segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Mudando o Foco



            Nas figuras acima é possível ter uma ideia de como a habilidade de se mudar o foco é importante e enriquecedora. Na primeira delas, podemos ver dois rostos, um de frente para o outro ou ver um vaso. Depende de qual é a sua perspectiva. Já na segunda figura podemos ver uma mulher jovem ou uma anciã e aqui também o foco vai definir o que você está vendo. Agora, não são apenas em imagens que saber mudar de foco se faz importante, mas principalmente em como vivemos nossas vidas.
            As vezes, uma determinada pessoa fica tão identificada e agarrada a um determinado pensamento que tem a certeza de que aquilo que vê é  a única coisa que existe e desconsidera qualquer outro ponto de vista. Veja o perigo que isso representa porque fazer de um único pensamento ou ideia uma verdade absoluta corre-se o risco de se criar um dogma que, por sua vez, abre espaço para uma visão preconceituosa e empobrecedora.
            Não existem verdades absolutas e insistir nisso é apenas a demonstração de que o ser humano sofre com as angústias da incerteza. O que mais assusta as pessoas é elas se depararem com a consciência de que, no fundo, não têm certeza de coisa alguma. Tolerar o estado de não saber é que permite que continuemos aprendendo e não fiquemos estancados num falso saber. O falso saber, aliás, está relacionado com a arrogância, que é quando alguém se apega apenas aquilo que vê e se recusa a abrir espaço para novos pontos de vista.
            Assim como nas figuras acima a vida é rica demais para se ter apenas algumas poucas verdades e perspectivas. No entanto, mudar a própria perspectiva não é um processo fácil e exige muito trabalho. Mudar de perspectiva demanda humildade, pois só esta permite à mente aprender com aquilo que é desconhecido. Quantos problemas e mal entendidos no mundo não poderiam ser evitados se houvesse a possibilidade das pessoas mudarem seus focos? E também quantos problemas e adversidades que vivemos poderiam ser muito melhores aproveitados se pudéssemos mudar de perspectiva. Assim aquilo que parecia ser uma catástrofe e tragédia poderia ser visto como algo novo e talvez, até, como material para o nosso desenvolvimento. 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Pergunta de Leitora - Ressignificar


Sou cheia de regras e não consigo viver sem elas. Por exemplo, quando alguém sai da minha casa depois de uma visita eu limpo tudo até mesmo lugares onde a visita não esteve. Se não limpar me sinto contaminada com a sujeira e de que algo está muito errado. Só consigo dormir se verifico se a porta está trancada várias vezes durante a noite e quando me deito me pergunto se quando eu fui verificar se a porta estava trancada eu não a abri sem querer e agora ela está aberta. Enfim, acho que deu para dar uma ideia da situação. Me indicaram a terapia cognitivo-comportamental, mas até agora dois psicólogos não conseguiram me ajudar. Sei lá o que me acontece, mas queria ser diferente, mais relaxada e não me preocupar.

            Regras são importantes e viver sem elas, até certo ponto, é impossível. Elas promovem a possibilidade de vivermos bem. Porém, você não fala de regras mas de leis marciais impostas pelo seu inconsciente que não lhe permitem viver. Quando é assim a vida se torna impossível porque fica muito restringida.
            Não sei o que falar da terapia cognitivo-comportamental já que trabalho com a psicanálise, mas sei que você deve olhar para o significado de suas “regras”, ou seja, encontrar o que está fazendo consigo ao estabelecer regras que nada mais fazem do que limitar a possibilidade de você viver. A psicanálise tem como lhe ajudar a encontrar o sentido que você necessita.
            Quando você fala de se sentir contaminada com a sujeira não é da sujeira física e concreta que você tem medo. Essa sujeira é a que seus olhos conseguem ver e mensurar, mas a sujeira que você realmente teme está dentro de você. Aliás, nem se trata de sujeira mas do que você sente como sujeira. Nesse caso os seus pensamentos ficam equivalentes à algo sujo. Quando limpa a casa inteira está tentando limpar seus pensamentos. Quando teme deixar a porta destrancada teme destrancar a si mesma e talvez o que possa descobrir sobre si própria.
            Isso tudo é muito óbvio só que o que não é óbvio é o porquê tem que ser assim. Esse porquê só pode ser descoberto e resolvido ao você se voltar para si mesma e para os seus significados. Quando compreender porque se repete poderá escolher outro caminho. A psicanálise não convida o analisando apenas a se livrar dos sintomas, mas a ressignificar a maneira que está vivendo. Neste momento é o que você mais está necessitada para poder viver de fato.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Análise de Filme: A Bela e a Fera



            O filme francês A Bela e a Fera (La Belle et la Bête, 2014) é muito bem contado e se diferencia favoravelmente da horrível safra de filmes de contos de fadas que vem saindo ultimamente. Os contos de fadas transformados em filmes vêm sendo mutilados e perdendo a riqueza de seus significados. O que fica é um filme vazio com uma bela fotografia, mas nada de enredo. Já este filme francês nos permite ver significados muitos interessantes para refletirmos sobre o que é uma união amorosa.
            A história de A Bela e a Fera é sobre o relacionamento amoroso entre uma mulher e um homem e mais precisamente como uma mulher salva um homem de seus conteúdos mais primitivos e o ajuda a se transformar verdadeiramente em um homem. A Fera é apenas uma metáfora para mostrar um homem que ainda não é de fato um homem, é somente um ser do gênero masculino.
            Essa “fera” se percebe gostar de uma mulher, se sente atraído por ela, mas não sabe se relacionar. É grosseiro, rude, provocador de mágoas. Possessivo, se acha dono da mulher pela qual se sente atraído, limitando sua liberdade e seus desejos. Ele acredita que agindo assim a terá para si, mas engana-se porque não se é possível prender o coração de outra pessoa. Para tê-la, não de forma possessiva, mas amorosamente ele precisará conquista-la.
            Um homem só se torna homem quando se permite abrir mão de mecanismos primitivos que o deixam mais para animal e passa a construir dentro de si uma humanidade. É essa humanidade que lhe permite entender a sutileza de uma relação amorosa e que o amor requer delicadeza sempre. Sem esses ingredientes pode haver paixão e atração, mas nunca amor.
            E a medida que Bela vai ajudando a Fera a se tornar um homem, este vai ajudando Bela a ser uma mulher. Ela vai aprendendo a amar e deixar de lado os sonhos infantis do que seria um relacionamento. O príncipe encantado se torna um homem real o que por sua vez a torna numa mulher real e não mais uma menina carregada de idealizações. O filme mostra que formar uma união entre um homem e uma mulher é trabalhoso e demanda dos dois aprender com as experiências do que vivem um com o outro. Casar não é só uma questão de assinar documentos ou ser abençoado por um religioso, mas de crescer juntos. O casamento só existe quando a mulher ajuda o seu homem a se transformar num homem e o homem ajuda a mulher a se transformar numa mulher, quando um desperta o que há de melhor no outro. 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Pergunta de Leitora - Desejo e Espera


Sou muito bem casada e amo demais meu marido. Não me vejo longe dele. Só que na área sexual não damos certo. Transamos muito pouco. Eu quero mais mas ele parece que se satisfaz com uma frequência pequena. Com isso eu fico com o desejo nas alturas e fantasio estar transando com outros homens. Quando ando na rua e um homem me olha com desejo eu fico excitada e imagino cenas dele comigo. Eu procuro meu marido mas ele não se excita e isso me deixa com vontade de trair. Mas trair não é comigo, não quero isso para a minha vida. Não sei mais o que fazer.

            Você e seu marido se dão bem, segundo você acredita, e vê nele um companheiro, para toda a vida, que te agrada. Porém, você está insatisfeita porque a satisfação sexual não ocorre com a frequência que deseja e talvez nem com a intensidade que quer. Na parte sexual você e seu marido não se coincidem, mas se frustram.
            Nem sempre casamento e desejo sexual coincidem. Ás vezes se excluem. Para essas pessoas o amante é possível, pois o amante não é o companheiro para a vida, mas apenas um parceiro para o sexo. Entretanto, não são todos que podem ou querem viver assim. Parece ser o seu caso.
            Trair lhe é impossível porque entende que coloca em risco a boa relação que tem com seu marido. O que você deseja é o encontro amoroso com seu marido que ainda não ocorreu. Nesses momentos é melhor não fazer nada, para não arriscar meter os pés pelas mãos e perder o que não pode arcar. É melhor esperar.
            A espera não precisa ser passiva, acomodada. Pode ser uma espera ativa onde você “procure” o seu marido de maneiras que ainda não o procurou. Quem sabe assim algo possa surgir? Para o que você deseja viver com o seu marido requer inventividade. Talvez vocês dois ainda não se encontraram e por isso não vibrem juntos na mesma frequência. Só tentando você pode descobrir o que pode ser. Antes dessa tentativa parece temerário fazer qualquer coisa. Procure ajuda o quanto antes para entender melhor o que se passa com você, pois o tempo corre e nunca é recuperado. 

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Antes da Primavera Chegar


Parker Palmer disse: “Há uma verdade difícil de ser dita: antes da primavera tornar-se bonita, é uma coisa feia, nada além de lama e sujeira. Eu andei no início da primavera através de campos que vão sugar suas botas, um mundo tão molhado e lamentável que faz você ansiar pelo retorno do gelo. Mas, nesta bagunça enlameada, está sendo criada as condições para o renascimento.” 
Alguém que está em análise, por exemplo, entende bem o significado dessa ideia acima. Quando um indivíduo passa por um processo de análise muito do gelo do seu “inverno interno” vai se derretendo. Porém, mudanças não são, em princípio, sentidas como coisas boas, mas despertam muitas e variadas angústias que fazem com que o indivíduo em análise fique temeroso e se perguntando o que está acontecendo consigo. 
Antes da análise o funcionamento deste suposto indivíduo estava cristalizado em diversas defesas, que podemos comparar aqui a cristais de gelo. Essas defesas serviam-lhe para não entrar em contato com suas dores e lembranças que causam sofrimento. Alguém cristalizar e fazer uso intenso de suas defesas é uma maneira de “congelar” tudo aquilo que lhe traga medo e dor. No entanto, essas mesmas defesas que em algum momento foram úteis e protegeram o indivíduo têm também outro lado e um preço alto. Assim como camadas de gelo impedem a vida de nascer em todo o seu esplendor, defesas psíquicas não permitem viver a vida com prazer e qualidade, pois deixa a mente paralisada (congelada).
Quando mexe-se nessas defesas o que o sujeito em análise sente é um medo terrível. Afinal, as defesas eram seus pontos de referência e a sua única segurança e de repente estas são descongeladas e reviradas. O sentimento que desperta não poderia mesmo ser diferente do puro terror. Muito daquilo que se evitava sentir e tomar conhecimento começa surgir à tona. O indivíduo sente uma verdadeira confusão e há momentos que deseja fortemente que não houvesse havido nenhum degelo de suas defesas. É o que, no pensamento acima, o autor chamou de lama e sujeira e a vontade de que o gelo volte a cobrir os campos novamente.
Só que sem tolerar essa lama e sujeira não há possibilidade de uma vida nova nascer. Esse período feio e desolador mostra que o gelo ficou para trás. Nesse momento de uma análise é necessário muita tolerância. O medo de que fique para sempre uma paisagem sem vida tem que ser tolerado para que algo novo tenha tempo de aparecer. Assim como a grama e outras plantas brotam no seu devido tempo, os recursos mentais para se lidar com aquilo que se sente também começam a ser construídos. A vida torna-se possível e de uma maneira bem mais bonita e prazerosa.
A primavera abre um novo estágio. O gelo ficou no passado e a vida que se estende à frente é muito mais atrativa. Numa análise, esse é o momento em que o indivíduo pode superar seu passado e encontrar soluções bem mais eficazes para as suas dores. A vida mental torna-se rica para o crescimento. Não mais se precisa daquelas antigas defesas, pois novas maneiras de se lidar com os problemas são criadas fazendo com que as dores e angústias encontrem outro desfecho. A pessoa pode renascer e se recriar de uma forma mais proveitosa. A primavera interna é possível para aqueles que suportarem a lama e confusão. 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Pergunta de Leitor - De Vítima a Autor


Sofri um trauma quando criança com apenas 9 anos e que até agora não me sinto recuperado. Hoje tenho 27 anos. Um dia quando dormia meu padrasto chegou até mim e começou a manipular meu pênis. Acordei e ele continuou mexendo. Não sabia o que fazer. Depois contei para a minha mãe que nunca acreditou em mim e mandava eu ficar quieto e não falar disso. Hoje tenho problemas na área sexual. Não sei se gosto de homens ou mulheres. Já transei com os dois, mas sempre depois de cada relação eu fico me sentindo mal e sujo. É como se eu tivesse feito algo errado. Meu padrasto me abusou durante alguns anos e teve vezes que eu cheguei a gozar. Acho que sou um pervertido sexual, pois em alguns momentos eu até gostei. Mas acho que o sexo sempre será algo sujo para mim.

            Você se acha um pervertido sexual, mas quem era pervertido era seu padrasto que abusou de uma criança. Crianças não sabem se defender e nem se preservar desses ataques, ainda mais com uma mãe muito impotente que preferia o silêncio do que enfrentar a realidade. Você ficou sozinho e desamparado numa situação muito dolorosa e não é nenhuma surpresa hoje você ter problemas para viver a sexualidade.
            A sexualidade lhe foi imposta de maneira violenta. Quando um adulto, que deveria preservar o bem estar de um menor, impõe a sexualidade é um abuso que deveria render prisão. Bom, a lei para isso até existe, porém nem sempre funciona como deveria. A manipulação sexual de uma criança mexe com sua mente, tornando tudo confuso. Acaba dando prazer, mas junto vem a vergonha e o sentimento de ter sido violentado sem o menor respeito. Essa mistura de sensações é danosa para o bom desenvolvimento psicossexual.
            Hoje você está confuso e vive um conflito com a forma de experimentar a sexualidade. Ao mesmo tempo que deseja e quer se satisfazer também se sente culpado por achar que o que deseja é pervertido. Aliás, você nem sabe o que deseja na sexualidade porque nada pôde ser construído. O prazer, nesse caso, ficou associado com algo muito negativo e prejudicial. O que se faz necessário então é poder dissociar a sexualidade desse registro passado, criar um novo registro para a forma que vive a sexualidade, enfim, em outras palavras, precisa ressignificar como lida com a sexualidade.
            É trabalho árduo e que exigirá paciência e tolerância. Por isso mesmo não perca tempo e procure alguém que possa te ajudar a se reconstruir. A boa vida sexual é muito importante e favorável para o bem estar geral. A sua qualidade de vida atualmente está prejudicada pelas marcas do passado criadas por pessoas pervertidas e omissas. O filósofo francês Sartre dizia que mais importante do que olhar para o passado e se lastimar é poder saber o que se vai fazer com o que ocorreu no passado. Partindo dessa ideia do filósofo existencialista você deixa de ser vítima para ser autor da própria vida.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ciúme entre irmãos


            É mais do que natural existir a presença de ciúmes quando uma criança está prestes a ganhar um irmão. É um momento que traz muitas inseguranças, bem como raiva pelo novo ser que surge e que representa um perigo para a criança já existente. Não há em nenhuma criança a falta desse sentimento que é o ciúme. Mesmo naquelas que aparentam uma tranquilidade o ciúme existe e mexe por dentro de forma desconfortável.
            Esse ciúme ocorre porque a vinda de um irmão significa um rival a mais no amor que recebe dos pais. Cada irmão novo que vem é sentido como um ladrão da atenção e afetos que se recebe. Obviamente tomar consciência da vinda de um irmão é doloroso e muito frequentemente reagimos à dor com raiva e ódio. Ninguém quer perder a posição já conquistada e nem ter que dividir. Imagine a seguinte situação para entender o que uma criança sente: uma mulher chega em casa e diz ao marido que gostou tanto de viver um relacionamento com ele que decidiu trazer outro homem para casa para se relacionar. O que acha que esse marido sentiria?
            Muitas crianças, entretanto, percebem que o ódio que nutrem pelo irmãozinho é mal recebido pelos os que o rodeiam e que persistir nesse sentimento vai fazer com que perca mais o que sente já estar perdendo e então se portam de uma maneira completamente oposta. Passam a ser atenciosas e cheias de falas que visam à proteção do pequeno irmão, encantando tantos os adultos ao seu redor. Em vez de demonstrarem o ódio que sentem mostram uma faceta contrária e assim ganham pontos. Claro que isso também pode favorecer uma mudança verdadeira e muitos irmãos mais velhos acabam por gostar e se sentir responsáveis por aquela nova criatura em suas vidas.
            Quando nos conscientizamos do ciúme ficamos mais cientes das ambivalências entre o amor o ódio. Muitas vezes amamos e odiamos uma mesma figura ao mesmo tempo. Ao nos darmos conta da ambivalência somos mais donos de nós mesmos e podemos escolher quais serão nossas atitudes em vez de ficarmos presos às emoções sem nem ao menos poder pensar sobre o que elas significam. Toda rivalidade que sentimos na infância tem ressonância na vida adulta e na maneira que vivemos o presente. Saber que destino damos aos nossos sentimentos é sempre a melhor maneira de podermos mudar o que vivemos hoje. 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Pergunta de Leitora - A Importância da Auto-escuta


Gostaria de saber a sua opinião sobre esta situação da qual estou passando. Sempre tive um pouco de dificuldade, mas agora a coisa ficou feia... Tem uma amiga minha, que não a vejo faz quase um ano, e nesse tempo percebi o quanto a amizade dela é importante para mim. A gente tá sempre conversando, mas toda vez que a gente marca de fazer alguma coisa, eu fico ansiosa, preciso até tomar remédio... Aí não dá certo e eu fico frustrada... O problema é que qualquer pessoa que vejo na rua parecida com ela, parece que vou ter um treco!


            A amizade dela lhe é importante você diz, ou seja, você a preza e valoriza, mas quando vai encontrar-se com ela a ansiedade fala mais alto estragando tudo e lhe deixando apenas frustração. Você já tinha dificuldades antes porém agora as coisas pioraram. A questão é: o que você vem fazendo consigo mesma?
            Claro que falta mais dados para sabermos, o que você escreveu é pouco para algo tão complexo, mas fica a impressão que viver a experiência real do encontro desperta ansiedades muito fortes e que te causam doídos prejuízos. Prejuízo porque o que você queria na verdade era conseguir se encontrar com sua amiga. Hoje você vive pagando prejuízos.
            Manter uma amizade por meios virtuais é uma coisa. Outra bem diferente é se permitir sentir a realidade. Não sei que questões você coloca ao pensar na possibilidade de um encontro, mas certamente não saber se o encontro real vai ser tão bom quanto a comunicação que vocês duas mantêm virtualmente deve criar uma barreira formando muitas fantasias. Em outras palavras, a ansiedade que te impede de viver está relacionada com suas fantasias e não com a realidade.
            Descobri-las e dar um sentido a essas fantasias é que se faz necessário. Para isso vai precisar se voltar ao inconsciente. Quando algo ilógico e irracional nos domina é porque vem do inconsciente, esse continente dentro de nós que se não deciframos nos influencia sem nos darmos conta. Vai precisar criar palavras para dar sentido ao que sente e com isso ter a chance de viver o que deseja e não mais se frustrar. O recurso que você precisa é a da análise que pode te mostrar como você pode se escutar. A importância de se auto-escutar é que quem não se escuta sempre se repete e jamais encontra liberdade.