Estou passando por uma situação difícil que envolve duas pessoas muito amadas: minha mãe e meu filho. Ele está numa idade que só quer brincar, três anos. E ele só gosta de quem brinca com ele. Minha mãe é doida por ele, se derrete, mas não brinca. Ela não sabe. Eu mesma não tenho nenhuma memória dela brincando comigo. Não é o perfil. Para ajudar, minha sogra parece um moleque de tanto que brinca e ele, claro, prefere a outra avó. Só que ele falta de educação com ela, não quer nem que ela o leve no banheiro. Isso antes da quarentena. Agora que a gente só se vê por internet, ele não quer conversar com ela, não responde. Eu fico triste e às vezes o obrigo a conversar e mandar mensagem. Mas como obrigar a criança a amar alguém? Ele tem que ser educado, mas parece, também, que nessa idade ainda não entende que responder, falar oi, tchau, é sinônimo de educação. Enfim, não sei como agir.
São vários pontos a se pensar nessa sua situação. Primeiro, por que você parte do pressuposto que seu filho não ama sua mãe? Parece-me mais que isso é algo que você definiu. Você espera que seu filho funcione como você quer e não como ele quer e pode. Não há encontro entre a espontaneidade de seu filho e o que você acredita que deva ser um comportamento “educado” e esperado. Daí a dificuldade da situação que você se encontra.
Segundo, qual o problema de ele “se dar melhor” com a outra avó? Quem disse que o relacionamento do neto com todos os avós devem ser iguais? Será que isso não é se pautar por moralismos? Acabamos exigindo das crianças que elas se portem de determinada maneira e corremos risco de podar a espontaneidade e a possibilidade de expressão delas. Ouso dizer que é você que está querendo que ele goste da sua mãe de uma maneira que é baseado no seu desejo. Se for esse o caso a questão não é mais sobre ele e ela, mas sobre você.
Quando digo que é sobre você me refiro ao fato que parece que você quer resolver alguma coisa. Talvez sua mãe fique triste ou chateada e você ao ver que seu filho se comporta de uma forma que não a agrada quer intervir e solucionar. Esse neto e essa avó ainda não se “encontraram” e isso pode levar tempo. Eles precisam vir a se conhecer, mas se há fortes desejos que esse relacionamento seja assim ou assado pode estragar tudo, pois cria expectativas do que tem que ser e não do que se pode ser.
É muita pressa definir se seu filho gosta ou não de sua mãe, ele está apenas iniciando a vida. Sua mãe, por outro lado, pode ter paciência e esperar que o relacionamento dos dois vingue. Já você, não precisa se sentir nem má mãe nem má filha. A sua função não é nem agradar sua mãe nem controlar seu filho. Claro, não permita que nem ele nem ela sejam desrespeitosos um com o outro, mas deixe que os dois aprendam a se entender.
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