Fui diagnosticada
recentemente por um psiquiatra como tendo personalidade fóbica. Ele me receitou
remédios, mas não me falou nada de terapia. Acho que isso está errado. O que
acha? Tenho medo de avião e já deixei de viajar por causa disso. Tenho medo de
espaços abertos e com muita gente e por isso evito sair. Com todos os meus
medos acabo ficando sozinha e ultimamente venho desenvolvendo síndrome do
pânico. O que faço? Venho tomando o remédio, mas ainda continuo angustiada e
parece que as vezes fico imobilizada e achando que vou morrer e que nada pode
me salvar. Não sei explicar o que me acontece. Só sei que fico com muita
ansiedade e medo. Um medo incontrolável. Será que posso melhorar? O que
preciso?
Infelizmente muitos psiquiatras desconhecem
a dimensão humana permanecendo apenas na biologia. Veja bem, somos também seres
biológicos e desconsiderar isso seria imprudente e estúpido, mas nossa natureza
é bem mais complexa e larga do que a biologia pode conceber. Remédios
psiquiátricos são recursos válidos, porém não são a resposta definitiva e
incontestável. Somos muito mais que apenas química cerebral.
Você, em algum nível, parece
compreender isso já que está aqui me escrevendo que sentiu que seu médico não
te viu como pessoa, mas apenas como um corpo desequilibrado. Aos olhos dele
você se sentiu apenas vista pelo seu lado físico e corporal, mas não foi tocada
no âmbito da mente. Você sente que falta algo mais, apesar de não saber bem o
que. Ouso lhe dizer que o que lhe falta é aprender a dar um sentido às suas
angústias.
Tenha a certeza de que seu medo não
é de avião ou de pessoas e espaços abertos. O medo vem da sua angústia e esta
causa um medo generalizado, sem forma. As fobias surgem justamente para dar uma
forma às nossas angústias e ansiedades. Assim tememos aquilo que podemos ver e
até em certo ponto evitar, quando na verdade é algo muito mais interno e
desconhecido que nos provoca o sofrimento da angústia. A nossa angústia, quando
bem vivenciada, pode nos tornar mais humanos e mais capazes em lidar com o
sofrimento, portanto não deveríamos temê-la.
Não faço críticas à psiquiatria, que
é extremamente necessária, apenas entendo que repousar tão somente na biologia
deixará o ser humano mais pobre. A psicanálise não tenta extirpar e fazer o seu
analisando se livrar das suas angústias, apenas mostra a ele uma nova forma de
se relacionar com seus produtos mentais e crescer com isso. Quando aceitamos
nosso lado humano e nossas dores poderemos então trabalhar com tudo isso e,
assim, uma transformação ocorre. Onde antes havia a vítima de um padecimento, inconsciente
de si mesma, pode haver a criadora de uma vida produtiva e satisfatória. Será
que não é justamente isso o que você está procurando?
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