra eles” e isso vai acumulando agressividade e violência podendo explodir em atos de selvageria. Em tempos assim, nosso lado fanático pode ser estimulado e reforçado nos fazendo perder a cabeça. Tanto que muitas pessoas inteligentes, generosas e capazes praticam ações intempestivas assustadoras, por causa do fanatismo, fazendo com que elas não sejam mais reconhecidas. Essas pessoas ficam meio que ‘deformadas’. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Na proteção irracional da crença o fanático pode criar mentiras perigosas que geram generalidades imprudentes sobre o outro, aquele que difere. “Todo mulçumano é terrorista, todo mundo que mora na favela é traficante, todo mundo que tem dinheiro é insensível, etc.” Criam-se mentiras que são tratadas como verdades ou como partes da verdade. A mentira, sentida como verdade, sempre estará acompanhando a visão do fanático. Atualmente, nessa polarização política que vivemos vemos um grupo jogando as mentiras mais perniciosas no outro grupo e vice-versa. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>No fanatismo ataca-se tudo aquilo que é diferente. O outro não é suportado e acaba não sendo mais um sujeito, mas um objeto de desprezo e de ataque. O contato com o diferente para quem é fanático é sempre traumático e assustador e por não conseguir usar a própria mente para tolerar e pensar, ele usa a mente para atacar e exterminar. A psicanálise só poderia ajudar alguém fanático na medida que ele suportaria, em algum grau, que não é dono da verdade e que seus sentimentos de vazio precisariam ser encarados e não tampados com falsidades que assegurem uma falsa certeza. Infelizmente, para quem é realmente fanático e fica tão apegado às suas certezas nenhum tratamento é eficaz. </p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-23056735360931046392023-01-23T19:20:00.004-08:002023-01-23T19:21:32.355-08:00Como você se prepara para o ano novo?<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKMUgFvCTMswhhqCwPo4XgGs6OhUY1vZSofEhceBCOe5AaB7S7mlkKww-05kAtB6Y3IJpJPrb8ZiU-RmWFX2eoGwXDMCJxIQwX4NAl1jVUGWZi-SAo989LMawmwT_in-NJ5kOcFqCivIm1NuEvxAatAZN_4udPU0LYwLx3g_26kAJy3XZj4XfhQ3lh1w/s1024/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.13.20%20-%20an%20%20crazy%20new%20year%20party,%20cyberpunk%20style.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="238" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKMUgFvCTMswhhqCwPo4XgGs6OhUY1vZSofEhceBCOe5AaB7S7mlkKww-05kAtB6Y3IJpJPrb8ZiU-RmWFX2eoGwXDMCJxIQwX4NAl1jVUGWZi-SAo989LMawmwT_in-NJ5kOcFqCivIm1NuEvxAatAZN_4udPU0LYwLx3g_26kAJy3XZj4XfhQ3lh1w/w238-h238/DALL%C2%B7E%202023-01-24%2000.13.20%20-%20an%20%20crazy%20new%20year%20party,%20cyberpunk%20style.png" width="238" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><br /></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">“Ano novo, vida nova”. Com frases assim muitas pessoas começam o ano novo. Esperam que a passagem do dia 31 de dezembro para o dia 1º de janeiro seja um acontecimento que por si só leve à mudanças e transformações. As pessoas anseiam por modificações em suas vidas, criam expectativas de melhoras e de grandes conquistas, porém esperam que essas coisas se deem com elas sem que muitas vezes elas não precisem fazer nada a respeito. O réveillon não tem esse poder, é só uma data comemorativa que criamos no calendário para marcar a passagem de um ano para outro, no entanto a mudança precisa ocorrer dentro de nós e não nas folhas do calendário. </p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>Até mesmo para termos esperanças é necessária certa dose de princípio de realidade, caso contrário corremos o risco de nossas esperanças serem apenas expectativas muito irreais. Esperança baseada na realidade, entretanto, é algo que pode levar a muitas consequências favoráveis e benéficas. Isso ocorre porque só temos êxito em qualquer coisa que nos propomos quando trabalhamos com e na realidade. </p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>As pessoas desejam as coisas mais variadas possíveis e esperam que tudo possa lhe ser dado milagrosamente. Imagine, por exemplo, que uma pessoa deseje uma bela e maravilhosa mansão e esta lhe seja dada de bandeja. Com certeza a pessoa ficará muito extasiada com tal presente, eufórica até, mas passado toda essa alegria há vários problemas a considerar. Se ela simplesmente ganhasse a mansão como ela pagaria o imposto que teima em vir todo ano? Como ela daria conta das manutenções para permitir que a mansão não decaísse? Como ela pagaria todos os empregados necessários para manter a casa e quintal limpos e organizados? Enfim, são fatos que precisariam ser considerados. Não basta apenas ganhar a mansão, mas ver se há condições de manter algo que se deseje, de checar se há preparo para ter o que se deseja.</p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>Isso acontece muito com ganhadores de loteria. Há vários relatos de ganhadores de grandes somas de dinheiro que da noite para o dia ficaram ricos em suas contas bancárias, mas não tinham internamente nenhuma preparação, nunca desenvolveram nenhuma condição para lidar com tal quantia exorbitante. O resultado foi que a grande maior parte dos agraciados na loteria perderam tudo em pouco tempo. Alguns até viveram tragédias horrorosas por causa de seus ganhos para os quais não estavam aptos a administrar. O sonho virou rapidamente um terrível pesadelo. Quando não levamos em conta a realidade a chance de nos darmos mal é sempre grande. </p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>Quando desejamos algo para o início do ano novo precisamos manter os pés no chão e ir nos preparando, criando em nós condições para conseguir viver o que tanto queremos. Assim, as mudanças são feitas internamente, em nossas vidas, em nossos pensamentos e maneira de funcionar, para poder lidar com o que desejamos. A mágica, assim, não será mais dada pela passagem do calendário ou pelos pedidos que fazemos comendo sete uvas, pulando sete ondas ou qualquer coisa do gênero, contudo acontecerá quando abrimos e mantemos as condições dentro de nós. Quando trabalhamos o nosso desenvolvimento mental ficamos fortalecidos para dar conta dos nossos planos e sonhos. Um feliz ano novo a todos!</p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-78696671145378517282022-12-20T17:07:00.000-08:002022-12-20T17:07:13.635-08:00Um Natal mágico é possível<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ap0wEehK4XwzRRCf8M_O1KTseVHowz54yBB0HrVKKb7kce2vPu4hAKj-fg5-s_SOO7CdH_zzGvK9xbCQvN-it6HQVjWDshppRR6WdjNUgOr9LV4Zbv9j-rswq1UY2wqLHG7pMOtze9Ed-mKUPN-mZYQksdrIRhc6DAX4O7re-a5QWgU1XMVxpwtp8g/s7360/chad-madden-SUTfFCAHV_A-unsplash.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="4912" data-original-width="7360" height="214" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5ap0wEehK4XwzRRCf8M_O1KTseVHowz54yBB0HrVKKb7kce2vPu4hAKj-fg5-s_SOO7CdH_zzGvK9xbCQvN-it6HQVjWDshppRR6WdjNUgOr9LV4Zbv9j-rswq1UY2wqLHG7pMOtze9Ed-mKUPN-mZYQksdrIRhc6DAX4O7re-a5QWgU1XMVxpwtp8g/s320/chad-madden-SUTfFCAHV_A-unsplash.jpg" width="320" /></a></div><p><br /></p><p>Natal chegando e nessa data, principalmente depois dos dois últimos anos com o horror da pandemia, muitas famílias vão se permitir enfim se reunir com um pouco mais de tranquilidade. As decorações natalinas já estão nas ruas e parece que há uma necessidade, merecida, de se celebrar essa data com toda pompa e circunstância. Depois das privações de encontros para evitar aglomerações nada mais natural que queiramos todos nos ver e nos abraçar e o natal é uma data propícia para que tal evento se dê. A festa das luzes está sendo mais do que bem-vinda esse ano. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Todavia, nem tudo são flores. O fim do ano apesar de ser desejado e inspirar tantos corações também traz dor. Pessoas queridas que morreram e não mais estão conosco, brigas e ressentimentos familiares que se formaram ou se solidificaram ao longo do ano, desejos frustrados e perdas as mais diversas, surgem como fantasmas que podem estragar e atacar nossa celebração e trazer um gosto azedo e amargo. Fora, claro, as famigeradas comparações que fazemos uns com os outros nessa época do ano e que nos geram uma sensação de fracasso. Sim, o natal pode não ser só alegria, mas um momento de muito sofrimento.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Geralmente o sofrimento que vivemos nessa data vem da idealização de que tudo tem que ser perfeito e maravilhoso. Idealizamos que o natal tenha que ser um gozo sem fim, um prazer explosivo que não dê espaço para mais nada. Queremos a mágica, mas a mágica impossível, aquela que nasce da nossa ignorância e não da nossa sabedoria. </p><p><span style="white-space: pre;"> </span>O natal e a vida podem ter muita mágica, mas apenas se entendermos do que esta realmente se trata. Na antiguidade acreditava-se que alquimistas eram capazes de transformar chumbo em ouro. A ignorância não permite ver o simbolismo de nada, mas quer tudo de forma literal e aí está o equívoco que leva a tantos sofrimentos. O mito da alquimia se refere a transformar tudo aquilo que é pesado e denso dentro de nós, que nos faz sofrer e ficar mal, em algo melhor e muito mais nobre. O chumbo que vira ouro é a mágica que pode acontecer dentro de nós, na nossa mente, nas nossas experiências de vida. Assim, fica-se verdadeiramente rico. Quando transformamos internamente nossos sofrimentos para uma consistência mais nobre e sutil, nos enriquecemos.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>O natal e toda nossa vida, como dizia acima, podem ser mágicos se forem assim compreendidos. Não se trata de viver algo perfeito e que só nos dê gratificações sem limites. O desejo de que as coisas sejam assim, gratificações atrás de gratificações, é um lado infantil nosso que atrapalha vivermos o que está ao nosso alcance, impede vivermos a realidade.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Se nossa crença dita que o natal, os encontros familiares e as vivências precisam ser de uma maneira muito específica e sem defeitos, nos impedimos de viver aquilo que está à nossa frente, dentro das nossas possibilidades. Aí não ficamos com o que temos, mas ficamos com o que achamos de como as coisas deveriam ser. É um mau negócio que dificulta encontrarmos satisfações reais. </p><p>Que nesse natal possamos tirar o melhor dele e que nossas vidas sejam vividas sempre aproveitando o que temos e não nos lamentando pelo o que achamos que precisamos ter para ser feliz. Um feliz Natal!!!</p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-71776064855640877852022-12-20T17:01:00.002-08:002022-12-20T17:03:15.521-08:00O perigo da hipocrisia<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW0hfPzDfQcG9Gf95kq7MeRphTDqsc613VWMC0VYBUD7yp_GlTByLZVy_oLNCh6iEQD5SdA_IkmNITgASnFwuHxqkJlqqeyr0kK5N6nshzVXgzxSoNGJSvv9DqdjxisXwGTKfbPYLXUcdFQQqy_hXY8FoSTDhJrhPsdgwMevS6RjvFTTu72IfZLjwWzA/s884/charge.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="692" data-original-width="884" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW0hfPzDfQcG9Gf95kq7MeRphTDqsc613VWMC0VYBUD7yp_GlTByLZVy_oLNCh6iEQD5SdA_IkmNITgASnFwuHxqkJlqqeyr0kK5N6nshzVXgzxSoNGJSvv9DqdjxisXwGTKfbPYLXUcdFQQqy_hXY8FoSTDhJrhPsdgwMevS6RjvFTTu72IfZLjwWzA/w358-h280/charge.JPG" width="358" /></a></div><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><br /></p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;">Está na ‘moda’ ultimamente jogar comida em obras de arte. Jogaram sopa de tomate num quadro de Van Gogh e purê de batata em um Monet. Houve outras manifestações assim em vários lugares do mundo. Os manifestantes de tais atos querem chamar atenção para as mudanças climáticas que estão assolando o planeta e trazendo miséria e fome em vários cantos do mundo. Realmente, isso é preocupante, as mudanças climáticas afetam a agricultura que poderá ficar prejudicada gerando, no futuro, guerras e muitos outros tipos de sofrimentos. Há um ponto a se considerar no que os ativistas estão querendo mostrar, mas...</p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>Uma charge do cartunista Laerte no jornal A Folha de São Paulo mostra manifestantes prontos para jogar molho de tomate e macarrão na obra Os Retirantes de Cândido Portinari e atrás desses manifestantes havia uma família de retirantes, em carne e osso, que pedem que os manifestantes joguem a comida neles, ao invés de na pintura, mostrando que essa comida seria mais bem aproveitada pelos retirantes reais do que pelo ato de vandalismo em si. Sim, porque se trata de vandalismo. Não podemos deixar de dar nomes aos bois.</p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>Há um ditado antigo que diz que “de boas intenções o inferno está cheio”. Não basta haver somente boas intenções para realizar algo. Muitas coisas começam com as melhores intenções possíveis, mas se desvirtuam se tornando algo bem diferente. Fica muito mais à serviço do causar barulho, criar escândalo, do que de algo realmente eficaz.</p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>A palavra escândalo vem do grego que por sua vez vem do hebraico e significa algo como “pedra de tropeço”. Escandalizar seria o equivalente a tropeçar. Quem escandaliza, na verdade, tropeça e cai podendo nisso levar muita gente a tropeçar e cair junto. Enfim, é uma atitude danosa e prejudicial levando a muitos enganos e sofrimentos. </p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>Muita gente bem-intencionada vem tropeçando feio por aí e não estão sendo eficientes no que querem afirmar. Infelizmente, a aparência, o ruído, conta muito mais que a verdade. Só olhar as redes sociais e notar que há pessoas falando coisas maravilhosas e inspiradoras, mas que ficam só nas palavras, nunca se tornam de fato um ato que gera transformações. Só gera barulho.</p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>Geralmente quanto mais escandalosa for uma manifestação menos eficiente ela é e corre-se o risco de no meio do caminho virar um ato de violência banal como muitos outros por aí. Assim, aquilo que teve um início cheio de boas intenções e era promissor e importante torna-se somente uma ação selvagem e nociva. </p><p dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 8pt; margin-top: 0pt; text-align: justify;"><span style="white-space: pre;"> </span>É necessário, sim, mudar muita coisa nesse mundo e chamar atenção para mazelas gritantes que muitas vezes insistimos em não reconhecer. Fechar os olhos já não pode ser mais uma forma de lidarmos com tudo o que enfrentamos, mas precisamos criar meios de sermos eficientes no que queremos manifestar. Caso contrário corremos o risco de sermos apenas hipócritas. E de hipocrisia o mundo está cheio e não precisa de mais. </p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-37458222820531997102022-12-20T16:50:00.003-08:002022-12-20T16:51:26.223-08:00Sonhar, não sonhar e pesadelo<p><br /></p><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face="Arial, sans-serif" style="font-size: 12pt;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWdNIPtyB7XI0uJ4bqFn42EVKGNtr6pNdNOixY2xNXOcCJra1aX65h30t7OslNvKGnDuKfyOCd_M-1OwhDbRuxPEhb9ATK37l4Q0rtIXn3X5tmdD1qrBlZq_xm_uoBrJ0W3_2-RDFJqwHq7hs_B7MaaxxqzIQgo-8_hh5dUEuv9g6ksUKccEUOZ8zuvA/s4066/elliotm-v9X4-ACaPUs-unsplash.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2452" data-original-width="4066" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWdNIPtyB7XI0uJ4bqFn42EVKGNtr6pNdNOixY2xNXOcCJra1aX65h30t7OslNvKGnDuKfyOCd_M-1OwhDbRuxPEhb9ATK37l4Q0rtIXn3X5tmdD1qrBlZq_xm_uoBrJ0W3_2-RDFJqwHq7hs_B7MaaxxqzIQgo-8_hh5dUEuv9g6ksUKccEUOZ8zuvA/s320/elliotm-v9X4-ACaPUs-unsplash.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"><span style="font-size: 12pt;"> </span> </span>Sem a capacidade de sonhar não somos
humanos. A humanidade depende do quanto podemos sonhar e também em como
sonhamos. Se olharmos para qualquer coisa construída pelo ser humano:
tecnologias, artes, ciência, todas foram antes sonhadas. O avião, por exemplo,
que teve seu voo de estreia com Santos Dumont foi “sonhado” muito tempo antes
dele. O próprio Leonardo da Vinci já havia feito alguns rascunhos de um
aparelho que voasse, mas naquela época faltava ainda muita tecnologia e
entendimentos para que pudesse se realizar de fato. No entanto, provavelmente
vendo os pássaros o homem sonhou em voar. Nossa natureza e fisiologia não
permite que façamos como as aves, mas isso não impediu que voássemos. Apenas
exigiu desenvolvermos os meios que possibilitassem tal proeza. E tudo começou
com um sonho, uma imaginação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Hoje em dia não só há várias naves
aéreas como também já se saiu até do planeta. Isso também foi sonhado
primeiramente. Em qualquer direção que voltamos os olhos para a atividade
humana teve sempre um sonho por detrás. Sonhar então é o que nos torna
verdadeiramente humanos. Uma obra de arte, seja da literatura, das pinturas e
desenho, do cinema, etc precisou primeiro ser imaginada na mente de alguém e ir
ganhando corpo para poder se realizar. As ideias podem encontrar em nossas
mentes um terreno fértil e acolhedor que permitam que elas ganhem cada vez mais
possibilidades de se efetivar. Um filme nasce da cabeça dos roteiristas, do
diretor, dos atores, da equipe toda necessária para fazer o filme sair da imaginação
e acontecer. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os sonhos são vários e há muitos
jeitos de sonhar. Há os sonhos que fazem construções serem levantadas, alta
tecnologia ser criada, mas também há os sonhos pessoais, que desenvolvemos para
as nossas vidas. Eles são sobre o que queremos, sobre os caminhos que sentimos
que precisamos tomar para podermos encontrar realizações e sermos a nós mesmos.
Esses sonhos pessoais de cada um é de vital importância. Por isso uma pessoa
que não sonha está adoecida, não está podendo alcançar a sua humanidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Os distúrbios psíquicos que tanto
falamos como pânico, depressão, crises disso e daquilo impedem de sonhar a
própria vida. A pessoa que sofre desses males fica acuada sem conseguir sonhar
e por conseguinte sem aquilo que impulsiona para seguir em frente. Quem não
sonha não sabe o que quer, nem imagina quais trilhas ao longo da vida sente que
precisa pegar. Fica-se esvaziado e isso é muito limitador.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sem sonhos e sem imaginação a própria
vida fica enfadonha e sentida como se não tivesse valor algum. Isso é algo
perigoso ou no mínimo empobrecedor demais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Contudo, há também a necessidade de
como vamos sonhar. Podemos sonhar bons sonhos, mas podemos também
transforma-los em pesadelos. Os piores horrores que vivemos também foram
sonhados inicialmente, mas se tratavam de pesadelos. Guerras, violências
extremas, torturas, são todos frutos de um sonho que foi virando pesadelo. Um
sonho que não foi bem sonhado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 115%; text-align: justify;"><span face=""Arial",sans-serif" lang="PT-BR" style="line-height: 115%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sonhar e criar pesadelos são frutos da
habilidade humana. Temos uma responsabilidade muito grande com tudo isso. Temos
que nos responsabilizar se sonhamos, não sonhamos ou criamos pesadelos. Vale a
pena refletir.<o:p></o:p></span></p><br /><p></p>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-52215557225515208062022-12-04T16:26:00.002-08:002022-12-04T16:26:42.733-08:00A dor é necessária, o sofrimento é opcional<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGXA96CJxIjEaDAGUQN5ZHX9myi4_WRTT-yGkPU-VK0zbZomsJ50GE8LqpNgZACWS6h_KSWmk7RMn9TsO5alBEbhdDv0QF7fAVZcDsD58952Yrs-SAPfy4J6kFqYJ45QKCDmf4HhU28-XGM3WCt7kmmNZWey_hLKpj3Wfv6k9xSuWe1U5Ekb6sFY0Z6Q/s1024/DALL%C2%B7E%202022-12-04%2021.21.00%20-%20woman%20suffering,%20van%20gogh%20style%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGXA96CJxIjEaDAGUQN5ZHX9myi4_WRTT-yGkPU-VK0zbZomsJ50GE8LqpNgZACWS6h_KSWmk7RMn9TsO5alBEbhdDv0QF7fAVZcDsD58952Yrs-SAPfy4J6kFqYJ45QKCDmf4HhU28-XGM3WCt7kmmNZWey_hLKpj3Wfv6k9xSuWe1U5Ekb6sFY0Z6Q/w244-h244/DALL%C2%B7E%202022-12-04%2021.21.00%20-%20woman%20suffering,%20van%20gogh%20style%20painting.png" width="244" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p>A dor é necessária, o sofrimento é opcional. Há uma diferença muito importante entre a dor e o sofrimento. A dor é inerente à vida, não podemos impedi-la de acontecer e uma hora ou outra ela virá. Perder entes queridos, perder um trabalho, frustrações e rejeições são partes da vida e nos trarão muita dor. Não temos como evitar tudo isso. E ninguém consegue também estar imune a essas dores. Não há anestesia para a vida.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Apesar das dores existirem isso não significa que precisamos estendê-las, prolonga-las. Aí já não se trata mais de dor, mas de sofrimento. A dor não escolhemos, porém o sofrimento sim. O sofrimento se trata de um apego à dor, de uma criação nossa.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Quando alguém procura por análise é porque está sofrendo. A dor todos sentimos vez ou outra, mas o sofrimento é que é a causa das nossas angústias, das nossas doenças psíquicas. A pessoa que sofre é porque ela não sabe viver a dor de uma maneira mais sã. Estar em análise é aprender a lidar com a dor sem transforma-la em sofrimento. A psicanálise não tira a dor de ninguém, ela não tem esse poder e nem essa pretensão até porque a dor é natural. Com as dores, tanto físicas quanto mentais, podemos aprender muito sobre nós mesmos e não abusarmos de nada que nos prejudica. Ao sentir dor temos a chance de aprendermos a nos preservar e também de transformar muitas coisas em nossas vidas. Quando mudamos podemos crescer e nos expandir.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>A dor, então, não é nossa inimiga, mas algo que a vida nos impõe até para que possamos tirar proveito, mesmo que não seja fácil nem agradável. Sem dor não cresceríamos, não aprenderíamos sobre nossas vidas. Também sem dor não valorizaríamos nossos relacionamentos e tudo aquilo que nos é importante. Por isso mesmo a dor é necessária.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Ao contrário da dor o sofrimento não é natural, não é dado pela vida, mas é algo que geramos. E sua origem vem geralmente do fato de que não aceitamos a vida e suas dores, mas que queríamos que ela fosse algo que tivéssemos controle. Quando alguém briga com a vida, achando que esta deveria ser assim ou assado, gera um sofrimento dentro de si. E esse sofrimento pode se transformar em coisa pior tal como um distúrbio psíquico. Claro que há muito mais variáveis na formação de uma doença mental, não quero parecer simplista, mas é justamente o sofrimento que vai alimentando e reforçando os nossos males mentais.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Uma coisa difícil de entender para muitas pessoas é que se faz necessário aprender a lidar com a dor de uma maneira que esta não se transforme em sofrimento e que este não fique habitando dentro de nós. Acreditamos que um tratamento psicanalítico, por exemplo, nos tire a dor e o sofrimento, mas trata-se de um terrível engano. A dor não pode mesmo ser tirada, ela sempre existirá. Já a respeito do sofrimento a psicanálise pode nos ajudar a não ficarmos apegados a ele, a não ficar vivendo no sofrimento e fazer dele a nossa vida e razão de ser. A psicanálise nos ajuda a sermos mais sábios quando nos aponta que podemos viver de outras maneiras muito mais favoráveis além do sofrimento. </p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6260003796230524545.post-31177106631225078352022-12-04T16:22:00.002-08:002022-12-04T16:22:15.365-08:00Uma mente "quebrada"<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjHV9TTB0h-xeDl05oB_6xgOfbpbsa2dopPs0SUeS3KpekPUiR5aW5SVCZUcQGArqSDEVfy56AtpaEbANNyTG9eHbjEdAEk8zLmvmDWQsdaidrOf4c3ruSjUUYYZrFpmFkyb8pJV7eyIsR6aMw2-iM-eLCJRL9poWEVlvJnRismcq9CVWNB3wuNNbHLw/s1024/DALL%C2%B7E%202022-12-04%2021.18.02%20-%20broken%20mind,%20salvador%20dali%20style%20painting.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1024" data-original-width="1024" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhjHV9TTB0h-xeDl05oB_6xgOfbpbsa2dopPs0SUeS3KpekPUiR5aW5SVCZUcQGArqSDEVfy56AtpaEbANNyTG9eHbjEdAEk8zLmvmDWQsdaidrOf4c3ruSjUUYYZrFpmFkyb8pJV7eyIsR6aMw2-iM-eLCJRL9poWEVlvJnRismcq9CVWNB3wuNNbHLw/w235-h235/DALL%C2%B7E%202022-12-04%2021.18.02%20-%20broken%20mind,%20salvador%20dali%20style%20painting.png" width="235" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><p>Uma vez que uma peça de porcelana é quebrada ela pode ficar além de qualquer tipo de conserto. Em alguns casos, dependendo da avaria, pode-se usar técnicas que juntem os pedaços, um tipo de conserto, mas se o dano for mais severo fica além de qualquer restauração. Uma coisa é clara, no entanto, mesmo que ‘reparada’ a peça jamais será a mesma, nunca recuperará o mesmo estado anterior antes da quebra. Se estivermos falando de uma peça antiga valiosa ou com valor sentimental pode ser uma perda muito triste, mas também podemos olhar para isso como uma bela metáfora do que se passa na nossa mente.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Quando uma pessoa tem um ‘surto’, uma crise de pânico, um episódio de depressão, qualquer situação geradora de fortes angústias, algo que abala seus fundamentos de como as coisas eram, algo dentro dela, de seu mundo interno, também se quebra. Uma vez que nossa mente se ‘parte’ não tem mais como voltar ao que se era antes. A mudança veio para ficar. O que vai diferir entre as pessoas é como cada um vai lidar com o que mudou dentro de si.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Em muitos casos, às vezes graves, nossa mente é severamente estremecida e temos que catar os cacos da maneira que for possível para tentar remenda-los e nos reconstruirmos. Uma perda de um ente querido, de um emprego, de um lar, da saúde, etc... podem ser eventos traumáticos que viram a cabeça de qualquer um e quebram aquilo que não esperávamos que se partisse de forma tão repentina. Nesses momentos um indivíduo pode “surtar” das mais variadas maneiras e é comum que após esse surto procure um profissional da saúde mental. Quando chega no consultório sempre pede que o profissional o faça retornar ao estado mental anterior. Pede, portanto, o impossível.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Os pacientes que nos procuram desejam sair rapidamente de seus estados de angústia, querem voltar a um estado onde a angústia não existia ou não era nítida o bastante para ser percebida. E é justamente aí que o profissional de saúde mental terá que ajudar o paciente a compreender que isso não é possível e que a vida será sempre daqui para frente, nunca daqui para trás. É um momento muito doloroso e até assustador porque mostra que algo dentro do paciente foi partido e que jamais retornará como era antes, mas que se fará necessário desenvolver novos recursos internos para lidar com as rupturas e traumas. O paciente precisará se reconstruir da melhor forma que lhe for possível, juntar os seus pedaços e transforma-los em algo novo que possa servi-lo a continuar a vida.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>A grande verdade é que muitas pessoas têm a chance de se reconstruírem mais fortes e melhor. Isso ocorre todos os dias com milhões de pessoas mundo afora. Elas ‘quebram’, mas se puderem fazer um bom uso de suas mentes poderão se reerguer e descobrir, bem como criar, forças que jamais pensaram existir dentro de si mesmas. Se a peça de porcelana se fragmentou em muitos cacos podemos então usá-los para fazer um mosaico.</p><p><span style="white-space: pre;"> </span>Para isso ser possível, contudo, não é fácil e não basta apenas boa vontade, mas imensa força de vontade para persistir no caminho de se auto reconstruir, suportar as dores e frustrações advindas com o ‘fim’ de algo e esperança por um futuro promissor. Tudo isso só se dá dentro de nosso espaço mental, ou seja, de nossas mentes. Sem o mínimo de saúde mental não podemos nos restaurar e aprender a lidar com os sufocos que a vida sempre nos dá. </p><div><br /></div>Sylvio Schreinerhttp://www.blogger.com/profile/07044700840859254618noreply@blogger.com0