segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Tipos de Violência




            É incrível observar carros tocando som (vamos falar a verdade, é ruído e não música) no volume máximo. Acontece também a mesma coisa em bares que nem se importam com seus vizinhos. Há até igrejas (de todas as crenças) que obrigam quem está em suas cercanias a ouvir tudo. Estão curtindo a vida, aproveitando algo? Duvido muito.
            Quem age assim obriga os outros a ouvir o que, certamente, não querem. Obrigar os outros é o mesmo que violentar. Ora, se alguém obriga outra pessoa a fazer sexo é estupro. Se alguém obriga outro a passar a carteira junto com o celular é assalto. Se alguém obriga o outro a morrer é assassinato. O que é alguém obrigar outros a ouvir o que não deseja? É cleptomania.
             Nesses casos rouba-se a paz alheia, o direito de cada um escutar o que quiser ou nada escutar. Porém, o que ocorre é que há pessoas que não conseguem ficar felizes em ouvir o que gosta, mas têm que mostrar para os outros, em alto e bom som, que estão muito felizes, curtindo adoidado. O problema é que isso não é curtição, é violência pura e simples e também demonstra insegurança.
            Quando alguém não se sente curtindo verdadeiramente precisa convencer a si mesmo e faz isso usando o outro. Perceber a irritação do outro dá prazer a essas pessoas que creem que os outros estão com inveja do fato deles estarem se divertindo à beça. Pois é, a mente humana pode ser mesmo estúpida. Elas tiram a paz dos outros só para vê-los irritados e a irritação alheia provoca um sentimento de prazer e confundem esse prazer como se fosse diversão. Pessoas assim só são capazes de sentir prazer perverso. Só gozam quando roubam, mesmo que o que roubam não seja da dimensão material, mas da dimensão subjetiva. 

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