sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Pergunta de Leitora - Cartas na Mesa




Meu marido não entende os sinais que eu mando para ele. Queria que ele fosse mais romântico, que fosse mais atento às datas, mas ele é esquecido. Não queria falar nada, pedir nada porque acho que aí eu seria a chata da história, mas estou sempre mandando indiretas. Ele é um bom marido, mas ele não é muito sutil. Parece que para ele tenho que falar sempre tudo muito claro senão ele não se dá conta. Como posso fazer meu marido entender que precisa ser mais sutil?


            Seu email me lembra a história de um homem muito ranzinza que ia comer sempre no mesmo restaurante, dia após dia, e pedia sempre os mesmos pratos. Começava com uma sopa de abóbora, depois comia filé com batatas e terminava com sorvete. Bebia água com a comida e após a sobremesa tomava um xícara de café. Esse foi o seu hábito por mais de vinte anos. Nunca mudava. Até que um belo dia o homem chama o garçom e pede para ele experimentar a sopa. O garçom fica preocupado. “Nossa, meu senhor. Há algo errado com a sopa?” o homem nada responde e novamente pede para o garçom experimentar. “Fico até constrangido, senhor, que após 20 anos erramos sua sopa. Vou experimentar. Mas onde está a colher para experimentar a sopa?” “Aha!!”  exclamou o homem ranzinza.
            O que o velho queria dizer ao garçom era que este havia se esquecido de lhe trazer uma colher para tomar a sopa. Ao invés de dizer isso diretamente fez todo um caminho tortuoso para chegar ao mesmo resultado. Seria muito mais prático, rápido e até educado falar abertamente sobre o que se passava. Contudo, o homem esperava que o garçom entendesse os sinais que ele estava mandando e perdeu tempo e até causou constrangimento ao não falar francamente. Será que você não está agindo assim?
            Você espera que seu marido entenda os sinais, que seja mais sutil, porém o que impede de você ser mais direta e conversar com ele sobre o que te incomoda? Claro que não conheço o seu marido e não sei até que grau vai essa “desatenção” dele, mas não seria muito mais fácil se abrir e falar com ele diretamente? Se você escolhe caminhos tortuosos terá também apenas resultados tortuosos.
            Precisamos aprender a simplificar as coisas e não a criar mais e mais obstáculos. Quando não simplificamos vivemos de uma maneira muito mais custosa. Se você acha que a atitude do seu marido vem lhe aborrecendo e até tirando vitalidade do relacionamento de vocês tem mesmo é que conversar seriamente. Para isso é preciso colocar todas as cartas na mesa e não esperar que ele venha a saber o que se passa dentro de você. Relacionamento não deve ser um jogo onde um espera do outro um comportamento especifico, mas é conversar aberta e francamente sobre o que se passa.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Felicidade não se faz com Esmolas




            Uma parábola indiana nos conta sobre um homem simplório que andava à esmo, meio perdido, até entrar num bosque sagrado onde havia uma árvore que concedia todos os desejos. Sem saber deste fato, o homem acabou descansando embaixo desta árvore. Sentiu fome e imaginou como seria bom se comida caísse do céu. Foi só desejar que a árvore fez com que várias e fartas comidas despencassem sobre ele. Ele, como era de esperar, ficou maravilhado com sua boa sorte e pensou então que seria bom se chovesse muito dinheiro. Mais uma vez seu desejo foi atendido e ele ficou eufórico. Contudo, ele desconfiou que tudo isso não poderia ser verdade porque era bom demais e temeu que demônios estivessem brincando com ele. Rapidamente demônios surgiram em sua frente caçoando e zombando. Ele ficou com muito medo e pensou então que ia ser assassinado. E ele acabou assassinado.
            Essa história mostra muito bem o quanto não cuidar de nossa mente pode nos ser perigoso. Quantas pessoas até estão se desenvolvendo, conquistando muitas coisas boas em suas vidas, mas ficam com tanto medo e desconfiança sobre o que há de bom que começam a decair? Temem ser felizes. Aliás, felicidade é algo que todos querem, mais desejam, mas também que menos acreditam. É muito mais fácil acreditar na infelicidade que na felicidade.
            Estar mal, num estado de mente lastimável, sempre reclamando é muito bem aceito e de fácil conquista, mas viver bem nos causa estranheza. Sentimos que não temos o direito de ser feliz, que é quase um pecado, algo da dimensão do egoísmo. Infelizmente é assim que a maioria das pessoas funcionam. Sentem-se culpadas da possibilidade de ser feliz e aceitam com muita mansidão um estado de miséria e pobreza.
            Somos educados para temermos a felicidade e abraçarmos as esmolas da vida. É que gente feliz não é submissa, questiona muito e nunca aceita qualquer negócio. Gente feliz é capaz de pensar sobre a vida e escolher melhor como quer viver. O infeliz pode ser enganado com migalhas facilmente e ele ainda fica agradecido. Quem é feliz só quer o melhor dos mundos e não aceita esmola. Não teme as adversidades da vida e quem não teme não pode ser controlado. Muitas das nossas pequenas alegrias ao longo da vida são esmolas que muitas vezes agarramos e que nos faz deixar de procurar e criar a verdadeira felicidade e quando algo realmente bom ocorre ainda ficamos desconfiados e temerosos. Será que vale a pena?

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Pergunta de Leitora - Amor não é Obrigação




Não gosto do meu namorado. Antigamente gostava muito, mas agora não sei explicar o que, mas algo mudou. Estamos juntos há 7 anos e já faz quase dois que estou com ele sem amar. O que me faz ficar com ele é que ele é muito bom comigo e com minha família. Minha família o adora, ele é quase um herói e considerado o melhor partido que eu poderia arrumar na opinião deles. Ele é muito atencioso, carinhoso, só que eu não quero mais. Me sinto má, sem coração. Por que não posso amá-lo? Por que não posso ficar bem com ele? Caso eu termine vou passar por vilã da história. Será que ele não se toca que eu não o amo mais? Estou com ele por dó, sei disso. O que fazer?


            Com os assuntos do coração não há como obrigar alguém amar o outro. Ou ama ou não. Não tem meio termo e nem forma de se forçar apaixonar. Se você sabe realmente que não o ama mais não adianta esperar porque nada vai mudar. Enquanto continuar insistindo nesse caminho o resultado é mesmo a infelicidade.
            Outra coisa que parece que adiciona bastante complicação no que você está vivendo é que você espera que ele perceba que você não mais o ama e termine. Você deixa esse trabalho para ele e se esquiva da sua parte. Provavelmente você teme a desaprovação da família. Mas quem o namora é você e não a sua família. Como quem paga o preço da sua vida é você mesma, vai precisar se impor mais sobre o que você quer ao invés de deixar nas mãos dos outros. Não dá para querer ir para o paraíso sem morrer.
            Ninguém vai poder assumir a responsabilidade pela sua vida e ninguém te impede de fazer as suas escolhas a não ser você mesma. Não há como tirar o corpo fora. Se você não o ama está perdendo o seu tempo e o dele e sendo injusta consigo mesma. Não adianta esperar que surja uma fada que bata com a varinha em sua cabeça e te faça se apaixonar por ele para seus problemas ficarem resolvidos. A vida necessita de realidade e não de ilusão.
            E qual o problema de não mais amá-lo? Você não é obrigada a isso. Quem impõe essa obrigação é você. Relacionamentos mudam e se desfazem porque as pessoas mudam e muitas vezes aquilo que tinha sentido em uma determinada época perde o sentido em outra. A vida é assim e não tem nenhuma tragédia nisso. Você poderia, ao invés de se martirizar, se perguntar o porquê não pode ser livre para namorar ou não namorar. E mais outra coisa para a sua reflexão é que sentimento de pena não sustenta relacionamento. Pelo contrário, só cria ressentimento e ódio com o tempo. Tem certeza de que é isso que você quer?

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Pergunta de Leitora - Muita Colher de Chá




Minha irmã é uma pessoa extremamente insegura. Dificilmente toma as próprias decisões. Sempre recorre a minha mãe, a mim ou, agora, ao marido. Mesma eu sendo mais nova me comporto como a irmã mais velha que cuida. Cresci ouvindo da minha mãe que não podia contar tudo para ela (problemas financeiros de casa, entre outras coisas) porque ela ficava muito impressionada. Sobrava pra mim. Atualmente ela está com síndrome do pânico. Enfim, a gente sofreu um acidente de carro quando ela tinha 4 anos. Eu tinha 2. A história que minha mãe conta é que ela voou do carro e ficou embaixo dele, desacordada, num buraco “que o anjo da guarda fez”, ou o carro a teria esmagado... mas conversando com minha madrinha esses dias (irmã da minha mãe) ela disse que não foi assim. Que viraram o carro e minha irmã estava acordada, de olho arregalado, totalmente em choque. Eu fiquei pensando que esse fato pode ter a ver com a personalidade dela, mesmo ela não se lembrando. Será que faz sentido? Tenho medo de contar pra ela e deixá-la ainda mais impressionada sem motivo.


            A mente precisa de alimento para se desenvolver. Qual o alimento da mente? Para o psicanalista W. Bion esse alimento é a verdade. Sem a verdade não há a menor possibilidade de haver crescimento. A verdade dói com certeza, mas sem dor também não há como crescer. Esconder a verdade, floreá-la, nunca é algo que funciona de fato. Pode, pelo contrário, gerar muita confusão.
            Obviamente que a verdade não precisa ser contada de forma fria e jogada rispidamente. Isso nada mais é que crueldade. Falar a verdade requer delicadeza e respeito. Acontece, infelizmente, que muitas vezes queremos proteger aqueles que amamos e ao invés de nos atermos à verdade a ocultamos com histórias mirabolantes. Assim, uma ocorrência ruim e perigosa vira uma coisa mística, um milagre, uma mágica, um evento fantástico ou simplesmente uma aventura. Acha-se que assim estará protegendo quando está confundindo.
            Sua irmã, por ter passado por uma experiência traumática, foi cercada de uma proteção sufocadora. Passou a ser tratada como coitada. Acreditava-se que ela não podia mais se deparar com a vida, com os problemas financeiros, com as dores, etc. Ela passou a ser vista por todos da família como uma eterna criança indefesa e assustada. Ninguém mais acreditava que ela podia crescer. E parece que ela mesma hoje não acredita em si própria.
            Sua irmã precisa de análise para que ela venha a se desenvolver de verdade. Ela precisa aprender a criar seus recursos mentais para dar conta da vida e para contar consigo mesma. Ela não precisa de anjo da guarda. Isso é o que contamos às crianças, mas como adulta ela precisa dela mesma. Sua irmã também necessita deixar de ser vista por todos como uma pobre criatura. Só vive em estado de pânico quem não aprendeu a contar consigo mesmo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O amor e a galinha que botava ovo




            Recebo e-mails de inúmeras pessoas relatando seus problemas e pedindo orientação. No consultório também atendo pessoas que compartilham as mais variadas questões. Percebi que quando se trata de relação amorosa, de como se “comportar” junto à pessoa que se gosta e tem interesse, há muitas dúvidas similares que trazem angústias. Por exemplo, são muitas as mulheres (com maior frequência elas) que dizem que fazem de tudo por seus namorados, companheiros, paqueras, etc e que recebem muito pouca atenção de volta. Elas não compreendem porque isso acontece e ficam se sentindo muito mal quando se dão conta de que estão dando muito e recebendo pouco em retorno.
            Há varias razões para essa situação acima colocada. Uma delas pode ser que simplesmente elas esperam de volta algo que não existe. É grande o numero de pessoas, e não importa se é homem ou mulher, que desejam o impossível. Obviamente, desejar o impossível só leva à infelicidade. Se alguém imagina que precisa receber um retorno de alguém de uma maneira muito idealizada com certeza vai se frustrar e ficar muito insatisfeito. A pessoa precisa aprender a lidar com a realidade e abrir mão das expectativas irreais.
            Por outro lado, pode ocorrer também que a própria pessoa que enche de atenção e cuidados a pessoa por quem nutre algum sentimento não permite que exista um retorno. Funciona assim, se alguém fica tão focado no outro e o mima além da conta ocupa todo o espaço da relação e não abre a possibilidade de que o outro venha também a procurar ou dar algo de volta. É incrível o quanto inúmeras pessoas ficam tão vidradas em seus parceiros que impedem que uma relação verdadeira se desenvolva. Afinal, num relacionamento é preciso os dois caminhar juntos para se encontrarem. Caso contrário, só um percorre todo o caminho enquanto o outro nem vê necessidade de se movimentar. Isso acaba com um relacionamento.
            A parábola a seguir pode nos fazer pensar. Uma pessoa tinha uma galinha que botava um ovo por dia, mas desejava muito dois ovos. Ela pensou em como podia aumentar o número de ovos e chegou à conclusão que dobraria a ração que dava para a galinha. Ao fazer isso deixou a galinha gorda e preguiçosa e esta, então, parou de botar de vez. A pessoa nem mesmo contava mais com um ovo. Todos que moram em área rural ou sabem desse fato entendem que encher a galinha de comida faz com que ela pare de produzir ovos. Elas ficam tão cheias e pesadas que têm sua fisiologia alterada. Nos nossos relacionamentos também é assim. Se enchermos o outro continuamente pesamos a relação e deixamos o outro “preguiçoso”. Como tudo na vida, e aí se inclui o amor, é necessário sabedoria para viver bem. E equilíbrio.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Pergunta de leitora - A Espera




Após uma discussão entre a família do marido da minha irmã com os meus pais, minha irmã simplesmente nos excluiu da vida dela. Fiquei sem entender, pois no dia do fato ninguém de nós os ofendeu, mas fomos ofendidos (o motivo da briga foi que me pai se propôs a pagar a faculdade para minha irmã, pois ela e o marido não tem condições e ela falava que queria muito fazer). No momento da discussão minha irmã não falou nada nem para nós e nem para eles. Eles saíram da casa logo depois e após estarmos apenas eu, meu pai, minha mãe e ela nos despedimos com abraço e beijo. Após esse dia minha irmã começou a nos ignorar e por conta disso não posso mais ver meu sobrinho. Recentemente foi nosso aniversário, fazemos no mesmo dia (não somos gêmeas) e como já fazia 7 meses que ela não falava mais comigo, achei que seria uma oportunidade de nos aproximar. Então mandei msg desejando parabéns e falando que sinto falta dela e do meu sobrinho. Ela simplesmente não respondeu... não sei lidar com o desprezo dela, é triste saber que tenho uma irmã e um sobrinho que não posso mais ter contato. Parece que para ela já não sou mais nada.


            O que me chamou atenção no seu email foi o título que você deu a ele: “Como compreender a dor de uma perda de alguém que não morreu?”. Lendo seu relato sobre o que aconteceu entre você e sua irmã pude ver que você fala da dor do afastamento, da saudade e da não compreensão do que ocorreu. Você quer uma explicação.
            Infelizmente, o mundo não funciona tão certinho assim e muitas vezes queremos explicações e elas não nos são dadas. Nos relacionamentos, principalmente, há muitas áreas nebulosas, que ficam difícil entender o que se passa realmente. Isso ocorre porque depende também do outro falar para que as peças vão se encaixando e uma compreensão venha a ser formada. Se o outro não falar não temos peças suficientes para encaixar para formar uma imagem do acontecido. Só teremos as nossas peças e isso é sempre insuficiente.
            Pode acontecer, também, de sua irmã não entender bem o que a levou ter tal atitude com você. Sim, muitas vezes temos ações sem nem saber porque estamos fazendo de tal jeito. A mente humana é mesmo cheia de contradições. Não sabemos o que se passa com sua irmã. Você sabe o que foi falado nessa briga entre famílias que vocês tiveram, porém você não sabe o que sua irmã ouviu. Há diferenças entre o que é falado e o que é ouvido. Mas isso só ela mesma poderia dizer.
            Ao que parece você já fez um movimento de aproximação. Agora depende dela. Você não poderá cruzar essa distância sozinha. Pode ser que demore, pode ser que nunca venha a ter proximidade. Só resta mesmo, nesses momentos, tolerar. A saudade, a confusão, a dor. Não há muito mais que possa ser feito. Para propiciar uma aproximação, se for possível, vai exigir delicadeza e o cuidado com o que se fala.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Reagir ou Responder?




            Vivemos sem prestar atenção em muitas coisas que terminam nos levando a uma vida medíocre ou até mesmo ruim. Reação e resposta, por exemplo, comumente confundidas, não são iguais, porém o costume de tratá-las como se fossem a mesma coisa traz toda uma sorte de enganos. Reação tem a ver com o passado enquanto resposta tem a ver com o presente. Reação está sob o domínio do inconsciente, é um evento repetitivo e que tem a ver com hábitos e padrões antigos. Já a resposta é sempre nova e fresca pois exige consideração do que se passa aqui e agora e abre mão do passado. Muitas pessoas seguem suas vidas através das reações e não das respostas e isso resulta numa vida muito pobre.
            Conta-se que um homem foi até Buda e proferiu uma série de insultos pesados e ofensivos. Buda manteve-se sereno e quando o homem parou de insultá-lo Buda simplesmente lhe disse “E agora? O que mais quer dizer?”  O homem sem saber o que fazer virou-se e foi embora. Todos os discípulos de Buda revoltaram-se e queriam dar uma surra no homem, mas Buda proibiu. “Que mal esse homem me fez? Ele nem me conhece de modo que não era eu quem ele insultava, mas a ideia que ele fazia de mim. Para dizer a verdade ele estava insultando a si próprio.” O homem, naquela noite, não conseguia dormir. Ele fora profundamente afetado pela resposta de Buda. Ele esperava que Buda esbravejasse, reagisse frente aos insultos, mas ele agiu totalmente diferente. Na manhã seguinte ele volta até Buda e se coloca aos seus pés. Buda o indaga sobre o que ele queria e ele responde que desejava se tornar um discípulo. Ao responder em vez de reagir Buda trouxe algo novo para o outro em sua frente. A resposta é assim: sempre abre o que é desconhecido, sempre descortina o novo.
            As pessoas tendem a reagir com base em antigos padrões já conhecidos. Alguém insulta uma pessoa e repentinamente o antigo padrão daquela pessoa começa a funcionar. No passado essa pessoa foi ofendida e se comportou de uma determinada maneira e agora repete esse mesmo comportamento, sem considerar que é outro momento, outro insulto e que é outra pessoa. Ela não estará respondendo à ofensa e àquela pessoa que a ofendeu, mas estará simplesmente repetindo um antigo hábito. Funciona como um robô, automaticamente. A reação não tem nada a ver com a situação verdadeira que ocorre aqui e agora, mas é uma projeção do passado.
            A reação pertence ao domínio do passado. Daquilo que já está morto e acabado e se você reagir de acordo com os velhos padrões, sem pensar, então também estará morto. Estar vivo é responder e não reagir. A reação nada tem de bela pois está morta e por isso nada de novo pode surgir. A resposta, ao contrário, está viva, no tempo presente, e leva sempre ao novo. As pessoas raramente respondem, mas reagem frequentemente.
            Muitos distúrbios psicológicos, muitas doenças, muitos mal-entendidos, muitos relacionamentos tóxicos existem justamente porque as pessoas reagem quando deviam responder. Tornam-se como um rio parado, com água estagnada. Vira um rio sem vida. Todavia um rio para ser de fato um rio precisa estar continuamente fluindo, nunca preso ao que já foi, mas estar sempre aberto ao que vai encontrando ao longo do percurso. Cada obstáculo novo é respondido através de uma nova maneira e nunca como foi a anterior. Devemos sempre usar nossa consciência para avaliar se estamos respondendo frente à vida ou simplesmente reagindo e com isso deixando de viver.