segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Análise de Filme: A Bela e a Fera



            O filme francês A Bela e a Fera (La Belle et la Bête, 2014) é muito bem contado e se diferencia favoravelmente da horrível safra de filmes de contos de fadas que vem saindo ultimamente. Os contos de fadas transformados em filmes vêm sendo mutilados e perdendo a riqueza de seus significados. O que fica é um filme vazio com uma bela fotografia, mas nada de enredo. Já este filme francês nos permite ver significados muitos interessantes para refletirmos sobre o que é uma união amorosa.
            A história de A Bela e a Fera é sobre o relacionamento amoroso entre uma mulher e um homem e mais precisamente como uma mulher salva um homem de seus conteúdos mais primitivos e o ajuda a se transformar verdadeiramente em um homem. A Fera é apenas uma metáfora para mostrar um homem que ainda não é de fato um homem, é somente um ser do gênero masculino.
            Essa “fera” se percebe gostar de uma mulher, se sente atraído por ela, mas não sabe se relacionar. É grosseiro, rude, provocador de mágoas. Possessivo, se acha dono da mulher pela qual se sente atraído, limitando sua liberdade e seus desejos. Ele acredita que agindo assim a terá para si, mas engana-se porque não se é possível prender o coração de outra pessoa. Para tê-la, não de forma possessiva, mas amorosamente ele precisará conquista-la.
            Um homem só se torna homem quando se permite abrir mão de mecanismos primitivos que o deixam mais para animal e passa a construir dentro de si uma humanidade. É essa humanidade que lhe permite entender a sutileza de uma relação amorosa e que o amor requer delicadeza sempre. Sem esses ingredientes pode haver paixão e atração, mas nunca amor.
            E a medida que Bela vai ajudando a Fera a se tornar um homem, este vai ajudando Bela a ser uma mulher. Ela vai aprendendo a amar e deixar de lado os sonhos infantis do que seria um relacionamento. O príncipe encantado se torna um homem real o que por sua vez a torna numa mulher real e não mais uma menina carregada de idealizações. O filme mostra que formar uma união entre um homem e uma mulher é trabalhoso e demanda dos dois aprender com as experiências do que vivem um com o outro. Casar não é só uma questão de assinar documentos ou ser abençoado por um religioso, mas de crescer juntos. O casamento só existe quando a mulher ajuda o seu homem a se transformar num homem e o homem ajuda a mulher a se transformar numa mulher, quando um desperta o que há de melhor no outro. 

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