sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Pergunta de Leitor - A Canção do Trovador




Tenho 18 anos e me apaixonei perdidamente por uma mulher de 38 anos. Vinte anos de diferença e eu consegui o email dela e já me declarei. Mas vivo um amor platônico que nunca se realizou. Ela conversa pela internet comigo e se mostra muito interessada em tudo o que eu tenho a falar, mas nunca nos encontramos pessoalmente. Até já fizemos sexo virtual, mas nunca trocamos um beijo e um carinho que é o que agora eu mais quero. Ela diz que eu sou muito jovem mas também diz que eu digo coisas que nenhum homem mais velho diz a ela. Será que me iludo com essa paixão? Acho que ela nunca ficará comigo mas saber disso me deixa para baixo porque acho que ela é a mulher da minha vida, mas também sei que algo está mudando em mim mas não sei o que é.

            Você vive o amor romântico cortês, o amor cantado nas canções dos trovadores da idade antiga. Esse tipo de amor não pode ser consumado, pois perderia suas características que o mantem vivo: a imaginação. No amor cortês a fantasia vale mais do que a realização.
            Essa mulher está encantada com sua admiração e com suas palavras e você encantado com a imaginação que faz dela e com o encanto dela por você. Quando ela te escuta você se sente um herói, só que as coisas param por aí. Não sei dizer, mas talvez esse amor não sobrevivesse a um encontro real onde a fantasia teria menos peso.
            O amor cortês que você vive talvez seja para evitar um encontro real e carnal. A realidade parece que te assusta e te leva a viver um amor onde o sexo é virtual, sem possibilidade de ser real. A recusa do amor carnal é compensada com a experiência do amor romântico cortês. Você é jovem e tem direito a viver a fantasia, porém sabe que algo está mudando em você e talvez no fim o amor cortês, tão somente, já não mais baste e nem seja tão atraente como já foi.
            A mudança que você sente, mas que não sabe o que é deve ter relação com a forma que vê o sexo. Antes este parecia impedido e até mesmo rejeitado. É que muitas vezes associamos o sexo, que tem elementos agressivos, como algo que vai sujar e manchar algo belo como o amor.  O amor platônico existe para proteger o sentimento de amor da experiência do sexo que pode ser sentida como algo muito forte para dar conta. Em outras palavras o amor platônico mantém a distância física, mas quando esta já não mais é temida o amor platônico transforma-se e outros desejos emergem. 

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