sexta-feira, 21 de junho de 2013

Pergunta de Leitora - Amadurecer


Tenho 26 anos e tive um relacionamento longo de quase 6, porém nós somos muito individualistas e sempre damos prioridade cada um a seu objetivo pessoal. Isso por diversas vezes nos distanciou. Nunca tínhamos tempo um para outro, pois estávamos envolvidos cada um com seu projeto individual que nunca incluía o outro. Da última vez em que isso ocorreu, acabei traindo-o com outra pessoa e acabei engravidando. Fui honesta com ele e contei toda a verdade e nos separamos. Hoje, porém, não tenho contato com o pai da criança e apesar de não ser o certo, tenho e alimento total desprezo por esta criança, inclusive pensei na ideia do aborto. Tenho vergonha de sair de casa e ter a obrigação de contar toda essa estória para conhecidos e parentes e ainda fingir que estou feliz com um filho. Sempre ouvimos o lado de quem foi traído, mas nunca paramos para pensar no arrependimento de quem cometeu um erro. Será que um dia vou mudar de opinião sobre tudo isso? Tenho receio da criança se revoltar também.

            Com 26 anos tem muita vida pela frente. O que precisa é não ficar contaminada com o ressentimento que sente. Esse ressentimento te prejudica e te empobrece. Hoje você está pobre em significados e sente sua vida mais como um peso do que como algo que você possa se alegrar. Viver na posição de arrependimento pelos atos passados não vai mudar em nada a sua vida.
            Como se diz no provérbio popular Não adianta chorar pelo leite derramado você precisa aprender a adotar outra posição. A posição com que você se identifica hoje é a da vítima, aquela que sofre, quando precisa adotar a posição da responsável pela própria vida. Seu filho não pediu para nascer, foi você junto com o pai dele que o trouxeram a este mundo. Seu filho não deve sofrer pelos seus atos. Quando despreza seu filho você despreza a si mesma. Aliás, o desprezo que você tem por ele é o desprezo que você tem e alimenta por si mesma.
            O que está lhe faltando é amadurecer. Não é fácil mesmo crescer, mas é extremamente necessário. Você mesma afirma que é individualista, mas entendo isso como se fosse algo relacionado à imaturidade. Só existe você mesma, seus interesses e se coloca indisponível para estabelecer relacionamentos verdadeiros e totais. Foi assim com o ex-namorado, foi assim com o pai do seu filho e é assim com o seu filho. Quem cresce precisa assumir responsabilidades e disso você foge. E mais, o pai do seu filho também precisa arcar com as devidas responsabilidades.
               No entanto, há luz no fim do túnel. Se não houvesse a menor chance de você reconsiderar tudo isso você não teria me escrito para expor toda essa sua história. Agora, é agarrar a luz e procurar ajuda de alguém que te escute e te ajude a (re)pensar a vida. A sua atitude para com o seu filho e para com a vida deve mudar, mas não porque um dia ele pode se revoltar, mas porque você não precisa viver desta maneira e pode construir uma vida bem mais digna e mais proveitosa. Não perca tempo se lamentando. Você deve isso ao seu filho e a você mesma.

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