É
mais do que sabido de que o trânsito nas cidades se encontra caótico e
lamentável. Infrações, atropelamentos, xingamentos fazem parte do dia a dia de
quem se locomove. Tudo isso é muito triste e é causado pela falta de contenção
e pelo excesso de onipotência.
A
onipotência é um estado na qual a pessoa acredita que ela tudo pode, tudo dá
conta e não reconhece limites. Vejo, com grande freqüência e infelicidade, que
muitos motoristas estão prontos a chamarem atenção de seus pares quando alguém
ultrapassa o sinal vermelho ou realiza qualquer manobra ilegal. Buzinam loucamente,
quando não xingam ou fazem gestos obscenos. Porém, quando eles mesmos incorrem
nos mesmos erros e são flagrados, eles ficam ultrajados e arrumam qualquer
desculpa para tentar justificar suas infrações. Hoje tive que fazer isso porque estava com pressa. Parei na faixa de
pedestre porque não deu pra atravessar. Enfim, são muitas as falsas
desculpas porque no fundo, na maior parte das vezes, se trata mesmo é de falta
de respeito. Se todo mundo pensar assim o numero de infrações será grande e o
bom senso e respeito será deixado de lado.
A
contenção se faz necessária para a boa convivência no trânsito e na vida. Sem
ela tendemos a achar que temos mais direitos que os outros e de que nossas
necessidades são mais urgentes. Um grande engano porque todos têm pressa, mas
não devemos nos basear nisso para justificar a falta de respeito. É necessário
se conter e saber aguardar para que os direitos dos outros também tenham vez.
Se
valer da onipotência é um grande mal porque nos faz achar que somos melhores e
mais importantes que os outros. Isso destrói a humanização e cria cada vez mais
violência e desrespeito. Se conter é se dar limites e saber que não existe só
nós, mas toda uma comunidade lá fora. Se dar limites é reconhecer e ver o outro
não como obstáculo que só existe para nos aborrecer, mas como um outro ser que
está vivendo a vida assim como nós.