Sou uma senhora de 69 anos que adora aproveitar a vida. Sou viúva e quando estive casada amei muito meu marido. Vivemos muito bem e nós dois casamos porque acreditávamos no amor que uma dava para o outro. Ele já faleceu há 10 anos e depois do primeiro ano que eu sofri muito eu voltei a aproveitar a vida. Saio com amigas, passeio, viajo e levo uma vida muito boa. Até tive alguns namorados. Meus filhos não aceitam a maneira que vivo e acham que eu devia estar fazendo tricô e chorando pela morte do pai deles. Eu chorei muito, mas não morri junto só que meus filhos ficam bravos e acham que eu nuca amei meu marido e nem o respeito. Já ouvi uma das minhas noras me chamar de viúva-alegre. Será que é tão impensável que uma mulher da minha idade possa viver e se divertir?
Ainda bem que foi-se o tempo que a única coisa que uma viúva podia fazer é chorar e não mais viver. Como você muito bem disse, seu marido morreu e não você, portanto não há motivos para você se esquecer que sua vida continua e que ela deve ser aproveitada.
Você passear, viajar e até ter namorados não significa que não amou seu marido. Apenas significa que você também se ama e aproveita o tempo que lhe é dado. Você por acaso seria mais feliz se ficasse fazendo tricô e seguisse o que seus filhos esperam de você?
Seus filhos estão presos numa idéia muito atrasada de que para a viúva não resta nada além do dissabor e da amargura, que a mulher deve esquecer de si própria porque enviuvou. Ainda bem que você não pensa assim e se dá o direito de viver, direito este que nem mesmo seus filhos podem te tirar. Sua nora ao te chamar de viúva-alegre quer te fazer se sentir mal, mas você pode aprender a ouvir isso como um cumprimento e não como um xingamento.
São poucas as mulheres que se permitem desfrutar a vida nessa idade como você e isso te faz de alegre sim. Porém uma alegre que sabe que amou muito e que foi amada e que com a morte do cônjuge continua honrando a vida tirando dela o que ela pode oferecer de melhor. Viúva-alegre sim, pois tem motivos para celebrar a vida e não se entregar à morte antes do tempo.
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