Muitas e muitas vezes fazemos as coisas ou reagimos às
situações de uma maneira automática, sem muita consideração ou reflexão. Nos
acostumamos facilmente a uma dada atitude e mesmo que um determinado hábito até
nos faça mal ficamos refém da repetição. O hábito, quando nunca colocado em
perspectiva, funciona como uma fôrma que molda como vamos viver e nos
relacionar.
Essa resposta automática frente à vida é prejudicial. No
entanto ela é mais fácil. Muito mais difícil é ter que pensar e refletir sobre
o que nos acontece e como vamos responder de maneira eficiente em cada situação.
Agora, “ir no automático” não requer considerar a situação atual, porém apenas
utilizar todo aquele repertório de respostas já conhecidas. Com certeza viver assim
é viver ineficientemente.
O poder do hábito nos faz ficar apenas com aquilo que é
conhecido e desconsidera as peculiaridades do que um evento no aqui e agora
traz e demanda. Quem só fica no terreno conhecido perde a espontaneidade e a
criatividade e por isso mesmo nunca obtém nada diferente daquilo tudo que já
foi obtido anteriormente. Permanece sempre numa repetição sem fim, dentro do
mesmo roteiro, das mesmas situações e dos mesmos problemas.
Uma antiga parábola tibetana nos faz pensar bem sobre
isso: Dois gatos iam passando por uma
passarela em sentido contrário. No meio se encontraram e um esperava que o
outro abrisse passagem para seguir o caminho. Como ninguém cedeu os dois gatos
iniciaram uma discussão com altos gritos. “Sou mais importante, então, você
saia da frente”. “Sou mais bonito, por isso tenho a preferencia”. “Sou maior e
posso te empurrar longe se eu quiser.” “Tenho muitos amigos gatos que te darão
uma surra épica.” Tanto ficaram nessa discussão que todos os outros gatos
pararam para assistir o circo, até que um gato sábio chegou até os dois e
disse-lhes: “Vocês dois não percebem que estão todos rindo de vocês? Que pelo
hábito da arrogância que carregam não conseguem se desapegar de querelas insignificantes?”
Os gatos até conseguiam compreender que essas palavras eram sábias e
verdadeiras, mas tendiam sempre a reagir do jeito conhecido, afinal era o
instinto e estavam apegados demais em agir no automático.
Se os gatos pararam a briga e resolveram de outro jeito?
Bom, cabe a cada um decidir qual o fim da história. No final, somos nós que
decidimos o que vamos fazer.
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