Sou homossexual assumido. Por muito
tempo vivi escondido de todos e principalmente da família. Agora não faço mais
segredos da minha condição e sou feliz assim. Aliás me revelar para o mundo foi
bem mais fácil do que eu pensei que seria e fiquei bastante satisfeito ao não
notar tanto preconceito ao meu redor. O que me entristece é que não tenho
ninguém. É fácil “encontrar” sexo, principalmente com o auxilio da internet. Só
que arrumar um companheiro é outra história. Me sinto só e as vezes fico em
duvida se um dia vou poder encontrar alguém na minha vida. Queria entender por
que é tão difícil assim arrumar alguém.
Já se foi o tempo que a principal
razão de angústia dos homossexuais se encontrava no medo de sofrer preconceito.
Hoje, apesar de ainda haver muito preconceito e muita coisa precisar ser
melhorada, há mais espaço e aceitação de modo que assumir ser homossexual não
representa um problema de grandes proporções. A homossexualidade não mais é
considerada perversão e nem doença e é vista como mais uma maneira de amar e
ser amado. O que leva homossexuais aos divãs, atualmente, tem muito mais a ver
com a solidão.
A comunidade homossexual lutou muito
para obter direitos e uma posição reconhecida na sociedade o que permitiu que a
homofobia esteja hoje menos violenta do que já foi. No entanto, o homossexual,
apesar de estar integrado socialmente sofre de solidão e no meio de tantas
conquistas falta-lhe a segurança afetiva. É isso que mais caracteriza a
homossexualidade hoje em dia: a solidão afetiva.
Há um contraste na vida dessas
pessoas que têm à disposição uma facilidade enorme para conseguir relações
físicas e se satisfazer sexualmente e uma dificuldade para estabelecer relações
que exigem ternura e amor de fato. Muitos se perdem entre a facilidade de um
prazer rápido e fortuito e o trabalho de desenvolver relacionamentos afetivos
de qualidade criando um grupo de solitários.
Porém, não são só os homossexuais
que se encontram nessa situação, mas todo o gênero humano porque estabelecer
relações afetivas e ternas exige experiência e tempo. É preciso errar para
conseguir uma hora acertar. É necessário persistir para não cair na amargura e
na descrença do amor. O amor é direito de todos e não faz distinção entre
gêneros e orientações sexuais. A reivindicação que o amor faz a quem quer
vivê-lo é se fazer persistente e confiante na sua possibilidade. Afinal as
coisa que mais valem a pena são aquelas que mais trabalhamos para ter.
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