segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Paraíso para uns, Inferno para outros




            Há uma história sobre um médico que foi a um hospício estudar casos extraordinários. Lá ele encontrou um homem enrolado num cobertor, balançando e murmurando “Lulu, Lulu”. Intrigado e sem conseguir obter mais nenhuma outra palavra do paciente o médico pergunta à equipe o que era Lulu. Lhe é respondido que Lulu era o problema desse homem e era o nome da mulher por quem ele fora perdidamente apaixonado e que havia dado um tremendo fora nele. Passando a outro paciente o médico encontra um homem em estado deprimente também murmurando “Lulu, Lulu” e fica surpreso. Pergunta se a mesma Lulu era o problema desse outro homem e lhe é respondido que sim, que a mesma mulher que enlouqueceu o primeiro paciente terminando com ele enlouqueceu o segundo casando-se com ele.
            A mesma mulher, dois homens diferentes. Para um deles a falta dessa mulher foi demais para aguentar e ele enlouqueceu. Talvez o que ele mais quisesse era ter se casado com ela. Ele a desejava muito e o término do relacionamento foi um gatilho para a sua loucura. Já o segundo homem casou-se com a mulher, mas o relacionamento deve ter sido tão tóxico, tão destrutivo que ele acabou enlouquecendo. Brincando de pensar em cima dessa história podemos ver que o que pode ser o paraíso para uns pode ser o inferno para outros.
            A vida não é uma coisa que vem com manual de operações, onde todas as regras para o bom funcionamento vêm bem esclarecidas e delimitadas. Não funciona assim. Temos que ir descobrindo o que nos é bom, o que nos faz crescer, bem como aquilo que não nos favorece em nada. Muitas vezes idealizamos que precisamos ser de um jeito ou outro, que isso nos tornará mais felizes e aí quando conseguimos o que tantos almejamos descobrimos que nada daquilo era realmente o que esperávamos. Em outras palavras, nos enganamos assumindo que a vida tem que ser de um jeito particular e tomamos caminhos que podem nos levar à loucura.
            O que serve para mim não servirá a Fulano, talvez possa servir a Ciclano, mas poderá ser péssimo a Beltrano. Há muitas formas de se viver. Há inúmeras maneiras de se vir a ser no mundo e cabe a cada um encontrar, ou melhor, construir seu caminho. Isso vale para tudo: sexualidade, família, profissão, estilos de vida, etc. Só é preciso cada um assumir responsabilidade pelo próprio caminhar e permitir que cada um caminhe como lhe for melhor. 

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