segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O Carro


            No tarô de Marselha há uma carta que se chama O Carro. É a imagem de um jovem dirigindo uma carruagem com dois cavalos de cores diferentes. Segundo os místicos o cavalo vermelho representa o corpo físico, enquanto o cavalo azul representa o corpo espiritual. Deixando de lado os significados místicos que muitos dão ao tarô podemos pensar nessa carta sob um olhar psicanalítico.
            O tarô não precisa ser entendido como algo mágico que prevê o futuro e mostra quem vai ser seu mais novo amor. As cartas podem ser interpretadas como contando uma verdade do psiquismo. Na Idade Média, quando esse tarô foi criado, não existia psicanálise, psicologia e ciências tais, de modo que a investigação da mente era identificada como feitiçaria. Era inadequado e perigoso, naquela época, investigar o próprio pensamento, muitos foram parar nas fogueiras por causa disso. O pensamento era controlado.
            Voltando para O Carro, podemos entender esse cavalo vermelho como nossas emoções mais básicas e primitivas, aquilo que nos inflama e que são nossos impulsos que ás vezes nos leva a fazer besteiras. Já o cavalo azul pode ser entendido como a razão que nos faz refletir e pensar antes de qualquer atitude, é se conter e não se entregar cegamente aos impulsos. Na nossa vida mental temos então esses dois cavalos, emoções e razão, e não havendo um bom equilíbrio entre eles a carruagem (nossas vidas) podem tombar. Uma carruagem deve ser bem guiada, principalmente quando há dois cavalos. É necessário eles trabalharem conjuntamente, senão há riscos.
            Nossas vidas devem ser bem vividas e o equilíbrio é o que permite isso. Se entregar, sem qualquer restrição, a tudo que sentimos pode ser perigoso. Nos cega para ver a realidade e impede nos preservarmos. Porém, viver controlando todas as emoções rigidamente é se impedir de sentir o gosto pela vida, ficamos desumanos e frios. Mas quando podemos usar das emoções e razão de forma harmônica criamos a possibilidade de nos guiar bem na vida e tirar dela o que há de melhor. 

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