Tenho 21 anos e moro com meus pais.
Ainda não consegui passar no vestibular. Quero fazer psicologia. Sou baixa
(1,50m) e gorda (86 kg). Me sinto horrível e terrivelmente feia e totalmente
deslocada. Não tenho amigos e nem amigas. Nunca beijei ninguém e só sei me
lamentar. Minha mãe me faz tanta pressão para emagrecer que acabo comendo de
nervosa. Meu pai não fala nada, mas sei que ele tb me acha muito gorda. Sofro
muito com minha vida e não sei o que fazer para melhorá-la. Já até pensei em
suicídio mas nunca tive coragem. Quero mudar mas não sei como. Queria
aproveitar melhor quem eu poderia ser. Mas parece que não tenho perspectiva. O
que posso fazer?
Você me fala como se você fosse
duas. Uma delas você odeia, pois tem um corpo que você desgosta e uma vida que
te aborrece e não te traz nenhum bom sentimento. Outra que você sente que está
aí dentro de você, mas que não consegue ter acesso. Digo dessa outra baseado
quando você escreveu: “queria aproveitar
melhor quem eu poderia ser”. O que precisa é aprender a acessar essa outra
que você sente que poderia ser.
A sua condição é a da prisão. Você
se sente presa a um corpo e a uma situação que não te favorece e que só serve
para curtir o masoquismo. A primeira pergunta que você deve se fazer é o por
quê disso? O que será que impede essa outra, muito mais conveniente ao seu
desenvolvimento, de surgir com mais força? É importante e vital você responder
essa pergunta.
Para chegar a uma resposta que você
necessita precisa se analisar e aprender a se ouvir. Ao se ouvir você entenderá
as quais impedimentos inconscientes você se prende e com isso poderá vir a
reconstruir a sua história de outra forma. Em vez de só saber se lamentar vai
encontrar alternativas que te mostrem uma saída desse aprisionamento.
A sua dor e sofrimento podem ser seu
grande trunfo para se tornar uma psicóloga acolhedora com os sofrimentos dos futuros
pacientes. Mas para isso é preciso primeiro aprender a acolher o seu sofrimento
e transformá-lo. Quando você pensa em suicídio é esse corpo e situação que
deseja matar e não você de fato. Está na hora de passar de vítima a autora da
sua vida. Não perca mais tempo.