Uma antiga parábola
hindu nos conta sobre um estrangeiro que foi visitar um país muito próspero,
governado por um ministro muito sábio. Era noite e quando foi levado até a sala
do ministro este o saudou com um sorriso e pediu que ele esperasse um pouco
enquanto terminava um importante relatório. O visitante assim fez e ficou
observando esse homem que tanto havia feito. Num dado momento o ministro
terminou o relatório e foi até sua luminária alimentada por óleo e a apagou,
acendendo logo em seguida outra luminária. Esse ato intrigou o visitante, que
sem aguentar de curiosidade, perguntou se era costume no país apagar uma lamparina
e acender outra quando algum trabalho era terminado. O ministro riu e lhe
respondeu que enquanto ele fazia o trabalho do país ele usava a lamparina cujo
óleo era pago pelos cidadãos, mas que agora era um momento particular e privado
e ele fazia uso de sua própria lamparina alimentada pelo óleo pago do próprio
bolso.
Essa parábola existe já há milênios e infelizmente são
muitos que não conseguem entender. Veja os nossos políticos, por exemplo, que
misturam e confundem o público e privado com tanta frequência. Essa mistura só
traz prejuízos e gera inúmeras injustiças que empobrecem os relacionamentos
entre os governantes e governados. Quem perde são todos, mas essa confusão
ocorre porque é uma questão de falta maturidade em se lidar com a própria
mente.
A maturidade permite haver separação entre o que é meu e
o que não é meu. Não só na política essa confusão traz transtornos, mas nos
relacionamentos amorosos, familiares, no trabalho, com os colegas e vizinhos. A
separação é um estado de mente que precisa ser desenvolvido, ninguém nasce com
ele, porém quando vamos diferenciando e trazendo limites para o que somos e o
que podemos fazer a separação pode acontecer.
A falta de separação entre um casal pode fazer com que um
dos dois ache-se no direito de mandar no outro e decidir o que é bom ou não
para a vida do parceiro(a). Tudo isso leva a um desgaste e a um prejuízo para o
relacionamento. Ás vezes, um crer que pode tudo num casamento ou namoro em
detrimento do outro faz com que a união se torne intolerável e conduza ao
rompimento. Quem age pelo outro, mesmo que diga que é nos seus melhores
interesses, é na verdade imaturo e vive como se ele e o outro não tivesse
separação alguma.
Um pai ou uma mãe que também age sem separação alguma no
seu trato com seu filho causa muitos problemas. É como, se nesses casos, não
houvesse pessoas diferentes, mas fossem todas uma única pessoa. A maioria dos
desentendimentos, atos de corrupção, mal estar que vemos sempre por aí são
frutos dessas atitudes que desconhecem que os outros e eu somos seres
diferentes. Sem fazer essas separações a vida, seja individual ou socialmente,
fica impossível.