segunda-feira, 27 de junho de 2011

Os Perigos da Autopiedade


            A autopiedade é uma das piores coisas que podemos sentir. Ela nos enfraquece tornando-nos vítimas de um aprisionamento mental desesperador. Quando sentimos dó de nós mesmos acabamos por reclamar todo o tempo e nada fazemos para mudar nossa situação. Infelizmente é grande o numero de pessoas que se utilizam da autopiedade achando que com ela resolverão alguma coisa.
            É muito comum ouvir pessoas que reclamam de tudo e de todos em todo o momento. Tudo está errado para elas, tudo acontece com elas e elas acabam por se sentirem coitadas e vítimas. Na verdade quando essas pessoas reclamam sem parar estão presas a um ódio muito intenso que as levam a atacar sua própria mente e as impedem de começarem a ver as coisas por um prisma mais realista. Como a vida não é como elas gostariam que fossem elas passam a se lastimar em vez de refletir e mudar o modo como vem vivendo. Não adianta reclamar, a realidade de suas vidas não mudarão devido o tempo que se desperdiça se lastimando, mas pode mudar com o tempo usado e investido para se analisar. Afinal, problemas todos nós temos, o que não dá é ficar preso a eles para sempre.
            No momento da análise muitas desculpas antes usadas para justificar a autopiedade (não dá, é impossível, não consigo, não me deixam, só se eu fosse mais bonito, só se eu fosse rico, etc.) passam a ser questionadas, colocadas em dúvidas e assim podem ser abandonadas e adotados no lugar pensamentos muitos mais construtivos. Isso significa abandonar a pena de si mesmo e buscar novos significados. É deixar um possível passado desalentador e ir atrás de um futuro mais promissor. Enfim, é trocar um funcionamento onde tudo é ruim por outro que pode enriquecer. A psicanálise é de grande auxílio nesse processo. Ela ajuda a pessoa a investigar e a entender o porquê sua vida não vem sendo vivida com qualidade e a fortalecer a procura por uma vida mais digna.
            Quem estiver preso a autopiedade e estiver incomodado com isso procure ajuda. Não desperdice tempo, pois este passa muito rápido e jamais é recuperado. Use o incomodo para sair dessa posição tão desfavorável para buscar outra que lhe seja muito mais conveniente e benéfica. Nem tudo na vida é sorte, muito é fruto do trabalho que temos em melhorá-la ou piorá-la. Sartre costumava dizer que não importa tanto o que nos acontece, mas o que vamos fazer com o que nos acontece. Tudo depende do que vamos criar para nós mesmos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Voz de Freud


      A psicanálise, ciência fundada por Freud, já existe há mais de um século. Desde os seus primórdios ela encontrou uma resistência muito forte e foram inúmeras as pessoas que previam o seu fim. Até hoje sempre aparece alguém que vaticina o término dessa ciência que vem cada vez mais se fortalecendo e ajudando pessoas a enfrentar momentos de angústia e a viver melhor a vida.
      Freud sem dúvida nenhuma trouxe muitas mudanças ao mundo. Suas teorias mudaram como o homem se vê e age e abarcam vários ramos do saber humano: antropologia, cinema, literatura, medicina, filosofia, etc. 
      Aqui abaixo há um vídeo, raro, com a voz de Freud falando dele mesmo e da psicanálise para a BBC de Londres pouco antes dele morrer. Ele considera que conseguiu fazer sobreviver seu legado, mas que ainda há muito a ser feito. Mesmo para aqueles que não gostam dele ou de psicanálise vale a pena assistir já que se trata de um homem que mudou a humanidade.

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domingo, 19 de junho de 2011

Amor e Paixão


              Recentemente reli Os Maias de Eça de Queiroz. Me fez pensar bastante. A primeira vez que eu li era muito mais jovem e não tinha a cabeça que tenho agora. Com o tempo e as aprendizagens que se tem na vida nossos pensamentos mudam.  Relendo essa obra fiquei boquiaberto ao perceber quão fantástica é essa estória. Em minha opinião Eça de Queiroz se figura entre os grandes escritores do mundo.
            O enredo de Os Maias me fez refletir bastante sobre a diferença entre o amor e a paixão.  Muitas vezes esses dois sentimentos são confundidos como a mesma coisa, mas são de naturezas bem distintas. Enquanto a paixão é puro impulso e entrega o amor é bem mais inteligente e contido. É importante, contudo, que digo aqui daquela paixão avassaladora que nos domina completamente e nos tira o chão da realidade. Não me refiro àquela paixão que nos encanta e faz a vida valer a pena. A paixão que me refiro é aquela que cega e não mede conseqüências e que pode levar a tragédia.
            É justamente isso que acontece nessa obra portuguesa. A personagem Maria Monforte se entrega a todas a suas paixões e principalmente por causa delas muitas tragédias acontecem. Ela não levou em consideração que suas ações teriam uma repercussão tão funesta sobre as pessoas em sua volta. Ela simplesmente só quis saber de si e agiu como se não pudesse pensar.
            Penso que precisamos ter nossas paixões e trazer regalo à vida, mas tudo com consideração para sabermos se a entrega a essa paixão vale a pena. Enfim, é sermos verdadeiramente responsáveis pelo que fazemos. Se entregar apenas pela paixão em si é um gesto egoísta. É a mesma atitude que têm os radicais religiosos, políticos ou idealistas de qualquer matiz. Perde-se o respeito e a dignidade e nos leva a um caminho perigoso. Até porque a paixão avassaladora tem muito mais a ver com as ilusões do que com a realidade. Tem mais a ver com aquilo que imaginamos e nos apegamos em nossas mentes. Já o amor tem a ver com o cuidado e o bom pensar. Maria Monforte, de Eça de Queiroz, não amou e nem sabia o que era amar e por isso sofreu imensamente e levou filhos, familiares e amigos para o sofrimento. Um drogado, em certos aspectos, é tal qual um apaixonado. Não se desapega desse seu desejo pela droga mesmo que o leve para o fundo do poço.
            Quão diferente que é o amor verdadeiro. Esse raramente faz besteiras, pois põe a vida e a dignidade em primeiro lugar. Por ser tão mais inteligente não leva à tragédia. Por ser tão mais cuidadoso leva o bem estar do outro a serio. Lembrei-me agora do final do romance O Fantasma da Ópera de Gaston Leroux para representar o amor. O fantasma quase se entregou à paixão e com isso quase trouxe destruição à sua amada e ao seu rival, mas instantes antes disso acontecer ele pensou no bem estar físico e mental de sua amada e pôde renunciar a sua paixão mesmo que isso lhe causasse imensa dor. No fim o amor venceu e o tornou muito mais sábio e um ser humano melhor. Não era mais um fantasma.

sábado, 18 de junho de 2011

Pergunta de Leitora - Sem Amor Próprio


Há algum tempo me relaciono com um homem que acho que não me ama. Estamos juntos há mais de um ano. Tenho 26 e ele é três anos mais velho. Só que ele não me assume como namorada. A família dele nem sabe de mim e os amigos sabem que ele sai comigo, mas só. A gente só se encontra quando não tem nenhum amigo dele por perto. Muitas vezes ele aparece de madrugada na frente da minha casa e me liga para eu sair e ficar com ele no carro. Ele, até hoje, nunca me levou para um motel. Acabamos transando ali mesmo no carro bem rápido. Como posso mudá-lo e fazê-lo gostar mais de mim?

            Creio que para começar você deveria mudar a pergunta com a qual terminou seu email. Em vez de se perguntar como mudá-lo seria melhor você se questionar como você pode mudar para gostar mais de si. A gente não tem controle sobre o que o outro sente, mas temos o controle sobre o que a gente sente. Vale a pena pensar porque você entrou e permaneceu nessa situação.
            Pelo o que você me escreveu esse sujeito não tem interesse nenhum em construir um relacionamento com você. Ele só está interessado em lhe usar. Aliás, ele usa e abusa e nem sequer dá a mínima para os seus sentimentos. Só quer saber de si mesmo. No entanto, e isso é importante ressaltar, ele só consegue fazer isso tudo com você porque você abriu espaço para isso. Se coloca sempre disponível para os desejos dele e também não dá a mínima para si própria. Até mesmo se põe em risco por ficar transando num carro na rua em meio à madrugada.
            Em vez de esperar por uma mudança dele, você deve ir atrás do seu caminho. Deve buscar se conhecer mais para entender porque fica presa a um homem que não lhe respeita e aí parar de se repetir e trocar essa imagem, muito para baixo, que você tem de você por outra que lhe seja melhor. Quando você começar a se amar não vai mais tolerar situações como essa.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pergunta de Leitora - Acordar


Tem uma coisa que vem me assustando. Eu minto muito. Tudo na minha vida que eu conto é invenção. Sempre conto coisas que nunca aconteceram, mas tudo o que eu invento é para dar mais “emoção” e parecer que tenho uma vida legal. Meus irmãos são professores universitários e tem uma vida boa. Nada me acontece e sou a pessoa mais sem graça do mundo. Me comparo a eles e vejo que realmente nunca fiz nada por mim a não ser mentir. Agora estou viciada na mentira. Algumas pessoas vem percebendo que eu minto e estão se afastando de mim e tirando sarro. O que me acontece?

Por não gostar da sua realidade você cria uma estória cheia de “emoções”. Mas isso é bom para quem escreve um livro, não para quem precisa viver a própria vida. Se apegou tanto à sua ficção que passou a encará-la como sua realidade. No entanto, como diz um ditado popular, viver de vento não enche barriga e hoje você percebe que está de barriga vazia, ou seja, não se sente satisfeita.
Por que diz que sua vida é tão sem graça? Por que você se coloca numa posição tão desvantajosa? E por que você tem que se comparar com seus irmãos? Eles têm a vida deles e você tem a sua e o melhor que você pode fazer é cuidar da sua vida. Pelo que você me escreveu parece que seus irmãos cuidaram da própria vida e você nunca valorizou as suas experiências.
Seria muito bom você procurar ajuda para entender porque investiu mais na ilusão em vez de enfrentar suas questões e passar a viver a vida mais intensamente. Enquanto ficar apegada a mentira você se engana e não abre espaço para realmente buscar realizações. Ninguém precisa criar emoções na própria vida, mas quando você passar a vivê-la de fato as emoções acontecem.
Está na hora de acordar para a vida e deixar de ficar apenas sonhando. O tempo passa e se você não souber usá-lo poderá chegar um momento de grande arrependimento. Use toda a sua criatividade para se exercitar na escrita e passe a encarar a sua vida não como ficção, mas sim como algo muito precioso que exige cuidado e empenho.

sábado, 11 de junho de 2011

Para que serve a psicoterapia?

            “Conhece-te a ti mesmo”. Essa famosa frase inscrita no Oráculo de Delfos na antiga Grécia e usada por muitos sábios continua atual e necessária. A importância de se conhecer é que quem não se conhece fica preso aos impulsos inconscientes e acaba sempre se repetindo. São aqueles indivíduos que nunca mudam; estão sempre acorrentados a hábitos e pessoas que gostariam de se ver livres.
            Quem nunca ouviu falar da história daquela garota bonita e inteligente, mas que só se relaciona com homens sem-vergonhas? Ou daquele rapaz esperto que perde a compostura e a razão quando se embebeda todo fim de semana? E muitos outros casos de pessoas que não conseguem mudar e ficam sempre na mesma e na pior? Na maioria das vezes essas pessoas estão sofrendo e muito. No entanto, continuam a sustentar o mesmo padrão de resposta para a vida: se repetem e se empobrecem.
Todos esses comportamentos têm uma origem que pode ser encontrada na mente. Eles não aparecem do nada. Porém, para poder modificá-los é necessário adentrar a mente e pagar o preço por se conhecer. Não é um processo fácil. Exige paciência e persistência de cada um para vir a conhecer e aceitar suas próprias verdades. O que mais existe são pessoas que procuram se evadir de suas verdades se apegando a racionalizações. Ou seja, em vez de irem em busca do conhecimento de si terminam por falsear a própria vida.
            A questão é que essas pessoas que se enganam continuam a desconhecer a fonte de seus problemas e por isso estes permanecem sempre os mesmos. Aí vem a angústia e o desespero e lamentam terem um carma difícil e pesado. Até acho que essa historia de carma existe mesmo! É o nosso inconsciente que dirige nossas ações e nos torna fantoches dos impulsos.
Para sair desse ciclo de repetições só mesmo usando a mente que, aliás, é o melhor recurso que podemos dispor na vida. A psicoterapia vem para ajudar a mente num trabalho de elaboração. Para questionar por que essas repetições têm sempre que acontecer. Para vislumbrar alternativas de como viver. Para pensar de verdade. Abrem-se possibilidades que antes não haviam sido cogitadas. Tudo isso é permitido pela psicoterapia para aqueles que ousam se aventurar a desbravar um novo continente: o próprio inconsciente. Todo o mundo, em menor ou maior intensidade, está preso à repetição. Só que se o desejo de se ver livre for verdadeiro encontra-se um caminho para a liberdade.

sábado, 4 de junho de 2011

Celebração do Amor


            No dia 12 de junho se comemora o dia dos namorados. Essa data foi escolhida pois antecede o dia de Santo Antonio, conhecido santo casamenteiro. É um dia celebrado pelos casais de namorados e por aqueles que se amam. Na verdade todos os povos, antigos e atuais, têm uma tradição para se comemorar o amor. Muda-se o nome do santo (nos EUA, por exemplo, é São Valentim) ou até mesmo a data, mas o principal que é a celebração do amor está presente.
            Obviamente todos os dias são apropriados para a manifestação do amor, porém muitas vezes devido ao corre-corre dos nossos dias não prestamos atenção em quem amamos ou o que isso tudo representa para nós. Podemos então fazer uma reparação disso no dia dos namorados.
            Creio ser uma data especial para podermos ser gratos pelo amor recebido e dado. Onde há amor há uma troca de afetos e aprendizagens que nos tornam maiores, mais ricos e mais sábios. A alegria por se saber amado e por amar deve realmente ser cantada como um dos maiores tesouros de nossas vidas.
            O namoro é o começo de uma relação entre duas pessoas que ainda estão se conhecendo e que por isso mesmo estão cheios de fantasias e encantos. Não é a toa que esse é um período extremamente romântico e sempre presente nas recordações de muitos casais. Conforme o tempo passa e a realidade se impõe, há a chance de se reformular as fantasias iniciais e viver um relacionamento verdadeiro e mais longo, onde um passa a conhecer e querer a presença do outro. Escolhe-se estar com o outro. Uma das declarações de amor mais bonitas que já ouvi foi a de um ex-padre jesuíta que largou o sacerdócio para viver ao lado de sua amada e disse a ela: Posso muito bem viver sem você. Não preciso de você para estar vivo, mas escolho viver com você, com tudo que isso pode trazer de dificuldades, porém olho acima de tudo para a maior recompensa da minha vida que é eu me permitir lhe amar e ser por você amado.
            Que esse dia seja para os todos os casais, de qualquer idade, reviver esse encantamento inicial que é estar enamorado, poder se conceder fantasias que lhe enriqueçam, renovar os votos de suas uniões e com isso se rejuvenescerem e guardarem dentro de si promessas de um mundo mais doce.