“Se a meta principal de um capitão fosse conservar seu barco, ele o conservaria no porto para sempre.” (São Tomás de Aquino)
Que desperdício ter um barco para
sempre ancorado ao porto, sem que ele jamais pudesse singrar os mares e vir a
ser o que foi feito para ser. Esse hipotético barco parado seria empobrecido em
sua condição de barco. Agora, pena mesmo é que muitas pessoas se portam desta
maneira. Em vez de viver ficam paradas e acham que estão se protegendo.
Obviamente quando um barco é lançado
ao alto mar pode encontrar incontáveis perigos. Pode até mesmo nem mais
retornar e ter um fim trágico. No entanto assim é a vida. Um barco foi feito
para se aventurar, com todo o cuidado e vigilância, é claro, mas mesmo assim
foi feito para estar em locomoção e não ficar parado. Assim como os barcos
somos nós. Também fomos feitos para viver, só que muitos se esquecem disso e
acabam apenas por sobreviver e se esquecem de que se ousassem viver a vida
poderia ser muito melhor.
Estar vivo é uma grande aventura
para quem se permitir. Inúmeros perigos podem surgir e certamente variados
problemas ocorrerão e que exigirão toda a nossa atenção e pensamento. Viver
significa singrar esse mar que é a vida e se colocar disponível até para o
sofrimento. Entretanto, não é tudo só perigo. Há também muitos ganhos nessa
jornada que são indiscutivelmente sem preço e que nos tornam melhores e mais
sábios. Viver bem tem a ver com ganhar experiências e se deixar mudar por elas.
Nada pior do que uma pessoa que passa pelos anos sem jamais se deixar tocar
pela vida e aprender com ela.
Dá medo lançar-se à vida, mas é necessário. Mil vezes mais benéfico é enfrentar as tempestades no meio do caminho, as turbulências que nos pegam de surpresa, do que ficar em uma pseudo-segurança no porto. Quem ousar sair pode chegar a lugares novos e conhecer ares diferentes. Ousar uma jornada é uma experiência transformadora e é isso que no fundo alimenta a alma. Alguém conhece jornada mais interessante que a própria vida?