É
muito comum encontrar analisandos que cobram de seus analistas um diagnóstico.
Querem ser “enquadrados” em alguma palavra dos manuais de patologia. Mesmo
aquelas pessoas que dizem que não ligam nada para a questão do diagnóstico, ás
vezes, desejam que lhe sejam dadas algum nome de algum distúrbio. Isso acontece
porque as pessoas, de maneira geral, querem se apegar a alguma coisa, querem
uma palavra para o que lhes acontece e um nome para o que sentem, ao invés de
se descobrirem e se construírem.
É
bastante comum, também, encontrar analisandos que se perguntam com freqüência
se são normais. Como se normalidade pudesse ser algo palpável, mensurável e que
dissesse alguma coisa. O que no fundo acontece nisso tudo é o desejo das
pessoas de se enquadrarem em algo. Para algumas é insuportável não se saber
pertencer em algum tipo de descrição. Não é a toa que hoje transbordam pseudos diagnósticos
como bipolar, depressivo, borderline,
etc. É um festival de diagnósticos que só serve mais para atrapalhar do que
ajudar.
Os
diagnósticos podem ser bastante úteis para o profissional pensar e estudar seu
trabalho, porém não devem ser dados a torto e a direito. Diagnóstico em si não
quer dizer muita coisa e precisa-se de tempo para ser elaborado com respeito.
Portanto, não é algo que deveria ser “distribuído” com tanta falta de
cerimônia. Muito mais importante do que o diagnóstico em si é a pessoa que está
ali procurando ajuda. Isso, sim, é o que importa: a pessoa. Tanto que não se vai
tratar do diagnóstico, mas da pessoa.
A
busca por diagnósticos e pela normalidade é um engano. Isso diminui a pessoa e
exalta a tipificação. Quando isso acontece as palavras passam a ter um sentido
perverso e servem para encobrir as singularidades e características das
pessoas. Em vez de serem convidadas a se descobrir e usar suas potencialidades,
a pessoa que se apega ou é levada a se apegar ao diagnóstico se empobrece, pois
fica tão agarrada a uma ou algumas palavras que se esquece de ver o que tem de
bom e em potencial dentro de si. O que deve importar na vida é se realizar e
não ser normal ou possuir um bom diagnóstico. O bem viver deve estar acima de
qualquer convenção.
Já me sinto melhor...
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