segunda-feira, 7 de maio de 2018

Euforia e Desolação



            Uma antiga lenda conta sobre um rei que pediu a um grande sábio que lhe desse algo que não permitisse que ele ficasse eufórico e embriago pelo poder mas que também o animasse e o inspirasse nos momentos difíceis e horas escuras. O sábio refletiu por uns dias até que foi a um ourives e mandou confeccionar um anel que depois entregou ao rei. O rei, sem entender, perguntou como aquele anel poderia ser de alguma valia, mas o sábio sorriu diante da questão e pediu ao rei para ler a inscrição que estava gravada no anel. Nela se lia “Isso passará”.
            Quando estamos infelizes, frustrados com alguma coisa ficamos tão envolvidos nas dores e insatisfações que vivemos como se essas adversidades jamais fossem passar, como se elas fossem eternas. E quando ficamos muito alegres, radiantes com alguma coisa boa que nos aconteceu ficamos tão envolvidos com a euforia que acreditamos que podemos tudo, que temos tudo e que essa alegria irá durar para sempre. Somos como o rei da lenda. Estamos sempre presos e envolvidos com os acontecimentos que perdemos noção da realidade.
            Euforia e desolação são estados de mente perigosos porque são extremistas. Quando pendemos para uma extremidade o resultado é um desequilíbrio, uma desestabilização. Muitas pessoas enlouquecem devido ao fato de ficarem identificadas com euforias ou desânimos intensos. Todos nós estamos sujeitos de nos esquecermos do equilíbrio e tornar a vida uma infelicidade.
            Quem pende para a euforia acaba tornando-se megalomaníaco. Nega perigos e armadilhas e se enfia em muitas situações comprometedoras e desnecessárias. São aquelas pessoas que acham que podem tudo, estão sempre dando um passo maior que a perna e levando tombos imensos. A euforia dá uma falsa sensação de poder e de estar acima da realidade. Já quem pende para um estado de mente desolador fica sempre identificado com o fracasso e impotência. Nunca faz nada porque já tem certeza de que nada dará certo, nada mudará seu cenário melancólico. São aqueles sujeitos que estão sempre para baixo, sempre dominados pela depressão e com a certeza de que a vida é uma tortura.
            Precisamos gravar internamente em nós que tudo passa. Até mesmo os sentimentos de euforia e desolação passam. Temos que nos segurar firmes nesses momentos e recuperar o equilíbrio para não perdermos o contato com a realidade e conosco mesmos. 

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