Tenho 26 anos e tive um relacionamento longo de
quase 6, porém nós somos muito individualistas e sempre damos prioridade cada
um a seu objetivo pessoal. Isso por diversas vezes nos distanciou. Nunca
tínhamos tempo um para outro, pois estávamos envolvidos cada um com seu projeto
individual que nunca incluía o outro. Da última vez em que isso ocorreu, acabei
traindo-o com outra pessoa e acabei engravidando. Fui honesta com ele e contei
toda a verdade e nos separamos. Hoje, porém, não tenho contato com o pai da
criança e apesar de não ser o certo, tenho e alimento total desprezo por esta
criança, inclusive pensei na ideia do aborto. Tenho vergonha de sair de casa e
ter a obrigação de contar toda essa estória para conhecidos e parentes e ainda
fingir que estou feliz com um filho. Sempre ouvimos o lado de quem foi traído,
mas nunca paramos para pensar no arrependimento de quem cometeu um erro. Será
que um dia vou mudar de opinião sobre tudo isso? Tenho receio da criança se
revoltar também.
Com 26 anos tem muita vida pela frente. O que
precisa é não ficar contaminada com o ressentimento que sente. Esse
ressentimento te prejudica e te empobrece. Hoje você está pobre em significados
e sente sua vida mais como um peso do que como algo que você possa se alegrar.
Viver na posição de arrependimento pelos atos passados não vai mudar em nada a
sua vida.
Como se diz no
provérbio popular Não adianta chorar pelo
leite derramado você precisa aprender a adotar outra posição. A posição com
que você se identifica hoje é a da vítima, aquela que sofre, quando precisa
adotar a posição da responsável pela própria vida. Seu filho não pediu para
nascer, foi você junto com o pai dele que o trouxeram a este mundo. Seu filho
não deve sofrer pelos seus atos. Quando despreza seu filho você despreza a si
mesma. Aliás, o desprezo que você tem por ele é o desprezo que você tem e
alimenta por si mesma.
O que está lhe faltando
é amadurecer. Não é fácil mesmo crescer, mas é extremamente necessário. Você
mesma afirma que é individualista, mas entendo isso como se fosse algo
relacionado à imaturidade. Só existe você mesma, seus interesses e se coloca
indisponível para estabelecer relacionamentos verdadeiros e totais. Foi assim
com o ex-namorado, foi assim com o pai do seu filho e é assim com o seu filho.
Quem cresce precisa assumir responsabilidades e disso você foge. E mais, o pai
do seu filho também precisa arcar com as devidas responsabilidades.
No entanto, há luz no
fim do túnel. Se não houvesse a menor chance de você reconsiderar tudo isso
você não teria me escrito para expor toda essa sua história. Agora, é agarrar a
luz e procurar ajuda de alguém que te escute e te ajude a (re)pensar a vida. A
sua atitude para com o seu filho e para com a vida deve mudar, mas não porque
um dia ele pode se revoltar, mas porque você não precisa viver desta maneira e
pode construir uma vida bem mais digna e mais proveitosa. Não perca tempo se
lamentando. Você deve isso ao seu filho e a você mesma.
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