É incrível observar carros tocando som (vamos falar a
verdade, é ruído e não música) no volume máximo. Acontece também a mesma coisa
em bares que nem se importam com seus vizinhos. Há até igrejas (de todas as
crenças) que obrigam quem está em suas cercanias a ouvir tudo. Estão curtindo a
vida, aproveitando algo? Duvido muito.
Quem age assim obriga os outros a ouvir o que,
certamente, não querem. Obrigar os outros é o mesmo que violentar. Ora, se
alguém obriga outra pessoa a fazer sexo é estupro. Se alguém obriga outro a
passar a carteira junto com o celular é assalto. Se alguém obriga o outro a
morrer é assassinato. O que é alguém obrigar outros a ouvir o que não deseja? É
cleptomania.
Nesses casos
rouba-se a paz alheia, o direito de cada um escutar o que quiser ou nada
escutar. Porém, o que ocorre é que há pessoas que não conseguem ficar felizes
em ouvir o que gosta, mas têm que mostrar para os outros, em alto e bom som,
que estão muito felizes, curtindo adoidado. O problema é que isso não é
curtição, é violência pura e simples e também demonstra insegurança.
Quando alguém não se sente curtindo verdadeiramente
precisa convencer a si mesmo e faz isso usando o outro. Perceber a irritação do
outro dá prazer a essas pessoas que creem que os outros estão com inveja do fato
deles estarem se divertindo à beça. Pois é, a mente humana pode ser mesmo
estúpida. Elas tiram a paz dos outros só para vê-los irritados e a irritação
alheia provoca um sentimento de prazer e confundem esse prazer como se fosse
diversão. Pessoas assim só são capazes de sentir prazer perverso. Só gozam
quando roubam, mesmo que o que roubam não seja da dimensão material, mas da
dimensão subjetiva.