sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Pergunta de leitora - Não se faz uma omelete sem quebrar os ovos


Estou casada com um tirano. Ele me trata como uma empregada doméstica sem salário. Não tenho um único gesto de carinho e reconhecimento. Às vezes ele chega a me bater e quando tenho que pedir dinheiro para ele, ele fica furioso e grita comigo como se eu estivesse tirando tudo dele. Me chama de inútil e imprestável e diz que nem como prostituta eu daria certo. Tenho uma filha de 4 anos e não sei que educação estou dando para ela. Ele nos despreza. O que será que eu posso fazer? Me dê uma luz. Só não quero me separar porque não sei fazer nada na vida e não tenho para onde ir. Tenho muito medo de ficar jogada e não sei se aguento ficar sozinha.

            Você coloca tão poucas possibilidades de ser ajudada que faz pensar se quer mesmo resolver essa situação. Como será que você espera ser ajudada? O que será que você imagina que seria uma luz para o seu caso?
            Se você espera que seu marido vá mudar está se enganando. Não temos como ser felizes quando desejamos o impossível. Pelo o que você conta, seu marido te tortura, até te bate, te humilha e isso é caso de polícia. É contra a lei sofrer abusos e o agressor pode até ir para a cadeia. Mas a questão é se você conseguiria seguir este caminho.
            A falta de confiança em você mesma faz você temer ter que cuidar de si e da sua filha. Portanto, você só sairá desta posição que você se encontra à medida que puder ter um auto olhar mais apreciativo por você mesma. Não tem saída fácil e sem preço para o que você vive hoje. Como é você - e só você - que vai pagar o preço precisa decidir até onde está disposta a ir, mas não se iluda que exista uma solução sem você mudar a posição que ocupa ou de que seu marido vai ter uma transformação milagrosa e passar a te tratar com dignidade. Como já se diz no ditado popular “Para se fazer uma omelete é preciso quebrar os ovos”, ou seja, caso queira mesmo uma mudança, vai ter que quebrar algumas barreiras que hoje te seguram, senão nada ocorrerá. 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

O que é um talismã?

      

        Muitas pessoas fazem uso de talismãs. Seja um pé de coelho, uma figa, uma pimenta, um olho aberto, etc. Quem faz uso desses objetos acredita que eles os protegerão de tudo o que for negativo e atrairão sorte e coisas boas. Algumas pessoas até se sentem mais confortáveis caso tenham algum talismã por perto e ficam preocupadas quando se veem sem seus objetos da sorte. Mas o que é um talismã e de onde surgiu a crença de que determinados objetos possam ser tão poderosos?
          A palavra talismã surgiu na Antiga Grécia. Originalmente, tinha um significado totalmente diferente do de hoje. Antes, a palavra telesma, que deu origem a talismã, significava sentimento de completude, ou seja, era tudo aquilo que nos dava a sensação de estar completo. Sabendo disso podemos e devemos ter nossos talismãs, mas agora eles não precisam mais ser encontrados em objetos externos e concretos, porém, podem existir no nosso mundo interno. Podem ser simbólicos.
          Um talismã no mundo interno nada mais é do que desenvolver a própria mente que, aliás, é o melhor talismã que existe de fato. Quanto mais desenvolvemos nossas mentes mais nos sentimos completos, não naquele sentido de que nada falta (que é irreal), mas no sentido de se poder viver autoconfiança e autoestima, lidar melhor com a vida e suas adversidades. Quanto mais nos desenvolvemos mais nos colocamos disponíveis para as boas experiências da vida e menos nos ligamos a funcionamentos que nos aprisionam. Ao usar a própria mente como talismã passamos a buscar a sorte e a felicidade. Não só buscar como também a criar.       
     Pelo autoconhecimento, infelizmente, ser algo tão pouco valorizado pela maioria das pessoas elas tendem a procurar sua sorte no mundo externo apenas. Terminam por valorizar objetos/pessoas que ganham “poderes sobrenaturais” e se esquecem de valorizar suas mentes, que são as coisas mais preciosas que têm. É mais fácil realmente valorizar aquilo que está fora e é palpável. A mente se encontra em outra dimensão, a subjetiva, e que demanda mais trabalho para ser encontrada. Quem se apega a objetos e os fazem de talismãs age como crianças que necessitam de determinados objetos considerados mágicos para se sentirem seguras. Ficam com medo de largar a chupeta, mas é preciso crescer e abandonar alguns pensamentos e substituí-los por outros mais inteligentes.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Pergunta de leitora-As mudanças nas relações entre pais e filhos

Meu filho é pré-adolescente. Ele tem um celular e fica sempre conversando com os amigos e nas redes sociais. Fico com medo de ele encontrar virtualmente alguém que lhe faça mal. Me lembro do meu tempo, quando não existia essas tecnologias e era tudo melhor e mais seguro. Hoje não sabemos como lidar com os filhos e jovens nesse mundo moderno. Às vezes queria proibir meu filho de usar celular, mas também é algo seguro e eu o encontro em qualquer hora se ele tiver um celular. Tenho a impressão que o mundo, com a tecnologia, está mais perigoso. Como podemos viver com essa tecnologia?

            A tecnologia moderna oferece riscos e acima de tudo medo, justamente porque se trata de algo novo e desconhecido. Tendemos a idealizar um tempo passado como melhor apenas porque ele é conhecido e já foram criados muitos pontos de referências. Nessa idealização desejamos voltar atrás, como se fosse possível e viável viver como antigamente e fechar os olhos frente a toda novidade de agora. Porém, o tempo jamais volta atrás.
            Gostando ou não a tecnologia veio para ficar e isso não tem mais volta. As crianças serão diferentes das crianças do passado e isso faz com que os pais também tenham que mudar. Os pais também terão que ser diferentes e aprender a lidar com questões e indagações que antes não existiam. Ser pai e mãe não é algo fixo e que vem com um modelo padrão a ser seguido, mas requer constantes transformações.
            Perigo há de monte nas redes sociais, mas também existe perigo num mundo sem conexão rápida proporcionada pela internet. Perigos fazem parte da vida. Não há como estar num mundo sem perigos. O que importa, entretanto, é preparar os jovens para se depararem e se preservarem dos perigos que existem. O problema não é o celular em si, mas o excesso de informações que existe e que o jovem ainda não aprendeu a dar conta. Os jovens precisam aprender a processar tudo o que lhes acontece e fazer um bom uso da tecnologia.
            O uso da tecnologia pode ser feito tanto para o bem quanto para o mal, mas é a forma que cada um se relaciona com ela que vai formar como se dará essa experiência. A única maneira é você sempre conversar com seu filho, sempre se colocar disponível para que ele possa contar com você. Se você cuida dele, sem excessos de medos e controle, ele também poderá aprender a cuidar de si mesmo de forma apropriada. Sua relação e a qualidade desta é que será o melhor recurso para ajudar seu filho e prepara-lo para o mundo. Não só os filhos, mas os pais também têm que aprender novos meios de se relacionar com um mundo em constante mudança.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Criança ou objeto?

     
   Em frente ao supermercado que costumo frequentar sempre há algumas pessoas que aproveitam o grande fluxo de gente andando a pé para vender poesias, revistas e até pedir dinheiro. Desde o fim do ano passado tenho notado algumas pessoas que ficam no local “oferecendo” orações aos transeuntes e, agora, surgiram também crianças que, monitoradas por adultos (se é que podem ser chamadas de adultos de verdade), oferecem orações à pessoas. Uma menina, acho que nos seus 10 anos, toda sorridente, me abordou e perguntou “Posso fazer uma oração para você?”. Me surpreendi que agora até crianças estejam sendo requisitadas para esse propósito. Propósito perverso, diga-se de passagem.
        Fui andando, após a abordagem da menina, pensando no que tinha acabado de ver. Uma criança, geralmente, angaria mais simpatia e boa vontade dos outros, então, quando uma criança pede algo muitas pessoas não sabem negar ou ficam com pena de negar. Contudo, qual a diferença entre essa criança que estava distribuindo orações na rua e aquelas que ficam nos semáforos das cidades pedindo dinheiro ou vendendo balas com os pais ali ao fundo? Na verdade, nenhuma. Trata-se de abuso. Usa-se a criança para algum objetivo. A criança, torna-se, então, um objeto nas mãos dos adultos que deveria, em teoria, cuidar do bem-estar dela. 
        Porém, muitos vão dizer que a criança que oferecia orações estava sendo bem criada e cuidada e que tinha até noções de espiritualidade. Será mesmo que alguém acredita nisso? Só se for muito ignorante e quiser manter os olhos bem fechados. Outros vão dizer que a menina, ao contrário das crianças de rua, estava sorrindo e, portanto, feliz. Mais uma vez pergunto: será mesmo? 
        O que uma criança mais quer é receber atenção dos adultos. Ela quer que olhem para ela. Se ela percebe que seus pais, por exemplo, acham bonito
ela virar uma mini pastora ela vai entrar nesse personagem. Vai sorrir amplamente e, com isso, obter a aprovação dos adultos e, principalmente,
dos pais. No entanto, isso tudo é bastante perverso, pois convida a criança a entrar num personagem. A criança acaba se confundindo e acredita que o que mais precisa é ser um personagem, um outro alguém para ser amada e querida. O resultado é criar uma “personalidade” falsa, afastada de si própria.
        Quanto mais máscaras usamos ao longo da vida mais insatisfação vamos encontrando. Só podemos nos realizar sendo nós mesmos, com todos os nossos potenciais e limitações, mas quando nos ocupamos de fazer o que os outros desejam para nós, o que os outros “aprovam e gratificam” mais dependentes vamos nos tornando. O pai dessa menina que oferecia orações estava lá observando a cena com um sorriso orgulhoso, mas não se dava conta do quão ruim tudo isso pode ser. 
        Uma pena que essa distorção nas relações com as crianças aconteça em tantos lares. Às vezes não é nem fazer o filho/a fazer orações, mas meio que obrigá-los a seguir esse ou aquele caminho específico para o desejo dos pais e não em prol do verdadeiro bem-estar dos filhos. A criança/objeto torna-se, futuramente, um adulto incapaz de lidar com a vida de maneira mais digna e, provavelmente, será alguém que sofrerá além da conta. Lastimável.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Pergunta de leitora - A ideia de perfeição massacra


Sou uma mulher casada e mãe de duas crianças. Tenho uma vida muito boa e que não me dá o direito de reclamar. Me considero feliz a não ser por um ponto. Eu sempre fico muito ansiosa e preocupada se estou sendo uma mãe boa, uma mulher boa. Sempre quero ser perfeita em tudo. Sei que ninguém é perfeito e nem pode ser perfeito, mas eu sempre me pego pensando que queria ser perfeita. Não quero que meus filhos nada sofram e não quero que ninguém tenha algo a dizer sobre a maneira que eu os crio. Não quero que meu marido sequer pense que não sou a mulher perfeita para ele. Isso me consome muito e não sei o que fazer. Preciso de ajuda.

            Nesta vida ou a gente tenta ser perfeito ou se permite ser a si próprio. Não dá para viver os dois ao mesmo tempo. Um exclui o outro. Portanto, temos que decidir o que queremos e/ou podemos ser. O problema é que se você insistir na perfeição cada vez mais ficará longe da pessoa que pode vir a ser.
            Primeiro é necessário se indagar sobre a origem dessa obrigação que você se colocou de que tem que ser perfeita. Ao que será que você responde quando se impõe a perfeição, seja lá o que ela for? Vai saber sobre isso se se debruçar sobre sua história de vida. Em algum ponto no decorrer de sua vida essa “obrigação” foi instituída e compreender sobre as razões do porque isso se deu pode lhe fornecer informações importantes a ser elaboradas. 
            Será que há uma dificuldade em lidar com as críticas/agressividade dos outros? Será que você acredita que tem que agradar os outros? São muitas as possibilidades que pedem por atenção e consideração. Enquanto ficar presa ao que for que te mantem nessa posição não poderá ser você mesma. E é sempre um desperdício quando não nos permitimos ser nós mesmos. 
            São muitas as pessoas que gastam tempo e energia tentando ser um personagem que acreditam que têm que ser. Um personagem é algo muito superficial e que está à serviço das idealizações. Para viver a vida as idealizações precisam ser deixadas de lado. Assim, a mulher que você pode vir a ser verdadeiramente pode ser descoberta e desenvolvida. A mãe que você pode vir a ser tem como desabrochar e ir aprendendo com as experiências. Ao invés de perfeição sua atenção deveria estar na totalidade, em ser você mesma integralmente. Não perca tempo e procure ajuda para se descobrir.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Como se reforma uma vida?

   
    Quadros do programa Caldeirão do Huck como Lata Velha e Lar Doce Lar, que consertam carros e casas caindo aos pedaços de pessoas sem meios financeiros, têm como objetivo oferecer uma mudança para melhor. No caso, um carro que funcione e seja customizado e uma casa reformada e com móveis e eletrodomésticos novos. Enfim, a ideia é proporcionar melhores condições de vida para que as pessoas morem com mais dignidade ou tenham um carro que não seja apenas lataria inútil. No entanto, uma pesquisa feita pelos produtores desses quadros - da qual tomei conhecimento em um site de notícias - constatou que após um tempo essas mesmas pessoas beneficiadas voltaram a ter seus carros sem cuidado nenhum, alguns até vendidos para ferro velhos, e casas nos mesmos péssimos estados de antes, com móveis estragados e eletrodomésticos quebrados. Por que será que isso aconteceu? Por que tudo se repetiu quando o que havia em volta foi mudado?
​          Na verdade, a mudança se deu apenas externamente. Por fora foi mudado. Porém, a maneira como viviam, como se relacionavam e lidavam com a vida, permaneceu a mesma, o que levou aos mesmos resultados de antes. Não eram as casas e carros que estavam realmente precisando de transformações, mas a maneira como essas pessoas enxergam a vida. Só que essas mudanças não podem acontecer de fora para dentro. Não há programa que dê conta disso. 
          ​Se alguém não cuida da própria mente, da maneira como se coloca na vida, todas as mudanças externas de nada servirão. Muitas pessoas vivem mal, sem qualidade alguma e colocam a culpa em muitas coisas externas. Há pessoas que culpam suas famílias, seus cônjuges, seus trabalhos, o país, o vizinho, e por aí vai, por tudo o que de errado experimentam. Sentem-se vítimas e terminam com autocomiseração, ou seja, dó de si próprias. Não entendem, entretanto, que muitas vezes tudo o que não anda indo bem em suas vidas não é fruto do acaso, da má sorte e da falta de condições melhores, mas se origina na maneira como vivem e se colocam.
​          Claro que há pessoas vítimas de falta de condições e vítimas de toda uma série de eventos que minam muito a qualidade de vida. Só que em muitos casos não se trata disso. Não dá para jogar toda a culpa nas condições externas.
          ​Muitas dessas pessoas que foram beneficiadas pelos programas acima tiveram algo externo mudado, mas continuaram se comportando da mesma maneira e tratando seus bens da mesma forma que antes. É claro que tudo iria voltar a ser como era. Uma casa ou um carro, para se manterem preservados, precisam de cuidados, manutenção, ou se degradam. Se as pessoas não mudam a maneira como vivem é obvio que vão se portar da mesma maneira que antes.
          ​Uma verdadeira mudança se dá quando alguém começa a desenvolver uma consciência nova. Quando se dá conta que não dá mais para continuar de um dado jeito e que precisa buscar uma transformação. Só quando alguém se compromete de fato com a própria vida é que uma transformação ocorre. E isso é uma decisão pessoal e intransferível.  Ninguém de fora pode tomar essa decisão pelo outro. A realidade em que vivemos está intimamente ligada com nossas mentes. Através de nossas mentes criamos a nossa casa, a nossa vida e o mundo. Então é necessário, para transformar o mundo, primeiro nos transformarmos. Vale a pena refletir.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Pergunta de leitor - A mente e o dinheiro


Muitas pessoas dizem que dinheiro não é tão importante assim na vida e para se ter felicidade. Mas por que então as pessoas querem tanto o dinheiro? Por que o dinheiro é que define as pessoas? Por que os piores problemas do mundo têm dinheiro ou a falta dele envolvidos? Penso que minha vida seria bem melhor com dinheiro ou se eu fosse herdeiro de uma grande fortuna e não precisasse ter que trabalhar. O que você pode me dizer da nossa relação com o dinheiro?

            O dinheiro é uma realidade da vida e de nada adianta subestimá-lo. Ele nos proporciona uma série de comodidades, confortos e segurança e ninguém pode viver sem dinheiro ou sem algo que se pareça com ele, pois até mesmo as comunidades que vivem do escambo dão um valor simbólico para as suas transações, que é justamente o que o dinheiro faz. Precisamos ser honestos e dizer que o dinheiro é necessário.
            Entretanto, a relação com o dinheiro é que se apresenta problemática. Isso ocorre porque o dinheiro representa uma realidade da vida e lidar com a realidade é sempre algo complicado e que facilmente fica deturpado. As pessoas lidam tão mal com o dinheiro, usando-o como instrumento de poder, de destaque, de felicidade, porque no fundo não sabem como lidar com a realidade de suas próprias vidas, ou seja, se projeta intensamente no dinheiro o que se passa na mente das pessoas.
            A economia financeira do mundo é um reflexo da nossa própria economia mental. Portanto, com uma breve olhada nos jornais financeiros dá para se ter uma ideia de como anda mal o mundo psíquico. Os valores acabam ficando distorcidos e perdem o sentido. Troca-se valores reais (subjetivos) por valores monetários. Afinal, é bem mais fácil ter que lidar com algo concreto como o dinheiro e nele depositar todas as nossas expectativas e frustrações do que lidar com o subjetivo e imaterial de nossas mentes.
            Agora, quando você diz que sua vida seria bem melhor se você contasse com uma bela quantia para que assim não precisasse trabalhar, você dá a ideia de que trabalhar é custoso e de que gostaria de se esquivar dessa tarefa. Trabalhar, aqui, não significa um trabalho formal, tipo emprego, mas tem uma implicância em se ter que trabalhar o que se passa na mente. Em outras palavras, trabalhar é lidar com a realidade interna e isto é um exercício sempre oneroso. Tem-se a falsa ideia de que se alguém tiver dinheiro não precisa mais trabalhar, que a vida vai estar resolvida. Pode até ser que possa se desfazer de seu emprego, mas nunca poderá deixar de trabalhar com sua própria mente e vida. É preciso enfrentar a realidade e lidar com as coisas como elas são.