segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Como atrapalhamos nossas Vidas




            Há inúmeras formas de atrapalharmos nossas vidas e uma delas é quando alimentamos ideais sobre como nós deveríamos ser. É imenso o numero de pessoas que decidem que devem ser de um jeito ou outro, criam uma fantasia sobre isso e terminam atrapalhando a própria vida. Por exemplo, uma pessoa que crê que tem que ser boa terá imensas dificuldades quando sentir ódio. Vai acabar se sentindo muito mal e um fracasso porque não conseguirá conceber que uma pessoa boa possa sentir ódio. Como se fosse humanamente possível não sentir ódio. Portanto, nos atrapalhamos muito quando sustentamos ideais sobre como acreditamos que devemos ser.
            Vejo frequentemente que as pessoas tentam viver uma ideia e não o seu lado humano. As ideias são muito mais valorizadas e prezadas do que a realidade. Isso causa um sofrimento porque não temos como ser as ideias, mas só podemos ser nós mesmos, dentro de nossas condições. As ideias são como castelos construídos em pleno ar, ou seja, sem sustentação alguma. Podemos alimentar qualquer ideia sem que ela tenha base na realidade, porém a vida não funciona assim. Qualquer pessoa, seja ela boa ou não, terá momentos que sentirá ódio e isso não significa que ela fracassou, apenas indica que ela é um mero ser humano.
            Quando um pai ou mãe diz para os filhos jamais sentirem medo e que eles têm que ser corajosos atrapalha muito o desenvolvimento dos filhos. Isso ocorre porque é impossível não sentir medo. Não há como não sentirmos, uma hora ou outra, medo. E não há nada de errado em sentir medo, é uma ideia equivocada e danosa condenar o medo que é uma emoção humana. Isso não é feio ou errado ou sinal de fraqueza. É humano. Coragem não significa não sentir medo, mas não se deixar paralisar por ele. Se abandonarmos a ideia de que não podemos sentir medo, podemos viver o possível e assim lidar com o medo.
            Perdemos muito tempo e vida procurando ser assim ou assado e pouco tempo em aprender a viver da melhor forma possível. Atrapalhamos o que podemos vir a ser de fato em prol de uma fantasia de como deveríamos ser e sentir. Contudo, não há crescimento sem aceitação de nossa condição humana. Aliás, não há saúde possível sem aceitação do que somos. Quanto mais brigamos com nossa natureza mais doenças, mal estar e sofrimento criamos.

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