segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Amor e relacionamentos



            O amor é um dos sentimentos mais nobres que podemos viver. Usei a palavra viver porque amor não se tem, mas se vive. Alguém acreditar que possui algo como o amor desconhece o que esse sentimento possa ser, já que ele não pode ser possuído.  No amor ninguém possui ninguém, porém vive-se uma historia junto e nessa convivência há espaço para a transformação.
            Muitos casais começam seus relacionamentos de uma forma tensa e cheia de conflitos, com exigências de ambas as partes. E se o começo é assim o desenrolar desse relacionamento geralmente vai ficando pior. É que o amor não se prende em exigências e em nada que venha acorrentar e deixar o outro sem liberdade. No amor se aceita o que o outro tem a oferecer e com isso se satisfaz. Quando se exige já não se trata mais de amor.
            Não digo com isso que um relacionamento que vive o amor não haja algum tipo de conflito e desentendimento de vez em quando. Isso é natural em qualquer relacionamento, mas a questão está em avaliar se esses conflitos são, relativamente, fáceis de serem vencidos ou se cobram um preço muito alto que impeça o par de viver bem e tire a liberdade. Se for esse ultimo caso não é amor que une essas pessoas, mas qualquer outra coisa, como por exemplo, a dependência.
        Quando duas pessoas se amam há sempre uma transformação. Cada um dos dois já não é mais o mesmo que era antes. Aprenderam com o relacionamento e se transformaram. Conseguem dar liberdade ao outro com desenvoltura e sem dúvidas, pois confiam na transformação que o amor causou ao seu par. Não colocam exigências impossíveis, mas se rejubilam no que vivem um com o outro. É um processo que vai ocorrendo à medida que o casal se transforma e os levam a conhecer o amor. Sem exigências, sem pressa e sem mágoas.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Pergunta de Leitor - Preconceito



Tenho 25 anos, não sou dependente de ninguém pois tenho o meu trabalho, mas tem algo que me incomoda muito. Um ano atrás eu me apaixonei por uma garota e ela por mim. Ficamos namorando quase um ano, mas hoje estamos separados. O que motivou a separação foi minha família que não a aceita porque ela é negra. Meu pai não parava de repetir que eu podia arranjar alguém melhor e que ela era feia, grosseirona. Minha mãe não falou nada diretamente, mas sempre se incomodou com o fato de eu estar com uma negra. Meu irmão caçoava de mim pelas costas, fiquei sabendo. A pressão foi tanta que acabei cedendo e desisti do relacionamento. Só que hoje não estou feliz. Eu ainda a amo e quero ficar com ela. Lembro dela todos os dias e fico triste por não estarmos perto um do outro. Será que é possível esquecer um amor?

            Você me pergunta se é possível esquecer o seu amor e parece que você mesmo já sabe a resposta. Tanto que não a esqueceu porque ainda pensa nela e sonha com ela. Vocês não estão mais juntos, mas você gostaria de estar.
            Pelo que você me escreveu você a ama, no entanto, não conseguiu ser corajoso o suficiente para enfrentar o preconceito da sua família e sustentar esse amor. Provavelmente porque você também tem um certo grau de preconceito pelo fato dela ser negra. Caso não fosse assim você não teria se desfeito desse relacionamento.
            Sua família, ao condenar seu namoro, liga mais para o preconceito estúpido do que para a sua felicidade e bem estar. Eles não toleram uma pessoa com pele negra na família porque não a consideram boa o suficiente. Mas quem a namorava era você e não eles, portanto quem teria que decidir se ela era boa para você era você mesmo. Só que você deixou que eles tomassem essa decisão por você.
            No início do seu email você havia dito que não depende de ninguém, mas se engana porque se mostrou dependente da aprovação familiar. Não sei se ela ainda te quer, pode ser que você a tenha machucado com sua rejeição, mas se achar que ainda tem chance com ela por que vai jogar fora seu amor? Os que se amam só são felizes juntos e não querendo a separação enfrentam o preconceito e ignoram as diferenças. Se o que vocês tiveram foi de fato forte pode ser que seja recuperado e depende agora da posição que você vai tomar. O amor ou o preconceito? O que você vai valorizar?

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Pensamento


Não importa de onde a pessoa veio, mas importa para onde ela está indo.
(Ditado hinduísta)

Um dia andando na rua pude entreouvir uma conversa entre duas pessoas. Elas reclamavam de uma terceira e diziam coisas como: Quem ela pensa que é? Ela é uma pobretona sem eira e nem beira. Ela sabe de onde saiu? Ela veio do nada, não tem extirpe. Fiquei pensando como as pessoas dão um valor exagerado para a representação e não para o conteúdo.
Claro que essa terceira pessoa que as duas primeiras se referiam poderia ter feito algo desagradável, mas o que vejo muitas vezes é que as pessoas se apegam a valores falsos e vivem uma vida de preconceito. O que diz sobre uma pessoa são as suas ações e não sua origem ou sua aparência.
Se achar melhor que uma pessoa só por causa de sua origem é se fazer de arrogante e isso nada mais é do que se defender de uma maneira tola. O arrogante não tem segurança de suas qualidades e denigre o outro para se sentir mais seguro. Só que isso é puro preconceito, inútil e empobrece os relacionamentos. Se alguém tem uma reclamação sobre uma pessoa ela deve fazer isso de forma justa e coerente, e não querer rebaixá-la para compensar a sua falta de segurança e autoestima.
Mais do que a representação que uma pessoa possui o que importa é o que a pessoa é. Todos estamos nesse mundo para aprender a viver de forma digna. Estamos no mesmo barco e se desfazer dos preconceitos é uma das melhores aprendizagens que podemos adquirir para viver em paz e verdadeiramente.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Pergunta de leitora - À espera da morte



Tenho muito medo da morte. Tenho 52 anos e não há um único dia em que não pense nela. Não sei o que vem depois e queria tanto saber. Isso me deixaria mais segura. São tantas as religiões e cada uma delas com uma explicação diferente e eu nem sei mais o que pensar e acreditar. Vi que há cursinhos para se preparar para a morte ministrados por psicólogos especializados na morte. Acho que eu deveria fazer um deles para assim estar mais segura quando chegar a hora. Você acha que eles são bons? Pode me indicar algum?

            É incrível notar que com apenas 52 anos você já está pesando na morte. É mais incrível ainda de se notar, porém muito mais triste, que você se esqueceu de perceber que está viva e que tem muito chão pela frente. O que será que na morte te fascina tanto que faz você se esquecer de viver?
            A morte é algo natural na vida e não há como evitá-la. O ato de morrer é algo que, uma hora, todos iremos experimentar. No entanto, parece que você fica tão focada pensando nele que a faz deixar de lado aquilo que nesse momento lhe deveria importar mais: viver.
            Confúcio, sábio chinês da antiguidade, tem uma frase que diz que jamais poderíamos entender o que é a morte se não entendermos primeiro o que é a vida. Aos 52 anos tem muita vida pela sua frente e você deveria se preocupar em vivê-la bem.
            Viver já é uma grande aventura se assim você se permitir, mas me parece que viver para você é algo bem mais temível do que a morte. Parece temer tanto a vida que arruma qualquer coisa para não ter que pensar nela. O que eu lhe indico é uma bela psicoterapia. Que você possa encontrar alguém que te escute e te ajude a pensar sobre a vida e não sobre a morte. Quem sabe você ao se ouvir não pode se dar conta do quanto está perdendo tempo e resolva mudar essa situação cuidando mais de si em vez de viver atemorizada? A vida pode ser apaixonante se você abrir espaço para isso. Que tal pensar sobre isso?

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Amor na maturidade



            Como vivemos numa cultura onde se pratica o culto à juventude estranha-se quando se fala de amor na maturidade. Como se quem tem mais idade já não mais amasse ou mesmo tivesse desejo. Espera-se que a única forma de amor que pode vir dos mais maduros seja o amor pelos netos. Será que os mais velhos não amam? Será que não sentem mais desejos sexuais?
            Essa idéia estapafúrdia de que os mais velhos não transam vem do fato de se ligar a sexualidade com a reprodução. Já que eles não podem mais procriar, acredita-se de que não mais necessitam de sexo. Que idéia retrógrada e ignorante.
            A sexualidade humana, diferente da dos animais, não está a serviço apenas da reprodução, mas vai além e diz respeito ao direito e desejo de cada um. O ser humano deseja e é isso que sustenta uma vida sexual. O sexo não é feito de atos físicos desconectados da mente, porém é pura fantasia e imaginação. Quem possui mais idade não precisa ser desprovido de fantasia e imaginação e por isso mesmo pode viver uma vida sexual muito boa. É claro que o corpo já não é mais o mesmo, mas as mudanças não necessariamente precisam impedir de se viver a sexualidade. Pelo contrario, imagina-se até que quem já viveu mais pode deixar de lado ansiedades e angústias que antes minavam a vida sexual, tornando-se então muito mais livre para viver o sexo de forma mais prazerosa.
            É direito de escolha de cada um decidir se quer viver a sexualidade na maturidade ou não. O que não se pode é generalizar e estabelecer como verdade que aos mais velhos o sexo não é bem vindo. E uma pessoa com desejos que não se permite realizá-los, mata-se. Porque o que morre é a fantasia e o que seria de nós se abandonássemos as fantasias que tanto nos enriquece e regala?

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Pergunta de Leitora - Viúva-alegre


Sou uma senhora de 69 anos que adora aproveitar a vida. Sou viúva e quando estive casada amei muito meu marido. Vivemos muito bem e nós dois casamos porque acreditávamos no amor que uma dava para o outro. Ele já faleceu há 10 anos e depois do primeiro ano que eu sofri muito eu voltei a aproveitar a vida. Saio com amigas, passeio, viajo e levo uma vida muito boa. Até tive alguns namorados. Meus filhos não aceitam a maneira que vivo e acham que eu devia estar fazendo tricô e chorando pela morte do pai deles. Eu chorei muito, mas não morri junto só que meus filhos ficam bravos e acham que eu nuca amei meu marido e nem o respeito. Já ouvi uma das minhas noras me chamar de viúva-alegre. Será que é tão impensável que uma mulher da minha idade possa viver e se divertir?

            Ainda bem que foi-se o tempo que a única coisa que uma viúva podia fazer é chorar e não mais viver. Como você muito bem disse, seu marido morreu e não você, portanto não há motivos para você se esquecer que sua vida continua e que ela deve ser aproveitada.
            Você passear, viajar e até ter namorados não significa que não amou seu marido. Apenas significa que você também se ama e aproveita o tempo que lhe é dado. Você por acaso seria mais feliz se ficasse fazendo tricô e seguisse o que seus filhos esperam de você?
            Seus filhos estão presos numa idéia muito atrasada de que para a viúva não resta nada além do dissabor e da amargura, que a mulher deve esquecer de si própria porque enviuvou. Ainda bem que você não pensa assim e se dá o direito de viver, direito este que nem mesmo seus filhos podem te tirar. Sua nora ao te chamar de viúva-alegre quer te fazer se sentir mal, mas você pode aprender a ouvir isso como um cumprimento e não como um xingamento.
          São poucas as mulheres que se permitem desfrutar a vida nessa idade como você e isso te faz de alegre sim. Porém uma alegre que sabe que amou muito e que foi amada e que com a morte do cônjuge continua honrando a vida tirando dela o que ela pode oferecer de melhor. Viúva-alegre sim, pois tem motivos para celebrar a vida e não se entregar à morte antes do tempo.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A idade de ser feliz



Existe somente uma idade para a gente ser feliz, 
somente uma época na vida de cada pessoa 
em que é possível sonhar e fazer planos 
e ter energia bastante para realizá-las 
a despeito de todas as dificuldades e obstáculos. 

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente 
e desfrutar tudo com toda intensidade 
sem medo, nem culpa de sentir prazer. 

Essa idade tão fugaz na vida da gente 
chama-se PRESENTE 
e tem a duração do instante que passa.
(Desconhecido)

            A felicidade só pode existir no tempo presente. Acreditar que ela só existiu no passado é ficar preso a um tempo que já não mais existe e achar que ela só está no futuro é adiar a possibilidade de ser feliz agora.
            O único tempo em que podemos fazer algo é o presente. O passado serve para se aprender quando nos debruçamos sobre ele, mas não temos como mudá-lo. O futuro ainda é um mistério e depende do que fazemos no tempo de agora. Portanto, para se buscar a felicidade, ir atrás daquilo que nos encanta e nos realiza só pode ocorrer no presente. Só podemos viver o presente.
            É importante não se enganar quando se busca ser feliz. A hora é agora e não acreditar nisso é negar a responsabilidade que cada um tem de se comprometer com a própria vida e vivê-la da melhor forma possível.