Frequentemente nos equivocamos no que concerne ao amor.
Acreditamos que amamos quando sentimos que pertencemos a alguém e/ou que alguém
nos pertence. Namorados creem que há amor quando seu parceiro ou parceira são
quase como que propriedades suas. Pais agem como se seus filhos e, futuramente,
netos fossem posses. Contudo, isso é um erro que nada tem a ver com o
amor. Muito pelo contrário, agir como se aquele que amamos nos pertencesse é
anti-amor.
Para o amor existir de fato requer liberdade. Sem esta
não há condições para o amor florescer. Quando o amor é transformado numa
questão de posse e de controle suja-se algo muito precioso. Amor não é para se
ter, mas para se viver. Quando ele surge podemos nos encantar e abrir os braços
para recebe-lo, bem como sentirmos gratidão para com a vida, mas jamais podemos
engaiolar o amor para que seja como um objeto que sempre fique ao nosso
alcance. Coisificar o amor é o mesmo que matá-lo.
Para amar é necessário coragem porque o amor jamais é estável.
Os filhos crescem, terão ideias próprias e terão que seguir o caminho que
precisam mesmo que não concordemos com isso. Nossos cônjuges são pessoas
separadas e independentes que podem em qualquer momento não desejar mais a
relação em que estão e partir para outra. Quem ousa amar tem que aceitar que
pode se machucar e que nunca terá alguém de fato. Tem que aceitar que o amor dá
apenas o momento e nunca garante nada. Não há apólice de seguro para o amor. É
uma aventura sem segurança.
Ao prender alguém nos nossos braços nos enganamos que se
trata de amor. Mentimos e, pior, acreditamos nas mentiras que nós mesmos
criamos. Ao prender alguém nos sentimos seguros, construímos estabilidade, mas
tudo será falso. Ou a gente aprende a acolher a instabilidade do amor e o
vivemos verdadeiramente ou nos afundamos em nossas mentiras e enganos para nos
sentir seguros. É preciso escolher porque as duas coisas juntas são
impossíveis. Tomar consciência do que escolhemos e como escolhemos durante a
jornada da vida é fundamental para a qualidade das nossas experiências.