Uma antiga lenda conta sobre um rei que pediu a um grande
sábio que lhe desse algo que não permitisse que ele ficasse eufórico e embriago
pelo poder mas que também o animasse e o inspirasse nos momentos difíceis e
horas escuras. O sábio refletiu por uns dias até que foi a um ourives e mandou
confeccionar um anel que depois entregou ao rei. O rei, sem entender, perguntou
como aquele anel poderia ser de alguma valia, mas o sábio sorriu diante da
questão e pediu ao rei para ler a inscrição que estava gravada no anel. Nela se
lia “Isso passará”.
Quando estamos infelizes, frustrados com alguma coisa
ficamos tão envolvidos nas dores e insatisfações que vivemos como se essas
adversidades jamais fossem passar, como se elas fossem eternas. E quando
ficamos muito alegres, radiantes com alguma coisa boa que nos aconteceu ficamos
tão envolvidos com a euforia que acreditamos que podemos tudo, que temos tudo e
que essa alegria irá durar para sempre. Somos como o rei da lenda. Estamos
sempre presos e envolvidos com os acontecimentos que perdemos noção da
realidade.
Euforia e desolação são estados de mente perigosos porque
são extremistas. Quando pendemos para uma extremidade o resultado é um
desequilíbrio, uma desestabilização. Muitas pessoas enlouquecem devido ao fato
de ficarem identificadas com euforias ou desânimos intensos. Todos nós estamos
sujeitos de nos esquecermos do equilíbrio e tornar a vida uma infelicidade.
Quem pende para a euforia acaba tornando-se megalomaníaco.
Nega perigos e armadilhas e se enfia em muitas situações comprometedoras e
desnecessárias. São aquelas pessoas que acham que podem tudo, estão sempre
dando um passo maior que a perna e levando tombos imensos. A euforia dá uma
falsa sensação de poder e de estar acima da realidade. Já quem pende para um
estado de mente desolador fica sempre identificado com o fracasso e impotência.
Nunca faz nada porque já tem certeza de que nada dará certo, nada mudará seu
cenário melancólico. São aqueles sujeitos que estão sempre para baixo, sempre
dominados pela depressão e com a certeza de que a vida é uma tortura.
Precisamos gravar internamente em
nós que tudo passa. Até mesmo os sentimentos de euforia e desolação passam.
Temos que nos segurar firmes nesses momentos e recuperar o equilíbrio para não
perdermos o contato com a realidade e conosco mesmos.
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