Uma antiga lenda budista conta sobre um rato que vivia
amedrontado com os gatos e um feiticeiro apiedando-se dele o transformou num
gato e o animal passou então a temer os cães. O feiticeiro mudou-o então para
cão, mas ele passou a temer as onças. O mágico transformou-o em onça e ele
passou a ficar com medo dos caçadores. Nesse ponto o feiticeiro desistiu e o
fez virar rato novamente lhe dizendo: Não
importa no que eu te transforme, porque você sempre carregará o coração de um
rato!
Com bastante frequência acreditamos que se fossemos de um
jeito ou de outro seríamos mais felizes e que não teríamos problema algum.
Engano. O problema é que muitas vezes acreditamos em ilusões e isso só traz
frustrações desnecessárias. Só podemos ser felizes se abandonarmos as ilusões e
passarmos a viver de fato a realidade.
Quantas vezes não escutei no consultório atendendo os
meus pacientes ou ouvindo pessoas conhecidas ou amigas reclamarem da vida e
dizendo: “Se eu fosse mais rico não
sofreria e nem teria problema”, “Se eu tivesse alguém que me amasse tudo
estaria bem na minha vida”, “Se minha mulher/marido me entendesse e fosse
diferente, eu estaria no paraíso”, “Se eu fosse outra pessoa que não eu mesmo
tudo ia ficar bem”. Pois bem, isso é frequente e totalmente inverdade.
Só podemos ser nós mesmos e isso já está de bom tamanho e
já implica trabalho suficiente. Precisamos aprender a trabalhar com o que
temos, a lidar com a nossa realidade e com o nosso presente. Para se ficar bem
na vida é vital aceitar nossas adversidades e aprender com elas, sejam elas
quais forem. Os problemas dos outros sempre parecem mais fáceis, mas a verdade
é que cada um tem a sua cruz para carregar e de nada adianta fugir dela.
Aceitar isso já é uma das maiores transformações que podemos realizar na vida.
E uma das mais úteis também.