Tenho
18 anos e me apaixonei perdidamente por uma mulher de 38 anos. Vinte anos de
diferença e eu consegui o email dela e já me declarei. Mas vivo um amor
platônico que nunca se realizou. Ela conversa pela internet comigo e se mostra
muito interessada em tudo o que eu tenho a falar, mas nunca nos encontramos
pessoalmente. Até já fizemos sexo virtual, mas nunca trocamos um beijo e um
carinho que é o que agora eu mais quero. Ela diz que eu sou muito jovem mas
também diz que eu digo coisas que nenhum homem mais velho diz a ela. Será que
me iludo com essa paixão? Acho que ela nunca ficará comigo mas saber disso me
deixa para baixo porque acho que ela é a mulher da minha vida, mas também sei
que algo está mudando em mim mas não sei o que é.
Você vive o amor romântico cortês, o amor cantado nas
canções dos trovadores da idade antiga. Esse tipo de amor não pode ser
consumado, pois perderia suas características que o mantem vivo: a imaginação.
No amor cortês a fantasia vale mais do que a realização.
Essa
mulher está encantada com sua admiração e com suas palavras e você encantado
com a imaginação que faz dela e com o encanto dela por você. Quando ela te escuta
você se sente um herói, só que as coisas param por aí. Não sei dizer, mas
talvez esse amor não sobrevivesse a um encontro real onde a fantasia teria
menos peso.
O
amor cortês que você vive talvez seja para evitar um encontro real e carnal. A
realidade parece que te assusta e te leva a viver um amor onde o sexo é virtual,
sem possibilidade de ser real. A recusa do amor carnal é compensada com a
experiência do amor romântico cortês. Você é jovem e tem direito a viver a
fantasia, porém sabe que algo está mudando em você e talvez no fim o amor
cortês, tão somente, já não mais baste e nem seja tão atraente como já foi.
A
mudança que você sente, mas que não sabe o que é deve ter relação com a forma
que vê o sexo. Antes este parecia impedido e até mesmo rejeitado. É que muitas
vezes associamos o sexo, que tem elementos agressivos, como algo que vai sujar
e manchar algo belo como o amor. O amor
platônico existe para proteger o sentimento de amor da experiência do sexo que
pode ser sentida como algo muito forte para dar conta. Em outras palavras o
amor platônico mantém a distância física, mas quando esta já não mais é temida
o amor platônico transforma-se e outros desejos emergem.
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