Muito do que sentimos na vida, por pior ou melhor que
seja, é passageiro. Nossos status, nossas paixões e até mesmo a pessoa que
somos hoje, tudo irá se transformar. Quem não aceita isso sofre além da conta e
briga com a realidade da vida que não temos como controlar. Por piores que
sejam nossas condições agora elas não perdurarão para sempre e o mesmo ocorre
com as maravilhas que experimentamos nesse momento, elas são transformadas.
Na mitologia hindu há uma lenda de um deus chamado Indra
que destrói um monstro que havia engolido toda a água do mundo e criado uma
terrível seca. Ao salvar o mundo ele se enche de orgulho e vê o quanto
maravilhoso ele é. Manda então construir um palácio para si mesmo e quem o
constrói é um deus pedreiro imortal. Indra não para de desejar cada
vez mais coisas e nunca dá paz ao pedreiro que preocupado por saber que a
construção desse palácio não teria fim resolve consultar os outros deuses. Os
deuses se reúnem e vão até Indra e dizem para ele ser mais humilde porque até
mesmo um deus como ele se acabaria e seria substituído por outro Indra no futuro. Eles disseram
que todos os deuses eram substituídos de tempos em tempos e que nem mesmo os
imortais perduravam. Só os nomes deles permaneciam.
Essa mitologia nos ensina a entender o quanto as coisas
são transitórias. Muitas vezes achamos que somos isso ou aquilo e quando há uma
mudança ficamos perdidos e desnorteados. Podemos até mesmo chegar à depressão.
Entretanto, se aceitamos que tudo é passageiro tiramos o que é possível da vida
e vivemos melhor.
Um dos maiores erros que cometemos em viver e com isso
sofremos é crer que tudo é permanente e sob nosso controle. Assim nos apegamos
a quem somos, ao que temos e ao que acreditamos. Quem acolher que nada temos de
fato aprende a ser sábio e cria condições de uma vida melhor. Não é à toa que
numa passagem bíblica se diz que quem quer se salvar, se perderá, mas quem aceitar se perder será salvo. Em todas as mitologias do mundo somos ensinados
a aceitar a transitoriedade. Pena que muitas vezes teimamos em não aprender.