A
ansiedade é um estado de mente terrível. Quem a sente e todos em menor ou maior
grau a sentem sabe bem como ela é extremamente desestabilizadora. Tira a paz e
a tranquilidade e deixa no lugar uma sensação de se estar quebrado, um gosto insuportável,
um verdadeiro buraco negro que tudo suga de bom a sua volta sem deixar nada. A
ansiedade existe, é um fato, e nada podemos fazer para evitar que ela continue
a existir, mas entre senti-la e viver constantemente com ela há um abismo que
faz toda a diferença. Viver, assiduamente, oprimido pela ansiedade pode ser a
experiência mais aterradora que alguém pode ter. Então, saber lidar com a
ansiedade que se sente é mais do que importante, é vital.
Pode
ser por um emprego que está em risco, por um relacionamento que está em jogo,
pelo dinheiro que se vai indo e que demora para voltar, pela saúde que não anda
bem, pelo outro que tanto gostamos ou por qualquer outra razão, a ansiedade tem
várias formas e todas nos levam a temer o futuro e o que ele nos reserva. Ela
liga um sinal de alarme interno que vislumbra sempre os piores cenários
possíveis e as consequências mais nefastas. Entregar-se às fantasias que a
ansiedade desperta já é perder porque nestas fantasias não há a menor
possibilidade de final feliz e tudo já fica pré-definido. Viver em ansiedade é
a pior prisão que alguém poderia pisar.
Como
então lidar com esse mal? Como se preservar de algo que nos pega tão
intensamente e que só nos leva a imaginar o pior? O grande erro é que as
pessoas quando tomadas por estados de mente dolorosos têm a tendência de se
livrarem deles o mais rápido possível como se o que sentíssemos fosse um pedaço
velho de papel que pudesse ser facilmente amassado e jogado no cesto de lixo.
Quem dera fosse fácil assim! Porém, o que sentimos não pode ser descartado
desta forma, até mesmo porque sentimentos não têm como ser jogado fora. Eles
podem ser transformados.
Se
não podemos chutar a ansiedade para longe fazemos o que com ela? Só há uma
possibilidade, mas esta exige coragem e resignação, qualidades que andam em
falta. Para com a ansiedade só podemos aceita-la. Isso mesmo. Aceitamos a sua
presença assim como somos obrigados a aceitar uma tempestade. Não podemos
controlar o tempo e quando nuvens carregadas resolvem despejar sua fúria sobre
nós só nos resta curvar e aceitar até que passe. E por pior que seja uma
tempestade ela sempre passa. Com a ansiedade é a mesma coisa. Ela também passa
mesmo que a sintamos que ela seja eterna.
O
sentimento de ansiedade sempre fará parte da vida de qualquer pessoa. É uma
realidade que não mudamos. Agora, o que podemos fazer em relação a isso é
evitar que ela permaneça conosco além da conta e também não acreditar que seus
estragos possam ser maiores do que nossa capacidade de reconstrução. O pensador
chinês da antiguidade Confúcio dizia que impedir
que os pássaros da aflição sobrevoem sobre nossas cabeças não temos como
evitar, mas que eles construam ninhos sobre elas, isso sim, temos como evitar.
A Dona Ansiedade será sempre uma visita indesejável, mas não precisamos
convida-la a morar conosco. Cabe a cada um aprender a lidar com a ansiedade que
sente a fim de evitar que ela se torne uma companheira para a vida.
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