terça-feira, 8 de setembro de 2015

Ciúme entre irmãos


            É mais do que natural existir a presença de ciúmes quando uma criança está prestes a ganhar um irmão. É um momento que traz muitas inseguranças, bem como raiva pelo novo ser que surge e que representa um perigo para a criança já existente. Não há em nenhuma criança a falta desse sentimento que é o ciúme. Mesmo naquelas que aparentam uma tranquilidade o ciúme existe e mexe por dentro de forma desconfortável.
            Esse ciúme ocorre porque a vinda de um irmão significa um rival a mais no amor que recebe dos pais. Cada irmão novo que vem é sentido como um ladrão da atenção e afetos que se recebe. Obviamente tomar consciência da vinda de um irmão é doloroso e muito frequentemente reagimos à dor com raiva e ódio. Ninguém quer perder a posição já conquistada e nem ter que dividir. Imagine a seguinte situação para entender o que uma criança sente: uma mulher chega em casa e diz ao marido que gostou tanto de viver um relacionamento com ele que decidiu trazer outro homem para casa para se relacionar. O que acha que esse marido sentiria?
            Muitas crianças, entretanto, percebem que o ódio que nutrem pelo irmãozinho é mal recebido pelos os que o rodeiam e que persistir nesse sentimento vai fazer com que perca mais o que sente já estar perdendo e então se portam de uma maneira completamente oposta. Passam a ser atenciosas e cheias de falas que visam à proteção do pequeno irmão, encantando tantos os adultos ao seu redor. Em vez de demonstrarem o ódio que sentem mostram uma faceta contrária e assim ganham pontos. Claro que isso também pode favorecer uma mudança verdadeira e muitos irmãos mais velhos acabam por gostar e se sentir responsáveis por aquela nova criatura em suas vidas.
            Quando nos conscientizamos do ciúme ficamos mais cientes das ambivalências entre o amor o ódio. Muitas vezes amamos e odiamos uma mesma figura ao mesmo tempo. Ao nos darmos conta da ambivalência somos mais donos de nós mesmos e podemos escolher quais serão nossas atitudes em vez de ficarmos presos às emoções sem nem ao menos poder pensar sobre o que elas significam. Toda rivalidade que sentimos na infância tem ressonância na vida adulta e na maneira que vivemos o presente. Saber que destino damos aos nossos sentimentos é sempre a melhor maneira de podermos mudar o que vivemos hoje. 

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