Todos sabem da importância materna para o desenvolvimento
da criança, porém são poucos que dão o devido valor para a função paterna e o
que ela representa para o psiquismo. Os pais foram, por muito tempo, deixados
em segundo plano e muito disso é devido aos próprios pais que consideravam que
se ocupar dos filhos era coisa de mulher e não de homens. O mundo já não é mais
o mesmo (ainda bem) e muitos paradigmas mudaram e entre eles a imagem paterna.
Os pais têm a função de ajudar os filhos a internalizar a
ordem, organizando a mente e estabelecendo limites. Com os pais as crianças
devem aprender que nem tudo se pode e que um mundo sem lei seria muito
desumano. O pai aparece como um corte e uma quebra no narcisismo da criança que,
inicialmente, acha que todas as suas exigências e necessidades devem ser
atendidas sem demora e sem restrições. A lei do nosso mundo interno, que
certamente terá manifestações e consequências no mundo externo, só se dá à
medida que a função paterna seja internalizada.
Porém, ao mesmo tempo que o pai desempenha esse corte e
frustra o narcisismo abre novas portas, ou seja, abre novas possibilidades da
criança vir a se construir. Com a figura do pai a criança pode vislumbrar a
existência de um mundo de oportunidades. O pai apresenta o mundo aos filhos e
representando bem sua função vai estimulá-los a querer conhecê-lo e
conquistá-lo. Por isso que a função paterna é importante, já que tem a ver
muito como o filho vai enxergar o mundo e se relacionar com ele.
Pais que temem ser pais prejudicam seus filhos. Ao não
assumirem sua função de estabelecer ordem faz com que os filhos fiquem confusos
e temerosos em enfrentar o mundo. Acabam se tornando adolescentes e adultos que não reconhecem
limites, desrespeitam qualquer organização e diferença e por isso mesmo terão um péssimo
relacionamento consigo e com o mundo. Neles a ordem não foi bem
internalizada e vista como algo necessário à vida. A boa identificação com o
pai é importante para o desenvolvimento psicológico e um pai que não fornece
isso aos seus filhos está abandonando-os para se virarem sozinhos com seus
impulsos. É importante também dizer que a função paterna não precisa ser
necessariamente realizada por um homem e nem pelo próprio pai em si. O gênero e a pessoa que a exerce independem para um bom
estabelecimento da função paterna. O que importa é que ela seja exercida com amor e respeito.
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