segunda-feira, 14 de maio de 2018

Corpos Possíveis




            Há uma piada que conta sobre um médico que tentava convencer o seu paciente que este estava gordo. “Suba na balança” diz o médico. “Vê? Agora veja essa tabela e compare seu peso com o peso médio para sua altura. Você está obeso”. “Não, eu não estou”, diz o paciente. “Estou apenas quinze centímetros mais baixo”.
            Cada vez mais as pessoas vêm dando atenção ao próprio peso. Isso pode ser bom ou mau, dependendo do que está por detrás dessa preocupação. Se for a saúde a atenção ao peso e como nos alimentamos e nos exercitamos é algo muito bom. Afinal, saúde é muito importante e temos uma responsabilidade muito grande em cuidarmos de nós mesmos. Porém se o que estiver em jogo for apenas uma questão de se atingir um ideal de peso, de beleza e de forma é algo mau e que pode criar muitos perigos.
            Não há como negar que existe toda uma ditadura de como devemos ser. Os corpos estão padronizados e quem se encontra fora dos padrões é visto como alguém fracassado ou nem é levado em consideração. Mas é possível todos terem os mesmos corpos, as mesmas formas? Obviamente que não. Há toda uma variedade de formas e nem todos podem ser de um determinado jeito por mais que se esforce. Cuidar da saúde é uma coisa, mas desejar um corpo impossível é outra que só traz sofrimentos.
            Os padrões de beleza física só servem para criar exclusões e ideias de certo e errado, desconsiderando completamente a pluralidade de corpos e maneiras de viver. Enquanto os padrões estabelecidos forem as referências com que medimos nossas vidas nunca haverá lugar para o amor e aceitação, pois estes só podem existir dentro do que é possível e não desejando o impossível. Precisamos de uma relação mais saudável e amorosa com nós mesmos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário