segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Pensamento


O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá mais se tem.
(Antoine de Saint-Exupéry)

            Há tantas pessoas que temem amar achando que amando se gastam. Encaram o amor como um objeto concreto que com o tempo e uso se desgasta e vai se desbotando. Grande e triste engano. O amor se perde pela falta de uso e não porque está sendo vivido.
            Os poemas são muito felizes quando comparam o amor à chama. O fogo precisa ser sempre alimentado para existir e aquecer. Quando não se alimenta a chama, esta se apaga deixando a escuridão e o frio tomar conta. Com o amor é assim também. Quando ele não recebe estímulo se apaga, deixando um vazio na alma.
            Vesta era uma deusa da antiga Roma responsável pelos lares e pela vida em família. Acreditavam que um juramento dirigido a essa deusa jamais poderia ser quebrado sob pena de terríveis castigos. Suas sacerdotisas eram chamadas as vestais e tinham como trabalho manter a chama de seu templo sempre acesa. Caso essa chama sagrada se apagasse os antigos romanos temiam que uma tragédia estivesse prestes a se abater sobre eles. Mas qual tragédia pode ser pior que um coração frio e sem amor?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pergunta de Leitora - Sadismo no trabalho


Trabalho em uma empresa que tem vários funcionários e um deles me deixa muito irritada. Ele sempre faz de tudo para me provocar e tirar meu chão. Sei que ele quer a minha posição então ele faz qualquer coisa para me passar a perna. Quando eu erro ele é o primeiro a apontar e a falar sobre isso com todos e vive me criticando. Cria fofocas sobre mim só para me deixar mal. Sempre me porto corretamente, não faço fofocas e nada, mas tenho vontade de revidar a ele com a mesma moeda. Tenho medo de que meu chefe esteja sendo envenenado por ele e passe a me achar incapaz de realizar meu trabalho. Ele vive conversando com meu chefe e se acha íntimo dele. Estou irritada e com medo desse “colega” de trabalho. Como posso reagir a ele sem me prejudicar?

            Quando ele te provoca, ele te convida a reagir mal e espera que você mesma se prejudique perdendo sua posição. Se ele é como você diz, ele provavelmente é sádico e por isso mesmo gosta de jogar e tem prazer em causar sofrimentos em outros.
            É muito importante que a raiva que você sente dele não te deixe cega e faça você meter os pés pelas mãos, ou seja, que você se complique, porque é justamente isso o que ele espera. Entrar no jogo dele e pagar com a mesma moeda só vai dar mais força para o sadismo dele.
            A melhor reação é você nunca entrar no jogo que ele quer te impor. Você vai precisar ter o que popularmente se chama de jogo de cintura para não perder seu chão e sua posição. Você trabalhar bem e se portar como boa profissional é a melhor maneira de criar uma blindagem contra esse sujeito e suas fofocas. Persistir no bom comportamento profissional mostra aos seus colegas, a seu chefe e até a ele mesmo que você tem caráter e não se deixa abalar facilmente. Caso você perca a cabeça e pague na mesma moeda você legitima as fofocas que ele espalha e isso só dará a ele a impressão de que está certo sobre você e de que é mais forte, fazendo com ele continue a te provocar.
            Numa eventual hipótese de que ele passe dos limites é importante que você tenha uma conversa com seu chefe e exponha toda a situação de forma clara e objetiva, mostrando a boa profissional que você é e que o mau comportamento desse colega está lhe prejudicando e por tabela, prejudicando a empresa também. A atitude profissional, no seu caso, é sempre a melhor política.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Humanidade e lei


           Uma sociedade sem lei está condenada a afundar em injustiças e não proteger seus cidadãos. A lei se faz necessária para trazer ordem e impedir que as pessoas resolvam seus problemas à base da força bruta. A lei é humanizadora porque permite uma contenção dos impulsos mais agressivos que podem existir em todos nós e com isso propicia que vivamos relativamente em paz. Sem leis não há a menor possibilidade de haver civilização e uma sociedade justa desse nome. Elas devem ser feitas pelos governos e seus habitantes de forma harmônica criando um ambiente onde os direitos e liberdades sejam bens assegurados.
            Entretanto, não apenas as sociedades precisam de leis, mas nossas mentes também. Se não existe leis internas que nos ajudem a governar nossos impulsos ficaremos perdidos e primitivos. Agressividade é algo que está presente e inato na mente de todos, mas isso não é o que importa, pois o que importa é a forma que vamos lidar com essa agressividade que há em nós. A agressividade não é nem boa e nem má, tudo depende da maneira que ela é vivida. Pode ser aquela força propulsora que nos faz viver, querer o melhor e batalhar ou pode ser aquilo que destrói e extermina sem a menor consideração. Sem agressividade a gente não vive, pois não teríamos forças para lutar e nos defender. Ficaríamos entregues e desprotegidos. Porém, agressividade desmedida é o que causa as guerras, atos de injustiças e de horror que tanto nos chocam.
            A lei interna, então, é a forma que temos de conter os impulsos mais primitivos que possuímos. Todo impulso que for exagerado está fadado a levar à tragédia e à infelicidade. Impulsos necessitam de contenção para que eles não adquiram características destrutivas. Essas leis internas começam a ser formadas quando ainda somos crianças e precisamos de ajuda para conseguir lidar com os impulsos. Toda criança se assusta quando se depara com os impulsos agressivos que têm e precisam de pais que consigam ajudá-las a conter seus impulsos de forma saudável. É obrigação dos pais dar limites aos filhos, pois dando limites os pais oferecem uma maneira da criança começar a internalizar as leis e saber que nem tudo se pode. Dar limites significa construir uma contenção para proteger a mente dos próprios impulsos. Pais que não impõe limites largam seus filhos sozinhos para lidar com algo para o qual ainda não possuem maturidade. Leis se iniciam em casa.
            Uma pessoa sem lei interna é confusa e um perigo para si e outros. Ela não se contém e transborda facilmente seus impulsos mais primitivos. Atos de violência e pouco caso com o próximo passam a ser comuns a essas pessoas. Afinal elas tudo puderam, nada lhes foi interditado, nunca houve lei que mostrou que é preciso e mais humano se conter. Ninguém nasce humano, mas se torna humano e para isso é preciso aprender a criar contenção para os impulsos. Querer as coisas para já impacientemente, demonstrar desrespeito e ira, não assumir verdadeiros compromissos e tirar vantagem de tudo são atitudes típicas de uma pessoa sem lei e que se acha acima dela.
          Alcoólatras e drogados são pessoas sem leis que se prejudicam e prejudicam outros. Políticos corruptos que roubam descaradamente, policiais de caráter duvidosos, lideres religiosos exageradamente ambiciosos são exemplos de que viver sem leis internas e externas pode trazer muitos danos para o humano e a sociedade. Leis justas são mais do que nunca necessárias dentro de casa e fora dela para que todos possamos viver humanamente.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Pergunta de Leitora - Ódio à vida


Tenho 48 anos e já dois filhos crescidos. Ainda estou casada com um homem que não mais me deseja. Nunca fomos felizes em nosso relacionamento, mas nunca pensei em divórcio. Hoje me encontro numa situação muito ruim. Não tenho vontade de nada. Nem de levantar da cama pelas manhãs. Não trabalho, não tenho nenhum interesse na vida. Já tentei começar uma terapia com três terapeutas diferentes, mas não deram certo. Em vez delas me aliviarem elas só me davam mais peso. Por indicação de um delas procurei um psiquiatra para tomar um antidepressivo. Mesmo assim não deu certo. Tomei o remédio por uma semana e quando vi que não mudou nada eu parei e vi que continuava na mesma. Não sei o que fazer para ter mais animo. Sinto que a vida passa e eu envelheço. Queria ter mais motivação. Meus filhos ficam preocupados, falam que eu preciso de ajuda. Eu percebi que eles não ficam contentes quando eu os visito ou eles vem em casa por causa da minha situação. Mas eles também não fazem nada para me ajudar. Só ficam dizendo que eu estou muito deprimida e que preciso de tratamento. Tenho muita vontade de dormir, só dormir. o que o senhor acha que pode mudar a minha vida? Nascer e morrer de novo? Porque eu não tenho mais idéias.

            Por que será que você me escreveu? O que será que espera da minha resposta? Muito provavelmente espera que eu te ofereça um milagre que te tire da situação que você se encontra. Digo isto porque ficou claro que você espera que outros resolvam sua vida sem você ter que se mexer. Você deseja o impossível!
            Já foi a três psicoterapeutas que não te deram uma solução mágica e isso te desmotivou a continuar. A tarefa de um psicoterapeuta não é fazer truques mágicos, mas ajudar o paciente a pensar sobre a própria vida. Se o paciente não se propõe a isso não há nada que o psicoterapeuta possa fazer. O desejo de mudar tem que ser seu e não de outro.
Tomou o remédio por apenas uma semana e esperou que isso fosse causar uma revolução na sua vida. Como sua expectativa não foi atingida, deixou de tomá-lo. Quanta irresponsabilidade!
            O paciente também é responsável pelo próprio tratamento. Sem você se empenhar na sua melhora nada vai mudar. A depressão também pode ser entendida como um ódio à vida. Como sua vida não é como gostaria que fosse, como a realidade é diferente do que esperava, você passa a odiar o ato de ter que viver. Porque viver é se responsabilizar por si. Quando você me pergunta se deve morrer e nascer de novo mostra como odeia a vida. Você realmente não vive, apenas sobrevive e envelhece sem nada aproveitar.
Para começar a viver de fato precisa mudar e para isso precisa entender porque coloca as mudanças necessárias na sua vida nas mãos dos outros e tira a responsabilidade de você mesma. Enquanto ficar esperando por um milagre, ou seja, desejar o impossível, ficará fadada à infelicidade. Muito de sua melhora depende de você mesma. Boa sorte.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pensamento


Durante seis anos, Siddhartha viveu em silêncio e nunca saiu da floresta.
Para beber, tinha a chuva, como comida, um grão de arroz ou um caldo de musgo. Estava tentando dominar o sofrimento tornando a sua mente tão forte que se esquecesse do seu corpo.
Então... um dia, Siddhartha escutou um velho músico, num barco que passava, falando para o seu aluno...

"Se apertares esta corda demais, ela arrebenta;
e se a deixares solta demais, ela não toca."

De repente, Siddhartha percebeu de que estas palavras simples continham uma grande verdade, e que durante todos estes anos ele tinha seguido o caminho errado.
Nesse momento uma aldeã ofereceu a Siddhartha a sua taça de arroz.
E pela primeira vez em anos, ele provou uma alimentação apropriada.
Mas quando os ascetas, que o acompanhavam, viram o seu mestre banhar-se e comer como uma pessoa comum, sentiram-se traídos. Siddhartha os chamou: - Venham e comam comigo.
Os ascetas responderam: - Traíste os teus votos, Siddhartha. Desistiu da procura. Não podemos continuar a te seguir. Não podemos continuar a aprender contigo.
E foram se retirando.
Siddharta disse:
- Aprender é mudar. A iluminação está no Caminho do Meio.
(Parábola budista)

            Há muitas pessoas que levam uma vida de extremos opostos. As vezes são tão rígidas consigo, sem se permitir viver com mais leveza que chegam a ser cruéis com elas mesmas. Exigem a perfeição de si e de outros e quando a perfeição não acontece, afinal ela nunca acontece, ficam irritadas e acham que algo está muito errado. Suas mentes criam dogmas dos quais se agarram e com eles medem o mundo. Nada pode se desviar daquilo que acreditam que tem que ser. São rápidas julgadoras e não têm tempo de escutar e de pensar, por isso mesmo não aprendem.
            Outras são extremamente indulgentes com suas vidas. Deixam tudo para depois para não ter que se preocupar agora. Não querem ser incomodadas com nada que venha exigir atenção e trabalho. Se largar é a música tema de suas vidas e assim vão levando a própria existência, mesmo que seus problemas estejam cada vez mais acumulados e pedindo cuidados.
            No entanto, o caminho do meio, ou seja, o equilíbrio é sempre a melhor coisa. Implica em escutar e pensar no que se escuta e com isso aprender verdadeiramente. É aprender com a própria vida. Toda aprendizagem é uma mudança em nossas mentes; aqueles que são rígidos demais não se permitem mudar, pois temem aquilo que não sabem e que contradiz suas verdades sagradas e os complacentes demais também não mudam pois não querem se comprometer com o trabalho  que é mudar. Mortos não mudam e as mudanças que ocorrem em seus cadáveres são das responsabilidades dos vermes e bactérias. A verdadeira vida está em buscar mudanças e procurarmos melhorarmos mais e mais.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pergunta de Leitora - Prazer sem culpa



Talvez vc possa me ajudar. Estou desesperada comigo. Sou casada com um homem maravilhoso e que me ama e me respeita. Somos felizes e penso em envelhecer ao lado dele. Nossa vida sexual é muito boa e eu me satisfaço muito com ele. Agora vem o problema: eu o traio sempre. Quando eu vejo um home bonito na rua eu fico muito excitada. Fico molhada. Só falo isso porque criei um email falso para te mandar essa pergunta e sei que nem vc e ninguém mais vai saber minha identidade. Mas fico molhada mesmo e se o homem dar bola a gente vai parar no motel. Para mim isso é puro prazer. Eu curto muito essas transas sem compromisso. Já fazia isso antes de casar, mas pensei que depois de casada isso fosse passar, mas não passou. Por isso que to desesperada. Amo meu marido mesmo, e quero continuar com ele mas deve ter algo muito errado comigo que me leva a procurar sexo com outros homens. Será que sou uma pervertida? Uma vagabunda?

            Seu intenso desejo sexual te assusta e te faz se sentir mal. Para o homem é mais fácil manifestar desejo sexual. Ele se dá o direito de olhar para uma mulher que o atraia, e faz isso sem culpa. Para a mulher isso já é mais difícil. É esperado que a mulher não tenha desejo sexual e se tiver, que deixe-o escondido. Apesar de hoje haver mudanças, ainda assim, se acha estranho a mulher querer simplesmente transar e só isso.  
            Acredita-se que a mulher tenha que desenvolver uma ligação romântica com o homem para se entregar ao sexo. Muitas vezes é assim mesmo, mas nem todas funcionam dessa maneira. Você deixou claro que gosta de sexo com vários parceiros e tem o desejo de experimentar e variar. É um desejo válido e pelo o qual você não precisa se sentir culpada. Se achar pervertida e se chamar de vagabunda é se prender a um moralismo que não ajuda em nada. A pergunta que você precisa se fazer é se você faz isso porque gosta e quer viver seu desejo ou se obedece à uma compulsão.          
            Caso seja a primeira alternativa é preciso que você se livre da culpa que sente por viver dessa forma. Assim você poderá viver suas aventuras em paz. Claro que se seu marido descobrir pode haver a chance de se sentir traído, afinal é direito dele não aceitar essa situação, mas é um risco que só você tem como saber se vale a pena. Caso esteja seguindo uma compulsão é preciso que você entenda o que é essa compulsão e se livre dela, pois compulsão é prisão e faz as pessoas agirem não de maneira natural e sadia, mas de forma a sempre se repetir.
            É natural querer ter variados parceiros sexuais porque o desejo é sempre móvel, maleável e nunca fixo. Negar isso é negar a natureza. No filme francês de 1967 A bela da tarde (Belle de jour) Séverine é uma linda mulher que parte do dia é uma dona de casa e esposa e desempenha esses papéis perfeitamente, mas de tarde freqüenta um bordel onde realiza suas fantasias sexuais.  Para você estar bem e viver prazerosamente é preciso que você se entenda e se livre da culpa.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Pensamento


A pior enfermidade é não ser ninguém para ninguém.
(Madre Tereza de Calcutá)

            Todo mundo quer ser amado e ser olhado por alguém que mostre como somos importantes. Ser rejeitado e ignorado é uma das piores coisas que podem nos acontecer e é extremamente difícil tolerar os sentimentos que são despertados quando isso acontece. Nossa autoestima cai, nos sentimos sem valor algum e podemos ficar enfermos em nossa alma.
            Quando uma criança está crescendo ela vê nos olhos dos pais como ela é amada e desejada e isso cria dentro dela um sentimento de que ela pode se amar também. Ela se permite amar já que é tão amada por seus pais. Quando isso não acontece, quando a criança não consegue ver nos olhos dos pais esse amor, ela passa a duvidar de si própria. Sente que falhou em encantar seus pais por suas faltas de atributos e assim ela se encara com olhos desencantados, não se permitindo amar. Por que ela se amaria se os pais delas não a amam?
            As vezes nem mesmo é por causa dos pais que isso acontece. Há crianças que demandam mais atenção do que os pais podem dar e eles ficam impotentes em poder fornecer aquele olhar que a criança pede. Mesmo assim, o sentimento de ser ninguém é igualmente massacrante.
            Ficar preso nesse estado, de ser ninguém para ninguém, é altamente empobrecedor e até enlouquecedor e se faz necessário sair dele o quanto antes. Uma pessoa assim precisa aprender a se ver com outro olhar que seja mais amoroso e que propicie um sentimento de que seja alguém. Mais do que isso, ela precisa se tornar alguém para si mesma. Ao aprender a se amar de verdade ela pode se libertar dessa enfermidade. 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pergunta de Leitora - Criança indesejada


Oi Sylvio! Assisti sua entrevista na TV quando vc falou da depressão pós-parto. Me identifiquei muito com o tema porque eu estou grávida de 8 meses e tenho apenas 17 anos! Tenho medo de ter depressão pós-parto e ser como aquela mulher que ligou na sua entrevista e disse que tinha vontade de matar o filho. Eu engravidei sem querer, foi uma bobagem. Transava com meu namorado mas nunca usamos camisinha. Então achei que não ficaria grávida uma hora, mas aconteceu. Meus pais ficaram muito decepcionados comigo. Meu namorado não quer nem saber de mim e da criança. Estou sozinha. Todo mundo me olha como se eu tivesse cometido um crime. Agora sei que minha vida acabou e que não vou poder ir pras baladas e me divertir. As vezes queria que a criança nascesse morta para eu poder continuar vivendo minha vida como sempre. Quero ser uma jovem normal e agora não vejo possibilidades de viajar, gastar dinheiro comigo e comprar as cosas que quero. Tenho ódio dessa criança e me sinto má. Vc acha que eu posso mudar o que sinto em relação a essa criança?

            Praticamente todo mundo sabe como fazer para evitar gravidez. Camisinhas e pílulas são alguns dos métodos ao alcance para que uma indesejada gravidez não aconteça. Praticar sexo bom exige responsabilidade. Você e o pai dessa criança foram irresponsáveis quando não pensaram nas conseqüências de se entregar ao prazer de forma tão descuidada.
            O grande problema é que essa criança não pediu para nascer, ela não tem culpa de estar vindo ao mundo. Mesmo assim ela já tem a posição de indesejada, aquela que vem para trazer problemas e acabar com sua vida. Nascer sob esse signo é ruim e pode marcá-la muito negativamente. Numa gravidez desejada os pais sonham com a criança, se encantam, já vocês, sonham em se livrar dela. Não pôde nem mesmo dar uma identidade a ela, chamando-a apenas de criança, nem mesmo dizendo se se trata de uma menina ou menino. Com 8 meses de gestação você possivelmente já sabe o sexo.
            Claro que sua vida não vai ser mais a mesma e é isso que te assusta. Muitas mudanças ocorrerão. Mas isso não é o fim da vida. Você fala como se assim fosse. Você não precisa deixar de viver porque tem um(a) filho(a), só que agora vai demandar que você seja mais responsável pelos seus atos e pense bem antes de agir. Vai precisar aprender a viver sua juventude com a responsabilidade de ser mãe. Sei que não é fácil, mas não é impossível.
            Acho que seria muito bom você procurar a ajuda de um analista que saiba te escutar e te ajude nessa fase que está vivendo. Falar pode te ajudar a pensar sobre tudo isso que está te acontecendo e tirar aprendizagens importantes para a sua vida. Ao saber mais sobre você, talvez você possa mudar o que sente em relação a essa criança, que não tem culpa do que você está passando.