sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Pergunta de Leitor - A Dor e o Suicídio




Por que alguém se suicida? Não consigo tirar essa pergunta da minha cabeça. Tenho 21 anos, sou universitário e curso psicologia, no entanto não entendo o porquê alguém se mataria. Estou com essa pergunta tão intensa em mim devido ao fato de um colega meu da faculdade ter se matado. Parecia que ele tinha tudo, que nada faltava e que a vida dele era boa. Então, por quê? O que leva ao suicídio? Preciso ver um sentido.

            O suicídio de alguém próximo nos afeta violentamente. É um baque que nos deixa atordoados e perdidos. Entendê-lo é difícil já que para a lógica racional não faz sentido nenhum, mas para o suicida, que está cego pelo o que vem sentido, parece ser a única via possível. Viver não é fácil porque significa ter que viver com os prazeres (sem problema algum aqui) e as dores e sofrimentos que fazem parte da vida. Quando o sofrimento é mais forte que a mente que pode pensar o suicídio pode ocorrer.
            Para a dor física e orgânica a medicina nos fornece muitos meios para nos aliviar. E quanto a dor mental? Mesmo os remédios psiquiátricos mais modernos são apenas paliativos que não resolvem de fato o nosso sofrimento. A única maneira para lidarmos com nossos sofrimentos psicológicos é construir uma mente. É desenvolver um aparelho psíquico que nos possibilite pensar sobre nossas dores e transformá-las. Mas para isso acontecer é necessário tolerância para suportar as ansiedades e paciência para que se vá formando uma mente mais desenvolvida. Algumas pessoas ficam tão desestruturadas com as angústias que sentem que acabam enlouquecendo com tanto sofrimento.
            Segundo a Organização Mundial de Saúde três mil pessoas no mundo inteiro cometem suicídio diariamente. Os motivos para o suicídio são vários: desde ter sofrido uma grande humilhação, experimentar uma dor que se sente insuportável, vingança, autopunição e muitos outros. O que é comum entre eles é o fato de não ser possível ver outras maneiras de se lidar com o que se sente a não ser morrendo. O suicida crê falsamente que ao se matar vai acabar com o sofrimento que sente, mas ele já não está mais pensando, está atuando o seu desespero. O seu “eu” fica tão despedaçado com o sofrimento que sente que não consegue mais se preservar.
            O suicida vive um conflito perigoso entre a vontade de viver e a vontade de “matar” o seu sofrimento. Nesses momentos, quando a mente fica quebrada por esse conflito, pensar sobre o que está se sentindo e criar mecanismos eficientes para se lidar com a dor fica muito difícil. Nessa loucura o único caminho que parece fazer sentido é procurar a própria morte, o fim de tudo. Quando há a possibilidade de se perceber esse funcionamento a tempo pode-se ir trabalhando para transformar essas ideias enganosas em outras mais produtivas. Tristemente, para algumas pessoas não houve esse tempo. 

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