Há uma história sobre um médico que foi a um hospício
estudar casos extraordinários. Lá ele encontrou um homem enrolado num cobertor,
balançando e murmurando “Lulu, Lulu”. Intrigado e sem conseguir obter mais
nenhuma outra palavra do paciente o médico pergunta à equipe o que era Lulu.
Lhe é respondido que Lulu era o problema desse homem e era o nome da mulher por
quem ele fora perdidamente apaixonado e que havia dado um tremendo fora nele.
Passando a outro paciente o médico encontra um homem em estado deprimente
também murmurando “Lulu, Lulu” e fica surpreso. Pergunta se a mesma Lulu era o
problema desse outro homem e lhe é respondido que sim, que a mesma mulher que
enlouqueceu o primeiro paciente terminando com ele enlouqueceu o segundo
casando-se com ele.
A mesma mulher, dois homens diferentes. Para um deles a
falta dessa mulher foi demais para aguentar e ele enlouqueceu. Talvez o que ele
mais quisesse era ter se casado com ela. Ele a desejava muito e o término do
relacionamento foi um gatilho para a sua loucura. Já o segundo homem casou-se
com a mulher, mas o relacionamento deve ter sido tão tóxico, tão destrutivo que
ele acabou enlouquecendo. Brincando de pensar em cima dessa história podemos
ver que o que pode ser o paraíso para uns pode ser o inferno para outros.
A vida não é uma coisa que vem com manual de operações, onde todas as regras para o bom funcionamento vêm bem esclarecidas e delimitadas.
Não funciona assim. Temos que ir descobrindo o que nos é bom, o que nos faz
crescer, bem como aquilo que não nos favorece em nada. Muitas vezes idealizamos
que precisamos ser de um jeito ou outro, que isso nos tornará mais felizes e aí
quando conseguimos o que tantos almejamos descobrimos que nada daquilo era
realmente o que esperávamos. Em outras palavras, nos enganamos assumindo que a
vida tem que ser de um jeito particular e tomamos caminhos que podem nos levar
à loucura.
O que serve para mim não servirá a Fulano, talvez possa
servir a Ciclano, mas poderá ser péssimo a Beltrano. Há muitas formas de se
viver. Há inúmeras maneiras de se vir a ser no mundo e cabe a cada um
encontrar, ou melhor, construir seu caminho. Isso vale para tudo: sexualidade,
família, profissão, estilos de vida, etc. Só é preciso cada um assumir
responsabilidade pelo próprio caminhar e permitir que cada um caminhe como lhe
for melhor.
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