No tarô de Marselha há uma carta que se chama O Carro. É a imagem de um jovem
dirigindo uma carruagem com dois cavalos de cores diferentes. Segundo os
místicos o cavalo vermelho representa o corpo físico, enquanto o cavalo azul
representa o corpo espiritual. Deixando de lado os significados místicos que
muitos dão ao tarô podemos pensar nessa carta sob um olhar psicanalítico.
O tarô não precisa ser entendido como algo mágico que
prevê o futuro e mostra quem vai ser seu mais novo amor. As cartas podem ser
interpretadas como contando uma verdade do psiquismo. Na Idade Média, quando
esse tarô foi criado, não existia psicanálise, psicologia e ciências tais, de
modo que a investigação da mente era identificada como feitiçaria. Era
inadequado e perigoso, naquela época, investigar o próprio pensamento, muitos
foram parar nas fogueiras por causa disso. O pensamento era controlado.
Voltando para O
Carro, podemos entender esse cavalo vermelho como nossas emoções mais
básicas e primitivas, aquilo que nos inflama e que são nossos impulsos que ás
vezes nos leva a fazer besteiras. Já o cavalo azul pode ser entendido como a
razão que nos faz refletir e pensar antes de qualquer atitude, é se conter e
não se entregar cegamente aos impulsos. Na nossa vida mental temos então esses
dois cavalos, emoções e razão, e não havendo um bom equilíbrio entre eles a carruagem
(nossas vidas) podem tombar. Uma carruagem deve ser bem guiada, principalmente
quando há dois cavalos. É necessário eles trabalharem conjuntamente, senão há
riscos.
Nossas vidas devem ser bem vividas e o equilíbrio é o que
permite isso. Se entregar, sem qualquer restrição, a tudo que sentimos pode ser
perigoso. Nos cega para ver a realidade e impede nos preservarmos. Porém, viver
controlando todas as emoções rigidamente é se impedir de sentir o gosto pela
vida, ficamos desumanos e frios. Mas quando podemos usar das emoções e razão de
forma harmônica criamos a possibilidade de nos guiar bem na vida e tirar dela o
que há de melhor.
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