Tantas pessoas reclamam que não têm ninguém em suas vidas.
São tantos o que se lamentam por não terem um namorado ou namorada. Sentem-se
sozinhos e carentes. Passam, então, a dizer que ninguém mais quer nada com
nada, que o amor não mais é levado seriamente e que não se fazem mais namorados
como antigamente. Apesar de que mudanças sempre ocorrem na sociedade e isso
muda até as formas de se relacionar, o que na verdade acontece é que se
idealiza o que seja um namoro e acaba-se procurando por algo que não tem como
existir na realidade.
O problema por que essa idealização acontece é devido as
pessoas procurarem sua cara metade e não um namorado ou namorada. Quem quer que
seja nosso companheiro no amor, essa pessoa jamais será nossa cara metade, mas
um outro com todas as suas singularidades. O amor existe apesar das diferenças
e é bom que assim seja, pois amar alguém que fosse nossa cara metade (o que é
irreal) seria a mesma coisa que um amor narcísico, ou seja, um amor apenas por
nós mesmos e não pelo outro.
Procurar pela cara metade é um exercício tão infrutífero
quanto egoísta. É tal qual procurar por uma parte de si próprio no outro como
se estivéssemos incompletos. Não é esse o caso. Ninguém deveria se envolver num
namoro porque se sente incompleto. Isso só levaria ao fracasso do
relacionamento já que implicaria a exigência de que o outro tenha que nos
completar. Ninguém tem o poder de completar o outro e insistir nisso é se
iludir e caminhar para a infelicidade. Muitos dos desentendimentos entre os
casais é a decepção por notarem que o outro não traz a completude. Querem amar,
porém colocam a condição de que o outro tenha que ser algo idealizado e não
real.
Amar significa, acima de tudo, aceitar que o outro é
diferente. Amar implica se desfazer da idéia de que o outro precisa ser de um
jeito ou outro. Procurar por caras metades é um engano e só leva ao
desapontamento. Muito mais favorável é procurar alguém que podemos amar e que
nos ame, mesmo havendo diferenças. É não precisar receber a etiqueta de “cara
metade”, mas de companheiro ou companheira. Quando desejamos o possível, a
felicidade se torna algo mais próximo.
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