segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Arqueologia da Mente


            Freud, criador da psicanálise, possuía uma vasta coleção de artefatos arqueológicos em seu consultório e o seu amor pelos estudos da arqueologia era tão intenso que chegou até afirmar que havia lido mais sobre arqueologia do que sobre psicologia. Seu hobby de colecionar objetos antigos fez até com que um paciente confundisse seu consultório de psicanalista com o escritório de um curador de museu. Arqueologia e psicanálise têm muito em comum.
            A arqueologia é a ciência que estuda civilizações extintas através dos vestígios que restaram delas. É quase sempre preciso uma escavação, camada por camada, para que objetos antigos sejam recuperados e com esses mesmos objetos em mãos pode-se inferir como era o modo de vida, o estilo, as crenças e as sociedades antigas. É um trabalho complexo e que demanda paciência e extremo cuidado ao lidar com artefatos tão frágeis e que correm o risco de virarem pó se forem manejados inadequadamente. E o que é a psicanálise senão uma arqueologia da mente?
            Numa análise muito do que no passado havia sido reprimido (soterrado) e dado por perdido pode ser recuperado e com isso se entender muito dos sintomas do presente. Ao se analisar o passado podemos ter mais entendimento do que nos acontece no agora e assim há a possibilidade de nos libertarmos de muitos sintomas que nos prendiam e tornava a vida dura. Nosso inconsciente é tal qual essa civilização extinta, mas que se for “escavada”, ou seja, investigada pode revelar muito sobre nós. É também um trabalho complexo e que exige muito cuidado.
          Nas palavras do próprio Freud “o psicanalista, como o arqueólogo, deve descobrir uma camada após a outra da mente do paciente, antes de alcançar os tesouros mais profundos e valiosos.” Temos um tesouro em nossas mentes e descobri-los nos permite viver com mais qualidade e sabor. Quando ignoramos nosso tesouro interno deixamos de nos conhecer mais intimamente e por isso mesmo nos enganamos mais, adoecemos mais e vivemos menos. Podemos todos ser arqueólogos de nós mesmos para desvendarmos e aprender com o passado e daí criar um futuro bem mais favorável ao crescimento de nossas vidas.

Um comentário:

  1. Gostei da matéria que complementou meu entendimento sobre o que Freud entendia pelo método arqueológico da mente.

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