segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Sexualidade



            O enorme sucesso do livro Cinqüenta tons de cinza de E.L. James vem fazendo com que muita gente fale de sexo e sexualidade. Esse é um assunto que até hoje causa um certo incômodo. Apesar de parecer que se tornou um assunto banal, isto está longe de ser verdade. O que se tornou banal foi a vulgaridade, mas não o sexo. Sexo jamais será banal.
            O sexo é o assunto que mais desperta angústias e dúvidas em qualquer pessoa de qualquer idade. É como se nunca soubéssemos dele o suficiente, porém é justamente aí que reside o encanto do sexo. Ele jamais é limitado e não tem fim. Está sempre em movimento e causando emoções. Caso não fosse assim, tão inconstante, ele não teria a menor graça. Muito do sucesso desse livro citado acima é devido ele ser meio que uma desculpa socialmente aceita para se falar sobre sexo e fantasiar sobre ele. Isso denota que, intimamente, colocamos sérias restrições sobre a vivência sexual.
            Claro que os tempos já foram bem piores para aqueles que se aventuravam a viver a sexualidade com mais franqueza. Mesmo assim é notado, principalmente nos consultórios dos psicoterapeutas, que em grande parte das vezes o sexo traz um sentimento de culpa. Sentir prazer com o sexo é algo que muitos não encaram bem. Culpam-se por esse sentimento e acham que seus desejos são vulgares e feios, que os animalizam. A culpa só transforma o que é natural em algo condenável. A sexualidade liberta fantasias e é uma força de extrema intensidade. Ao se tentar condenar a sexualidade se está na verdade tentando controlar a força e fantasia de cada um. Nas sociedades mais restritivas o ato de falar de sexo é até proibido, chegando em alguns casos haver pena de morte.
            Outra coisa na sexualidade que assusta algumas pessoas é que no sexo não há certo e errado. Quando o sexo é algo consensual entre as pessoas envolvidas ele é certo, no entanto há gente que teima em querer ditar o que pode e o que não se pode. Quando uma pessoa abomina a sexualidade e tenta controlá-la, odeia a si mesma. Quer negar a sua própria sexualidade, sua força e seu encanto. Cinqüenta tons de cinza nem mesmo é um livro original, mas sua força reside em se “permitir” discutir o que no fundo desejamos. Está na hora de a culpa não se entranhar no conceito de sexualidade para que ela possa ser um direito de todos. O sexo, bem vivido, é fonte de vida, por isso não deve ser maculado com as tintas da culpa e nem restringido de forma que tire sua beleza. Ainda há um longo caminho para aprendermos mais sobre nossa própria vida sexual.

Um comentário:

  1. Algumas frases como: 'Esse é um assunto que até hoje causa um certo incômodo', parecem limitar o enfoque da sexualidade ao mundo de hoje e à cultura ocidental.
    Se nos aprofundarmos em outras épocas e culturas verá que esta frase e mais esta: 'O sexo é o assunto que mais desperta angústias e dúvidas em qualquer pessoa de qualquer idade' é uma generalização bastante limitadora dentro da história da sexualidade humana.
    O mais que foi dito me pareceu muito bem dito e esclarecedor.

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