Há
uma lenda entre os índios norte-americanos que diz que no coração de cada
pessoa há dois lobos morando. Um deles é o lobo do amor que é sempre cuidadoso
e leal. Está sempre atento a ajudar e a bem defender o que é seu. Porém, há
também o lobo do ódio. Este representa um perigo grande já que é traiçoeiro e
está sempre procurando trazer destruição. Segundo a lenda esses lobos vivem
juntos no ser humano e cabe a cada um saber o que e o quanto vai dar de
alimento a cada lobo.
Uma
lenda tão simples como essa contém uma verdade esclarecedora da maneira como
podemos estar vivendo. Todo mundo carrega dentro de si emoções primitivas.
Voracidade, inveja, rapidez para o sentimento de ódio são coisas fáceis e que
vêm sem nenhum esforço da nossa parte. Já sentimentos mais generosos como amor,
empatia e temperança são bem mais difíceis de conseguir pois exigem mais
esforço e persistência.
Em
nossas vidas devemos sempre estar atentos a qual lobo mais damos atenção. A
qual lobo mais estamos ligados. Caso estejamos nos entregando com muita
freqüência a sentimentos que nos causam mal, estamos permitindo que o lobo do
ódio fique mais forte. Ele passa a dominar a mente, submetendo-a a seus
caprichos que só trazem dor e adoecimento. Agora, se a gente começar a dar
limites a esse lobo e não se entregar tão docilmente a ele, abre-se uma
oportunidade para o lobo do amor se desenvolver e com o lobo do amor mais
fortalecido nos enriquecemos com coisa boas.
Há
sempre uma luta entre esses dois lobos dentro de cada um de nós. É uma luta que
exige tempo e paciência para aprendermos como lidar com cada um desses lobos.
Não é uma luta que se resolve do dia para a noite. Ás vezes leva uma vida
inteira, mas é uma luta necessária. E nessa luta não se trata de matar o lobo
do ódio, porém de deixá-lo controlado. Matar o lobo do ódio dentro de nós é
impossível, pois é uma parte nossa e não podemos jamais destruir partes nossas,
no entanto podemos e devemos, para o nosso próprio bem estar e desenvolvimento,
controlar aquilo que nos causa sofrimento. Ao não ser constantemente alimentado
o lobo do ódio se enfraquece e não pode mais nos dominar. O lobo do amor pode
então se fortalecer e passar a ser nosso companheiro. E quanto mais alimentado
for o lobo do amor, mais distantes ficamos da fúria do lobo do ódio, mais
ficamos preservados e protegidos. As vezes sozinhos não conseguimos diferenciar cada um desses lobos dentro de nós. Os índios contavam com os xamãs que ajudavam os outros a entenderem isso dentro de si. Já nós podemos contar com a nossa análise.
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