sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Pergunta de leitora - A Espera




Após uma discussão entre a família do marido da minha irmã com os meus pais, minha irmã simplesmente nos excluiu da vida dela. Fiquei sem entender, pois no dia do fato ninguém de nós os ofendeu, mas fomos ofendidos (o motivo da briga foi que me pai se propôs a pagar a faculdade para minha irmã, pois ela e o marido não tem condições e ela falava que queria muito fazer). No momento da discussão minha irmã não falou nada nem para nós e nem para eles. Eles saíram da casa logo depois e após estarmos apenas eu, meu pai, minha mãe e ela nos despedimos com abraço e beijo. Após esse dia minha irmã começou a nos ignorar e por conta disso não posso mais ver meu sobrinho. Recentemente foi nosso aniversário, fazemos no mesmo dia (não somos gêmeas) e como já fazia 7 meses que ela não falava mais comigo, achei que seria uma oportunidade de nos aproximar. Então mandei msg desejando parabéns e falando que sinto falta dela e do meu sobrinho. Ela simplesmente não respondeu... não sei lidar com o desprezo dela, é triste saber que tenho uma irmã e um sobrinho que não posso mais ter contato. Parece que para ela já não sou mais nada.


            O que me chamou atenção no seu email foi o título que você deu a ele: “Como compreender a dor de uma perda de alguém que não morreu?”. Lendo seu relato sobre o que aconteceu entre você e sua irmã pude ver que você fala da dor do afastamento, da saudade e da não compreensão do que ocorreu. Você quer uma explicação.
            Infelizmente, o mundo não funciona tão certinho assim e muitas vezes queremos explicações e elas não nos são dadas. Nos relacionamentos, principalmente, há muitas áreas nebulosas, que ficam difícil entender o que se passa realmente. Isso ocorre porque depende também do outro falar para que as peças vão se encaixando e uma compreensão venha a ser formada. Se o outro não falar não temos peças suficientes para encaixar para formar uma imagem do acontecido. Só teremos as nossas peças e isso é sempre insuficiente.
            Pode acontecer, também, de sua irmã não entender bem o que a levou ter tal atitude com você. Sim, muitas vezes temos ações sem nem saber porque estamos fazendo de tal jeito. A mente humana é mesmo cheia de contradições. Não sabemos o que se passa com sua irmã. Você sabe o que foi falado nessa briga entre famílias que vocês tiveram, porém você não sabe o que sua irmã ouviu. Há diferenças entre o que é falado e o que é ouvido. Mas isso só ela mesma poderia dizer.
            Ao que parece você já fez um movimento de aproximação. Agora depende dela. Você não poderá cruzar essa distância sozinha. Pode ser que demore, pode ser que nunca venha a ter proximidade. Só resta mesmo, nesses momentos, tolerar. A saudade, a confusão, a dor. Não há muito mais que possa ser feito. Para propiciar uma aproximação, se for possível, vai exigir delicadeza e o cuidado com o que se fala.

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