Aqui em Londrina os casos de infectados por Covid-19 e a letalidade consequente estão cada vez maiores. Em parte, isso ocorre devido ao próprio desenvolvimento da infecção e, em grande parte, devido ao relaxamento de muitas pessoas com cuidados pessoais. Com esse aumento vemos dois tipos de reação: algumas pessoas redobram seus cuidados e tomam todas as atitudes necessárias para se preservarem enquanto outras negam ainda mais os perigos que correm. São dois comportamentos opostos e muitos vêm se perguntando por que isso ocorre.
As pessoas que se cuidam têm uma consciência maior de sua própria humanidade. Entendem que por serem humanas estão submetidas às leis naturais e que são vulneráveis a toda uma série de riscos. Por compreenderem isso aprendem então a se cuidar de maneira eficiente. Essas pessoas também são mais sensíveis e percebem que cada vez mais pessoas próximas, da família ou não, adoecem e, por conseguinte, procuram se proteger o máximo possível para não virarem mais uma estatística.
Já as pessoas que não têm muita, ou nenhuma, consciência de sua humanidade não conseguem "ver" o perigo. Acham-se sobre-humanas e negam qualquer sentimento de medo que possam vir a sentir. Sentir medo acabaria com suas fantasias de invulnerabilidade, as tornariam humanas e pessoas assim temem intensamente lidar com a condição fragilidade da condição humana. Elas se perigam para provar sua força e obrigam os outros a se perigar. Sim, porque quando alguém se periga coloca os outros em perigo também. Parece até que há pessoas por aí que gostariam de estar arrancado as máscaras protetivas que aqueles mais cuidadosos usam. Já perceberam isso? Se pudessem o fariam.
Sabia que há pessoas infectadas com HIV, por exemplo, que têm prazer em sair espalhando o vírus entre os demais? Elas até sabem que o HIV é uma doença que traz consequências severas na vida de alguém. Que vai influenciar para o resto da vida muitas coisas, mas, mesmo assim, insistem em negar isso e vivem como se não tivessem nenhuma responsabilidade. Pois é, não é só com a Covid-19 que esse descaso acontece, nem só com doenças orgânicas, mas com muitas outras coisas que permeiam as relações entre as pessoas.
Há também aquelas pessoas que no começo negavam e duvidavam dos perigos dessa pandemia, não se cuidando apropriadamente, mas que, ao verem pessoas próximas se contaminando, acabaram se cuidando. Para elas foi necessário se dar conta de algo que estava acontecendo perto. Sim, porque muita gente só se dá conta quando acontece algo logo ali ao lado, não conseguindo enxergar mais longe, naquilo que está fora de seu campo visual. Pelo menos estas passaram a ser mais cuidadosas e mudaram para melhor a maneira como se tratam e tratam os demais.
Nesse momento tão difícil que todos vivemos e no qual devemos usar máscaras faciais para nos precaver, muitas outras “máscaras” caem. Usamos máscaras físicas, mas as máscaras que as pessoas usavam no seu dia a dia para se esconder dos outros agora caem e revelam nitidamente como cada pessoa se porta, realmente, consigo mesma e com o mundo. Vemos com muito mais clareza quem se acha onipotente e quem se cuida com mais amor. Distinguimos quem tem para consigo um relacionamento mais sadio e quem tem sérios problemas com a própria vida.