sexta-feira, 28 de junho de 2013

Pergunta de Leitor - Normalidade não tem cara


Sou homem e gosto de mulheres. Nunca tive desejo por transar com outros homens. Só que tem algo que me deixa preocupado. Tenho 34 anos e quando saio com mulheres no motel eu gosto de ser penetrado. Seja o dedo ou até mesmo um vibrador. Gosto disso. Só que não são todas as mulheres que topam fazer isso. Muitas acham estranho demais e pensam que eu sou gay. Outras riem na minha cara e perco a moral. Houve vezes que nunca pedi para ser penetrado só porque tinha receio de como as mulheres iriam reagir. Acho muito estranho esse meu gosto e não queria ser assim. Será que é indicativo de que tenho alguma anormalidade? De que tenho algum problema? Seria bem melhor ser normal e não ter esse tipo de vontade.

            O que é “ser normal”? Você poderia me responder que é não ter o desejo de ser penetrado, no entanto, para outra pessoa seria outra coisa completamente diferente. O que mostra que o conceito de normalidade não é algo certo e que não deveria ser base para coisa alguma.
            Há tantas e variadas formas de sentir prazer que não existe a forma certa e a errada. Tudo depende de cada um. A sexualidade não vem com manual de instrução e por isso mesmo pode ser vivida com mais liberdade. Você se culpa por sentir um prazer que considera estranho e que inconscientemente condena. Caso não condenasse não alimentaria dúvida quanto à sua legitimidade.
            A sexualidade, por ser muitas vezes condenada e mal entendida, encontra muitos preconceitos. Um deles é de que homem não pode ou ao menos não deveria sentir prazer na região anal. Que bobagem. O corpo inteiro pode ser fonte de prazer. Um homem sentir prazer em ser penetrado nem é tão incomum assim. Tantos os homens quanto as mulheres prestam um desserviço muito grande à boa vivência sexual quando se apegam a preconceitos.
              Você vive seu desejo como se este se tratasse de algo condenável. Precisa aprender a aceitar o que quer para poder viver sem sentir vergonha. Em outras palavras, necessita aceitar ser o que de fato é para poder viver bem e em paz. À medida que seu próprio preconceito puder ser vencido você não mais temerá os preconceitos do outro e também não mais temerá em conseguir o que quer. Se você se autoriza viver sua fantasia ninguém mais poderá lhe desautorizar.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

A trilha dos tijolos amarelos


            A estória de O mágico de Oz, tanto em livro como em filme (a versão antiga), pode ser bastante ilustrativa para entendermos muitas coisas em nossa vida interna. Nessa estória, uma menina que estava um pouco decepcionada com o mundo a sua volta é “magicamente” levada por um tornado até uma terra desconhecida. Lá ela encontra seres diferentes e precisa encontrar o tal mágico de Oz para conseguir voltar a sua casa e seus familiares. Para chegar ao mágico segue a trilha dos tijolos amarelos, onde encontra muitos desafios e faz muitos amigos. Esses amigos representados pelo Leão, Espantalho e Homem de Lata têm também um desejo que gostariam de realizar. O Leão quer coragem, pois se acha covarde. O Espantalho quer um cérebro já que se acha estúpido e por fim o Homem de Lata deseja um coração para sentir que há vida dentro de si e de que não é apenas feito de frio metal.
            Ao se unirem para prosseguir até o mágico eles têm a chance de passar por diversos perigos que enfrentam com galhardia. Em cada um desses desafios eles se desenvolvem mais e mais. Tornam-se mais fortes e seguros, apesar de, inicialmente, não reconhecerem isso. Ao chegar até o mágico eles se deparam com uma verdade desalentadora. O tal mágico é uma grande fraude e não tem poderes coisa nenhuma, era pura enganação. Em princípio desanimados com essa descoberta os personagens vão se dando conta de que no fim eles não precisavam mesmo do mágico, pois em seu caminho eles tiveram tantas provas que suas capacidades foram desenvolvidas. O Leão mostrou coragem em muitas situações, o Espantalho deu mostra de inteligência e o Homem de Lata mostrou que tinha um coração vivo dentro de si. Já a menina poderia voltar à sua casa usando da sua força de vontade. Enfim, todos conseguiram o que queriam sem precisar de mágica nenhuma.
            Com essa estória podemos entender que em nossa mente, muitas vezes, desejamos que as coisas e os problemas se resolvessem magicamente. Desejamos, algumas vezes secretamente, que alguém nos traga soluções para nossas angústias e dores. Com esse desejo ficamos numa posição infantil já que esperamos que alguém venha e cuide de nós. Todos carregamos esse desejo, mas se faz importante que possamos nos responsabilizar pela nossa vida e cuidar dela nós mesmos. Esse desejo de que tenhamos tudo solucionado para nós ocorre porque não acreditamos no nosso potencial. Duvidamos da nossa capacidade de pensar e criar uma nova maneira de viver. Achamo-nos perdidos e ficamos a esperar por um resgate, porém o resgate só pode vir de dentro de nós.
           O que precisamos de fato é caminhar na vida e aprender com as experiências que encontramos. Só se vive bem aprendendo com a própria vida. Não existe um manual para se viver bem. Manual de instrução é para aparelhos e não para seres humanos. Para se desenvolver como ser humano é preciso se entregar à vida. Com certeza muitas coisas desagradáveis poderão ser encontradas nesse caminho, mas muitas coisas boas também poderão ser vivenciadas e ao caminhar aprenderemos muito sobre nossas capacidades e potencialidades que antes duvidávamos ter. Vamos andar na trilha dos tijolos amarelos da vida?

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Pergunta de Leitora - Amadurecer


Tenho 26 anos e tive um relacionamento longo de quase 6, porém nós somos muito individualistas e sempre damos prioridade cada um a seu objetivo pessoal. Isso por diversas vezes nos distanciou. Nunca tínhamos tempo um para outro, pois estávamos envolvidos cada um com seu projeto individual que nunca incluía o outro. Da última vez em que isso ocorreu, acabei traindo-o com outra pessoa e acabei engravidando. Fui honesta com ele e contei toda a verdade e nos separamos. Hoje, porém, não tenho contato com o pai da criança e apesar de não ser o certo, tenho e alimento total desprezo por esta criança, inclusive pensei na ideia do aborto. Tenho vergonha de sair de casa e ter a obrigação de contar toda essa estória para conhecidos e parentes e ainda fingir que estou feliz com um filho. Sempre ouvimos o lado de quem foi traído, mas nunca paramos para pensar no arrependimento de quem cometeu um erro. Será que um dia vou mudar de opinião sobre tudo isso? Tenho receio da criança se revoltar também.

            Com 26 anos tem muita vida pela frente. O que precisa é não ficar contaminada com o ressentimento que sente. Esse ressentimento te prejudica e te empobrece. Hoje você está pobre em significados e sente sua vida mais como um peso do que como algo que você possa se alegrar. Viver na posição de arrependimento pelos atos passados não vai mudar em nada a sua vida.
            Como se diz no provérbio popular Não adianta chorar pelo leite derramado você precisa aprender a adotar outra posição. A posição com que você se identifica hoje é a da vítima, aquela que sofre, quando precisa adotar a posição da responsável pela própria vida. Seu filho não pediu para nascer, foi você junto com o pai dele que o trouxeram a este mundo. Seu filho não deve sofrer pelos seus atos. Quando despreza seu filho você despreza a si mesma. Aliás, o desprezo que você tem por ele é o desprezo que você tem e alimenta por si mesma.
            O que está lhe faltando é amadurecer. Não é fácil mesmo crescer, mas é extremamente necessário. Você mesma afirma que é individualista, mas entendo isso como se fosse algo relacionado à imaturidade. Só existe você mesma, seus interesses e se coloca indisponível para estabelecer relacionamentos verdadeiros e totais. Foi assim com o ex-namorado, foi assim com o pai do seu filho e é assim com o seu filho. Quem cresce precisa assumir responsabilidades e disso você foge. E mais, o pai do seu filho também precisa arcar com as devidas responsabilidades.
               No entanto, há luz no fim do túnel. Se não houvesse a menor chance de você reconsiderar tudo isso você não teria me escrito para expor toda essa sua história. Agora, é agarrar a luz e procurar ajuda de alguém que te escute e te ajude a (re)pensar a vida. A sua atitude para com o seu filho e para com a vida deve mudar, mas não porque um dia ele pode se revoltar, mas porque você não precisa viver desta maneira e pode construir uma vida bem mais digna e mais proveitosa. Não perca tempo se lamentando. Você deve isso ao seu filho e a você mesma.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Fim de Relacionamento


            O fim de um relacionamento é um daqueles momentos que mais trazem dor para o casal. Tudo começou bem, casaram-se, mas após algum tempo as coisas começam a mudar e aquele amor que existia, aquele encanto que inspirava, termina. Ninguém entende porque as coisas chegaram até esse ponto, porém entendem que não dá mais, não há mais amor e nem aquela vontade de ficar junto. Só resta então a separação e todo o dissabor e emoções negativas que ela desperta.
            É ruim quando algo que pensávamos ser para sempre, termina. Mas é pior quando insistimos em algo que já não mais funciona e que traz tanto desgosto. Há muitas pessoas que temem a separação, achando que não conseguirão sobreviver a ela. Por causa deste temor insistem no relacionamento de forma a tentar ressuscitar algo que já se foi e assim se machucam e se enganam. Quando algo termina é preciso encarar a realidade e saber virar uma página da vida para começar outra. Não dá para se enganar e fingir que o fim do relacionamento nunca aconteceu. Isso é só adiar algo que inevitavelmente vai acontecer e que quanto mais prorrogação houver vai trazer mais sofrimentos.
            O que faz com que muitas pessoas fechem os olhos para não ver o fim de um relacionamento é que sentem isso como um fracasso. Acham que têm a obrigação de fazer as coisas darem certo, mesmo que seja à força. Relacionamentos acabam mesmo, é algo natural. E muitas vezes aquela pessoa que tanto nos encantou no passado e a pessoa que éramos não existem mais. As coisas mudam e as pessoas também. E na grande maioria das vezes, quando um relacionamento termina, nem existe culpados.  É apenas como os fatos e coisas se desenrolaram.  Quem está vivendo um final de relacionamento precisa ver que isso não é fracasso, mas parte da realidade da vida. Em muitas religiões a separação é vista com desagrado, mas o durar para sempre até que a morte separe é um engano porque não corresponde à realidade da vida. A separação é um direito e é bom que assim seja pois permite que sejamos livres.
            Aliás, haver a separação pode ser muito bom para determinados casais. Eles podem ficar livres para continuar vivendo a vida e procurar por alguém que realmente amem. Insistir com alguém que não dá mais é ficar preso e se impedir de viver dignamente. Agora, por mais duro e por quaisquer motivos que permeiam a separação, é necessário ter bom senso e não deixar que sentimentos negativos como vingança e mágoa destruam a cordialidade. Quando algo não se dá como queríamos tendemos a expressar muita raiva, mas isso nunca ajudou ninguém e nem resolveu nada. Ter bom senso é conter as próprias emoções e não deixá-las tomar conta de nossas mentes e ações.
          Muitas vezes há até filhos envolvidos e se separar demanda que haja mais cuidado ainda. Há muitos casos, e isso é triste, de casais que em vias de separação colocam os filhos no meio tornando tudo mais complicado e doloroso. Usar um filho na separação é um ato totalmente prejudicial à criança que acaba se sentindo responsável por algo que não é de sua responsabilidade. Por piores que sejam os ressentimentos envolvidos não adianta apelar para o que há de mau, mas é preciso ser maduro e aceitar as coisas e encontrar uma resolução satisfatória. Mesmo terminando um relacionamento fica-se a aprendizagem que ele proporcionou. É possível haver amadurecimento nesse processo doloroso dependendo de como cada um vai escolher lidar com a própria vida.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Pergunta de Leitora - Direito de sonhar


Tenho 21 anos e estou no primeiro ano de faculdade de medicina. Na verdade não sei o que eu queria fazer, medicina é o sonho da minha mãe. Sempre quis ter aquele ano sabático onde pudesse viajar antes de decidir escolher qualquer curso, mas isso é inimaginável para a minha mãe. Sei que ela quer o melhor para mim. O motivo de eu te escrever é que estou vivendo a vida no limite. Tenho medo de desapontar minha mãe. Ela sempre sonhou que eu tenha uma vida melhor e cheia de fama. Toda vez que eu me destacava na escola ou até saía uma matéria no jornal, minha mãe ficava toda orgulhosa e achando que era grande coisa. Mostrava para todo mundo e dizia sempre para eu continuar nesse caminho. Acontece que eu não sei de verdade o que eu gosto. Eu sei o que ela gosta. Chegou ao cúmulo de um dia desses ela falar que espera que eu receba o prêmio Nobel de medicina. Me sinto acuada e sem alternativas. Pode me dizer algo?

            Você pode começar se indagando por que se sente acuada e sem alternativas. Nem sempre o que sentimos tem a ver com a realidade de fato. É importante que você veja que você tem, sim, alternativas, mas que elas não vêm de graça, mas como resultado de uma conquista. A conquista nesse caso está em você viver sua vida.
            Os pais criam todo um sonho para os filhos. Antes mesmo do nascimento os pais estão sonhando com a vida do filho. O problema é quando os pais ao fazerem isso não cedem espaço para o filho sonhar também. Muito provavelmente sua mãe está tentando realizar um desejo dela em você, ou seja, está projetando em você as aspirações dela e do que ela gostaria de ter sido. Só que essa atitude não é justa para com você e você sabe disso.
            Sabe disso, mas tem receio de trazer um fim a isso tudo e desapontar a sua mãe. Você se sente acuada entre pagar o preço por se libertar e desapontar a sua mãe ou deixar-se de lado e desapontar a si mesma. Enquanto acreditar que exista um caminho sem que um preço não tenha que ser pago, se engana e posterga uma decisão importante.
           Libertar-se do sonho da sua mãe e tentar descobrir o seu não é pecado, mas um direito. Cada um precisa desenvolver seus próprios sonhos e lidar com suas próprias frustrações. Caso não aprenda a caminhar o seu caminho corre o risco de viver uma vida que não é a sua e por isso mesmo sem sentido. Quanto à sua mãe ficar decepcionada não cabe a você cuidar disso para ela. Acredito que disponha de recursos internos para deixar de ficar acuada e escolher o caminho que precisa seguir. Só precisa deixar de lado o medo.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Sem fim


            Há pessoas que nunca conseguem terminar coisas que se empenham em fazer na vida. São pródigas em começar qualquer atividade que seja, mas depois de passado um tempo, se desinteressam do que fazem, deixando tudo incompleto e partem para outra atividade para repetir a mesma incompletude. Isso pode acontecer porque essas pessoas relutam em fazer um trabalho de luto. Realizar um trabalho de luto significa elaborar uma perda e esse é sempre um processo doloroso e que por assim ser, faz com que muitas pessoas o evitem.
            Quando começamos algo e o desenvolvemos, as coisas passam por etapas que levam a um fim. E todo fim sempre traz, as vezes mais intensamente outras menos, uma sensação de perda e exige que nos organizemos para suportar essa perda. É difícil deixar algo porque não toleramos muito bem quando sentimos estar perdendo algo. No entanto, perder abre espaço para algo novo na vida e faz com que continuemos em frente.
            Assim que iniciamos a leitura de um livro que nos agrada ou assistimos um filme que nos atrai, sabemos que haverá um fim e é justamente esse conhecimento desse fim que pode gerar um certo tipo de ansiedade. Essa ansiedade tem como função tentar evitar o sofrimento que a perda sempre traz e nossa mente tenta sempre manter o prazer e evitar qualquer desprazer.
            Para a grande maior parte das pessoas, felizmente, realizar esse trabalho de luto para dar um fim as coisas e poder iniciar outra é um processo acessível e que não atrapalha a vida. Porém, há pessoas que sofrem muito com isso e ficam numa situação em que nada nunca encontra uma conclusão. Parece bobo e idiota dessas pessoas não conseguirem terminar a leitura de um romance ou concluir uma atividade, mas para elas, que sofrem disso, é sério e acarreta toda uma pobreza na vida delas. Para resolver isso é preciso que essas pessoas possam aprender a fazer esse trabalho de luto e entendam que as perdas podem trazer um componente desagradável, mas também são as portas para uma nova conquista.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Pergunta de Leitor - Vida adiada


Tenho 48 anos e sou um bom profissional. O problema é que não consigo tirar proveito disso. Sei fazer com que a empresa onde eu trabalho consiga contratos e novos negócios, mas nunca recebo o retorno disso. Acho que não sei me valorizar. Organizo campanhas para entidades de filantropia que arrecadam rios de dinheiro para se fazer o bem, mas eu estou sempre duro de grana. Já tive que vender meu apartamento para pagar dívidas e não tenho um misero centavo na minha conta. Queria entender o que me acontece, o por que não consigo trabalhar a meu favor. Queria fazer terapia, mas agora não tenho dinheiro. Desejo por um remédio milagroso que venha resolver todos os meus problemas.

            Você é um bom profissional, sabe como fazer negócios e arrecadar dinheiro, mas se queixa de que não sabe colocar todas essas suas habilidades e conhecimentos a seu serviço. Sabe mais dar para os outros do que para si mesmo e isso vem lhe custando caro, tanto que teve que vender o seu apartamento. No entanto, o preço pior que você tem que pagar não está na dimensão financeira, mas na de ordem pessoal, você se sente insatisfeito com sua vida.
            Se faz importante descobrir porque você não sabe cuidar de si mesmo. Essa resposta só vai encontrar na sua análise e é vital que venha a investigar isso senão corre o risco do tempo passar e você nada fazer para sair desta situação. Será que você faz do seu auto-sacrifício uma virtude e espera com isso que a recompensa venha naturalmente para provar que você é realmente bom? Parece-me que você não quer reconhecer o valor do seu trabalho, mas quer que os outros o reconheçam e dêem o devido valor. Se for este o caso está prestando um desserviço a si mesmo.
            Pode também ser o caso de você evitar pensar sobre as suas questões. Resolve muito bem os problemas alheios, porém evita ter que elaborar saídas para a sua vida e acreditou que as suas boas ações em relação as empresas e entidades resolveriam as suas questões pessoais. Talvez você se deva até se perguntar se ajudar tanto os outros é uma maneira que você encontrou de evitar ajudar a si mesmo. Como vê há muitas perguntas que necessitam de respostas e não há tempo a perder.
            Hoje você se encontra perdido na neblina da sua auto-ignorância e só tem a ganhar se procurar dissipá-la. O remédio milagroso para o seu mal não existe como você bem o sabe, mas existe a análise. Pode até custar dinheiro só que dinheiro a gente sempre pode ganhar mais. Investir na sua análise é o que você mais necessita. Adiar isso pode te poupar algum dinheiro hoje, mas poderá te custar a vida e a vida não deve ser adiada jamais.

            

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Gratidão não é dívida


            É muito freqüente encontrar nas pessoas o pensamento equivocado de que gratidão é a mesma coisa que dívida. Trata-se de duas coisas diferentes, mas devido a essa confusão bastante transtorno é causado tornando a vida dessas pessoas pesadas.
            Gratidão é um sentimento que reconhece o outro e sua importância. Uma pessoa grata vê as coisas boas que o outro fez por ela e se permite se sentir bem com isso e aceitar o que recebeu, bem como desenvolver um sentimento de amor. É um sentimento onde há leveza e reconhecimento. Já o sentimento de dívida é de outra natureza. É quando percebemos que devemos ao outro, quando causamos ao outro uma falta e nos sentimos responsáveis por isso. É um sentimento pesado e, ás vezes, gerador de grande carga de sofrimento e até de falta de liberdade para com o outro.
            Há, por exemplo, muita confusão entre esses dois sentimentos diferentes dentro das famílias. Muitos filhos acreditam que devem aos seus pais pelo fato de terem sido amados. Ora, se eles foram amados e receberam de seus pais todo o carinho isso foi devido ao amor. É motivo, então, para gratidão e não para dívida. No entanto, se os filhos acreditam que isso se trata de dívida eles ficam presos aos seus pais e podem se sentir ressentidos dessa suposta prisão. É que ficar em dívida nunca é bom e nunca traz boas sensações.
           Uma pessoa ao confundir gratidão com dívida impede seu próprio desenvolvimento, pois a gratidão permite seguir em frente, já a dívida prende e quem se encontra preso não se desenvolve. É sempre importante analisar se o que se sente em relação a alguém é gratidão ou dívida. Se for gratidão, ótimo, viva esse belo sentimento e se permita trilhar seu caminho em paz. Caso seja dívida se faz importante encontrar uma maneira de se pagá-la e pagar aqui permite toda uma gama de diferentes interpretações. Assim, livre de dívidas, fica mais confortável viver porque o fardo se torna mais leve.