Usamos tantas máscaras ao longo da vida que esquecemos
como é nossa verdadeira face. Ás vezes nem mesmo conhecemos nossa face porque
só usamos máscaras, uma atrás da outra, e cada uma maior e mais pesada que a
primeira. O que são essas máscaras? São nossas “certezas”, nossas definições e
nossas imposições. O resultado é que terminamos conhecendo mais a pessoa que
achamos que devemos ser e não conhecemos nada a pessoas que de fato somos.
Quantas pessoas não falam grosso por aí, cheias de pose,
esbanjando arrogância, quando no fundo estão inseguras e cheias de medo? No
entanto, vestem a máscara da confiança mesmo que esta máscara seja uma bela
mentira. O problema disso é que não conhecer os próprios temores impede que
eles sejam devidamente elaborados e superados. Ficamos frágeis e vulneráveis e
vamos gastar nossas energias em constantes trocas de máscaras para mantermos
nossa ilusão de segurança. Conhecemos nossas máscaras e não nossa pessoa.
Quem nunca se deparou com aqueles que estão sempre
contando vantagens e diminuindo os outros? Vestem essa máscara porque temem o
vazio interno que sentem e que não sabem lidar. Fingir, acreditar no fingimento
e fazerem os outros acreditarem tornou-se, infelizmente, uma arte que inúmeras
pessoas praticam com cada vez mais maestria. A arte do fingimento é a arte do
engano para não se deparar com a verdade. Tememos quem somos e nos cobrimos com
máscaras muito rebuscadas. Viver assim é viver num baile de máscaras onde
ninguém se relaciona com ninguém, mas se relaciona com as fantasias que cada
máscara carrega. Entretanto, embaixo da máscara há sempre um rosto a ser
descoberto.
Quando tiramos a máscara podemos delinear o contorno de
nossa verdadeira face. Esses contornos são feitos com nossos sonhos, nossas
possibilidades, nossas forças, bem como também com nossas fraquezas que quando
acolhidas nos tornam humanos. Achamos que aquilo que chamamos de fraqueza nos
torna feios, porém é justamente o oposto, nossas fraquezas são humanas e por
isso mesmo carregam uma beleza muito mais pura e verdadeira do que as máscaras
nos dão. Quando nos relacionamos com os outros e conosco mesmo temos que olhar
embaixo das máscaras e não ficar imobilizados pela superfície que está sempre
tentando nos enganar.
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