Uma vez ouvi uma mulher afirmar que aqueles que não tinham
filhos deviam ser muito tristes porque não haveria ninguém para cuidar deles
quando estivessem velhos. Ora, desde quando a função dos filhos é cuidar dos
pais quando estes envelhecem? Se alguém tem filhos pensando nisso com certeza
vê os filhos como uma apólice de seguro e nada mais.
Filhos não são investimentos que fazemos para usufruir
num momento futuro os rendimentos. Não são garantia de nada. Pensar o contrário
é tratar os filhos como posses e não como pessoas. Ninguém possui um filho e
quem tenta possuir cria uma relação doentia. Infelizmente é grande o número de
pais que veem seus filhos como objetos que podem ser possuídos e deixam de
viver assim uma relação humana construtiva.
Há pais que querem decidir sobre a carreira dos filhos,
com quem eles vão se casar, sobre onde devem morar e por aí vai. Se os filhos
pensam diferente ou agem de forma independente cria-se uma tensão e um clima de
desavença como se os filhos estivessem fazendo algo odioso aos pais. A culpa
rola solta criando muitos dissabores e sofrimentos. Muitos pais quando se dão
conta de que não são donos dos filhos até recorrem à chantagens emocionais para
tentar fazer com que os filhos estejam sempre dentro do que eles (os pais)
desejam. Como podem ver não é mesmo saudável esse tipo de relação.
Antes de nascer os pais sonham sobre os filhos. Sobre que
escola vão frequentar, para que time vão torcer, mas chega uma momento que os
pais precisam abrir mão desses sonhos e permitir que os filhos sonhem os próprios
sonhos. Por serem outras pessoas os filhos certamente terão outros sonhos que
não irão coincidir com os dos pais, porém isso faz parte da vida. Ninguém pode
tirar o sonho do outro sob o risco de criar uma vida infeliz.
Existem filhos que queriam seguir uma determinada
carreira ou casar com tal e qual pessoa, mas se sentem culpados por isso ser
contra o desejo dos pais e vivem uma vida terrível de conflitos. No fim esses
pais e filhos até podem ficar juntos até o fim da vida, contudo não será o amor
que os une, mas sim o conflito e o sentimento de culpa. A vida assim se torna
um mar de mágoas. Compreender que os filhos são outras pessoas é fundamental
para uma relação sadia e baseada no amor.
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