Por que alguém se suicida? Não consigo tirar essa pergunta da minha
cabeça. Tenho 21 anos, sou universitário e curso psicologia, no entanto não
entendo o porquê alguém se mataria. Estou com essa pergunta tão intensa em mim
devido ao fato de um colega meu da faculdade ter se matado. Parecia que ele
tinha tudo, que nada faltava e que a vida dele era boa. Então, por quê? O que
leva ao suicídio? Preciso ver um sentido.
O
suicídio de alguém próximo nos afeta violentamente. É um baque que nos deixa
atordoados e perdidos. Entendê-lo é difícil já que para a lógica racional não
faz sentido nenhum, mas para o suicida, que está cego pelo o que vem sentido,
parece ser a única via possível. Viver não é fácil porque significa ter que
viver com os prazeres (sem problema algum aqui) e as dores e sofrimentos que
fazem parte da vida. Quando o sofrimento é mais forte que a mente que pode
pensar o suicídio pode ocorrer.
Para
a dor física e orgânica a medicina nos fornece muitos meios para nos aliviar. E
quanto a dor mental? Mesmo os remédios psiquiátricos mais modernos são apenas
paliativos que não resolvem de fato o nosso sofrimento. A única maneira para
lidarmos com nossos sofrimentos psicológicos é construir uma mente. É
desenvolver um aparelho psíquico que nos possibilite pensar sobre nossas dores
e transformá-las. Mas para isso acontecer é necessário tolerância para suportar
as ansiedades e paciência para que se vá formando uma mente mais desenvolvida.
Algumas pessoas ficam tão desestruturadas com as angústias que sentem que
acabam enlouquecendo com tanto sofrimento.
Segundo
a Organização Mundial de Saúde três mil pessoas no mundo inteiro cometem
suicídio diariamente. Os motivos para o suicídio são vários: desde ter sofrido
uma grande humilhação, experimentar uma dor que se sente insuportável,
vingança, autopunição e muitos outros. O que é comum entre eles é o fato de não
ser possível ver outras maneiras de se lidar com o que se sente a não ser
morrendo. O suicida crê falsamente que ao se matar vai acabar com o sofrimento
que sente, mas ele já não está mais pensando, está atuando o seu desespero. O
seu “eu” fica tão despedaçado com o sofrimento que sente que não consegue mais
se preservar.
O
suicida vive um conflito perigoso entre a vontade de viver e a vontade de
“matar” o seu sofrimento. Nesses momentos, quando a mente fica quebrada por
esse conflito, pensar sobre o que está se sentindo e criar mecanismos
eficientes para se lidar com a dor fica muito difícil. Nessa loucura o único
caminho que parece fazer sentido é procurar a própria morte, o fim de tudo.
Quando há a possibilidade de se perceber esse funcionamento a tempo pode-se ir
trabalhando para transformar essas ideias enganosas em outras mais produtivas.
Tristemente, para algumas pessoas não houve esse tempo.
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